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Este artigo propõe uma contribuição à historiografia psicanalítica. Para isso, retomamos o texto que consideramos fundador desse campo de debates, A história do movimento psicanalítico, publicado por Freud em 1914, para nele encontrarmos as primeiras pistas de como operar na interface entre psicanálise e história. A partir desse texto inaugural, dedicamo-nos aos estudos de alguns psicanalistas e historiadores que pensaram o enlace entre psicanálise e história, a fim de encontrarmos convergências e divergências sobre o fazer do psicanalista historiador. Por fim, propomos três eixos para uma historiografia psicanalítica, articulados em torno dos conceitos só depois, das Ding e verdade histórica. A partir dessa reflexão de cunho historiográfico, esperamos ser possível pensar de outros modos a história do movimento psicanalítico.
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This text presents the initiatives of a public University of the State of Rio de Janeiro, Brazil during the first moments of the Covid-19 pandemic. It seeks to point out how, in a brief period of time, marked by many intensities due to a new pandemic, numerous activities related to the history of the Institute of Psychology and the University that houses it were organized. As this is an experience report, it describes research, intervention and extension activities carried out by its faculty and students, analyzing the impacts of each one of them not only to the outside world but also to the inside of the institution in its continuous development process facing social demands and historical challenges. The results of this work reveal the major purpose of the University in fulfilling its social commitments and enforcing the tripod of teaching, assistance and research, benefiting the university community, but especially the disadvantaged social groups linked to it.
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Este artigo apresenta elementos relativos à experimentação da escrita daquilo que chamamos Cartografias Clínicas no escopo da disciplina de Práticas Analítico-Institucionais do curso de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. São apresentados trechos de escritas produzidas pelos alunos e alunas a partir de situações experienciadas em seus estágios de ênfase em Psicologia Social e Políticas Públicas como um exercício analítico clínico-institucional dos processos de subjetivação envolvidos, incluindo-se nos seus próprios campos de intervenção, possibilitando a reflexão sobre a “feitura de si” enquanto estagiários e estagiárias em ato. Discute-se a respeito de Clínica, Processos Institucionais, Cartografia e Narratividade.
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A partir de imersão investigativa sobre os sentidos de carnaval na cidade, o artigo orienta-se para uma abordagem da polissemia do carnaval, em seu sentido histórico-político e na ressonância das imagens de carnaval em vínculos férteis durante o trabalho de investigação. Olhar para o carnaval é, em certa medida, olhar para a história de nossas cidades e dos esforços oficiais de contenção do que nunca será definitivamente governado. O artigo aborda os signos do carnaval que nos mantém conectados com as vozes e os gestos minoritários que inventam a cidade ao se fazerem presentes nela. A cidade, a escrita e o carnaval são os temas que sustentam o argumento do presente artigo.
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O presente artigo trata de apostar no carnaval como força afirmativa de subjetivação brasileira. Cartografando nossas mazelas históricas e presentes, mas, também e principalmente, nossas experiências estéticas modernas, trata-se, enfim, de localizar essa festa popular como um acontecimento que confronta a diretriz colonial de entristecimento dos trópicos. Para tanto, intercessores como Oswald de Andrade e Caetano Veloso surgem para ajudar a abrir veredas delicadas, inusitadas e singulares diante do grotesco que, de tempos em tempos, grita em nosso país. Sob a ativação dessas experiências estéticas, portanto, ao fim e ao cabo, a intenção maior é de forjar um equipamento ético de desvio da miséria radical em que mais recentemente nos colocamos.
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Diante de um cenário de catástrofes no qual coabitamos com desigualdades sociais crescentes, poluição, envenenamento por agrotóxicos, esgotamento das fontes, diminuição do volume dos lençóis freáticos, desmonte de políticas públicas e acirramento de processos excludentes, nossa proposta metodológica, inspirada na obra de Ailton Krenak - Ideias para adiar o fim do mundo -, consiste em contar histórias, como forma de enfrentar o presente e forjar saídas em companhia dos povos originários. Há perguntas que funcionam como disparadoras do campo problemático de nossa escrita coletiva: De que modos podemos nos engajar em experimentações coletivas que buscam tecer possibilidades de um futuro aberto à alteridade e sua própria tessitura comum? Buscaremos responder aos chamamentos de povos da terra como pistas que orientam nossa escritura/ação/coletiva, atentando-nos para o imperativo de politizar o cuidado em relação às redes de interdependência que nos constituem.
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O presente artigo analisou o processo de institucionalização da Supervisão Clínico-Institucional (SCI), ressaltando os principais elementos que a tornam um importante dispositivo de formação e qualificação das práticas de saúde mental, a fim de contribuir com o resgate e a construção da memória deste processo no Brasil. Trata-se de um estudo qualitativo sobre dispositivos de formação em saúde e políticas de escrita/narratividade. Realizou-se uma leitura cuidadosa de documentos governamentais e da produção acadêmica relativa ao tema, os quais foram sistematizados tendo em vista o processo histórico de constituição da SCI como dispositivo de formação. A segunda etapa constitui-se na escrita da narrativa de memórias relacionadas aos encontros da pesquisadora com a SCI no Brasil. A terceira etapa consiste na discussão sobre as contribuições da SCI na construção e consolidação da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Conclui-se que a SCI é um dispositivo de formação fundamental na consolidação da RAPS.
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Desobedecer, no tempo presente, afirma um imperativo ético, uma aposta na vida aliançada com a coragem intrínseca aos riscos das modulações do fascismo contemporâneo. Entre cenas da educação e da saúde, percorreremos a tríade desobediência-coragem-alteridade de maneiras diferentes, implicadas em um certo modo de relação com outros que passa ou não pela produção de práticas de liberdade. Escrita que se realiza entre-duas, no feminino, compondo encontros entre psicologia e educação. A historicização da obediência parece vir acompanhada de um estreitamento de possibilidades e de uma localização específica e assimétrica, se opondo às práticas de liberdade. A tríptica composta por três cenas que abrem este texto, e os três eixos de análise e de intervenção — desobediência, coragem e alteridade — desenha um arco que abriga dispositivos conceituais do filósofo Michel Foucault. Trata-se de uma composição de um quadro geral de análise que aposta na ampliação de estratégias de enfrentamento das práticas sociais.
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O tema da defesa da vida que se afigura como defensável pelas práticas nos diversos segmentos do cotidiano ganha a tônica de nossas inquietações, especialmente no campo do trabalho. Como cuidar do trabalho é o mote de nossa indagação no presente distópico. É inviável sustentarmos uma gramática colonial, com suas naturalizações de participação, do pressuposto da cisão entre indivíduo/meio, e pensarmos o trabalho sem considerarmos outras cosmopolíticas. Gramática ainda hegemônica e que sustenta lógicas dos processos de trabalho há séculos em nosso país. Fizemos uma opção: olhar a gravidade dos ofícios no presente, criando ferramentas de análise. A ideia de ofício vai ao encontro das cosmopolíticas, pois analisar problemáticas do trabalho contemporâneo implica levar em conta a extrema precarização dos processos de trabalho - da vida. Que vida é defensável? A vida como potência é afirmada quando o trabalho é operador de saúde, do contrário trata-se de necropolítica.
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Entre os anos de 2018 e 2021, produzimos, no Núcleo de Ecologias e Políticas Cognitivas (NUCOGS) dois jogos: “Indústria do gênero” e “Ilha dos afetos”, buscando provocar breakdowns e contágios sensíveis que desloquem regimes de sensibilidade, dizibilidade, visibilidade de modo a complexificar-singularizar tramas de afetações e romper com políticas narrativas da outridade e do alterocídio. Os jogos operam como figurações para construírem espaços narrativos colaborativos heterotópicos por meio dos quais xs jogadorxs possam estabelecer dispositivos coletivos analíticos que coloquem em cena e problematizemos modos de vivermos juntxs. O artigo desenvolve uma reflexão acerca da potência micropolítica de narrativas e de figurações como dispositivos clínico-políticos e ético-estéticos para transformar o campo de possibilidades de afetar e ser afetado. Discute experiências de criação e realização desses dois jogos que tensionam, produzindo breakdown em nossos regimes normativos para as questões de gênero, raça, sexualidade, deficiências, classe, nacionalidade, entre outras. A proposta é produzir um artigo teórico-empírico que articule os conceitos de figuração e breakdown com a inserção de relatos da construção e uso dos jogos com adultos e crianças.
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O artigo se propõe a cartografar as linhas de força que compõem a atualidade de nosso fascismo tropical. Assombrados pela dimensão extrema e radical de violência desejante que se apossou da macro e da micropolítica em nosso país em anos recentes, nos interessa atravessar e compreender essa experiência de passagem – suas condições de possibilidade, suas modulações, suas lógicas. Todavia, eticamente, acreditamos que não é possível estancar nessas detecções: é preciso também mapear e criar brechas de resistência subjetivante que ainda e sempre habita nosso campo de possíveis e nosso plano de impossíveis para que, com elas, possamos paradoxalmente reinventar um país que nunca existiu.
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A presente carta – endereçada a todos aqueles interessados e defensores do movimento da Luta Antimanicomial – é fruto da experiência de pesquisa de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Institucional/UFES, que buscou conhecer como a cidade de Cariacica-ES acolheu a loucura em seus espaços após a abertura dos portões físicos do antigo Hospital Adauto Botelho. A pesquisa aposta na cidade como via de possibilidade para outras experiências com a loucura que não as de recusa e indiferença. Esta carta convida a experienciar, junto com as histórias narradas e entendendo experiência a partir de Michel Foucault – que explicita que uma experiência é qualquer coisa da qual se sai transformado, no intuito de possibilitar que outras tantas histórias possam ser suscitadas –, histórias de amizade, experimentação, produção de outros possíveis nos espaços da cidade.
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Este trabalho objetiva discutir as formas virtuais de memorialização e de luto que se manifestam online na plataforma de mídia social Facebook. Descreve e analisa o “Memorial Facebook”, recurso que possibilita a transformação de perfis pessoais em memoriais virtuais quando do falecimento dos usuários proprietários da conta. Para isso, como metodologia, parte-se de um levantamento bibliográfico da produção nacional sobre o tema, em diálogo com outros autores e autoras que discutem memória, luto e trauma no contexto das plataformas de mídia social online, nomeadamente o Facebook. Busca-se, com isso, repensar a noção de “memorial” no contexto pandêmico da Covid-19, evento que reconfigura os modos de ser e viver. De modo preliminar, verifica-se que as mídias sociais compõem espaços públicos de testemunho, interação e memoração, e que as suas interfaces e configurações sociotécnicas, incluindo sua lógica de mercado, engendram novas formas virtuais de memorialização e ritualização do luto em tempos de distanciamento social.
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O presente artigo propõe uma discussão no âmbito Clínico do Trabalho indicando que o racismo estrutural está presente na história dos ofícios. Apresenta-se passagens de pesquisa realizada com docentes mulheres negras da educação básica estadual, enfatizando as estratégias das Estilizações Marginais, essas um recurso por elas empregado diante do pacto da branquitude. Propõe-se o debate racial no campo do trabalho visando promover uma Clínica do Trabalho Antirracista.
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Este artigo pretende discutir e enfrentar um traço particular da necropolítica brasileira: as políticas de desaparecimento. A partir de imagens da pandemia de Covid-19, defende-se que o desprezo do Estado brasileiro e seus representantes pelos mortos é uma marca constitutiva do que somos, numa transversal que vai da colônia à democracia. Convoca-se Clarice Lispector, Walter Benjamin e Judith Butler como aliados em uma política narrativa que sustente o luto público e coletivo no embate contra a barbárie e o esquecimento de nossos mortos.
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Na conversa com Heliana, o trato. Eu, que tive um encontro bastante singular com Gregorio, faria algo heterodoxo, seguindo o fluxo do que a própria seção “biografia” da Revista Mnemosine convoca. A seção “biografia”, inangurada junto da revista, em 2004, é bastante plurívoca e chama a atenção por sua riqueza e versatilidade. De fato, não são cultos à personalidade, mas diversas trajetórias cruzadas, devidamente emaranhadas de historietas e afetos. Verdadeiras análises da implicação, se tomarmos isso como exposição do campo de forças. Histórias de família, de compositores, de militantes, de filósofos medievais, da própria saúde publica, de anônimos artistas encerrados em manicômios, de socioanalistas em suas visitas ao Brasil, do nosso careca mais querido, de atores, de loucos, de cantores, de psicanalistas militantes ousadas e incansáveis e outros tantos queridos e queridas argentino(a)s que habitaram esse pais e emprestaram seus nomes para designar um plano dispersivo de forças nesses artigos. Por seu amigo, mestre e analista, Émílio Rodrigué, Gregorio lhe escreveu uma biografia dos encontros e dos afetos, deixando assim a indicação de como gostaria de ser lembrado. Portanto, desviar dos excessivos personalismos reverentes para acessar a parcialidade do narrador e do narrado. Destarte, deixo o vasto conhecimento da vida e obra de Gregorio para suas próprias palavras e de seus comentadores. “Eu quero ser lembrado como uma pessoa esquecida”, dizia ele em vários momentos, aos mais chegados. Acho importante que o leitor, por motivo de seu falecimento, entre em contato com fragmentos de uma vida. Uma vida e não outra, essa que se singulariza, pelas escolhas, pelo cotidiano de uma tarde de café.
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