A sua pesquisa
Resultados 245 recursos
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Apesar de pouco enfatizado na historiografia da psicologia, o século XVIII apresenta uma imensa riqueza de discussões fundamentais para a psicologia. Esse é o caso da obra principal de Tetens, Philosophische versuche über die menschliche natur und ihre entwickelung (1777). O objetivo do presente artigo é descrever as principais características do objeto e do método de investigação psicológica nessa obra. Em nossa análise, verificamos que, embora seja uma disciplina filosófica, a psicologia é um campo específico de conhecimento que se baseia no auto-sentimento. Além disso, apontamos algumas evidências textuais para sustentar a tese de que a psicologia empírica é, segundo Tetens, propedêutica à metafísica.
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A educação escolar se estabeleceu como uma importante porta de entrada da psicologia científica no Brasil. Marcada pelo intuito de atribuir caráter científico ao processo ensino-aprendizagem, os testes de inteligência ocuparam um lugar central neste processo. Nosso objetivo foi analisar o processo de recepção/circulação dos testes de inteligência no Brasil, a partir da experiência da Escola de Aperfeiçoamento de Professores de Belo Horizonte, estado de Minas Gerais. Desta forma, analisamos as alterações/adaptações a que foram submetidos os testes estrangeiros quando do início de sua utilização nas escolas mineiras, tomando como referência dois testes: o Teste de Dearborn e o Teste de Vocabulário e Inteligência do Dr. Simon. Produzidos, respectivamente, nos Estados Unidos e na França, foram adaptados às necessidades locais de utilização dos instrumentos. Buscamos mostrar como o contexto político-social local influenciou nas alterações de formato e modos de aplicação dos testes. Pudemos concluir que não se tratou, portanto, de um processo de mera tradução e adaptação às crianças da cidade e do estado. Foi possível demonstrar que o trabalho de apropriação dos dois testes analisados influenciou a elaboração de novos instrumentos que atendessem as necessidades locais.
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El artículo describe el estado actual de la formación en historia de la psicología en Chile, focalizando el análisis en dieciocho programas de cursos de historia de la psicología y otros equivalentes dictados en el país. Los resultados indican que el campo se ha ampliado y fortalecido institucionalmente, siguiendo la tendencia observada en otros países como Argentina y Brasil. Con relación a los cursos de historia de la psicología, en Chile estos siguen teniendo presencia en la mayoría de las mallas curriculares de pregrado, representando una oportunidad para el desarrollo del pensamiento crítico de psicólogo/as que deben enfrentarse a contextos de creciente complejidad. Sin embargo, se observa que en la enseñanza de la historia de la psicología persisten los enfoques historiográficos tradicionales. El artículo concluye argumentando que la modificación de esta tendencia es determinante para el futuro de una historia de la psicología que no renuncie a ampliar su audiencia e impacto en el interior de la disciplina.
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Este artigo versa sobre o ensino de arte na Fazenda do Rosário, em Ibirité, Minas Gerais, Brasil, entre 1940 e 1960, desenvolvido por meio de ações decorrentes da rede de colaboração estabelecida entre o artista e educador pernambucano Augusto Rodrigues e a psicóloga e educadora russa, Helena Antipoff. Consideraram-se as perspectivas da historiografia sobre a sociabilidade e o contexto dos envolvidos para análise das variadas fontes originais consultadas. Os resultados demonstraram que o movimento de integração entre a arte e a educação articulado por Rodrigues e Antipoff deu-se por meio de uma rede de intelectuais, educadores e artistas envolvidos no movimento modernista de educar pela arte, em que se conjugavam conhecimentos na interface da psicologia, da livre expressão, da valorização da cultura popular e da formação integral dos educandos.
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Este artigo aborda o processo de simbolização da experienciação, tal como proposto por Eugene Gendlin, filósofo, autor da Teoria Experiencial, que tendo trabalhado com Carl Rogers por onze anos, desenvolveu a Focalização como técnica capaz de auxiliar a simbolização congruente do fluxo de experiências. Trata-se, aqui, de uma pesquisa teórica, que se deu através de revisão bibliográfica, partindo de três das principais obras do autor referência. Apresentaremos a Focalização como recurso terapêutico, em seguida, definiremos o que Gendlin entende por experienciação e sua relação com o processo de simbolização, para enfim, concebermos como a simbolização da experienciação se dá na psicoterapia, em dois principais modos: a conceituação, através de símbolos verbais; e a referência direta, através da atenção dirigida a uma sensação. Em conclusão, apontamos a referência direta como possibilidade utilizada por abordagens que trabalham a simbolização da experienciação por outras vias, que não a fala.
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A tragédia, como gênero literário, é enraizada na realidade social, mas não reflete essa realidade, ela a questiona e a contesta em seus valores fundamentais, suscitando a compaixão e o terror que tem por objetivo a catarse das emoções. Freud extraiu desse corpus mítico as bases para a fundamentação da psicanálise, que tem por estrutura um complexo inconsciente cujo conteúdo é semelhante àquele do enredo da tragédia grega Édipo-Rei, de Sófocles. Nessa perspectiva, o artigo se desenvolve em quatro direções que estão interligadas: busca na História a designação de mitologia e mito; vislumbra a tragédia como expressão do pathos e do logos; resgata a falta trágica que precede a história do herói vista como fatalidade - que representa a essência da tragédia e, ainda, apresenta elaborações de Freud e Lacan, que tomam a tragédia para falar daquilo que é a-histórico, presente na subjetividade.
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O artigo tem como objetivo descrever a experiência da depressividade num atendimento de psicoterapia, articulando a gestalt-terapia e a psicopatologia fenomenológica de Arthur Tatossian. A depressão é uma patologia que sempre existiu, mas nunca foi tão frequente quanto nos dias atuais, registrando-se o aumento de seu diagnóstico nos últimos 50 anos. Neste estudo de caso, utilizamos o termo “depressividade”, ao invés de depressão, tomando como lente a perspectiva humanista fenomenológica para descrever a experiência vivida de Alice. O diálogo entre a gestalt-terapia e a psicopatologia fenomenológica de Arthur Tatossian parte de uma interrelação entre as noções de sujeito da gestalt-terapia e da psicopatologia fenomenológica. Consideramos que, na clínica humanista fenomenológica, buscamos criar condições de possibilidade de produção e de expressão da intersubjetividade com o intuito de nos aproximarmos do mundo vivido do sujeito.
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O principal objetivo deste trabalho foi apresentar a forma como os jornais capixabas A Gazeta e A Tribuna noticiavam os acontecimentos, comportamentos e modos de vida no cotidiano da cidade de Vitória (ES) no período de 1945 a 1955. Neste estudo, os jornais, enquanto meios de comunicação mediada, foram considerados em sua importância e capacidade de influência nos processos de transformações sociais. Naquele momento histórico, a cidade de Vitória experimentava uma série de mudanças de ordem econômica e social. É nesse contexto do cotidiano da capital capixaba que os jornais, através dos temas abordados em notícias e artigos, funcionavam como uma espécie de instrumentos normatizadores, visando o controle de práticas, comportamentos e modos de vida considerados inadequados ao conjunto de costumes e valores morais vigentes naquela época na sociedade capixaba. E, para isso, eram também evocadas, nas páginas jornalísticas, campanhas de saneamento urbano (da cidade) e moral (de seus habitantes).
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O presente trabalho tem como objetivo iniciar um diálogo entre as ideias de B. F. Skinner e M. Merleau-Ponty a partir do comportamento reflexo. Do ponto de vista metodológico, optou-se pelo estudo da primeira fase do pensamento merleau-pontyano, especificamente com o livro La structure du comportament, e a segunda fase do pensamento skinneriano, especificamente com o livro Science and human behavior. Os demais textos de Skinner, Merleau-Ponty e comentadores foram usados como referência de apoio. Três momentos serão considerados. No primeiro, apresentar-se-á uma revisão do panorama geral do diálogo entre fenomenologia e behaviorismo. No segundo, tratar-se-á questões sobre o método e sua justificativa. No terceiro, discutir-se-á a superação da explicação comportamental pelo reflexo e como ela nos indica o movimento de convergência entre as filosofias de Skinner e de Merleau-Ponty.
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A desospitalização aparece como um importante movimento paradigmático em saúde mental no Brasil que ainda vivencia um processo de Reforma Psiquiátrica. Nesse sentido, a presente pesquisa tem como objetivo central realizar um levantamento documental sobre o Hospital Psiquiátrico Espírita Cairbar Schutel, na Biblioteca Municipal e Arquivo Municipal de Araraquara. Buscou-se identificar, com isso, quais discursos foram produzidos sobre a instituição em uma perspectiva Construcionista Social. A partir da epistemologia da análise crítica do discurso foi possível construir dois temas centrais para análise temática: Cairbar e a marca religiosa na loucura e Cairbar na historicidade política. A identificação desses dois temas possibilitou analisar os documentos encontrados e relacioná-los às transformações de assistência à saúde mental, mediadas pela Reforma Psiquiátrica Brasileira, compreendendo a historicidade e a visão de loucura ligada ao discurso religioso.
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Propõe-se a análise de aspectos da teoria de Hermann von Helmholtz sobre a percepção espacial a fim de destacar algumas tensões básicas que constituem o cenário de seu projeto científico. Sugere-se que a sua teoria da percepção encerra a problemática da coexistência de duas estratégias metodológicas distintas para a investigação da percepção espacial e para a elaboração de sua epistemologia empírica. Para solucionar a aparente dicotomia metodológica de dois tipos de estudos e avançar a sua própria teoria da percepção e a sua epistemologia, Helmholtz parece ter adotado a estratégia de naturalizar muitos dos problemas transcendentais provenientes da filosofia kantiana. Apresenta-se, então, em um primeiro momento, os fundamentos metodológicos das pesquisas psicofísicas de Helmholtz. Na sequência, são apresentados e discutidos alguns temas exemplares de seu método de análise e de sua teoria da percepção espacial. Por fim, são fornecidos alguns comentários sobre a sua epistemologia empirista.
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Entre 1968 e o início da década 1980, a atmosfera que envolvia o pensamento francês tornou possível a emergência de perspectivas éticas, estéticas e políticas cujas problematizações levaram a um radical questionamento do sentido e do valor da infância, pensada para além do seu estatuto social. Agitada pelas obras, ideias e intervenções de René Schérer, Guy Hocquenghem, Gilles Deleuze, Félix Guattari e Michel Foucault entre muitos outros, esta “cruzada das infâncias” configurou um campo de lutas que, a partir da década de 1980, se desvanece sob a cristalização de uma imagem pretensamente universal da criança como sujeito vulnerável e em desenvolvimento necessário rumo à idade adulta. Entre 1968 e o final dos anos 1970, os jornais, as prateleiras das livrarias, os cinemas e as salas de aula testemunham a efervescência de outras maneiras de pensar e viver com as crianças. Os episódios históricos que tornaram possível a enunciação deste conjunto de problemas evidenciam que a infância, antes mesmo de ser uma categoria etária ou um constructo teórico, é um território em disputa. Mas, uma vez que se trata de pensar uma realidade ausente, como colocá-la novamente em cena? Estas notas integram uma pesquisa que se propõe a mapear a meteorologia da moral que tornou simultaneamente possíveis e conjuradas as imagens de uma “infância à penumbra” no pensamento francês contemporâneo.
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A Epistemologia Genética de Jean Piaget é uma das teorias mais importantes acerca do conhecimento. Esta teoria tem influência determinante nos sistemas de educação pública de diversos países, incluindo o do Brasil. Apesar da grande quantidade de publicações sobre os mais diversos aspectos desta teoria, é bem menor o volume de trabalhos sobre sua história, e menor ainda sobre a formação de seu método de pesquisa, o Método Clínico. A presente pesquisa tem por objetivo mostrar o início da gênese do método de Piaget, especialmente no período entre 1920 e 1922. Para tal, foram localizados os protocolos de pesquisa do próprio Piaget disponíveis nos Archives Jean Piaget, em Genebra. Os documentos foram fotografados e analisados, o que inclui sua leitura e identificação das informações mais relevantes. Os dados obtidos foram convertidos em resumos, quadros e gráficos. A narrativa construída para mostrar a forma como Piaget construiu seu método é baseada nos pressupostos teóricos propostos por Bruno Latour e a Teoria Ator-Rede. Nele, são recusadas histórias que tomam o cientista por herói ou a submissão de seus trabalhos a meros constrangimentos sociais, para produzir uma história onde humanos e não-humanos tem uma ação, e é a ação destes que compõe a história da gênese do Método. A análise dos protocolos permitiu a divisão do intervalo entre janeiro de 1920 e dezembro de 1922 em três partes. No primeiro período, ainda trabalhando em Paris, Piaget utiliza os resultados obtidos da padronização francesa do teste de Burt, uma tarefa designada a ele por Simon, para obter novos dados sobre o raciocínio. No segundo período, Piaget inicia a modificação de testes e provas psicológicas correntes à sua época para expandir suas pesquisas, se valendo de um novo inquérito já semelhante ao que seria utilizado no Método Clínico. No terceiro período, que se passa integralmente em Genebra, Piaget tem uma explosão criativa com vários métodos originais. Neste período também se observa um direcionamento de pesquisa muito mais claro e preciso. O trabalho conclui que são necessários mais estudos para a utilização dos pressupostos filosóficos da Teoria Ator-Rede nos estudos em história da psicologia, que Piaget foi fortemente influenciado pelo contato com o teste de Burt, o que possibilitou ao genebrino aliar seus estudos sobre lógica e as técnicas de observação que aprendera em seu treinamento como biólogo com a psicologia experimental, e que estas alianças permitiram a criação do Método Clínico. Este, por sua vez, é resultado de uma incorporação acumulativa de técnicas, tanto originais quanto adaptadas, desenvolvidas por Piaget ao longo de um tempo de maturação.
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A Epistemologia Genética de Jean Piaget é uma das teorias mais importantes acerca do conhecimento. Esta teoria tem influência determinante nos sistemas de educação pública de diversos países, incluindo o do Brasil. Apesar da grande quantidade de publicações sobre os mais diversos aspectos desta teoria, é bem menor o volume de trabalhos sobre sua história, e menor ainda sobre a formação de seu método de pesquisa, o Método Clínico. A presente pesquisa tem por objetivo mostrar o início da gênese do método de Piaget, especialmente no período entre 1920 e 1922. Para tal, foram localizados os protocolos de pesquisa do próprio Piaget disponíveis nos Archives Jean Piaget, em Genebra. Os documentos foram fotografados e analisados, o que inclui sua leitura e identificação das informações mais relevantes. Os dados obtidos foram convertidos em resumos, quadros e gráficos. A narrativa construída para mostrar a forma como Piaget construiu seu método é baseada nos pressupostos teóricos propostos por Bruno Latour e a Teoria Ator-Rede. Nele, são recusadas histórias que tomam o cientista por herói ou a submissão de seus trabalhos a meros constrangimentos sociais, para produzir uma história onde humanos e não-humanos tem uma ação, e é a ação destes que compõe a história da gênese do Método. A análise dos protocolos permitiu a divisão do intervalo entre janeiro de 1920 e dezembro de 1922 em três partes. No primeiro período, ainda trabalhando em Paris, Piaget utiliza os resultados obtidos da padronização francesa do teste de Burt, uma tarefa designada a ele por Simon, para obter novos dados sobre o raciocínio. No segundo período, Piaget inicia a modificação de testes e provas psicológicas correntes à sua época para expandir suas pesquisas, se valendo de um novo inquérito já semelhante ao que seria utilizado no Método Clínico. No terceiro período, que se passa integralmente em Genebra, Piaget tem uma explosão criativa com vários métodos originais. Neste período também se observa um direcionamento de pesquisa muito mais claro e preciso. O trabalho conclui que são necessários mais estudos para a utilização dos pressupostos filosóficos da Teoria Ator-Rede nos estudos em história da psicologia, que Piaget foi fortemente influenciado pelo contato com o teste de Burt, o que possibilitou ao genebrino aliar seus estudos sobre lógica e as técnicas de observação que aprendera em seu treinamento como biólogo com a psicologia experimental, e que estas alianças permitiram a criação do Método Clínico. Este, por sua vez, é resultado de uma incorporação acumulativa de técnicas, tanto originais quanto adaptadas, desenvolvidas por Piaget ao longo de um tempo de maturação.
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