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Resumo Os trabalhos de Osório César e de Nise da Silveira costumam se destacar quando se investiga a relação entre expressão artística e saberes psi no Brasil em torno da década de 1950. Porém, outras experiências ocorreram no mesmo período, como as atividades de pintura realizadas na Seção de Praxiterapia da Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá, no município do Rio de Janeiro. A ausência de pesquisas sobre essa experiência suscitou uma busca por documentos que culminou na análise dos números do Boletim da Colônia Juliano Moreira e demais fontes. Os resultados apontam características peculiares da experiência artística na colônia, como o incentivo à cópia e reprodução de fotografias como método terapêutico, o que a diferencia das outras experiências mencionadas.
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Esse artigo apresenta a proposta de educação internacional elaborada por Jean Piaget em meados de 1930. Para isso, analisamos publicações do autor visando identificar sua concepção de espírito de cooperação internacional e a maneira de desenvolvê-lo nas escolas. Identificamos como o contexto sócio-histórico, marcado pela guerra e pelos nacionalismos, influenciou a construção de conhecimentos sobre educação e sobre psicologia. Por ter assumido a direção de importantes instituições internacionais de educação preocupadas com a promoção da paz pelas escolas, o autor aborda a problemática da educação de forma objetiva e científica. A educação internacional teria como objetivo principal propiciar a emergência da compreensão e da posição de reciprocidade diante dos pares e dos estrangeiros. O método a ser empregado, nas escolas, deveria aproveitar-se das tendências à solidariedade interna e à prática das regras de cooperação e dos métodos do self-government.
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O objetivo desse artigo é evidenciar modos de existência que se apresentem como alternativas aos tempos de medo instalados no Brasil. A partir de David Lapoujade e José Celso Martinez Corrêa, busca-se dar consistência ao ato de re-existir, uma existência processual que possui seu modo de ser intrínseco e incomparável através de sua inserção em um ecossistema, sobrevivendo e fazendo sobreviver. Com isso, expressamos pontos de uma arte da existência, na qual o testemunho de existências pouco manifestas se desdobra em uma possibilidade de criação de outros mundos possíveis de se habitar.
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Muito tem sido falado no último ano acerca de uma suposta crise global de refugiados. Ao longo deste artigo, pretende-se questionar a existência de tal “crise” e seus múltiplos efeitos. É possível analisar e discutir o fenômeno global migratório a partir de diversos recortes acadêmicos: juridicamente, economicamente e no âmbito da saúde. Partindo de uma noção construída por Michel Foucault de Saúde – biopolítica, de controle e disciplina, normatizadora – se buscou pensar nas maneiras pelas quais os sistemas de Saúde Pública vêm se estruturando para atender – ou não – migrantes e refugiados. É preciso que conceitos engessados de Saúde e Refúgio sejam reelaborados, que, diante do novo, não se caia em discursos estereotipados e preconceituosos, mas se construa um devir saúde, mais coletivo e múltiplo.
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O atual contexto sociopolítico brasileiro conduzido pelo Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) institui sobre a infância e adolescência um olhar de cidadania. Este artigo busca problematizar as práticas de conselheirxs tutelares que, pautadas por uma lei específica, capturam crianças e adolescentes enquanto sujeitxs de direitos, e ao mesmo tempo reafirmam seu assujeitamento pela tutelação. Narramos os estranhamentos encontrados durante uma pesquisa realizada em um Conselho Tutelar (CT) a qual buscou conhecer as relações que perpassam o trabalho dxs conselheirxs, e compreender suas experiências relativas ao acolhimento e ao encaminhamento de casos. Percebemos no decorrer da pesquisa que as práticas dxs conselheirxs indicam quais são os melhores trajetos para crianças, adolescentes e famílias caminharem, ratificando o paradoxo entre autonomia e modelação, e entre igualdade e proteção. Defendemos que é necessário romper com as naturalizações cotidianas para criar outras lógicas e direções nos modos de atuar com a infância e adolescência.
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O presente trabalho analisa o discurso da loucura na obra autobiográfica Hospício é Deus, de Maura Lopes Cançado. Analisar um discurso implica em articular texto e contexto. Para tal, a autora é colocada em foco, a partir de sua experiência como mulher subalternizada, em um determinado contexto histórico, articulado ao contexto da história das instituições psiquiátricas. Seu livro-denúncia prenuncia a reforma psiquiátrica brasileira. Em seu diário, Maura se vê às voltas com questões relacionadas a ser louca. Descreve o hospício, as mulheres internadas, as relações com médicos, enfermeiras e funcionárias, os tratamentos e os maus-tratos. A loucura desafia sua compreensão e a visão inicial do hospício como um lugar fora do mundo não encontra ressonância em um cotidiano institucional opressivo, que ela passa a denunciar.
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Introduzido como esporte e apreciado por setores privilegiados da sociedade, o futebol popularizou-se no primeiro quartel do século XX entre as camadas mais populares do Brasil. Apesar da ação repressiva governamental, é provável que a nascente burguesia industrial brasileira tenha observado na prática um elemento também capaz de promover suas marcas, além de disciplinar operários e ocupar o tempo de lazer dos trabalhadores ao impulsionar o gasto de energia dos mesmos com atividades desvinculadas da produção fabril, em plena fase de explosão do movimento operário brasileiro. A partir da década de 1930, o Estado brasileiro, sob o comando de Getúlio Vargas, conteve as mobilizações promovidas pelos trabalhadores ao enquadrar tanto a classe operária quanto a burguesia industrial sob seu controle; para tanto, um dos elementos utilizados foi o futebol que, além de instrumento de desmobilização política, serviu à edificação de certa identidade nacional, em pleno período do Estado Novo (1937-1945). O sucesso do Brasil na Copa de 1938, realizada na França, teria dado consistência às intenções varguistas.
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Saúde Coletiva, uma invenção brasileira, constitui uma nova forma de articular saberes e práticas originadas de instituições da área da Saúde Pública e da Medicina Preventiva e Social. Instituída no Brasil durante as décadas de 1960/70, teve, sem dúvida, um caráter inovador em relação ao que existia à época no setor saúde. Seu desenvolvimento até os dias atuais vem ocorrendo através de cursos de graduação e pós-graduação promovidos por universidades públicas, criados a partir, sobretudo, da atuação da Associação Brasileira de Saúde Coletiva/Abrasco, fundada em 1979. Além disso, a Associação tem promovido congressos nacionais e internacionais, bem como publicado revistas, livros e boletins. Colaborando com outras entidades da sociedade civil, a Abrasco vem se manifestando de forma crítica e ética diante de fatos relacionados às políticas de saúde e de educação e a outros acontecimentos de ordem política, econômica, social e ideológica que ocorrem no país.
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As dimensões políticas e educativas da Saúde Coletiva no Brasil
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Neste artigo problematizamos como o discurso científico, em sua face mais dura, na busca pela verdade absoluta trata a adolescência como universal. Em geral, as teorias desenvolvimentistas atribuem às etapas da vida uma linha de continuidade evolutiva, como se cada fase tivesse seu tempo e fosse ultrapassada a fim de se chegar à próxima. Baseadas em um paradigma racionalista, elevam a adolescência a um ideal, a uma fase delimitada do desenvolvimento humano, com características bem definidas. Produz-se, assim, um processo de normalização que cristaliza uma forma de ser e estar no mundo, e que nega a heterogênese dos modos de existência. Destacaremos algumas discussões com relação aos aspectos notadamente culturais e históricos da adolescência, que colocam “em xeque” essa noção de universalidade.
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Este trabalho refere-se à análise dos laudos psicológicos e sociais, ligados a vara de família, especificamente sobre um caso de separação que envolve a disputa pela guarda compartilhada. Procurou-se analisar os subtextos dos laudos em relação a questões que se referem ao conflito familiar no cuidado de uma criança, na capacitação do(s) pai (s) quanto ao exercício da guarda e também à atribuição da modalidade da guarda. Além da demanda determinada pelo juiz, investigou-se também os discursos dos operadores do direito, com a intenção de se fazer uma leitura mais aprofundada do caso. A proposta metodológica se fundamenta nos núcleos de significação, que parte da concepção de que todo fenômeno psicológico deve ser analisado a partir das condições sociais e históricas. Os resultados foram constituídos em dois núcleos: a) a dificuldade de separar a conjugalidade da parentalidade; b) os diferentes sentidos atribuídos à guarda compartilhada. Os discursos revelam muito pouco sobre as demandas da criança. Os subtextos têm como eixo a busca pela harmonia nas relações de parentalidade e a atribuição da guarda materna como prioridade. O que se destaca é que os discursos priorizam o comportamento individual e não a dinâmica família e as desavenças entre a parentalidade e conjugalidade como intrínsecas aos processos de separação e disputa de guarda.
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O objetivo desse artigo foi analisar o processo de institucionalização do espiritismo no Brasil e a opção por sua institucionalização e busca de legitimidade como religião. Percebeu-se que tal opção foi profundamente marcada pelo embate com a psiquiatria, também em busca de legitimação social à época, no questionamento que essa fazia às concepções e práticas espíritas relacionadas ao tratamento de problemas mentais. A institucionalização enquanto religião forneceu um espaço de reconhecimento social e institucional para o espiritismo, que possibilitou que suas práticas ocorressem protegidas legalmente dos questionamentos médico-psiquiátricos. Nesse contexto, a criação dos hospitais psiquiátricos espíritas foi a forma encontrada para possibilitar expressão da vertente científica do espiritismo, o que estabeleceu uma associação entre saber médico e saber espirita na estruturação dessa vertente no espiritismo no Brasil.
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Tendo como suporte a narrativa de uma experiência de trabalho em uma ONG, esse escrito assume, como objetivo principal, a investigação de algumas engrenagens do “empreendedorismo de si” em nossa sociedade. Assim, tomando como fio condutor a questão do empreendedorismo sob a forma da “capitalização da vida”, esse trabalho se desdobra em alguns eixos de análise tais como a urgência de um tempo da produtividade − onde não há separação da produção de subjetividade da econômica − e a criação de zonas de resistência num mundo regido pela velocidade. Partindo de um relato de experiência, esse artigo se desenvolverá atrelando essa narrativa a uma breve pesquisa bibliográfica, em que faremos uso de autores como Michel Foucault, Maurízio Lazzarato, Gilles Deleuze e Felix Guattari.
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Este artigo busca problematizar os modos como se engendram narrativas e escritas a partir das experiências pela cidade. Um jovem pesquisador, forasteiro na cidade que lhe é familiar, toma suas experiências como espaço de problematização do presente, analisando os processos de transformação urbana e seus efeitos sobre os modos de subjetivação. Afirmamos que outra forma de conceber e narrar a cidade é possível, na medida em que nos dispomos a outras formas de experienciá-la. Experiência e Narração são pensadas a partir das concepções de Walter Benjamin. Dessas experiências, narrativas foram forjadas, a partir de cenas do dia a dia que escapam das tentativas de normatização, com o intuito de provocar interferências e paradoxos no presente da urbe, mantendo-a viva e inacabada. Aposta-se numa escrita que se faz a partir das fissuras que irrompem naquilo que se quer contínuo na história, preservando a irredutibilidade do passado e a imprevisibilidade do presente.
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Este estudo trata de uma discussão no campo da história da psicologia no Brasil sobre a questão da originalidade e da autoria de algumas obras publicadas em território nacional. A partir de uma crítica a uma concepção de que os psicólogos brasileiros historicamente importam modelos estrangeiros, busca-se trabalhar alguns elementos autorais e aspectos nacionais presentes no interior de algumas obras publicadas no início do século XX. As obras aqui analisadas constituem-se de alguns manuais, os Testes ABC de Lourenço Filho e outras publicações fora do escopo médico e pedagógico. Com isto, propomos uma reflexão sobre a historiografia e como ela reproduz uma hierarquia na produção de conhecimento. Finalizamos a discussão com uma leitura a partir da expressão "Ciência Desembarcada" de Henrique Cukierman e algumas noções propostas por Vilém Flusser em sua Fenomenologia do Brasileiro, apontando para a possibilidade de se narrar uma história que não se reduza a aplicações de modelos estrangeiros, mas que de fato possui contornos brasileiros.
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O verbo dissociar remete à cisão ou desagregação, termos esses que no campo da saúde mental estão associados à doença e à patologia, dificilmente à saúde. O objetivo desse trabalho foi mostrar como a concepção de dissociação foi construída socialmente a partir de mecanismos da mente (a associação e a desagregação de seus elementos) que se mantiveram como denominadores comuns ao longo da história da saúde mental por meio de práticas como o xamanismo, exorcismo, magnetismo animal e a hipnose. Finalmente, ao final do século XIX e início do século XX, a medicina e a nascente psicologia valeram-se da dissociação para estudarem fenômenos como as múltiplas personalidades, a histeria e mesmo a experiência religiosa, de maneira tal que diversos investigadores pioneiros como William James, Pierre Janet, Alfred Binet, Frederic Myers, Morton Prince e outros, integraram muitos (ou todos) desses princípios em suas próprias propostas teóricas e influenciaram toda a psicologia, ao conceituarem que a mente se dividia em consciente ou inconsciente, bem como apresentava múltiplos níveis e compartimentos que podiam ser tanto cindidos e desagregados como unidos e conectados. O método utilizado na investigação foi a revisão bibliográfica e a análise foi realizada a partir da ótica crítica da psicologia social. Essa tradição de pensamento psicológico cuja base é dissociativa (enquanto processo) e hipnótica (enquanto instrumento) foi obnubilada ao longo do século XX com o surgimento de novas propostas, como o behaviorismo e a psicanálise, e, também, com a patologização à qual o fenômeno dissociativo foi exposto ao longo do século XX. O presente trabalho concluiu que o estudo da dissociação é relevante para a psicologia tanto em seus aspectos históricos como atuais, por se tratar de um fenômeno psicológico presente em diversas teorias, normal em si, mas que pode adquirir conotação saudável ou patológica dependendo do contexto a partir do qual é avaliado. Por fim, concluiu também que a hipnose pode ser um valioso instrumento clínico que merece ser reintegrado à psicologia.
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O texto narra a história da Psicologia Clínica no Rio de Janeiro, enfatizando sua característica singular e local. O objetivo do texto é servir como dispositivo para formas diversas de se fazer e de pensar o que pode ser a Psicologia Clínica e o papel do psicólogo clínico, levando em conta suas implicações e seus efeitos para os sujeitos e a sociedade. Discorre-se, inicialmente, sobre a constituição do campo da Psicologia Clínica em instituições do Rio de Janeiro nas décadas de 1940 a 1960. Em seguida, apontam-se os efeitos da regulamentação da profissão e dos cursos nesse campo. Apresentam-se, finalmente, novas versões de clínica que surgiram a partir dos anos de 1980, como a Gestalt-terapia, a cognitivo-comportamental, a Psicanálise quase sempre hegemônica, bem como o trabalho dos psicólogos no SUS.
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