A sua pesquisa
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No início do século XIX, Jean Marc-Gaspard Itard, realizou intervenções pedagógicas com um menino encontrado nos bosques do sul da França. Dessas experiências foram redigidos dois relatórios. Tomando-os como base, o objetivo central deste artigo é relatar uma pesquisa histórica, de base documental, que discute as contribuições de Itard sobre as relações entre educação, aprendizagem e desenvolvimento na constituição do homem como ser histórico e cultural. Buscou-se articular três diferentes níveis de análise: o nível interno, que se refere aos conceitos, pressupostos e métodos, relacionados à obra de Itard; a base epistêmico-metodológica adotada pelo autor e a articulação entre seu trabalho e a realidade histórico-social em que viveu. Por meio de sua obra é possível refletir, entre outras questões, sobre a fragilidade e a importância do vínculo entre educando e educador, as concepções do educador que determinam sua prática pedagógica e como a comunicação se faz presente nos processos educativos.
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Trata-se de um estudo teórico que tem por objetivo compreender o sentido de psicologia para Haufniensis (um dos vários pseudônimos de Kierkegaard) em sua única obra: “O conceito de angústia”. O estudo dos discursos psicológicos de Kierkegaard é ainda incipiente no Brasil e com este artigo buscamos contribuir com a discussão de sua obra em outros meios que não somente o da filosofia e o da teologia. Constatou-se que a psicologia é uma ciência privilegiada, que trata da existência e da história individual (o espírito subjetivo) por intermédio da observação de si e de outros em seu cotidiano. Ao final, surgiu a questão sobre o possível ânimo irônico que deveria existir naqueles que se dedicam à psicologia e uma nova pergunta: deveriam ser os psicólogos irônicos?
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O presente artigo discute as concepções sobre o coração humano numa perspectiva histórica, desde as representações pictóricas da pré-história até o alvorecer da Modernidade. Associado à própria idéia de pessoalidade, o coração, em diversas culturas e tradições assumiu um papel antropológico central, não apenas numa perspectiva biológica, mas também psicológica e espiritual. Com o advento da “Revolução Científica” e o racionalismo o coração se verá “destronado” de sua posição hegemônica. Este trabalho é o resultado de uma primeira aproximação frente ao tema da querela entre coração e cérebro que se esboça na Antiguidade, se radicaliza na Modernidade e agora volta surgir no contexto da crise antropológica da pós-modernidade.
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Este trabalho tem por objetivo o estabelecimento de diretrizes para a pesquisa atual em Psicologia Histórico-Cultural por meio de uma breve revisão da trajetória percorrida por Lev Semionovich Vigotski. Considerando as implicações advindas dos períodos históricos prévio e posterior à revolução socialista, assim como os impactos provenientes de diversas vertentes da psicologia do seu tempo, sustenta-se que o incremento de abordagens históricas do processo de construção da obra do autor bielo-russo pode competir para o incremento da compreensão atual do seu pensamento, além de auxiliar no desenvolvimento de aplicações mais alinhadas com os significados originais da produção intelectual Vigotskiana.
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O artigo aborda algumas etapas do percurso conceitual que levou à elaboração e transmissão do conceito de pessoa e dos métodos para o seu conhecimento ao longo da história da cultura ocidental e da cultura brasileira, desde a antiguidade grega até ao século XIX. Evidencia que o conceito de pessoa é inerente à modalidade própria do homem ocidental conhecer a si mesmo e seus semelhantes e que este saber constituiu-se desde a origem num dinamismo caracterizado por um duplo e paradoxal movimento, cujo foco é simultaneamente voltado para a interioridade e aberto para a alteridade. Conclui que o conceito de pessoa e o seu conhecimento representam ainda hoje um desafio para a psicologia contemporânea.
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Procurou-se com essa investigação identificar, em sua correlação, os elementos saudosamente recordados relativos ao período da juventude/mocidade presentes em letras de canções brasileiras compostas e/ou gravadas a partir de 1927. Um conjunto de 106 letras foi submetido à Análise Lexical e a um procedimento clássico de Análise de Conteúdo. Os resultados obtidos apontaram para um compartilhamento de conteúdos recordados veiculados nas letras analisadas. Tal compartilhamento pode ser identificado sob dois eixos: a) o primeiro deles seria o que poderíamos chamar de intrageracional (a especificidade de alguns elementos recordados vincula-se diretamente à época na qual foi vivida a mocidade/juventude dos compositores); b) o segundo eixo seria intergeracional ou, poderíamos dizer, transgeracional e relaciona-se aos elementos que atravessam com considerável significância todo o período analisado. Esses últimos elementos possivelmente constituem a base comum que possibilita a coexistência de mais de um discurso sobre a(s) mocidade(s) ou juventude(s) recordada(s) num dado período histórico.
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Este artigo investiga a formação do psicólogo brasileiro, tendo por recorte histórico, o período do final da década de 1970 ao início dos anos 2000, quando tanto a atuação quanto a formação do psicólogo sofreram grande modificação, de um modelo essencialmente clínico liberal privado para um modelo plural de “práticas emergentes”. O enfoque teórico e metodológico da pesquisa é a genealogia de Foucault. O estudo localiza como principal perigo da formação em psicologia, nos anos de 1970, a desconexão de suas práticas da dimensão social. Nos anos mais recentes, o “social” passa a ser pauta importante na sociedade em geral e na psicologia em particular. Um novo perigo se apresenta: a força onipresente do mercado ditando os parâmetros da formação. O artigo adverte contra a sedução da formação tecnicista voltada para o mercado e afirma a importância de referencias ético-políticas para a formação e atuação do psicólogo.
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Dans cet article, notre but est d’analyser un corpus, constitué par des récits oraux de fiction qui montrent un rapport entre des expressions proverbiales sur l’esclavage noir brésilien et la mémoire discursive sur l’eugénisme. Ces sont des récits produits par une femme qui n’a pas participé au processus d’alphabétisation et qui habite la banlieue de Ribeirao Preto-SP (Brésil). Les maximes, proverbes, aphorismes, slogans ont été recueillis par Mexias-Simon; donc se situent «dehors» les récits, au point de contact entre leur unité intérieure et l’interdiscours («déjà dit» ou mémoire du dire) soutenus par une interpellation idéologique rapportée aux idéaux eugéniques de la psychiatrie brésilienne de la fin de XIX siècle et du début du XX siècle. On montre ainsi que la présence des expressions proverbiales, comme par exemple, du portugais brésilien Negro sabido, negro atrevido (traduit par “Noir sage, noir audacieux”) soutient une répétition de la mémoire historique sur l’esclavage, comme montrée par la recherche de Mexias-Simon (1996), au niveau d’un mécanisme de “porte-parole” de l’eugénisme mis en place dans les récits analysés.
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Joseph Nuttin foi um psicólogo belga, influente em seu tempo, que tratou o comportamento humano como uma função de relação entre a representação interna e o ambiente externo tal qual é percebido e vivido. Ele desenvolveu uma teoria complexa de motivação, ao mesmo tempo cognitivista e fenomenológica. Este trabalho é um esforço de síntese desta teoria interacionista, que focaliza os projetos de ação construídos pelas pessoas em seu ambiente. O sujeito interage com o objeto a partir de três formas de contato, a física, a cognitiva e a interpessoal ou social. Nuttin recusa-se a reduzir o homem a esquemas simplificados de reforçamento ou à mera reação a necessidades ou a impulsos internos, demandando uma abordagem compreensiva e interativa com o sujeito. Esta teoria, ao mesmo tempo em que aborda o homem com sua subjetividade, põe limites ao desejo subjacente de se manipulá-lo através do mero controle de contingências ou da administração da satisfação de necessidades, demandando uma interação singular e dialógica com o empregado como condição para o estabelecimento de políticas e programas.
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O pensamento do teólogo protestante Paul Tillich é caracterizado por uma perspectiva interdisciplinar. Uma das interfaces mais importantes em seu pensamento é entre a religião e a psicologia. Ele interpretou as obras de diversos psicólogos e utilizou a ciência psicológica em seus construtos teológicos. Além disso, ele participou das reuniões do New York Psychology Group, debatendo com importantes pesquisadores de sua época. O artigo apresenta o diálogo de Tillich com a psicanálise freudiana, com Erich Fromm, Carl Rogers e Rollo May. Por fim, discutem-se as fronteiras entre psicologia e religião no que se refere ao campo teórico e prático do psicoterapeuta e do líder religioso.
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Evidenciam-se contribuições dos fenomenólogos Stein e Wojtyla quanto à constituição da pessoa em ação. Analisando vivências, Stein sistematiza dinâmica da motivação: a pessoa volta-se intencionalmente para objeto apreendendo conteúdo de sentido para agir com liberdade a partir da correspondência entre provocações razoáveis indicadas pelo objeto e exigências constitutivas de si. Wojtyla analisa dinamismo da ação que revela e realiza a pessoa. Toda realização contém auto-realização por mobilizar a pessoa inteira a partir do seu centro, constituindo-se dever moral porque toca na verdade de si. Delineia-se percurso da experiência da ação pela apreensão da estrutura pessoal realizada em ato (Stein) e pela ação auto-realizadora reveladora dessa estrutura (Wojtyla). A novidade deste percurso consiste em: valorizar análise vivencial como caminho descritivo da subjetividade; evidenciar ação enquanto reveladora e constituinte da pessoa; reconhecer que o ser pessoa emerge de elaboração coincidente com o núcleo pessoal, capaz de formá-lo em sua unidade e totalidade.
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Esta pesquisa objetivou averiguar a possível existência de uma concepção de emoção intrínseca aos sentidos das águas na umbanda. Para tanto, examinou-se o simbolismo das águas presente em letras de músicas rituais da umbanda (pontos cantados). Foram coletados aproximadamente 1200 pontos e selecionados 155 que aludem à água. Averiguaram-se correlações entre qualidades de água e elementos significantes correlatos (rio, mar, cachoeira, areia, barco etc.) e os seus significados expressos no contexto das letras. As categorias de significados das águas encontradas foram: maternidade, segredo, nutriência, luz, batismo, vida e morte, balanço, limpeza e variações e nuances do tônus afetivo. Nos pontos, estes sentidos são fluidos e permeiam uns aos outros. Conclui-se que na umbanda o simbolismo das águas comporta uma concepção que lhe é peculiar de emoções, porém permeada de nuances de sentido que ultrapassam o âmbito psicológico e assumem conotações éticas e ontológicas.
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Este artigo tem por objetivo discutir as idéias de Martin Buber acerca da educação e do papel do educador em sua correlação com tempos de crise. O diálogo, a partir de uma interface entre a sociologia, a teologia e a filosofia, ocorre estimulado por dois temas fundamentais: a dor da barbárie e a esperança. Trabalhar com uma educação voltada para o diálogo e para a construção de uma cultura de paz e solidariedade em tempos sombrios e vazios de sentido como os nossos significa, antes de tudo, perceber a tensão entre esses dois eixos que envolvem a vida dos homens na sociedade atual. A perspectiva buberiana acerca da tarefa de educar vem, sem dúvida, levantar algumas questões fundamentais que remetem não só às exigências da condição de educador, mas às possibilidades de educar em meio ao caos e à violência deste século.
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Este artigo examina a desmontagem da Hipótese Repressiva de Michel Foucault com o propósito de verificar as condições mediante as quais o discurso freudiano sobre o sexo é construído. Antes de questionar a propalada repressão com a qual o freudismo firmou o seu lugar entre os saberes ocidentais, a letra foucaultiana nos convida realizar um ‘passo atrás’ para escrutinar o que permite à psicanálise efetivar um esforço obsessivo para enunciar uma suposta repressão. A questão é outra, portanto, bem aquém do fato de sermos ou não reprimidos: o que a psicanálise ganha com esse discurso? Para tanto, se recorre ao primeiro volume de História da Sexualidade de Foucault num esforço de construção de ferramentas conceituais para manejar elementos da rede epistêmica freudiana.
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Conceitos psicológicos presentes na psicologia contemporânea foram objeto de ampla discussão na teologia medieval, que produziu tradições que influenciam a psicologia moderna. Abordamos a psicologia de Tomás de Aquino. Nossa hipótese é que Tomás de Aquino é representante da psicologia intelectualista, mas incorporou a discussão sobre a vontade, introduzida pelo pensamento paulinoagostiniano e desconhecida pelo intelectualismo grego. No desenvolvimento de sua psicologia da relação entre intelecto e vontade Tomás de Aquino desenvolveu uma teoria da vontade teleologicamente orientada pelo intelecto, rompendo com a teoria agostiniana da vontade ambivalente. Argumentamos também que na psicologia moderna encontramos teorias nas quais há recorrência de problemas salientados na psicologia tomista.
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Estudaram-se características predominantes das formas de representação de si-mesmo na infância/adolescência em autobiografias de 27 escritores brasileiros do século XX, de diversos períodos literários que relataram episódios de relacionamentos adulto-criança e criança-adulto, no âmbito familiar. Marcados pelo sofrimento físico e/ou psíquico. A pesquisa documental tomou como temática a infância/adolescência e como personagens o adulto responsável e a criança/adolescente. O relacionamento da criança/adolescente-adulto responsável evidenciou-se (54,5%) pelo medo, submissão, indiferença afetiva ou ambiguidade (admiraçã-oódio). Na representação de si-mesmo na infância/adolescência predominou (66,3%) a negatividade caracterizada por sentimentos de culpa, fragilidade, fracasso, submissão, manipulação e infelicidade. Os resultados marcam o caráter evolutivo da construção de significados sociais da infância, no Brasil, próprias de práticas cotidianas da primeira metade do século XX; mostram a importância da família na estruturação das temáticas que orientaram a representação de si-mesmo e de modo mais amplo da cultura, moldando a concepção de pessoalidade do indivíduo.
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Da análise de algumas cartas Indipetae, chegamos a descrever um dinamismo de elaboração da experiência revelador de um modus vivendi construído sobre as bases da chamada psicologia filosófica aristotélicotomista. Com o presente artigo pretendemos apresentar um aspecto desse vivido e suas influências e implicações, tomando como referência os contextos histórico e institucional de produção do gênero de documentos com o qual trabalhamos – correspondência epistolar jesuítica –, bem como o horizonte retórico dessa produção. O aspecto a que nos dedicamos, presentemente, é à “obediência”: segundo passo de um dinâmica – a que demos o nome de “experiência de liberdade” – composta de três momentos: “conhecimento de si”, “obediência” e “consolação”. Como resultado da investigação, identificamos uma forma de compreensão da obediência somente possível na medida da consideração do Homem Total, na sua unidade biopsíquicosócioespiritual, típica da mentalidade da Antiga Companhia de Jesus.
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Este trabalho é parte dos resultados de pesquisa mais ampla intitulada “As instituições universitárias e a construção da reforma psiquiátrica em Minas Gerais anos 60, 70 e 80”, Investiga-se a formação universitária oferecida no curso de Psicologia da Universidade Federal de Belo Horizonte. O objetivo principal é identificar e avaliar a participação das variáveis de cultura formal em processos de mudança social, investigando as relações das principais instituições de credenciamento profissional de nível superior em psicologia e psiquiatria com o processo de reforma psiquiátrica em Minas Gerais.
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Entre 2000 e 2025
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