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Este artigo analisa alguns sermões pregados entre os séculos XVII e XVIII no Brasil, baseados em metáforas alimentares. O uso das metáforas, recorrente nos sermões do período colonial, fundamenta-se em dois alicerces: 1) na teoria aristotélica do conhecimento, em que o sensorial ocupa um papel prioritário, como porta de acesso para a compreensão das idéias mais abstratas e para a mobilização dos afetos e da vontade visando à modificação do comportamento dos ouvintes; 2) na doutrina platônica sobre a importância das imagens para conservar a memória das idéias. A oratória sagrada do período desperta interesse para a história cultural, uma vez que os sermões constituíram-se numa importantíssima fonte de transmissão de doutrinas e de modelagem dos comportamentos numa sociedade em que a oralidade era a principal forma de difusão dos conhecimentos.
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O artigo aborda a relação entre psicologia e cultura na perspectiva dos estudos históricos, a partir do pressuposto de que a história dos saberes psicológicos na cultura brasileira pode contribuir na compreensão desta relação, uma vez que, proporciona uma melhor fundamentação cultural e social da psicologia. Pretende-se aprofundar a compreensão das relações entre Processos Psicológicos e Fenômenos Culturais. Para realizar este percurso, será necessário esclarecer o que entendemos por psicologia e por cultura. Para refletir sobre essa relação, analisaremos as posições formuladas por autores da filosofia moderna e contemporânea, as posições de autores da história da psicologia moderna e a de outros que marcam atualmente a formação dos psicólogos no Brasil e no mundo. Se toda cultura é o âmbito dos significados que os homens atribuem à existência e à realidade, então ela contém também os significados da própria vida psíquica: há maneiras de significar os fenômenos psíquicos específicos de uma determinada cultura e que podem ser iguais ou diferentes em outras culturas. Conclui-se afirmando a exigência de uma ampliação do que se entende por conhecimento psicológico, não apenas se incluindo neste domínio o saber psicológico de natureza científica, mas também o saber psicológico inerente à cultura.
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O estudo da oratória sagrada no Brasil colonial é um campo heurístico de grande interesse para a história cultural, sendo os sermões uma importante fonte de transmissão doutrinária e de modelos de comportamento numa sociedade na qual a palavra era a modalidade comum de transmissão do conhecimento. Este artigo aponta para a importância e a finalidade da pregação quaresmal no contexto do Brasil colonial dos séculos XVII à XVIII. O artigo mostra entre as funções assumidas por esta prática, a de contribuir ao auto –conhecimento e à reforma dos costumes dos ouvintes e dos pregadores.
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O objetivo deste trabalho consiste em compreender as concepções presentes na obra de Machado de Assis que dizem respeito à relação entre psique e comportamento. Para isso, selecionamos alguns contos, romances ou fragmentos de sua obra que se referem ao tema. Consideramos três diferentes níveis em que as idéias se encontram presentes na obra: nas descrições de estados subjetivos das personagens; nas exposições feitas pelos narradores e personagens acerca de motivos psicológicos; na estrutura da trama. As análises foram realizadas com base em alguns temas que se mostraram de grande importância na obra de Machado: em primeiro lugar, na relação entre consciente e inconsciente; em segundo, na noção de caráter; em terceiro lugar, na relação dinâmica homem-mundo, interior-exterior, consciência-circunstância. Buscamos ainda confrontar as idéias presentes na obra de Machado com a de outros pensadores, sobretudo psiquiatras e filósofos do século dezenove, a fim de contextualizar sua obra no âmbito cultural e intelectual de seu tempo. Ao se traçar tais relações, podemos contribuir para uma visão mais rica e complexa dos saberes psicológicos no Brasil no fim do séc. XIX e levantar algumas hipóteses sobre o posicionamento de Machado frente às idéias de seu tempo. Como resultado, destacamos o modo como o escritor desenvolve e articula em sua ficção a noção de inconsciente. Além disso, sua obra mostra-se um terreno privilegiado para uma representação mais complexa eunitária do ser humano, não apenas como ser psicológico, mas também como ser social, histórico, político, moral, biológico, em suma: o homem vivente. A ficção, justamente por mostrar as personagens no tempo e no espaço, revela como a consciência e os comportamentos se dão na dinâmica entre homem e mundo, e entre o homem e os outros homens. Além disso, Machado de Assis refletiu em sua obra a relação entre linguagem e a consciência. E foi mais longe ao explorar os limites da linguagem para se descrever a interioridade humana.
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Este artigo tem por objetivo situar o momento histórico da emergência do campo da Saúde do Trabalhador na Saúde Pública e resgatar experiências que exemplificam diferentes tipos de inserção da Psicologia na saúde do trabalhador. Focaliza a descrição no Estado de São Paulo, que presencia um contexto político e institucional fecundo para o desenvolvimento desse campo a partir de meados dos anos 1980. Recorre-se à apresentação de atividades desenvolvidas pela Psicologia nos serviços de saúde pública que marcam algumas de suas contribuições para a saúde do trabalhador.
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Os autores oferecem um breve estudo sobre a pesquisa e a prática psicológica em hospitais, baseada em percurso histórico. O texto organiza-se em torno de três temas: 1) aspectos que levaram psicólogos a trabalharem em hospitais gerais; 2) relações entre o desenvolvimento da profissão como um todo e o trabalho em hospitais; e 3) contribuições da prática hospitalar para a profissão. Os autores detêm-se no debate entre argumentos que defendem as inovações profissionais decorrentes da prática em hospitais e que entendem que não há inovações e sim adequações de práticas existentes. Concluiu-se que o debate entre inovações e adequações tem sido importante para definir as especificidades necessárias ao trabalho em hospitais e para o aprimoramento da formação psicológica. Seja como for, é inegável que a prática psicológica é uma atividade indispensável ao hospital e uma forma de levar atendimento psicológico a um grande segmento da sociedade.
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Universidade Federal do Rio Grande do Sul
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Este artigo persegue o conceito de consciência na obra de Vigotski, o principal problema de sua psicologia. Resume a importância do contexto sociopolítico da União Soviética para o desenvolvimento de sua teoria, que se iniciou com influências da reflexologia e do pavlovismo, integrando progressivamente os amplos conhecimentos do autor (nas artes, na filosofia clássica e marxista) até a neuropsicologia e a psicologia experimental. Através da leitura de trabalhos produzidos de 1924 a 1934, este artigo revisa as ocorrências semânticas da palavra consciência, identificando seus fundamentos monistas e materialistas, extraindo seus sentidos principais e incluindo o conceito no enfoque histórico-cultural. O conceito é desmembrado em suas três acepções basilares (processo de tomada de consciência da realidade externa e interna; atributo de conteúdos e processos psicológicos; sistema psicológico) que se articulam, produzindo um dos fundamentos da psicologia geral vigotskiana e articulando neuropsicologia, ética e ontologia.
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