A sua pesquisa
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Na historiografia da psicologia, considera-se normalmente que o behaviorismo, enquanto escola psicológica teve seu marco oficial com o artigo de John B. Watson “A psicologia como o behaviorista a vê”, publicado em 1913 na revista Psychological Review. Em 2013, completaram-se 100 anos desde sua publicação. Tal artigo, chamado algumas vezes de “Manifesto Behaviorista”, é amplamente reconhecido pelos manuais de história e introdução a psicologia como um importante veículo de ideias que teriam mudado de maneira rápida e substancial o cenário da psicologia acadêmica, especialmente nos Estados Unidos da América. Contudo, a obra original de Watson e seu respectivo impacto ainda não foram investigadas de maneira ampla e sistemática. Parte da literatura histórica sugere que a proposta de Watson sobre dispensar o uso do método introspectivo e o estudo da consciência não foi aceita de maneira ampla e imediata, deparando-se com críticas e oposições. Além disso, a originalidade de sua proposta foi questionada, sugerindo-se que aquelas ideias já estavam presentes no contexto científico da época, ainda que não amplamente difundidas. O presente trabalho teve o objetivo de analisar bibliometricamente qual foi o impacto do artigo de 1913 em dois dos principais periódicos daquela época, Psychological Review e Journal of Philosophy Psychology & Scientific Methods, durante o período de 1903 a 1923. Palavras-chave relacionadas ao behaviorismo e estruturalismo foram contabilizadas, assim como as citações a Watson e a sua obra. Os dados foram analisados considerando-se o período anterior e posterior à publicação do Manifesto. A frequência do termo ‘behavior’ nos artigos aumentou 50% após 1913, ‘consciousness’ diminuiu 23%. Outros termos também foram mais citados após 1913, como ‘introspect’ (10%), ‘mind’ (4%), ‘control’ (20%), ‘habit’ (17%), ‘instinct’ (6%) e ‘prediction’ (5%). Esses dados mostraram que o termo ‘behavior’ e outros relacionados com uma psicologia objetiva apareceram com mais frequência a partir da publicação do Manifesto e que os termos relacionados ao estruturalismo também se mantiveram frequentes. Dados adicionais mostraram que outras obras de Watson, especificamente os livros publicados em 1914 (Behavior: An introduction) e 1919 (Standpoint), foram citadas mais frequentemente que o Manifesto, sugerindo que essas obras também foram importantes condutores do behaviorismo watsoniano.
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Apesar de a relação entre a psicologia empírica e a antropologia pragmática ser amplamente reconhecida na literatura especializada, não há consenso entre os pesquisadores a respeito da natureza exata dessa relação. O presente trabalho tem o objetivo de investigar este tema no pensamento crítico de Kant durante a década de 1780, de forma a contribuir para um maior esclarecimento sobre este ponto. Especificamente, buscamos compreender a afirmação de Kant, feita na Crítica da Razão Pura (1781), a respeito da inserção da psicologia empírica em uma antropologia pormenorizada. Nossa análise sugere que na década de 1780 é mantida a ligação entre a psicologia empírica e o ponto de vista teórico do conhecimento do homem. Essa ligação explica a afirmação de Kant. Ela significa que a psicologia empírica deve ser considerada antropologia escolástica (teórica) e deve ser mais bem desenvolvida de modo a constituir um campo de investigação autônomo. Além disso, mostramos que há também uma forte ligação entre os conhecimentos teóricos da psicologia empírica e a antropologia do ponto de vista pragmático.
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O artigo de Alfredo Pereira Jr. é um texto realmente instigante, no sentido de obrigar o leitor a refletir sobre a noção mesma de sentimento e do seu estatuto na ciência contemporânea. De fato, o tópico do sentimento, incluindo seu papel na determinação das ações humanas, é fundamental para qualquer teoria sobre a natureza humana. Dada a impossibilidade, porém, de fazer um comentário detalhado de cada parágrafo do texto, vou me ater aqui a alguns aspectos que me parecem cruciais para a proposta do autor. Meu objetivo principal é apontar alguns problemas de natureza teórico-conceitual que representam desafios e podem se constituir como obstáculos à realização de tal proposta.
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Contexto: As visões dos psiquiatras sobre a relação mente-cérebro (RMC) têm marcantes implicações para a clínica e a pesquisa, mas há carência de estudos sobre esse tema. Objetivos: Avaliar as opiniões dos psiquiatras sobre a RMC e se elas são suscetíveis ou não a mudanças. Métodos: Realizamos um levanta- mento sobre as visões que os psiquiatras possuem sobre a RMC imediatamente antes e após um debate sobre a RMC no Congresso Brasileiro de Psiquiatria de 2014. Resultados: Inicialmente, entre mais de 600 participantes, 53% endossaram a visão de que “a mente (o ‘Eu’) é um produto da atividade cerebral”, enquanto 47% discordaram. Além disso, 72% contestaram a visão de que “o universo é composto apenas de matéria”. Após o debate, 30% mudaram de uma visão materialista da mente para uma perspectiva não materialista, enquanto 17% mudaram na direção oposta. Conclusão: Os psiquiatras se interessam por debates sobre a RMC, não possuem uma visão monolítica sobre o tema e suas opiniões estão abertas a reflexões e mudanças, sugerindo a necessidade de mais estudos em profundidade e de debates rigorosos, mas não dogmáticos sobre o tema.
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As transformações culturais, sociais e econômicas contemporâneas se refletem nas relações conjugais, em suas representações e práticas. Conseqüentemente, grande parte das expectativas e demandas dirigidas aos parceiros nas relações conjugais também mudaram. Este estudo de casos, baseado nas teorias de González Rey e da Rede de Significações, teve como objetivo compreender o discurso de quatro homens (25-40 anos) que coabitam com suas parceiras sobre as posições que ocupam e que lhes são atribuídas na relação conjugal. A análise de conteúdo das entrevistas realizadas mostrou que todos consideraram que cabe ao homem, na relação conjugal, ser o provedor. É permitido à mulher trabalhar, mas a contribuição financeira masculina deve ser decisiva. A representação do homem como provedor continua fortemente associada à subjetividade masculina, provavelmente pelo poder que concede aos homens na relação. A coabitação significa o aprofundamento da relação, sem a solidez do casamento. É um espaço de experimentação.
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No presente artigo busca-se estabelecer a relação entre fenomenologia, ontologia e metafísica em Edith Stein. Para tanto, examina-se sua tomada de posição na controversa discussão sobre idealismo e realismo, particularmente a partir de sua original hamonização entre a filosofia de seu mestre Edmundo Husserl e a de Tomás de Aquino. Examina-se a explicitação de Stein das diferentes ontologias dos dois autores de referência, considerando particularmente o estatuto da existência, da essência e do transcendental.
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Contemplando os aspectos afetivos nas vivências humanas, em nosso trabalho enfocamos a dimensão sensível da experiência. Recorremos às teorizações da experiência estética, forma de conhecimento singular a outros modos de pensamento, e experiência elementar, ímpeto original do homem em ação. Procuramos responder como a experiência estética favorece o reconhecimento da exigência fundamental de ser, núcleo axial da experiência elementar. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, de orientação fenomenológica, na elucidação dos elementos essenciais da conversação das literaturas respectivas. As categorias verificadas foram: a) a noção de “experiência”, pelo caráter originário e noético; b) a estrutura subjetiva de abertura ao real; c) o campo intersubjetivo que constitui a humanidade; d) o real totalizante como o propósito último do homem; e e) a dimensão ontológica atestada, notavelmente, pela busca do belo. Diante às novidades contemporâneas, destacamos a raiz afetiva da ética na Psicologia como guia em nossa prática, afinando-nos integralmente às expressões singulares.
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Na comunidade de Morro Vermelho (MG), encontramos uma grande devoção a Nossa Senhora de Nazareth, padroeira do distrito. A ela, dedica-se a festa da Cavalhada, iniciada há 310 anos pelos moradores do lugar. Na década de 80 do século XX, nasce também ali uma nova tradição: a Cavalhada Mirim, encenada por crianças. Entrevistamos três responsáveis pela Cavalhada Mirim de gerações diferentes, no intuito de compreender como eles vivenciam a responsabilidade em criar a festa, mantê-la e transmiti-la a outras pessoas que possam assegurar sua existência. Como resultado, observamos uma legitimação da presença das crianças nas festas tradicionais de Morro Vermelho e um relacionamento pessoal com a figura de Nossa Senhora. Notamos ainda que cada sujeito incorpora um momento dessa trajetória de vida em Morro Vermelho: da iniciação na devoção e nas tradições, até a resposta como responsabilidade, culminando na preocupação pela transmissão às gerações seguintes.
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O presente estudo teve como objetivo investigar o tema da “afetividade” presente no primeiro momento da filosofia de Maurice Merleau-Ponty (1908 – 1961), mais especificamente nas obras: A estrutura do comportamento, de 1942 e Fenomenologia da percepção, de 1945. Procuramos apontar de que forma tal concepção se articula com a noção de subjetividade apresentada pelo autor nos referidos trabalhos. Merleau-Ponty enfatiza a impossibilidade de compreender-se o afeto segundo os pressupostos tanto do empirismo quanto do intelectualismo. Para o autor, a afetividade apresenta-se como um campo original da consciência corporificada, uma maneira que o sujeito tem de se abrir para o mundo através de determinado estado afetivo. Tomado na corporeidade, o afeto não se apresenta como fisiologia ou ideia. A afetividade corporificada surge como realização de um significado próprio, ligado à abertura do sujeito ao mundo, que sempre se dá a partir do próprio corpo.
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In Memorian Paola Vismara (1947-2015)
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O objetivo da pesquisa foi à realização de uma inicial descrição histórica da atuação científica do professor Luiz Marcellino de Oliveira, a partir de documentos de seu arquivo pessoal, no período em que atuou na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, isto exigiu a organização, higienização, classificação e descrição dessa documentação. A documentação presente em seu arquivo apontou sua atuação em áreas e instituições nas quais foi pioneiro e teve grande contribuição, como é o caso da formação da Sociedade Brasileira de Psicologia; a instituição do Bacharelado Especial em Pesquisa na USP; a utilização do Sistema Personalizado de Ensino e suas contribuições no ensino e pesquisa da Análise do Comportamento. Assim, é possível dizer que sua atuação teve alcance local em Ribeirão Preto, e importância nacional por também ter contribuído para a formação de diversos profissionais que atuam hoje por todo o país.
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Diante das diversas mudanças societárias e culturais, bem como, das ambivalências e fragmentações das políticas públicas que, em contexto brasileiro, geram o aumento de desigualdades e mazelas sociais, a família brasileira reage, se adapta, sobrevive e continua a ser fundamental e necessária para a vida humana, além de eixo principal da sociedade brasileira, principalmente, por produzir bens relacionais entre seus membros e para a sociedade. Este artigo, em seu conjunto, procura visualizar a família, em meio aos desafios da sociedade brasileira, como espaço adequado para as relações humanas de reciprocidade, confiança, gratuidade e cooperação, que por meio dos recursos e potencialidades próprios, pode gerar e transmitir Capital Social, que assume o status de Capital Social Familiar. E por fim, apresenta a Psicologia Comunitária e suas estratégias de intervenção como um importante recurso, que pode ser utilizado para subsidiar, intervir e contribuir para com as famílias brasileiras.
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