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Deriva das interferências institucionalistas na formação do psicólogo no Brasil a experiência de intervenção em uma escola pública que (re)traçamos em texto. O fio que nos atravessa é referente às práticas e aos desejos construídos historicamente em formas sociais, questionando os especialismos que conformam a formação psi hegemônica. A perspectiva do passeio institucional lança-nos às questões de como entrar em um estabelecimento e promover processos analíticos das relações estabelecidas. A partir de muita insatisfação com diversas práticas na escola, articula-se um espaço autogestionário para tratá-las, visando permitir uma discussão aberta das questões que emergem no cotidiano. Focam-se os critérios e os modos de avaliação dos alunos na escola, mas um investimento na heteronomia pelo Sistema de Gestão Integrado (SGI) se contrapõe ao processo autogestionário. No artifício da escrita, acabaram por se recortar quatro perspectivas sobre o processo de intervenção, que pode ser caracterizado pelo fracasso.
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O presente estudo intenta analisar qual possível concepção de homem estaria relacionada à escolha do envio membros da Companhia de Jesus para diferentes localidades, sob a perspectiva da História dos Saberes Psicológicos. Para tanto foi analisada a categoria dos temperamentos nos catálogos trienais do Brasil, Portugal, Japão no período de 1654 a 1660. Percebe-se o predomínio da compleição Colérica na maioria dos catálogos analisados enquanto os demais temperamentos variavam. Tais fatos sugerem que talvez o temperamento colérico seja uma característica comum aos membros da ordem ou que a conjuntura sociopolítica dos referidos países favorecia a escolha de membros que correspondessem melhor a esse tipo perfil, enquanto os demais variavam a depender das demandas locais.
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Neste artigo é discutida a utilização das fontes literárias no âmbito da história dos saberes psicológicos. Em primeiro lugar, apresenta-se a contribuição de Dilthey e de Huizinga na discussão das interfaces entre história, psicologia e literatura. Em segundo lugar, apresenta-se um exemplo de análise de fonte literária no âmbito da história dos saberes psicológicos: o estudo da novela alegórica do jesuíta Alexandre de Gusmão, História do Predestinado Peregrino e de seu irmão Precito (1682). Aponta-se que a fonte literária pode ser enfocada da perspectiva da história dos saberes psicológicos, seja por ser transmissora de conceitos e práticas psicológicos, seja pela ação exercida no dinamismo psíquico dos destinatários por meio de sua construção retórica.
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O objetivo deste artigo é, ), por meio de um estudo teórico-conceitual, examinar textos de revisão indexados pela American Psychology Association (APA) do caso Emmy von N., de Freud, publicado em 1895. Essas revisões tratam de escritos psicanalíticos que reanalisam o caso, atribuindo novo diagnóstico e novas dinâmicas. O caso Emmy presencia o nascimento da psicanálise e é um de seus “parteiros”. Sua análise e seu diagnóstico testemunham o momento da psicanálise em que se produziu. No entanto, muitos anos se passaram e a histeria foi ganhando outros significados em psicanálise, assim como a própria psicanálise foi se modificando desde então. Um pouco dessas modificações podem ser observadas através das revisões de casos célebres. Foram encontrados e examinados artigos publicados entre as décadas de 1950 e 1980, voltados à revisão do diagnóstico de Emmy, e artigos publicados entre as décadas de 1990 e 2000, que salientam o valor histórico do caso para o método, teoria e clínica psicanalítica na atualidade. Assim como o caso Emmy testemunha o nascimento da Psicanálise, cada retorno ao caso testemunha um momento da Psicanálise, enquanto um campo de saber em construção, hoje e em 1891.
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Esse estudo trata das relações entre a mística e a Psicanálise. No início, busca-se encontrar uma definição para conceitos centrais ao tema, como “espiritualidade”, “religião” e “religiosidade”. Em seguida, justifica-se a importância clinica de pesquisar o assunto, tendo em vista tanto uma preocupação com a conduta terapêutica de tais fenômenos quanto a compreensão de que a mística nos convida a refletir sobre os fundamentos da condição humana como um todo. Partindo da concepção clínica de Gilberto Safra e da divisão feita por William Parsons entre categorias de compreensão do tema, se abordará o tratamento da mística na clínica psicanalítica numa dupla perspectiva hermenêutica - em que ela pode ser compreendida enquanto fruto de dinâmicas psíquicas ou, ao contrário, como experiência de alteridade ontológica. Por fim, serão apresentados alguns dos diferentes modos pelos quais a mística foi abordada na história da Psicanálise, problema que leva a uma revisão e a um questionamento das fundações dos modelos antropológicos subjacentes às variadas perspectivas clínicas.
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Nos estudos sobre a festa do Carnaval e a sobre a construção da Identidade Nacional na década de 1930, é comum a citação ao dirigismo cultural getulista, às ideologias de branqueamento, bem como à valorização da mestiçagem nesse período. A proposta deste artigo é trazer à baila como produções artísticas e culturais, como rádio, cinema, e o teatro de revista, pouco estudadas pela literatura histórica e antropológica, contribuíram para popularizarem e transformarem o samba e o carnaval como referências basilares para a construção da identidade brasileira. Outrossim, refletimos sobre a manutenção e atualização dessas comemorações coletivas através do tempo.
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Durante a ditadura militar (1964-1985), o Brasil presenciou um período de intensa repressão política e social. Os grupos opositores ao regime eram compostos majoritariamente por homens, mas a participação feminina não pode ser desconsiderada. Este trabalho buscou investigar elementos relacionados à representação de "ser mulher militante" no período, procurando compreender as repercussões das hierarquias de gênero presentes nesses espaços. Assim, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com ex-militantes. As informações foram submetidas à análise de conteúdo, que evidenciaram as categorias temáticas: Entre novos e velhos militantes: negociando diferenças de geração e gênero; Atributos do "bom militante": liderança, intelectualidade e modelo de conduta; e, Ser mulher militante: entre a manutenção e a ocupação de novos espaços. Ao investigar as representações sociais de "ser mulher militante" e compreender as relações sociais e de gênero comuns às organizações esquerdistas, este trabalho oferece elementos para a compreensão de aspectos ainda pouco explorados sobre a ditadura militar.
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Objetivamos apreender modos de elaboração da experiência ontológica na análise fenomenológica da autobiografia Minha infância e mocidade de Albert Schweitzer (1875-1965), buscando evidenciar especificidades da metodologia utilizada. Apreendemos que a escolha dos episódios e pensamentos descritos, e a organização do texto intentam atestar a constância do autor. Suspendendo o caráter moralizante do conteúdo comunicado, focalizamos a estrutura da vivência dos valores reconhecidos como irrenunciáveis. Emerge que a elaboração da experiência ontológica em Schweitzer liga-se à vivência do problema da verdade. Dialogando com a noção de Experiência Elementar, identificamos a exigência de verdade como aspiração radical que sustenta a curiosidade diante do mundo e se apresenta na pergunta pelo significado global da existência, contemplando o nexo pessoa-totalidade. Como conclusão, compreendemos que na autobiografia de Schweitzer a elaboração da experiência ontológica, ao coincidir com a elaboração sobre aderir ao que reconhece como verdadeiro, abre-se para horizonte totalizante em que a realidade concreta é acolhida como sinal e a vida é concebida como jornada de concretização dos valores não escolhidos, mas intuídos pela consciência. Conclui-se também que focalizar a estrutura das vivências, reconhecendo o dinamismo das exigências humanas, abre caminho para analisar a subjetividade em autobiografias sem incorrer em subjetivismo ou psicologismo.
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O objetivo do artigo é discutir as matrizes teóricas da concepção vieiriana da palavra como instrumento da medicina do ânimo. Através do método da história conceitual, são evidenciados na leitura dos sermões de Vieira, tópicos recorrentes que se referem à função terapêutica da palavra. É estabelecida a relação entre esses tópicos e o universo cultural a que Vieira se inspira, especialmente a Companhia de Jesus. Os resultados apontam pelo fato de que a função da oratória na perspectiva de Vieira inspira-se numa tradição, cujos pilares são Cícero, Sêneca e Agostinho. Estes autores foram apropriados pela Companhia de Jesus e propostos nos Colégios, desde o século XVI. Conclui-se que pela referida tradição, o cuidado do ânimo é entendido como pratica da vida regrada pelo exercício da sabedoria. Tal exercício cura desequilíbrios anímicos e enfermidades decorrentes. Esse cuidado é confiado à palavra ordenada conforme os preceitos da retórica articulados a conceitos filosóficos.
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Nosso objetivo com este artigo será o de resgatar alguns elementos da experiência clínica de Freud que levaram o médico vienense a abandonar uma aproximação exclusivamente anatomopatológica do fenômeno clínico. Tendo isso em vista, retomaremos alguns artigos fundamentais publicados pelo psicanalista durante as duas últimas décadas do século XIX e os discutiremos a partir da literatura científica a eles contemporânea, reconstruindo assim o contexto dentro do qual a psicanálise pôde emergir enquanto prática clínica. Serão privilegiadas aqui as experiências de Freud como neurologista e como hipnoterapeuta, sua tentativa de superar algumas dificuldades ligadas à démarche anatomoclínica e a introdução de uma nova materialidade que faria nascer a importante noção de realidade psíquica.
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O objetivo deste artigo é refletir sobre o letramento a partir das contribuições da Análise do Discurso de tradição francesa e da Psicanálise lacaniana. Procuramos mostrar como, ao resistir ao discurso da ciência, adultos analfabetos afirmam seu letramento pela capacidade de elaborar narrativas que lhes asseguram autoria dos seus próprios dizeres; narrativas em que o narrar é equivalente ao narrar-se, ou seja, à construção da subjetividade. De nosso ponto de vista, ao tornar possível ao sujeito que faça “um”, estabelecendo uma unidade transitória e ilusória entre a linguagem e o mundo, a narrativa permite a emergência da autoria e da singularidade do sujeito. Opõe-se ao discurso científico que tem como materialização máxima o discurso da lógica.
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Comemorando os quarenta anos do artigo Should the History of Science Be Rated X? de Stephen Brush, propõe-se uma reflexão a respeito da relação entre o ensino da história da psicologia, a historiografia e a formação dos psicólogos. Em primeiro lugar, sintetiza-se a argumentação de Brush em torno à história da ciência e seu ensino. Depois, descreve-se a apropriação desde a história da psicologia e seu ensino de certas problemáticas citadas pelo autor, detalhando a questão da raiz geracional do conhecimento histórico e a necessidade da ampliação do gênero e tarefa histórica. Finalmente, menciona-se a questão da tensão entre a vertente curricular e acadêmica da história. Conclui-se que a adoção de uma moderada atitude crítica e de um marco historiográfico sociológico por parte dos docentes conseguiria evitar um ensino da história parcial e enviesado.
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O artigo analisa a natureza cognitiva e fenomenológica da consciência, iniciando pelas condições fenomenais e concluindo pelas atividades proposicionais cognitivas. Seu objetivo é apontar limites e potenciais do método fenomenológico. Assim, examinam-se os conceitos de fluxo de vivência, modelo intencional de fluxo, e veracidade da autoevidência para especificar o problema do método. Argumenta-se que a atividade reflexiva é limitada, não sendo capaz de abarcar o conjunto flutuante de significados e vivências em suas margens no fluxo. Lida-se com os limites atentando-se para os dois movimentos reflexivos: 1) o progressivo que conduz à descrição pontual e exaustiva dos elementos estáticos e noemáticos da experiência; e 2) o regressivo que explora as origens, expectativas, potencialidades e falhas da atividade intencional. Conclui-se que o método fenomenológico, apesar dos limites, é recurso valioso para orientar o pesquisador em como pensar (condição noética, genética, egoica, regressiva) o próprio pensamento (condição noemática, estática, conteudística, progressiva).
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O artigo retoma a caixa de ferramentas forjada quando da dissertação de mestrado da autora, na qual o modo foucaultiano de fazer história – a genealogia – é posto em correlação e, principalmente, em contraste com outras formas de historicização (História Positivista, Filosofia da História e Nova História). Tal caixa de ferramentas possui conexões com os procedimentos desnaturalizadores, micropolíticos e desdisciplinarizadores subjacentes à prática da pesquisa-intervenção (ou intervenção institucional); pois tanto na genealogia como na pesquisa-intervenção, a força ético-política do intempestivo – o que estamos em vias de nos tornar – incide sobre o presente e faz com que ele se separe de si mesmo, tornando-se permeável à invenção de modos de vida singulares.
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In this article, we present the Laboratory of Experimental Psychology at the Belo Horizonte Teachers College (Escola de Aperfeiçoamento de Professores de Belo Horizonte) during its early years (1929-1932). The Laboratory is examined in the context of the prevailing public discourse on primary education and its renewal in Brazil. To achieve our goal, we describe the Belo Horizonte Teachers College and its Laboratory's director, tools, and functions. In presenting these aspects, we highlight the Laboratory of Experimental Psychology as an important place that promoted contact with psychological instruments, techniques, and theories. It contributed to the training of teachers and produced psychological knowledge for elementary education in Brazil.
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Por volta do ano de 1907, Alfred Adler descreveu pela primeira vez o conceito de compensação ao expor sua teoria sobre o sentimento de inferioridade. Para ele, o estudo sobre a compensação psíquica foi o ponto de partida para novas questões sobre as relações entre indivíduo, família, sociedade, corpo e alma no âmbito da psicologia individual. No que se refere especificamente à deficiência, pode-se dizer que sua teoria permitiu criar novos caminhos para que fossem superadas as concepções pautadas na perspectiva da insuficiência, para se pensar em uma relação desenvolvimento-aprendizagem mais efetiva. Para tanto, objetiva-se, neste artigo, baseado em pesquisa de cunho histórico, de natureza documental, tendo como principal fonte de dados os escritos de Adler, apoiados por alguns de seus comentadores, apresentar um estudo sobre a teoria adleriana, o conceito de compensação e sua importância para a psicologia da educação, particularmente no que diz respeito à compreensão da deficiência e à intervenção pedagógica.
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Neste artigo, descrevemos o processo de construção discursiva da autoridade e do saber salesianos no âmbito da Educação e Psicologia em São João del-Rei, Minas Gerais. Investigamos um corpus composto por recortes do jornal Diário do Comércio, publicados entre 1958 e 1961, arquivados no Centro de Documentação e Pesquisa em História da Psicologia da UFSJ. A leitura cuidadosa e repetida dos recortes e o levantamento de informações sobre o contexto de produção, construção e interpretação do discurso analisado inspiram-se na proposta metodológica de Patrick Charaudeau. Identificamos a criação e funcionamento do Laboratório de Psicologia Experimental da Faculdade Dom Bosco como acontecimento discursivo que favoreceu, localmente, o enaltecimento dos salesianos como grandes educadores. Na prática, o Laboratório se transformou em espaço científico de oferta de serviços psico-pedagógicos, concretizados no Centro de Estudos Pedagógicos, no Círculo de Pais e Mestres e na formação do orientador educacional.
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Ano de publicação
- Entre 1900 e 1999 (118)
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Entre 2000 e 2025
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- Entre 2000 e 2009 (509)
- Entre 2010 e 2019 (830)
- Entre 2020 e 2025 (386)