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Aprofundando a contribuição da fenomenologia hermenêutica de Paul Ricoeur para um enfoque histórico e cultural da psicologia, este texto focaliza o desenvolvimento histórico do pensamento filosófico sobre o Ser, a Consciência e a Subjetividade. Situa a perspectiva do autor no contexto das transformações atuais da filosofia, da fenomenologia e das ciências humanas e sociais. Mostra como este enfoque possibilita não apenas a descrição e interpretação dos sentidos da consciência e das representações históricas, mas também o estudo histórico e cultural dos fundamentos dos processos psicossociais, das transformações pessoais e das transformações de grupos e comunidades. Ressalta a importância do estudo da linguagem e da interpretação, da narração e do universo cultural para que se possa melhor entender o sentido dos documentos e testemunhos levantados pelas pesquisas de campo.
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Este trabalho visa discutir idéias contidas em uma tese de Medicina da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro datada de 1836, na qual os principais conceitos investigados são os de paixões, afetos da alma, gratidão, amizade e amor à pátria. Busca-se investigar as tendências de compreensão das concepções acerca dos temas citados, dando principal relevo às influências sofridas pelos saberes da época, quais sejam, filosóficos, científicos, literários, etc. Como referencial teórico para este artigo, utilizamos os conceitos de “operações dos usuários” de Michel de Certeau e de “bricolagem” de Claude LéviStrauss, que tornam-se, neste ensejo, ferramentas para a compreensão da maneira como se desenvolve a discussão feita pelo autor da tese. É importante lembrar que as obras de Medicina eram um dos principais canais para a difusão de saberes psicológicos no século XIX, fato que fundamentou o interesse na presente investigação.
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Este artigo é um ensaio teórico que analisa a palavra “construtivismo” no contexto da teoria epistemológica de Jean Piaget. Além disto, discute o modo como os educadores do ensino básico compreendem e utilizam este conceito, especialmente a partir da década de 1970. As teorias da linguagem de Mikhail Bakhtin e Walter Benjamin foram utilizadas como referências para a análise do sentido da palavra “construtivismo” no contexto das práticas discursivas dos professores do ensino básico. O uso meramente instrumental da linguagem e a preocupação exclusiva com métodos e técnicas de ensinoaprendizagem, nos cursos de formação de professores, são abordagens consideradas inadequadas para dar conta da complexidade do ato educativo, merecendo uma avaliação crítica dos profissionais da área.
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O tema felicidade é visto sob o prisma de um texto autobiográfico medieval da teologia cristã, utilizando-se do livro A vida Feliz de Santo Agostinho, no qual o autor se empenha na discussão sobre a felicidade com base no conhecimento da verdade na interioridade da alma. Como pensador da memória, Santo Agostinho faz a sua autobiografia, inscrevendo-se, assim, na busca constante do amor de Deus, pois a felicidade é um dom dado por Ele. A vida feliz agostiniana só pode ser alcançada na busca de Deus. É voltando-se a Ele que a pessoa poderá atingir a verdadeira felicidade e a completude do seu ser. Marca, assim, um desenvolvimento pessoal, capaz de olhar profundamente dentro de si mesmo, em uma incursão autobiográfica, registrando na História, o hino de vida e esperança na vida feliz.
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O artigo apresenta a introdução das idéias relativas à psicanálise de crianças no Brasil nas primeiras décadas do século XX, na obra de Arthur Ramos. Partindo de uma investigação histórica, foram destacados da obra de Arthur Ramos os trabalhos dedicados ao tema da análise de crianças. Identificou-se a ocorrência de duas fases distintas e complementares no que concerne as características de sua produção psicanalítica. Na primeira, o autor limita-se a introduzir os conceitos psicanalíticos no meio educacional, familiarizando os professores com esta forma de pensamento. Na segunda, é introduzida uma prática de assistência a crianças com problemas escolares que foi inspirada na teoria psicanalítica e desenvolvida em Clínicas de Orientação Infantil. Conclui-se que com base nas formulações psicanalíticas e no trabalho prático, Ramos introduziu inovações no entendimento das dificuldades escolares da criança.
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Tendo por base suas próprias lembranças, mas trazendo para acompanhá-la falas de professores com os quais partilhou a experiência da implantação (1970-1982) de um dos primeiros programas de pós-graduação, a autora traça, em linhas gerais, alguns aspectos que marcam o período quanto ao vivido no país e na psicologia da época. Volta a 1963 e 1968, datas que marcam profundas alterações na instituição, descrevendo condições que propiciaram proposta comprometida com uma psicologia social diferente e com a formação de pesquisadores para a realidade brasileira. Acatando princípio segundo o qual uma data expressa ajuste de contas com o tempo anterior, descreve a experiência até a proposta do doutorado, detalhando projetos, atividades, vicissitudes em três movimentos: da criação à primeira autoavaliação (1970-75); das primeiras defesas ao debate de projetos desenvolvidos por colegas em outras áreas e países (1976-80); e, finalmente, o movimento em direção à proposta do doutorado (1981-82), consolidando o projeto.
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Evidenciam-se contribuições da Fenomenologia à discussão sobre o conceito de experiência na Psicologia contemporânea. Negação da experiência enquanto categoria gnosiológica leva a fragmentação do vivido, redução a representação ou a reações, negação do sujeito. Husserl aponta as raízes: objetivação do sujeito questiona fundamentos da cultura ocidental. Duas posições decisivas na formulação daquele conceito e constituição da Psicologia: (1) experiência subentende juízo; (2) experiência como sensação. Esta fundamenta a Psicologia moderna. Tal redução do conceito leva à crise da Psicologia científica: a inviabiliza como ciência da pessoa. A Fenomenologia (Husserl e Stein) repropõe a centralidade da experiência distinguindo vivência de experiência; síntese passiva de síntese ativa; a atitude própria das Ciências Naturais daquela das Ciências do Espírito. Experiência tem como centro a pessoa: eu-no-mundo; agente por ter experiência determinada e ordenada do mundo, podendo habitá-lo; tem experiência privilegiada do corpo próprio.
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O objetivo deste artigo é discutir a teoria dos temperamentos, partindo de informações contidas em alguns tratados do Corpus Hippocraticum e contribuições de Galeno, bem como alguns de seus desdobramentos. Segundo essa doutrina, a condição de saúde depende do equilíbrio de humores corpóreos, sua combinação ocasiona os temperamentos e existem relações entre o caráter do homem, temperamento, aparência física e afetos. A teoria humoral tinha tanto aspectos médicos propriamente ditos como psicológicos. Alguns autores afirmam que no século XV ocorreu a decadência dessa teoria, mas ela esteve presente não apenas na Idade Média (por exemplo, em Tomás de Aquino), como em obras do início da Idade Moderna (como de autores jesuítas), e persistiu nos regimes médicos do século XVIII. Apesar de ter sido abandonada pela maioria dos médicos no século XIX, até hoje são encontrados resquícios da mesma.
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Este artigo mostra num primeiro momento como Baldassare Castiglione, no Libro del Cortegiano (1528), previne o leitor da idealidade de seu quadro sobre a corte e o cortesão, promovendo o que poderíamos chamar de um cortesão moralizado; em seguida, pontua-se a questão da ação honesta por meio da dissimulação prescrita por Castiglione, tomando como base aqui a fundamentação e validação desta ação no pequeno tratado Della Dissimulazione Onesta (1641/1990) de Torquato Accetto; por fim, trazemos a corte e o cortesão pintados por Eustache du Refuge, em seu Traité de la court (1616/1617), no qual se expandem, ao que parece, os limites da conduta honesta prevista nos tratadistas anteriormente considerados.
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Este estudo tem por objetivo apontar alguns dos processos de formação e sustentação de uma comunidade. Para atingir tal objetivo, descreve um recorte específico de uma comunidade afro-descendente, localizada no litoral baiano, durante seu processo de reconhecimento como Remanescente de Quiolombo. Relata a entrevista com membros de uma família realizada pela pesquisadora e por uma lider local, ao mesmo temp em que percorrem os espaços onde outrora havia um terreiro de Candomblé. Nesse percorrer, tempo e espaço se entrecruzam criando pontos em comum a partir de onde se pode ler os acontecimentos atuais e passados, com vistas a um futuro desejado.
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Neste artigo propusemos a reflexão sobre a multiplicidade de significações que o processo de guardar lembranças e contar a História adquirem no devir do tempo. A partir da análise das repercussões que emanaram de uma exposição de fotos dos acervos pessoais de servidores de uma instituição do Poder Judiciário, em que a memória coletiva foi evocada a partir da individual, abordamos a passagem do tempo operando na constituição e no cuidado de si, baseados nos conceitos propostos por Michel Foucault. Procuramos ressaltar também, dentro do âmbito pessoal e institucional, o quanto o olhar para o passado influencia a construção do futuro, podendo tanto trazer a criação do novo quanto sucumbir à naturalização de verdades que fazem repetir o mesmo.
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Neste trabalho, são revisitados dois artigos de Michel Pêcheux (1938-1983), um dos principais formuladores da análise do discurso (AD): Reflexões sobre a situação teórica das ciências sociais (1966); Conjuntura teórica da psicologia social (1970). Mostra-se que, na formulação da AD, o vínculo com a disciplina psicológica foi importante, embora negativo. Além disso, o artigo de 1970 pode ser visto como uma verdadeira análise do discurso da psicologia social em evidência na época. Diferentes teorias da psicologia social são apresentadas e, por meio de uma leitura/escuta social, são apontadas suas características biologistas, culturalistas ou sociologistas. Mostra-se que cada teoria, para dar conta do que lhe falta, lança mão de ideologias, ora políticas, morais e religiosas, ora provenientes das ciências biológicas. Argumenta-se, no final do artigo, que esse dispositivo de análise utilizado guarda estreita afinidade com a análise do discurso atual.
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Os sete sermões de Antonio Vieira (1608-1697) sobre o tempo litúrgico do Advento explicitam a articulação, através da ars retorica, entre os aspectos da visão de mundo jesuítica inerentes ao período do Advento (período em que se abordam questões como a finalidade da vida terrena, a ação humana e seu valor histórico, a natureza humana e seu destino transcendente) e os movimentos que se esperava obter do universo anímico dos ouvintes através do uso da palavra. Vieira compõe a dinâmica dos afetos de modo a relacioná-los com o entendimento. O homem envolvido em uma dinâmica afetiva pode ter em seu interior a fonte de todos os enganos, mas também da salvação. São as relações travadas entre conhecimento e afetos que definem o modo pelo qual o ser humano perceberá o mundo e conceberá a si mesmo, e como tal atuará na realidade.
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Este trabalho pretende aproximar o filme “La tregua”, baseado na obra de Primo Levi, e os efeitos do filme “Tropa de Elite” no cenário brasileiro, visando problematizar uma curiosa semelhança: a permissão para a violência. Para tanto, buscaremos dialogar com autores como Zygmunt Bauman, Hannah Arendt, Cecília Coimbra e Giorgio Agamben, dentre outros, sendo que, a partir deste último, nos serviremos do conceito de Estado de Exceção e apontaremos suas modulações. Uma delas se materializa na naturalização de assassinatos que não têm penalidade jurídica, fomentada, por sua vez, pela produção da imagem de “estado de guerra” que lhe serve de base. Se a estrutura da exceção é entendida como um mecanismo jurídico que se organiza na suspensão dos direitos em nome da necessidade da ordem e esta possibilitou o nascimento dos campos de concentração, observamos que ela ressurge, de maneira sutil, na relação entre pobreza = criminalidade = repressão da violência = naturalização de assassinatos.
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O presente trabalho é parte de minha tese de doutoramento em Psicologia Social e procura analisar, por meio da contextualização histórica das diferentes perspectivas da Análise do Discurso, as configurações teórico-metodológicas desse procedimento no âmbito da Psicologia Social. Destacando o percurso dos diferentes teóricos e sua trajetória ao longo dos diversos campos de estudo que compõem o vasto universo da análise do discurso, o artigo discute as (im)pertinências da utilização das diferentes modalidades na Psicologia Social. Destaca as peculiaridades que, de modo geral, dizem respeito ao lugar que o sujeito ocupa na ordem dos discursos e ao valor que as noções de ideologia e de poder possuem nas práticas discursivas como os principais elementos de articulação teórica e metodológica a serem atentados pelos pesquisadores em Psicologia Social.
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Nesse artigo discutimos a operacionalidade dos conceitos de normatização e normalização para pensar as práticas de saúde no contexto da Saúde Coletiva. A Saúde Coletiva pretende ser uma ruptura com a Saúde Pública, ao negar o monopólio do discurso científico e biológico, incluindo as dimensões simbólica, ética e política na discussão sobre as condições de saúde da população. Sendo assim, na primeira parte do artigo acompanhamos o nascimento da Saúde Pública, bem como a problematização desse modelo pela Saúde Coletiva. Em seguida, apresentamos duas importantes contribuições para essa desconstrução: as considerações em torno do normal e do patológico, realizadas por G. Canguilhem e os estudos de M. Foucault sobre a disciplinarização da sociedade moderna. Ao final, relacionamos diferentes concepções de saúde com o pensamento de Canguilhem, no intuito de refletirmos sobre como a Saúde Coletiva pode constituir práticas de ação coletivas que sejam também normativas e não apenas normalizadoras.
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