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Este trabalho visa discutir o tema da escravidão negra tal como o padre Antônio Vieira o tratava. Jesuíta português, Vieira veio para o Brasil ainda na infância e deixou registradas várias obras, dentre elas os seus Sermões, conhecidos como parte mais importante de sua produção. Neles, Vieira tratou de temas os mais diversos, não deixando escapar o da escravidão negra na colônia. O que se procura demarcar no presente texto é a forma pela qual o missionário, diplomata, político, escritor, editor tenta delimitar o problema. Por vezes polêmico em relação ao tema, outras vezes utilizando-se de um discurso mais brando, certo é que o inaciano propunha, acima de tudo, uma igualdade entre os homens, proposição pouco comum à sua época, já que o regime escravista era hegemônico, principalmente na colônia. A partir dos referenciais teóricos de Gilbert Durand e Michel de Certeau, principalmente, e utilizando-nos de uma análise do discurso do que foi produzido por Vieira, o texto procura apresentar os vieses criados por este para tratar do assunto, articulando-o a uma noção de igualdade entre os homens da terra. Para consumar tal ideal de igualdade, o religioso mantém suas teorias sobre as coisas do céu, mas sem perder de vista o que ocorre na terra.
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Neste texto, o autor modifica o tradicional esquema de avaliação da reforma psiquiátrica: o foco da atenção não é tanto o mérito da desinstitucionalização, mas o demérito da institucionalização. A desinstitucionalização é colocada como advinda da indignação suscitada a partir do reconhecimento da injusta opressão do paciente psiquiátrico e da mistificação do conceito de cura. Na experiência basagliana, este sentimento ético advém do empenho, da prática coerente, e se traduz em um concreto processo de mudança. Em outros contextos, muitas vezes a indignação é superficial, manipulada pela mídia, como estéril sentimento de falsa consciência. Examina-se a atualidade das práticas psiquiátricas à luz destes diferentes modos de entendimento da indignação.
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Este trabalho demonstra como ocorreu o processo de disciplinarização do espaço-tempo na cidade de Porto Alegre no fim do século XIX e primeira metade do século XX, quando práticas segmentadoras buscaram prover simetria aos espaços e subjetividades para melhor adequá-los a uma sociedade onde o trabalho e a indústria imperavam. Visibilizamos aqui as diversas conexões sinérgicas entre reformas ordenadoras do espaço urbano e a criação de um espaço e de práticas específicos para o trato com a loucura. O surgimento da cidade e do seu hospício servem de fio condutor para uma cartografia das ciências normalizantes e sua luta por uma ortopedia do desviante. A necessidade de optimizar a utilidade da população e de permitir a convivência entre homens de civilidade urbana e moral burguesa erigiram uma série de dispositivos baseados em uma geometria centralizante, a qual é fundamental na construção da modernidade e sua principal criação: a normalização.
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A presença da massa urbana do Rio de Janeiro nos romances de Lima Barreto suscita diferentes interpretações sobre as sensibilidades que se cruzavam nos anos iniciais do século XX. Focalizar as interferências que a escrita barretiana provocou na cena literária carioca no período da Belle Époque tropical permite explicitar o feixe de relações que preenchem as formas hegemônicas que vigoravam naquela sociedade, bem como as resistências que se operavam naquele diagrama de forças. Tal caminho de investigação dispara um minucioso entendimento acerca das potências de vida que metamorfoseiam fluxos de campo social em partículas de afeto pela cidade e pela escrita. Aproximando o conceito de massa de Elias Canetti da noção de multiplicidade de Gilles Deleuze, este trabalho situa a literatura de Lima Barreto como intercessora de um estudo interessado em traduzir um outro entendimento das forças desejantes, afirmando, assim, uma perspectiva política da subjetividade.
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O artigo analisa as transições conceituais no projeto da psicologia enquanto ciência da experiência, estudando o progressivo abandono do conceito de sensação. Este conceito, para a chamada psicologia clássica, representava uma espécie de unidade básica – objetiva e matematizável – da experiência, superando as críticas kantianas. A primeira perturbação neste paradigma sensorial foram as Gestaltqualitat postuladas por Eherenfels, uma experiência não redutível às sensações. Posteriormente, a Escola de Berlim se destacou perante as demais escolas gestaltistas (Graz e Leipzig), ao afirmar a autonomia das Formas com base em conceitos físicos como Campo e Equilíbrio, provocando o esgotamento e a ruptura com o modelo sensorial.
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O presente artigo tem como objetivo explicitar como se deu a construção da noção de criança e adolescente como sujeitos de direito através de uma revisão crítica da literatura. Abordar a história da criança, do adolescente e das relações por eles estabelecidas com os adultos e as instituições ao longo do tempo permite compreender certos fenômenos contemporâneos como históricos, culturais e, ao mesmo tempo, subjetivos. Essa história é abordada a partir de três recortes. O primeiro trata do período que vai até o século XVIII; o segundo se refere aos séculos XVIII, XIX e XX; e finalmente o terceiro cobre acontecimentos como a criação de instituições e leis que tratam da situação da criança e do adolescente em nosso país. O artigo culmina numa discussão sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (LEI Nº. 8.069, DE 13-7-1990) considerado o resultado de manifestações culturais e históricas ocorridas ao longo do tempo.
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Instigar o debate sobre a interpretação do homem e suas relações sociais a partir de pressupostos organobiológicos é o objetivo deste texto. A título de ilustração, recuperamos alguns pontos do ideário da higiene mental – destacado discurso científico nas primeiras décadas do século XX, no Brasil. Este ideário, construído e sustentado pela ciência de raiz natural, teve um significativo lugar no cenário político da época e viabilizou encaminhamentos em diferentes segmentos da sociedade como solução para os graves problemas de ordem social existentes nesse período. O tempo não validou tais idéias e ações e comprova que as análises das relações sociais advindas de mecanicismos de qualquer ordem obscurecem as contradições sociais e favorecem a geração de uma legião de desviantes da norma social estabelecida.
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