A sua pesquisa
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Este trabalho tem como objetivo apresentar como se configuraram, a partir do campo da medicina, os comportamentos indicadores de risco no diagnóstico de usuários do álcool. Para isso, analisamos os textos que abordam a questão do alcoolismo presentes nos Archivos rio-grandenses de medicina, revista publicada pela Sociedade de Medicina do RS no período de 1920 a 1943. Nossa discussão consiste em identificar como o saber médico contribuiu para a constituição de um discurso sobre o consumo de bebidas alcoólicas relacionado a comportamentos de risco na conduta dos indivíduos. Interrogamos os regimes de verdade sustentados por esses saberes, que, a partir de certo número de discursos, se tornam produtores de modos de ser sujeito dito potencialmente perigoso, apontando para uma possível articulação entre o uso de álcool, o crime e a doença mental.
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Festas e brincadeiras são fenômenos culturais presentes em Plataforma, região do Recôncavo da Bahia. Os objetivos do estudo são recuperar a memória histórica relacionada às festas e brincadeiras de origem colonial na referida região e compreender a função formativa dessas práticas através de sua influência sobre o dinamismo psíquico dos participantes. O estudo se pauta na perspectiva dos saberes vigentes no tempo histórico em que tais práticas foram elaboradas e transmitidas. Através de fontes primárias do período colonial, como cartas jesuíticas, bem como de fontes secundárias, o resgate histórico feito proporcionou a obtenção de dados sobre festas e brincadeiras de Plataforma, como a Festa de São João e a corrida de Argolinha. Fica claro que a proposta destas práticas culturais era de comunicação e persuasão e, para tanto, visava atingir as potências psíquicas (sensações, sentidos e entendimentos) dos participantes através de uma construção que articulava retórica, saberes psicológicos e pedagogia.
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O artigo visa acompanhar alguns desafios presentes em uma escola pública regular no processo de inclusão escolar de alunos surdos. Apresentamos, de um lado, posicionamento ético, político e epistemológico contra as tentativas de classificação da vida e, de outro lado, a afirmação da potência dos encontros entre surdos e ouvintes. Observamos que ainda hoje há um projeto político de inclusão baseado em referenciais normativos, no qual as diferenças são desqualificadas. Enfatizamos a importância da Libras e do intérprete nos contextos educativos, a relevância da comunicação entre surdos e ouvintes num ambiente onde circulam duas línguas completamente distintas: a Libras e o Português.
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Neste artigo analisamos a militância e o apoio de jovens a um candidato a prefeito na cidade do Rio de Janeiro, nas eleições de 2012. Partindo da noção de subjetivação política, examinamos inicialmente as experiências resultantes das relações entre juventude e política no contemporâneo. Em seguida, dialogamos o enquadramento teórico exposto com o material colhido em entrevistas semi-estruturadas com três jovens militantes da campanha eleitoral. Tal articulação visa discutir os sentidos que os jovens militantes dessa campanha atribuíram às suas ações, uma vez que este coletivo os afetou como estratégia mobilizatória e atrativa para apostarem no desejo de mudança da realidade. Concluímos que esse processo eleitoral representou uma possibilidade de renovação do quadro político vigente e que os jovens movidos pelo desejo de transformação da sociedade se engajaram nesse projeto político coletivo.
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O presente trabalho se propõe a trazer reflexões acerca de um percurso de estágio no Serviço Residencial Terapêutico da rede pública de saúde mental numa cidade da região metropolitana do estado do Rio de Janeiro e das elaborações subsequentes da experiência de estágio. Apresentaremos o trabalho desenvolvido no Serviço Residencial Terapêutico (SRT), os encontros com um morador deste serviço e os desdobramentos clínicos que daí sucederam. Caminhando com os conceitos de análise da demanda, analisador e outros da Análise Institucional; da proposta da Gestão Coletiva dos Sonhos; do conceito de agenciamento, entre outros, apresentamos uma clínica do território como proposta de trabalho para o SRT, a Reforma Psiquiátrica brasileira e as políticas públicas de saúde.
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O presente trabalho é parte de um processo de pesquisa que visa problematizar os efeitos do saber-poder da produção de conhecimento delimitada em torno de um objeto (múltiplo, diverso, mas amiúde considerado único) e chamada de Psicologia, a partir de Foucault, buscando criar/pensar conexões com algumas produções da autora Donna Haraway, mais conhecida pelos seus estudos de gênero. Foram pinçadas algumas noções consideradas importantes e possíveis de elaborar alguma articulação. São elas: a crítica à ideia de humanidade como universal genérico e as possibilidades de fazer frente a isso com o dispositivo Ciborgue, bem como as propostas de colocar em questão as práticas científicas e seus efeitos de verdade. Propondo a genealogia como método, também queremos escapar das narrativas de origem, tanto nas nossas práticas de pesquisa como no exercício da função de psicólogo.
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Este trabalho parte da seguinte pergunta disparadora: “o que pode a literatura”? A fim de analisar o campo problemático instaurado por ela, buscamos fazer um estudo do problema inspirados nas contribuições do pensamento blanchotiano no tocante à relação literatura/subjetividade/clínica. Através das noções de desobramento, silêncio e solidão, nosso objetivo será o de evidenciar práticas de criação de espaços únicos e inéditos em meio à lógica produtiva contemporânea. Dessa maneira, os trabalhos de Maurice Blanchot nos interessam não só pelo que propõem ao campo da criação literária, mas principalmente por tratar de aspectos políticos, estéticos e éticos de suma importância aos estudos da subjetividade. Por fim, nossa aposta neste trabalho é a de que ele amplie o campo de estudo da clínica voltada aos processos de subjetivação, propondo nova experimentação conceitual dedicada vivamente à pesquisa do pensamento blanchotiano.
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Deriva das interferências institucionalistas na formação do psicólogo no Brasil a experiência de intervenção em uma escola pública que (re)traçamos em texto. O fio que nos atravessa é referente às práticas e aos desejos construídos historicamente em formas sociais, questionando os especialismos que conformam a formação psi hegemônica. A perspectiva do passeio institucional lança-nos às questões de como entrar em um estabelecimento e promover processos analíticos das relações estabelecidas. A partir de muita insatisfação com diversas práticas na escola, articula-se um espaço autogestionário para tratá-las, visando permitir uma discussão aberta das questões que emergem no cotidiano. Focam-se os critérios e os modos de avaliação dos alunos na escola, mas um investimento na heteronomia pelo Sistema de Gestão Integrado (SGI) se contrapõe ao processo autogestionário. No artifício da escrita, acabaram por se recortar quatro perspectivas sobre o processo de intervenção, que pode ser caracterizado pelo fracasso.
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Brasilien war das erste portugiesischsprachige Land, das die Psychoanalyse offiziell in die Medizin integrierte. Die brasilianische Gesellschaft ist geprägt von ethnischer Diversität und einem enormen Ausmaß sozioökonomischer Ungleichheit. Diese Diskrepanzen machen auch vor der Psychoanalyse keinen Halt: Auf der einen Seite schließt der ungleiche Zugang zu den Ressourcen von Bildung und Gesundheitswesen die Mehrheit der Brasilianer von der Möglichkeit aus, je eine Psychoanalyse zu machen; auf der anderen Seite ist die Psychoanalyse im Alltagsleben weit verbreitet und ein selbstverständlicher Teil der cultura popular.Der vorliegende Band zeichnet die über 100-jährige Geschichte der Psychoanalyse in Brasilien von 1914 bis in die Gegenwart nach. Ausgewiesene brasilianische und deutsche Fachleute beschäftigen sich unter anderem mit der ersten psychoanalytischen Dissertation im portugiesischsprachigen Raum, dem Einfluss deutschsprachiger Psychoanalytiker sowie mit der Psychotherapie mit brasilianischen Emigranten.Mit Beiträgen von Francisco Capoulade, Rafael Dias de Castro, Chirly dos Santos-Stubbe, Cristiana Facchinetti, Hans Füchtner, André Martins, Marina Massimi, Hannes Stubbe und Peter Theiss-Abendroth
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O presente estudo intenta analisar qual possível concepção de homem estaria relacionada à escolha do envio membros da Companhia de Jesus para diferentes localidades, sob a perspectiva da História dos Saberes Psicológicos. Para tanto foi analisada a categoria dos temperamentos nos catálogos trienais do Brasil, Portugal, Japão no período de 1654 a 1660. Percebe-se o predomínio da compleição Colérica na maioria dos catálogos analisados enquanto os demais temperamentos variavam. Tais fatos sugerem que talvez o temperamento colérico seja uma característica comum aos membros da ordem ou que a conjuntura sociopolítica dos referidos países favorecia a escolha de membros que correspondessem melhor a esse tipo perfil, enquanto os demais variavam a depender das demandas locais.
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Neste artigo é discutida a utilização das fontes literárias no âmbito da história dos saberes psicológicos. Em primeiro lugar, apresenta-se a contribuição de Dilthey e de Huizinga na discussão das interfaces entre história, psicologia e literatura. Em segundo lugar, apresenta-se um exemplo de análise de fonte literária no âmbito da história dos saberes psicológicos: o estudo da novela alegórica do jesuíta Alexandre de Gusmão, História do Predestinado Peregrino e de seu irmão Precito (1682). Aponta-se que a fonte literária pode ser enfocada da perspectiva da história dos saberes psicológicos, seja por ser transmissora de conceitos e práticas psicológicos, seja pela ação exercida no dinamismo psíquico dos destinatários por meio de sua construção retórica.
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O objetivo deste artigo é, ), por meio de um estudo teórico-conceitual, examinar textos de revisão indexados pela American Psychology Association (APA) do caso Emmy von N., de Freud, publicado em 1895. Essas revisões tratam de escritos psicanalíticos que reanalisam o caso, atribuindo novo diagnóstico e novas dinâmicas. O caso Emmy presencia o nascimento da psicanálise e é um de seus “parteiros”. Sua análise e seu diagnóstico testemunham o momento da psicanálise em que se produziu. No entanto, muitos anos se passaram e a histeria foi ganhando outros significados em psicanálise, assim como a própria psicanálise foi se modificando desde então. Um pouco dessas modificações podem ser observadas através das revisões de casos célebres. Foram encontrados e examinados artigos publicados entre as décadas de 1950 e 1980, voltados à revisão do diagnóstico de Emmy, e artigos publicados entre as décadas de 1990 e 2000, que salientam o valor histórico do caso para o método, teoria e clínica psicanalítica na atualidade. Assim como o caso Emmy testemunha o nascimento da Psicanálise, cada retorno ao caso testemunha um momento da Psicanálise, enquanto um campo de saber em construção, hoje e em 1891.
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Esse estudo trata das relações entre a mística e a Psicanálise. No início, busca-se encontrar uma definição para conceitos centrais ao tema, como “espiritualidade”, “religião” e “religiosidade”. Em seguida, justifica-se a importância clinica de pesquisar o assunto, tendo em vista tanto uma preocupação com a conduta terapêutica de tais fenômenos quanto a compreensão de que a mística nos convida a refletir sobre os fundamentos da condição humana como um todo. Partindo da concepção clínica de Gilberto Safra e da divisão feita por William Parsons entre categorias de compreensão do tema, se abordará o tratamento da mística na clínica psicanalítica numa dupla perspectiva hermenêutica - em que ela pode ser compreendida enquanto fruto de dinâmicas psíquicas ou, ao contrário, como experiência de alteridade ontológica. Por fim, serão apresentados alguns dos diferentes modos pelos quais a mística foi abordada na história da Psicanálise, problema que leva a uma revisão e a um questionamento das fundações dos modelos antropológicos subjacentes às variadas perspectivas clínicas.
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Nos estudos sobre a festa do Carnaval e a sobre a construção da Identidade Nacional na década de 1930, é comum a citação ao dirigismo cultural getulista, às ideologias de branqueamento, bem como à valorização da mestiçagem nesse período. A proposta deste artigo é trazer à baila como produções artísticas e culturais, como rádio, cinema, e o teatro de revista, pouco estudadas pela literatura histórica e antropológica, contribuíram para popularizarem e transformarem o samba e o carnaval como referências basilares para a construção da identidade brasileira. Outrossim, refletimos sobre a manutenção e atualização dessas comemorações coletivas através do tempo.
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Durante a ditadura militar (1964-1985), o Brasil presenciou um período de intensa repressão política e social. Os grupos opositores ao regime eram compostos majoritariamente por homens, mas a participação feminina não pode ser desconsiderada. Este trabalho buscou investigar elementos relacionados à representação de "ser mulher militante" no período, procurando compreender as repercussões das hierarquias de gênero presentes nesses espaços. Assim, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com ex-militantes. As informações foram submetidas à análise de conteúdo, que evidenciaram as categorias temáticas: Entre novos e velhos militantes: negociando diferenças de geração e gênero; Atributos do "bom militante": liderança, intelectualidade e modelo de conduta; e, Ser mulher militante: entre a manutenção e a ocupação de novos espaços. Ao investigar as representações sociais de "ser mulher militante" e compreender as relações sociais e de gênero comuns às organizações esquerdistas, este trabalho oferece elementos para a compreensão de aspectos ainda pouco explorados sobre a ditadura militar.
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