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Este artigo busca analisar criticamente o fenômeno das manifestações de Junho de 2013 que ocorreram na cidade de São Paulo, iniciado com o reajuste do preço do transporte urbano. A argumentação tem início no levantamento de dados políticos e econômicos que contextualizam as manifestações, para, então, apresentar como a ação policial, sua estrutura no Estado de São Paulo e a mídia influenciaram o mesmo. O artigo propõe que os eventos devem ser lidos como intimamente relacionados ao cenário de massificação social que ocorre nos grandes centros urbanos contemporâneos, como a transformação da vida pública em uma vida de sociedade numérica, supostamente homogênea em seus interesses comuns, assim como a criação artificial de minorias. Argumenta-se que os protestos buscavam também ultrapassar as barreiras que cancelam a possibilidade de uma vida que saiba se relacionar com a alteridade urbana.
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O artigo procura cartografar algumas das linhas de força que sustentam o funcionamento das medidas socioeducativas. Trata-se da continuação de “Se um Testemunho na Escuridão dos Arquivos”, publicado pela Revista Mnemosine vol.9, n.2. Previstas pelo artigo 112 do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA: Lei 8.069 de 13 de julho de 1990 –, as medidas socioeducativas são aplicadas quando um ato infracional, ao qual é passível atribuir a responsabilidade de adolescente – 12 a 18 anos – torna-se comprovado. Contudo, quais seriam as condições de possibilidade que tornam esta operação possível na contemporaneidade? Quais as principais estratégias conceituais utilizadas pela socioeducação, com quais poderes fez/faz aliança, que tipo de corpo – atitudes, comportamentos, gesto, hábitos, discursos – produz, o que faz circular, o que paralisa? O artigo está divido em dois momentos: Um pouco de possível, senão sufoco, onde se conta como dois adolescentes infratores criaram para si uma linha de fuga; e O pouco de possível que nos sufoca, quando dois amigos, numa conversa de bar, debatem a importância do pensamento de Antônio Carlos Gomes da Costa para a socioeducação brasileira. Este ensaio prepara caminho para última etapa da pesquisa, onde se pretende mapear a invenção das medidas socioeducativas.
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Refletir sobre os “tempos de vida” é como entrar em um labirinto de ideias, onde vários caminhos se cruzam. Entretanto, qual deles foi escolhido para conduzir esta escrita? Sob a análise da memória está uma definição de tempo e de história. Adotamos aqui uma escolha que segue os rastros de uma compreensão de memória, inicialmente em diálogo com os textos de Maurice Halbwachs, em seguida, com Walter Benjamin, além de outros pequenos desvios promissores que incluem o pensamento de outros autores que nos acompanham nesta análise, como por exemplo, Paul Ricoeur, Pierre Nora, Marcio Selligmann-Silva e Jeanne Marie Gagnebin. A proposta é o reconhecimento da memória e de seus duplos como desafio para a escrita da história, uma escrita cujo compromisso é a intenção política da rememoração.
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O presente artigo discorre sobre a experiência do grupo Coletivo Fila ao acompanhar familiares de adolescentes internados provisoriamente na Fundação de Atendimento Socioeducativo (FASE) do Rio Grande do Sul. Nas oficinas realizadas pelo grupo junto aos familiares, são compartilhadas histórias centradas na violência de Estado vivenciada por eles, evocando as marcas da ditadura civil militar no Brasil, cujos efeitos seguem na clandestinidade. Tendo em vista o testemunho como ferramenta potente para trazer à luz tais narrativas, resgata-se a necessidade de uma discussão sobre as políticas de esquecimento e silenciamento no Brasil.
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A experiência do tempo se modificou radicalmente e, entre as diversas novas experiências temporais, vivenciamos pela primeira vez na história da humanidade a sensação de impossibilidade de perda total e absoluta de seus objetos, que nos criam a forte ilusão de terem se tornado seres de passagem que podem retornar e se fixar no tempo presente, como se nunca daqui tivessem se afastado. Através das novas e cada vez mais sofisticadas tecnologias, nada parece desaparecer totalmente, mas, talvez, ter se transformado em fantasmagorias que ressoam no tempo presente. Estas e outras questões são debatidas, nesta coletânea, por estudiosos de diversas áreas e várias nacionalidades, a partir de um colóquio internacional sobre o tempo, realizado no Rio de Janeiro.
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A psicanálise foi introduzida no Brasil a partir de 1920 contribuindo para o surgimento de novas práticas de atenção à saúde da criança. Assim, o presente artigo tem por objetivo discutir a articulação entre a psicanálise e as práticas voltadas à saúde mental da criança surgidas a partir de 1930 por intermédio da obra de Durval Marcondes, pioneiro na difusão e utilização na psicanálise no Brasil. Foi realizada uma pesquisa histórica a partir de levantamento da obra de Durval Marcondes e da equipe por ele liderada circunscrita no tema em epigrafe. A partir deste material identificou-se que a partir da articulação entre higiene mental, escola nova e psicanálise, desenvolveu-se um serviço pioneiro de atendimento à crianças com problemas escolares sustentado na avaliação diagnóstica e na orientação de pais e professores. Conclui-se que este trabalho introduziu a diferenciação entre criança com déficit cognitivo e problemas emocionais e lançou as bases das intervenções psicodiagnóstica e psicopedagógica.
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A interpretação das imagens fornecida pela psiquiatria tem uma longa história baseada em categorias psicopatológicas da arte. Os discursos escritos sobre as obras de arte criadas dentro de hospitais psiquiátricos brasileiros entre 1946 e 1956 promoveram formas sociais e históricas específicas de percepção. Este artigo busca discutir o problema concernente aos discursos e imagens em três hospitais brasileiros (Juquery/SP, Engenho de Dentro/RJ e Juliano Moreira/RJ), nos quais diferentes formas de perceber e interpretar as imagens são encontradas. No campo de estudos da psicologia social das imagens, tenta-se pensar como a iconologia crítica pode ajudar a compreender as “imagens do inconsciente”.
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Este estudo analisa dois importantes artigos escritos por Miguel Rolando Covian – Ciência, técnica e humanismo e Ciência e religião – onde o autor aborda a questão do conhecimento humano e os complexos aspectos constituintes da realidade. Dada a crise humanística e a hipertrofia do olhar que caracteriza a cultura moderna, Covian propõe, à luz das contribuições oferecidas por Aristóteles e José Ortega y Gasset, expandir o uso da razão humana considerando a multidimensionalidade do real e como subsequente decorrência, a complementaridade dos saberes. Deste modo, um fecundo intercâmbio dos resultados obtidos através das investigações científicas e filosóficas aparece como princípio epistemológico necessário que permite ao Homem elaborar um esboço mais adequado do mundo enquanto tal.
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Um posicionamento semelhante pode ser encontrado na psicologia da Gestalt e na teoria metapsicológica de Freud a respeito da necessidade das teorias psicológicas incluírem hipóteses especulativas sobre os processos cerebrais que subjazem aos fenômenos psíquicos. Os argumentos dessas duas teorias permitem que se extraiam certas reflexões relevantes para a situação e o contexto atual da psicologia, no qual os limites e as inter-relações entre psicologia e biologia ainda são alvo de polêmica. Nesse artigo, os modelos teóricos propostos por Freud e pela psicologia da Gestalt para explicar a relação entre o mental e o neural são retomados e discutem-se alguns de seus argumentos sobre a necessidade desses modelos incluírem conjecturas sobre a base orgânica dos processos psíquicos, feitas a partir da observação dos fenômenos de consciência. Em suma, pretende-se abordar alguns pontos de vista teóricos dessas duas teorias que são, em geral, pouco enfatizados na história da psicologia e que podem ser ainda relevantes para o contexto atual da disciplina.
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Apesar das heterogeneidades encontradas em meio à categoria espiritual preto-velho, não há ainda investigações sistemáticas sobre o assunto. Assim, objetiva-se analisar o simbolismo e os usos e alcances etnopsicológicos de uma subcategoria “desviante”: os pretos-velhos da mata. Para tanto, desenvolveu-se trabalho de campo em um terreiro de umbanda a partir da escuta participante, desdobramento do método etnográfico concebido pelo aporte da psicanálise lacaniana, e foram realizadas entrevistas semiabertas com médiuns e suas entidades. Os pretos-velhos da mata revelaram-se espíritos insubordinados que desafiam dicotomias ao fundirem num único personagem pretos-velhos e exus, oferecendo aos seus devotos instrumental simbólico para a elaboração de vivências pessoais e memórias sociais conflitivas que os constituem sujeitos no mundo e no tempo.
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Este trabalho tem como objeto de estudo investigações que se desenvolvem como um percurso metodológico no âmbito da Cátedra Joel Martins e que focam a experiência dos sujeitos que vivenciam a indissociável interface saúde–educação numa perspectiva inter/multi e transdisciplinar. Objetiva enfatizar que a consciência pré-reflexiva e pré-objetiva presente nos discursos fenomenológicos mostra-se de forma especial para compreensão dos modos pelos quais os sujeitos envolvidos na investigação vivenciam seu fazer, formulam sentidos, produzem conhecimentos. Como suporte metodológico, a fenomenologia hermenêutica propiciou a leitura compreensivo/interpretativa das pesquisas apresentadas. Como resultado desta leitura salienta: a necessidade de uma postura crítica nas investigações sistemáticas; o discernimento de que é possível fazer ciência a partir da experiência vivida e da intervenção na realidade concreta. Conclui ainda que a construção de conhecimento, de ações educativas humanizadoras e de cuidados constitui-se num fazer transformador em constante (re)construção.
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O argumento da simplicidade da alma tem uma elevada aceitação entre os filósofos racionalistas que objetivam fundamentar a tese da imortalidade da alma. Este é o caso de Mendelssohn, que, ao revigorar o Fédon de Platão, aprimora este argumento, bem como a demonstração da incorruptibilidade da alma. Entendido como uma notável referência no Iluminismo alemão, confrontamos seus argumentos com as objeções kantianas às provas teóricas da imortalidade da alma. Assim, constatamos que seu argumento da simplicidade da alma pode ser compreendido entre aqueles que Kant qualifica como paralogismo transcendental, e que sua defesa da incorruptibilidade da alma não se sustenta, quando se respeitam as condições de uso objetivo dos conceitos puros do entendimento. Ao articularmos estas discussões, podemos esclarecer a sagacidade de Mendelssohn e ressaltar a precisão das objeções de Kant, as quais são decisivas no desenvolvimento histórico da psicologia.
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Esse artigo aborda o tema da infância e adolescência abandonadas no Estado de São Paulo, por meio de pesquisa que vem sendo realizada sobre o cuidado dispensado às crianças e adolescentes de uma instituição que funcionava no interior do Estado de São Paulo. A memória do trabalho realizado nessa instituição vem desaparecendo da vida da comunidade em meio a qual, ele surgiu. Essa pesquisa visa também o resgate de facetas da memória, da história da criança e do adolescente no Estado de São Paulo. Como método de pesquisa foi empregado a historiografia da ciência. Utilizou- se do procedimento de entrevistas de ex-funcionários e ex-internos, além do levantamento de fontes primárias, como documentos e jornais da época. A análise dos documentos revelou a existência de um projeto educacional bem sucedido, estabelecido em fundamentos claros, passíveis de execução e autossustentável, que sofreu processo de desmanche a partir da década de 70.
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O presente trabalho pretende examinar como Freud considera a memória humana e seu funcionamento. Para isso, faz-se uma leitura atenta de alguns estudos que são marcos do pensamento freudiano acerca do tema. Para a compreensão deste fenômeno em sua totalidade, uma vez que o autor parte do pressuposto que o conteúdo esquecido não fora eliminado e perdido, mas encontra-se no tão obscuro e desconhecido inconsciente individual, é necessário investigar desde o início de sua obra as teorias formuladas por ele que de uma maneira ou de outra envolvem a memória como um fator causal das atitudes humanas propondo uma pesquisa panorâmica e não exaustiva do funcionamento mnêmico. Enfim, faz-se uma história conceitual da memória humana na teoria freudiana.
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Esta dissertação é produto de meu percurso no Mestrado em Psicologia Social e apresenta as diferentes modulações do trajeto desenvolvido durante dois anos. Descreve de que modo um projeto que buscava conhecer a experiência dos usuários de Saúde Mental se modificou, passando a questionar as relações entre a Universidade, a Reforma Psiquiátrica e o cuidado na pesquisa com pessoas. A partir da metodologia da História Oral, foram realizadas entrevistas com diversos atores pesquisadores, professores, militantes, estudantes, residentes e coordenadores de residências que se somaram, na qualidade de trabalho de campo, à participação em eventos promovidos por grupos de usuários e ao estágio docente na disciplina Políticas e Planejamento em Saúde Mental, do curso de graduação em Psicologia. Também se recorreu à pesquisa bibliográfica e à utilização do diário de campo. A partir desta última ferramenta, primordialmente, foi possível realizar a análise de implicações que permeia todo o trabalho, na perspectiva da Análise Institucional. Esta dissertação descreve e reflete, em especial, sobre os dilemas com os quais me defrontei, desde o início da pesquisa, quando quis entrevistar participantes dos coletivos de usuários de saúde mental. Meu interesse era conhecer como tinha sido a experiência desses usuários dentro da chamada Reforma Psiquiátrica; porém, em face da insistência, por parte dos coordenadores dos grupos, de que solicitasse a autorização do Comitê de Ética e obtivesse o respectivo consentimento informado, comecei a me interessar pela origem dessa demanda e sua atual função. Tomei como analisador o dispositivo Consentimento Informado ou Esclarecido tal como é requisitado hoje, ou seja, algo cada dia mais exigido no campo da pesquisa com seres humanos, em ciências sociais. Apresentando-se como um discurso de proteção de direitos, ele permite colocar em discussão a questão do cuidado e da ética na pesquisa: certos aspectos priorizados pelos Comitês de Ética, tais como riscos , benefícios e desfecho primário , supõem a antecipação dos resultados de um processo que, ao contrário, está em construção. Extrapolam-se modelos do campo biomédico, obstaculizando pesquisas que contemplem as subjetividades dos participantes (pesquisadores e pesquisados). Nesse sentido, a presente dissertação questiona a que cuidado (e ao cuidado de quem) tais dispositivos efetivamente respondem. Também se coloca um outro analisador em pauta, o dispositivo apresentação de doentes , a fim de refletir sobre a manicomialidade presente, ainda hoje, no ensino universitário de psicologia. Tanto pela experiência no campo como mediante a bibliografia consultada, percebe-se uma cisão entre Universidade e Reforma. Certos espaços acadêmicos e disciplinas ligadas à prática clínica permanecem intactos frente ao processo da Reforma, mesmo depois de uma recente mudança no currículo. Novos espaços e disciplinas emergem sem conseguir dialogar com os antigos, que transmitem ao jovem psi uma prática atemporal, científica , objetiva , fundada nos manuais psiquiátricos (DSM, CID) e em discursos psicanalíticos descontextualizados. Percebe-se, assim, que temas fundamentais, como as condições de cuidado em saúde mental, são escassamente, discutidos no curso psicologia hoje.
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O objetivo deste trabalho é descrever e analisar o laboratório de psicologia da Escola de Aperfeiçoamento de Professores de Belo Horizonte. A temporalidade estudada coincide com seu funcionamento - 1929 a 1946 e nossas fontes foram textuais e iconográficas. Nolaboratório, circularam diferentes sujeitos, tais como políticos mineiros, especialistas europeus e estudantes-professoras da Escola de Aperfeiçoamento. O laboratório estava equipado com cerca de 60 instrumentos diferentes, dentre aparatos de bronze e vidro, bem como, de testes psicológicos. Os resultados indicam que o laboratório foi uma ferramenta importante no ensino e na pesquisa em psicologia, permitindo a realização de estudos psicológicos que contribuíram para a formação prática das estudantes-professoras. Essa formação prática possibilitou a aprendizagem de conhecimentos psicológicos sobre a escola, a infância brasileira e a professora primária. Concluímos que o laboratório de psicologia da Escola de Aperfeiçoamento de Professores de Belo Horizonte contribuiu para a organização e a circulação da psicologia, nas primeiras décadas do século XX, no Brasil.
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Esta pesquisa é disparada a partir do encontro da pesquisadora com as chamadas moradias dentro de hospitais psiquiátricos no Estado do Rio de Janeiro. No seio da reforma psiquiátrica e da instalação de uma rede de assistência substitutiva ao hospício, ocorrem transformações também no interior deste último: humanizam-se as práticas, retirando de cena o eletrochoque, a lobotomia, a camisa-de-força, fazendo documentos como CPF, RG e etc. Contudo, a edificação manicomial permanece de pé com os seus grandes pavilhões, alguns agora travestidos em moradias, que tanto podem operacionalizar uma passagem de dentro para fora dos muros como perpetuar o hospício. O texto indaga por que motivo, a partir de um certo momento, inaugura-se um novo modo de organização em saúde mental, em que a antiga centralidade hospitalar se fragmenta em moradias internas e se difundem os novos serviços, ditos abertos , para em seguida afirmar que a construção de uma rede substitutiva não assegura, definitivamente, o fim da relação manicomial. Com o suporte teórico de Foucault e Deleuze, propõe uma discussão acerca da biopolítica da espécie humana, da coexistência de tecnologias disciplinares e regulamentadoras e da inauguração, na sociedade de controle, de um exercício de poder difuso, a céu-aberto, dispensando a coação física e a instituição da reclusão. O texto, entretanto, não se deixa abater por essas análises, mantendo suas apostas numa Reforma Psiquiátrica que propõe como um campo de disputas, de embates cotidianos. É então que a temática do cuidado entra em cena. Para tanto, faz-se uma releitura do período helenístico-romano através dos olhos de Foucault. O Cuidado de Si é apresentado ao leitor para, em seguida, ser estabelecido um contraponto entre o mesmo e o modo de ser sujeito moderno e cristão, com exercícios de renúncia a si e práticas de sacrifício, que em muito se assemelham à maneira como os trabalhadores vêm atuando, hoje, no campo da saúde mental. O texto procura dar pistas e visibilizar as resistências presentes em meio às tantas capturas postas em análise. Trata-se de uma experimentação de práticas de liberdade que se atualizem na operação de cuidado.
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