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Pretende-se neste texto tratar da problemática do trabalho no âmbito do cuidado em saúde mental nas Colônias Agrícolas para Alienados no Rio de Janeiro, de modo a confrontar o cerne dessa que é uma das questões que lhe deram a sua razão de ser. Assim, brevemente passaremos pelo contexto de criação dessas Colônias e seus desdobramentos em direção aos territórios da Ilha do Governador e de Jacarepaguá. Veremos como havia um discurso predominante que defendia que o trabalho (físico, braçal) nesses espaços, praticado pelos seus internos, teria um papel fundamental no processo de cura, a chamada praxiterapia. Contudo, podemos observar ao menos dois momentos da concepção das relações entre labor e terapêutica: inicialmente, a atividade produtiva era compreendida quase como um bem em si, não havendo grandes progressos no tocante à qualidade de vida extramuros dos internos. Posteriormente, veremos a abertura para um leque maior de possibilidades simbólicas concernentes à formação subjetiva desses sujeitos que passam a não mais se dedicar exclusivamente a serviços manuais e subalternizados, mas se engajam em atividades criativas e que deixam marcas em seu percurso.
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Na Psicologia, a centralidade da escuta se apresenta como uma questão epistemológica e prática, sendo discutida no âmbito da psicologia fenomenológica e, enquanto escuta suspensiva, como dispositivo que dispara e desenvolve a entrevista como sua chave operativa. Trata-se de uma articulação teórica na perspectiva da fenomenologia clássica de Edmund Husserl, que exige considerar a esfera transcendental e a antropologia resultante das reduções intersubjetivas realizadas pelo fundador da fenomenologia. Para a Psicologia, explicita a relação inerente entre pessoa e cultura, tema que coloca em questão os objetos e o modo de fazer pesquisa empírico-fenomenológica, bem como consequências para a clínica. Os resultados equivalem a uma sequência de análises fenomenológicas, partindo das análises preliminares da entrevista e da escuta, em seus momentos hiléticos e noéticos. A escuta suspensiva é operada como encontro de horizontes de expectativa, indicando sua complexidade e especificidades de sua execução.
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O objetivo deste artigo é propor uma relação teórica entre o conceito da exotopia bakhtinana e a posições de Eu. A Teoria do self dialógico concebe a mente como uma multiplicidade dinâmica de posições de Eu relativamente autônomas fundamentada, especialmente, na filosofia dialógica de Michael Bakhtin e na teoria do self de William James. Cada posição de Eu, na minissociedade da mente, tem a capacidade de “ver além” do que qualquer outra poderia, pois, no tempo-espaço, cada posição de Eu pode ocupar um lugar que é único. A exotopia pressupõe a extralocalização dessas posições de Eu, umas diante das outras, o que estabelece a viabilidade das interações dialógicas. É essa exotopia que conduz à nossa possibilidade de responder a uma outra voz interna ou externa. Essa condição espacial caracteriza toda relação intra ou heterodialógica, assim como a possibilidade de aparecimento de novidade de significados no self. Um caso empírico de um adolescente é apresentado para ilustrar o nascimento de nova posição de Eu no processo de escolarização a partir do aumento da exotopia no self.
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O artigo aborda, na perspectiva da história dos saberes psicológicos, as narrativas acerca do emprego dos recursos imagéticos junto as populações nativas elaboradas por autores jesuítas protagonistas da epopeia missionária nas Reduções dos territórios guaraníticos, entres o século XVII e XVIII. Os autores são: Diego de Torres Bollo; Pedro de Oñate; Antônio de Ruiz Montoya; Antônio Sepp. Os documentos são: cartas, uma crônica histórica e um diário. A interpretação é fornecida na perspectiva dos saberes psicológicos disponíveis no universo cultural dos autores. A imagem é tomada como elemento capaz de estimular o dinamismo psíquico em sua complexidade, envolvendo sensibilidade, memória, imaginação, atenção, cognição e vontade. O efeito logrado, segundo os autores, seria a construção de uma relação imediata dos índios com as imagens evocadoras de presenças sagradas símbolos do universo cristão e persuasivas quanto aos conteúdos doutrinários e a mudança de comportamentos e hábitos.
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This paper aims to discuss the importance of decolonial narratives in general and in the field of history of psychology in particular. For this, we take as the starting point the initial results of a recently published empirical study, which investigated different styles of management within the scope of labor in Rio de Janeiro between 1949 and 1965 through the analysis of publications of the journal Arquivos Brasileiros de Psicologia. Such results pointed to an inadequacy between the interpretations of the management styles that are used, on the one hand, in the English and North American context and, on the other, in Rio de Janeiro. The discussion of this article focuses on this inadequacy, underlining the differences between how colonial and decolonial narratives conceive the relationship between empirical data and intelligibility matrices and the historiographical and methodological consequences of this relationship.
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Este artigo historiciza aspectos da recepção e circulação da Análise do Comportamento no Brasil a partir da tradução do livro Science and Human Behavior (S&HB) em português brasileiro. Foram utilizadas como fontes textuais primárias biografias e autobiografias publicadas, trocas epistolares e entrevistas de personagens da referida história. Fontes secundárias também foram utilizadas. Nos Estados Unidos da América (EUA), uma nação com longa tradição de psicologia experimental, o S&HB foi desenvolvido como recurso didático, mas ficou conhecido e disseminado principalmente por sua exposição abrangente de uma ciência do comportamento humano. No Brasil, sua apropriação por meio da tradução, que ocorreu na primeira metade da década de 1960, ainda que também tivesse um fim didático, foi importante para ajudar a consolidar a importância da fundamentação experimental de uma ciência do comportamento no contexto de criação da nova profissão de psicólogo que se consolidava no país. S&HB foi um marco no desenvolvimento da Análise do Comportamento nos EUA e no Brasil, mas o processo de apropriação do livro no Brasil teve conformações próprias no contexto do nosso país.
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A Professora Doutora Regina Lucia Sucupira Pedroza tem uma incursão singular no campo da Psicologia Escolar e Educacional e dos Direitos Humanos, com diferentes formas de interlocução em estudos, pesquisas, ações de extensão e ensino na graduação e pós-graduação. A entrevistada da Seção História da Revista Psicologia Escolar e Educacional é professora do Departamento de Psicologia Escolar e Desenvolvimento, do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília-UnB, onde também é orientadora no Programa de Pós-Graduação em Processos de Desenvolvimento Humano e Escolar e no Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos e Cidadania. Integra o Grupo de Trabalho Psicologia e Políticas Educacionais da ANPEPP, e tem investigado sobre formação de professores, educação em direitos humanos, o brincar no desenvolvimento humano, psicologia escolar e psicologia do esporte. Entre suas grandes inspirações teóricas estão os estudos de Vigotski, Wallon, Freud e Freire. Respaldado pela metodologia da História Oral, o pesquisador Fauston Negreiros realizou essa entrevista, em que são apresentadas as reflexões que a professora realiza sobre sua própria trajetória profissional.
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O Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI) recebeu notoriedade entre brasileiros e estrangeiros por oferecer um complexo sistema de qualificação dos testes psicológicos, pouco visto em âmbito mundial. Sua elaboração dependeu de uma autarquia, que o financiou, normatizou e o mantém, mas também de pesquisadores docentes de avaliação psicológica, que trouxeram a expertise da área para que houvesse o pleno estabelecimento de seus parâmetros. Passadas duas décadas de seu lançamento, o SATEPSI foi tema de artigos, capítulos, lives e diálogos digitais, nos quais foram destaque, de modo geral, as Resoluções do Conselho Federal de Psicologia, que o normatiza, e seus impactos para a área de avaliação psicológica - como, por exemplo, o aumento do número de pesquisas e de testes brasileiros qualificados. O que se pretende neste artigo é mencionar sua construção, à luz dos autores que vivenciaram o SATEPSI em funções e tempos distintos. Atenção especial será dada aos Métodos Projetivos, cuja história ainda é pouco revelada.
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A psiquiatria democrática, como ficou conhecida, trabalho expresso na vida e na obra de Franco Basaglia e Franca Ongaro Basaglia, será revisitada neste artigo em seu caráter epistêmico. Defende-se, portanto, neste trabalho, que o moto A Liberdade é Terapêutica tem, além de um sentido terapêutico, também um sentido epistêmico. A fim de se defender essa tese, serão analisadas as críticas de Franco e Franca Basaglia à psiquiatria institucional, sob o contexto revisitado da literatura mais atualizada em Estudos de Ciências. O conceito de duplo, em geral, e o conceito de gênero, em particular, serão as ferramentas conceituais dessa análise. As perspectivas dos Estudos de Ciências, da Epistemologia Feminista e da historiografia mais recente e atualizada das ciências e da psicologia serão utilizadas para analisarmos os trabalhos de Franco e Franca Basaglia sob este novo ponto de vista.
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Este artigo apresenta uma análise das primeiras experiências de escolarização de crianças com deficiência nos séculos XVIII, XIX e início do século XX, por meio dos trabalhos de Jacob Rodrigues Pereira (1715-1780), Jean Marc Gaspard Itard (1774-1838), Edouard Séguin (1812-1880) e Maria Montessori (1870-1952), identificando pressupostos metodológicos que contribuíram para a constituição da área da Educação Especial e da Psicologia. Trata-se de uma pesquisa histórica que considera a produção teórica na área da educação especial e da psicologia, contemplando a leitura e a análise de livros, artigos, teses, dissertações e, principalmente, textos e obras completas de autoria dos educadores pesquisados. As análises apontaram que, ao proporcionarem condições de aprendizagem e desenvolvimento para crianças com deficiência, os trabalhos desses educadores contribuíram para a constituição histórica da educação especial, bem como apresentam as raízes do processo hoje denominado de inclusão social.
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No mundo gerido pelas relações de trabalho, a escolha por realizar um curso após a conclusão da graduação vislumbra possíveis perspectivas em termos profissionais. Fundamentada na Psicologia Histórico-Cultural, a pesquisa aqui apresentada teve como objetivo conhecer os motivos relatados por estudantes de pós-graduação stricto sensu da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) para o ingresso no curso. De caráter quali-quanti, o estudo envolveu aplicação de questionário on-line, pela Plataforma SurveyMonkey, respondido por 374 estudantes de 36 programas de mestrado e doutorado. A análise de dados foi realizada por meio do Statistical Package for Social Sciences (SPSS) e da análise de conteúdo e propiciou a organização das respostas em quatro eixos de análise: a) Carreira acadêmica; b) Qualificação profissional para inserção no mercado de trabalho e aumento salarial; c) Aprofundar conhecimentos / Pesquisa, d) Questões pessoais/ Falta de opção. Os processos de aprendizagem e desenvolvimento precisam ser compreendidos e mediados por ações pedagógicas intencionalmente elaboradas e destinadas a esse público na universidade. Além disso, o motivo gerador de sentido para a realização de um mestrado ou doutorado precisa vincular-se ao significado social da pós-graduação de modo ampliado, visando à formação e à emancipação humana.
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A pesquisa apresenta a história da construção e consolidação do campo de estudo e atuação da Psicologia Escolar no Piauí. Utilizou-se abordagem qualitativa, historiográfica, com história oral. Foram definidas como participantes as/os pioneiras/os a contribuir para um determinado campo de atuação. Os seis depoentes foram escolhidos por terem: I) atuação na área; II) sido docentes; e/ou III) participado de órgãos/instituições da área. As análises foram construídas a partir de indicadores e núcleos de significados dos registros orais, a partir dos quais foram organizados em cinco eixos temáticos: a) Atuação em psicologia educacional e psicologia escolar; b) Primeiras incursões da Psicologia no campo da Educação do Piauí; c) Estrutura e recursos disponíveis para atuação profissional; d) Transformação no campo e protagonismo dos estagiários de psicologia escolar; e) Movimentos de descentralização da psicologia escolar no estado.
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A partir da obra de Charles Taylor, tratamos das repercussões do naturalismo na obra de William James. Primeiro apresentamos a noção tayloriana de naturalismo (ético-moral), ao que ele contrapõe sua teoria hermenêutica. A seguir, tratamos do conceito jamesiano de experiência religiosa e discorremos sobre suas principais características apontadas por Taylor. Em seguida, apresentamos as críticas de Taylor a esse conceito e discutimos em que sentido James teria esposado algumas das teses do naturalismo ético-moral.
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O Instituto Jean Jacques Rousseau (IJJR) foi criado no ano de 1912, em Genebra - Suíça, com o objetivo de promover novos horizontes e práticas para a educação. A defesa pela difusão de uma ciência pedagógica, pautada nos estudos da Psicologia experimental e da infância, nortearam as ações do Instituto que atuava, principalmente, por meio da formação de professores. Seus cursos receberam estudantes e visitantes de diversos países, inclusive brasileiros. Nesse estudo, buscamos investigar os vestígios das redes construídas entre o Instituto e os intelectuais da educação brasileira, desde a sua criação até meados da década de 1930. Adotamos como fontes principais os jornais e as revistas disponibilizados na Hemeroteca Digital Brasileira. Nosso aporte teórico e metodológico constitui-se a partir das contribuições de Ginzburg (2007), Mignot e Gondra (2007), Houssaye (2007), Fuchs (2007), Roldán Vera e Fuchs (2021), Vidal e Rabelo (2020) e Rabelo e Vidal (2021). Destacamos que a atuação do Instituto buscava a construção de uma rede de educadores de vários países no intuito da disseminação de um movimento internacional de transformação da educação, associado ao movimento da Escola Nova. Nosso estudo demonstrou indícios da conexão entre o Instituto, intelectuais e instituições brasileiras, apontando para que as perspectivas educacionais defendidas no Instituto circularam no Brasil por meio de professores que não apenas visitaram, mas atuaram no país no período investigado na divulgação de ideais expressos em cursos de formação pelo IJJR.
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Desde hace décadas se desarrolla un campo de reflexiones crítico que toma como objeto de escrutinio las dimensiones éticas, políticas, sociales, también ontológicas de las relaciones entre animales humanos y no humanos. El artículo que presentamos es resultado del encuentro de tres investigaciones distintas que giran alrededor de animales para pensar la producción de lo humano, en este caso: vacas, simios y perros. Tienen en común, aparte de un enfoque genealógico para pensar la historia, una sensibilidad epistémica proveniente del campo de los estudios de ciencia y tecnología, de ahí que comportan, además de una perspectiva semiótico-material y relacional, una mirada simétrica para pensar el mundo y la realidad. En la primera parte trabajaremos cómo las vacas se convirtieron en infraestructuras vivas para la consolidación de un estado moderno, en este caso Uruguay. En este sentido, fueron parte constitutiva de esa máquina biotecnológica necesaria para producir un estado liberal conectado a una red internacional de estados signados por el libre mercado como nuevo ordenador de la racionalización mundial. A continuación abordaremos cómo la doble naturaleza de los grandes simios, como monstruos y fósiles vivientes, se ha ido produciendo a través de diferentes prácticas epistémicas que han consolidado una idea ahistórica, estática, de «lo simio», sirviendo para diferentes usos antropológicos, relativos a lo humano. Por último, presentaremos algunas reflexiones sobre el papel que han jugado los cánidos en las revueltas chilenas del 2019 y cómo un socialismo perruno puede ayudarnos a pensar los modos en que ensamblamos nuestras formas de ciudadanía.
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