A sua pesquisa
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Neste artigo, evidenciamos e discutimos fundamentos de uma concepção estrutural-fenomenológica da percepção a partir de Merleau-Ponty. Focalizamos extratos de investigações do filósofo acerca da organização perceptiva, mais especificamente, sobre a relação entre a propriedade objetivante da percepção e a sua articulação com o fundo perceptivo. Nossa argumentação centra-se em três pontos principais: a relação entre a propriedade presentativa da percepção e o campo da sua manifestação a partir de pressupostos fenomenológicos e gestaltistas; a atestação, mediante o exame da crítica à hipótese de constância, da operância silenciosa do fundo perceptivo; e a exploração dos fatores funcionais envolvidos na organização perceptiva.
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A presente tese realizou uma revisão da Psicologia Moderna com o objetivo de melhor delimitar sua função na civilização. A partir de um breve apontamento acerca dos ofícios com os quais os psicólogos se ocupam em nossa sociedade chegou-se no pressuposto de que a Psicologia teria sua função associada com questões morais. Para essa investigação realizou-se uma revisão bibliográfica dividida em duas partes. Na primeira parte há uma propedêutica focada em acompanhar a evolução do tema da moral, principalmente a partir de consultas a história da filosofia, literatura e religião. Essa propedêutica criou um ângulo específico a partir do qual o leitor pode visualizar o início da modernidade em suas principais linhas e a paulatina formação das condições para o surgimento de uma ciência psicológica. Dentre essas condições, destaca-se a aparição e a crise da legitimação de uma cultura fincada no desenvolvimento da ciência, da política e na supra valorização dos indivíduos e de sua interioridade. Na segunda parte há uma retomada da história dos principais projetos para uma Psicologia Científica apontando os impasses e dificuldades para delimitar seu objeto de interesse específico. Arrolados os referidos projetos há maior aprofundamento na exploração do projeto cunhado por Freud . Tal aprofundamento é argumentado a partir da capacidade que a Psicanálise detém de dialogar com a ciência sem perder de vista seu lugar de pertencimento: as questões humanas. A partir de então é realizada uma releitura da Psicanálise buscando, a partir da exploração da trama de seus conceitos, um esboço de resposta acerca de como a Psicologia cumpriria sua função moral.
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O pensamento de Carl Gustav Jung é marcado pela complexidade e por um diálogo contínuo entre ciência e filosofia. Seus posicionamentos teóricos, por vezes incompreendidos, levaram-no a constantes embates em defesa do empirismo e dos fundamentos do pensamento científico moderno, muitas vezes através da crítica a pressupostos que ele considerava indemonstráveis. Essa trajetória apresenta, todavia, uma série de dificuldades. Através da noção de naturalismo, este ensaio busca indicar uma via de análise dessa complexidade. Com efeito, podemos discernir duas noções distintas, mas complementares de naturalismo na obra de Jung: um naturalismo metodológico, que o mantém próximo do pensamento científico de sua época, e um naturalismo ontológico, que o alinha ao pensamento romântico e à Naturphilosophie, implicando considerações teóricas que o distanciavam de seus contemporâneos. Coordenar essas duas visões do naturalismo foi certamente um problema para Jung, e é um desafio para a compreensão de seu pensamento.
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A medicalização é um processo ideológico que transforma problemas de ordem social em biológicos e tem sido legitimado pela Medicina e pela Psicologia em vários momentos históricos para ocultar desigualdades sociais, colocando sobre o indivíduo a responsabilidade pelo seu fracasso. Na área da Educação é alarmante o número de crianças diagnosticadas com transtornos de aprendizagem e medicalizadas, evidenciando, assim, um período denominado de “Era dos Transtornos”. Tendo por referência autores que analisam aspectos da aproximação entre a Medicina e a história da Psicologia no Brasil, buscamos, neste artigo, desvelar o papel que as relações entre essas duas áreas do conhecimento desempenharam historicamente para a construção do processo medicalizante no contexto educacional brasileiro.
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Na perspectiva de um autêntico espírito universitário, é não somente legítimo, mas, na verdade, pertinente celebrar a memória dessa grande dama do pensamento que foi Maria Inácia D’Ávila Neto. E isso de um triplo ponto de vista, considerando sua pessoa, sua cultura e sua obra. É preciso sublinhar sua grande qualidade pessoal, que era ter uma rara abertura de espírito, fora das habituais agressividades acadêmicas. Com efeito, é preciso que se lembre de que um dos maiores pecados do debate intelectual é, de acordo com a expressão consagrada, o que era na origem a rabies theologica, essa raiva que não permite o debate sereno que deveria ser o coração que pulsa da marcha universitária, da disputatio, quer dizer, da discussão que permite avançar, para além das vinditas pessoais, o pensamento comum. Inácia devia, justamente, essa tolerância fundamental a uma vasta cultura, que é a especificidade mesma do autêntico debate. É preciso destacar que, ao se fundar a Universitas, acontecia, justamente, um encaminhamento transversal que, para além das clivagens de especialistas, permitia uma visão aberta sobre o mundo em sua totalidade. É o que o professor Gilbert Durant, fundador de uma verdadeira reflexão sobre o imaginário, chamava de recusa da “bocalisation”, do fechamento das ideias. Essa perspectiva holística levou Inácia D’Ávila Neto, nos passos de Serge Moscovici, a desenvolver sua obra sobre a psicologia social. Foi ela, na verdade, que permitiu a publicação desses tão belos livros de nosso saudoso amigo. Em Crônicas dos anos errantes, percebe-se a influência de toda sua obra. Com “Natureza para pensar a ecologia” ganhou o prêmio CERVI de Ambiente, na Itália, em 2000. Sou testemunha da importância dessas obras nas quais nossa colega tinha compreendido toda a atualidade. É suficiente que se lembre de que, com o que primeiro foi elaborado por Simmel e seguido por Moscovici, nossa colega Inácia soube fazer sua a dimensão holística de toda a vida social. Lembrarei, ao terminar, o que essas representações sociais, na sua integridade, devem ao “realismo de São Tomás de Aquino: ‘não há nada no intelecto que não tenha primeiro passado pelos sentidos’”. Atitude holística que resume bem a obra, digna desse nome, que nossa colega Inácia elaborou ao longo de toda a sua carreira.
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Foucault e as Práticas de Liberdade, organizado em dois volumes (O vivo e os seus limites e Topologias políticas e heterotopologias), convida-nos a pensarmos coletivamente a proliferação de práticas, hábitos, saberes e poderes que diagramam para a época atual um certo estado de liberdade. Sua contribuição é fundamental para a discussão teórica e política sobre os temas que envolvem as transformações sociais e culturais do presente e que nuançam as possibilidades e limites da vida democrática, central no pensamento político da atualidade. Coloca-se em debate a crise da democracia: em sua relação com práticas libertárias, não só no domínio da governamentalidade estatal, mas de todas as resistências que têm lugar em diferentes geografias, em suas multiplicidades, interseccionalidades e transversalidades. O ponto fulcral – vértice entre os escritos e as pesquisas tão distintas destes dois volumes – é a produção de novos patamares de reflexão e ação em torno do tema das práticas de liberdade, ora visadas com grande urgência e intensidade. Afinal, ao que parece, é uma interrogação ainda em aberto: de que conceito de liberdade se trata quando o caso é de, em meio a acirradas disputas de poder e desafios que beiram à intolerância, atribuir a cada um a tarefa e a responsabilidade de gerir a condição essencial do viver juntos? Este segundo volume, Topologias políticas e heterotopologias, reunimos uma coleção de reflexões que ora se voltam para o problema da política e suas diversas topologias, ora recorrem ao pensamento do fora e às heterotopologias.
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Este é um livro de celebração. Temos muito a comemorar: 50 anos da existência de um Programa que foi, no Brasil, o 1º Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Educação e o 2º em Educação. Na PUC-SP, teve papel fundamental na origem da Pós-Graduação pois a partir da sua criação, em 1969, começou a organizar-se o setor de Pós-Graduação Stricto Sensu da PUC-SP que conta hoje com mais de 30 Programas.
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Este é um livro de celebração. Temos muito a comemorar: 50 anos da existência de um Programa que foi, no Brasil, o 1º Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Educação e o 2º em Educação. Na PUC-SP, teve papel fundamental na origem da Pós-Graduação pois a partir da sua criação, em 1969, começou a organizar-se o setor de Pós-Graduação Stricto Sensu da PUC-SP que conta hoje com mais de 30 Programas.
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Este estudo visa a investigar os processos de reconhecimento da identidade gay em uma capital brasileira a partir de entrevistas narrativas com quatro participantes entre 21 e 42 anos. As entrevistas foram analisadas de acordo com a teoria de interpretação e narratividade de Ricoeur. Em comum com outros estudos, as histórias desses participantes colocam processos de identificação de uma orientação sexual "diferente" na infância, sua elaboração como identidade sexual e pessoal na adolescência e, ao final, a "saída do armário" como autorrevelação para outras pessoas. Além das semelhanças, esta pesquisa mostra as singularidades do "sair do armário": cada trajetória implica processos de reconhecimento subjetivo e intersubjetivo em diferentes matizes, que interagem com fatores contextuais para produzir bem-estar ou sofrimento psíquico.
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