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O objetivo deste artigo é propor uma relação teórica entre o conceito da exotopia bakhtinana e a posições de Eu. A Teoria do self dialógico concebe a mente como uma multiplicidade dinâmica de posições de Eu relativamente autônomas fundamentada, especialmente, na filosofia dialógica de Michael Bakhtin e na teoria do self de William James. Cada posição de Eu, na minissociedade da mente, tem a capacidade de “ver além” do que qualquer outra poderia, pois, no tempo-espaço, cada posição de Eu pode ocupar um lugar que é único. A exotopia pressupõe a extralocalização dessas posições de Eu, umas diante das outras, o que estabelece a viabilidade das interações dialógicas. É essa exotopia que conduz à nossa possibilidade de responder a uma outra voz interna ou externa. Essa condição espacial caracteriza toda relação intra ou heterodialógica, assim como a possibilidade de aparecimento de novidade de significados no self. Um caso empírico de um adolescente é apresentado para ilustrar o nascimento de nova posição de Eu no processo de escolarização a partir do aumento da exotopia no self.
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O artigo aborda, na perspectiva da história dos saberes psicológicos, as narrativas acerca do emprego dos recursos imagéticos junto as populações nativas elaboradas por autores jesuítas protagonistas da epopeia missionária nas Reduções dos territórios guaraníticos, entres o século XVII e XVIII. Os autores são: Diego de Torres Bollo; Pedro de Oñate; Antônio de Ruiz Montoya; Antônio Sepp. Os documentos são: cartas, uma crônica histórica e um diário. A interpretação é fornecida na perspectiva dos saberes psicológicos disponíveis no universo cultural dos autores. A imagem é tomada como elemento capaz de estimular o dinamismo psíquico em sua complexidade, envolvendo sensibilidade, memória, imaginação, atenção, cognição e vontade. O efeito logrado, segundo os autores, seria a construção de uma relação imediata dos índios com as imagens evocadoras de presenças sagradas símbolos do universo cristão e persuasivas quanto aos conteúdos doutrinários e a mudança de comportamentos e hábitos.
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A psiquiatria democrática, como ficou conhecida, trabalho expresso na vida e na obra de Franco Basaglia e Franca Ongaro Basaglia, será revisitada neste artigo em seu caráter epistêmico. Defende-se, portanto, neste trabalho, que o moto A Liberdade é Terapêutica tem, além de um sentido terapêutico, também um sentido epistêmico. A fim de se defender essa tese, serão analisadas as críticas de Franco e Franca Basaglia à psiquiatria institucional, sob o contexto revisitado da literatura mais atualizada em Estudos de Ciências. O conceito de duplo, em geral, e o conceito de gênero, em particular, serão as ferramentas conceituais dessa análise. As perspectivas dos Estudos de Ciências, da Epistemologia Feminista e da historiografia mais recente e atualizada das ciências e da psicologia serão utilizadas para analisarmos os trabalhos de Franco e Franca Basaglia sob este novo ponto de vista.
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Este artigo apresenta uma análise das primeiras experiências de escolarização de crianças com deficiência nos séculos XVIII, XIX e início do século XX, por meio dos trabalhos de Jacob Rodrigues Pereira (1715-1780), Jean Marc Gaspard Itard (1774-1838), Edouard Séguin (1812-1880) e Maria Montessori (1870-1952), identificando pressupostos metodológicos que contribuíram para a constituição da área da Educação Especial e da Psicologia. Trata-se de uma pesquisa histórica que considera a produção teórica na área da educação especial e da psicologia, contemplando a leitura e a análise de livros, artigos, teses, dissertações e, principalmente, textos e obras completas de autoria dos educadores pesquisados. As análises apontaram que, ao proporcionarem condições de aprendizagem e desenvolvimento para crianças com deficiência, os trabalhos desses educadores contribuíram para a constituição histórica da educação especial, bem como apresentam as raízes do processo hoje denominado de inclusão social.
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A pesquisa apresenta a história da construção e consolidação do campo de estudo e atuação da Psicologia Escolar no Piauí. Utilizou-se abordagem qualitativa, historiográfica, com história oral. Foram definidas como participantes as/os pioneiras/os a contribuir para um determinado campo de atuação. Os seis depoentes foram escolhidos por terem: I) atuação na área; II) sido docentes; e/ou III) participado de órgãos/instituições da área. As análises foram construídas a partir de indicadores e núcleos de significados dos registros orais, a partir dos quais foram organizados em cinco eixos temáticos: a) Atuação em psicologia educacional e psicologia escolar; b) Primeiras incursões da Psicologia no campo da Educação do Piauí; c) Estrutura e recursos disponíveis para atuação profissional; d) Transformação no campo e protagonismo dos estagiários de psicologia escolar; e) Movimentos de descentralização da psicologia escolar no estado.
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A partir da obra de Charles Taylor, tratamos das repercussões do naturalismo na obra de William James. Primeiro apresentamos a noção tayloriana de naturalismo (ético-moral), ao que ele contrapõe sua teoria hermenêutica. A seguir, tratamos do conceito jamesiano de experiência religiosa e discorremos sobre suas principais características apontadas por Taylor. Em seguida, apresentamos as críticas de Taylor a esse conceito e discutimos em que sentido James teria esposado algumas das teses do naturalismo ético-moral.
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O presente artigo, no campo da história da psicologia, analisa a criação do conceito de pedofilia na teoria sexual de Richard von Krafft-Ebing, psiquiatra e figura pioneira da abordagem médico-patológica da sexualidade no século XIX. Apresentado pela primeira vez como uma perversão sexual, em 1896, o termo pedofilia foi adicionado a Psychopathia Sexualis, obra magna do autor, passando por várias reformulações ao longo dos anos. O presente estudo irá retomar a história do conceito para analisar a criação dele, analisar suas reformulações teóricas mais relevantes ao longo das diversas edições dos textos do autor e abordar as primeiras reações dos contemporâneos do autor em relação à criação do termo. Por fim, nas conclusões, o estudo discute de que maneira as bases teóricas e metodológicas usadas por Krafft-Ebing para a criação do conceito continuam influenciando na abordagem dos estudos em teoria da sexualidade nos séculos seguintes.
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Quando um novo fato científico aparece nas discussões públicas e nas controvérsias políticas, as pessoas são socialmente convocadas a interpretar uma realidade em constante mutação. Este artigo analisou as representações sociais que circularam na Folha de São Paulo sobre o embrião in vitro até o ano de 1978, quando nasceu o primeiro “bebê de proveta”. Foram encontradas 67 reportagens publicadas entre janeiro de 1961 e dezembro de 1978, que foram analisadas com ajuda do software Alceste. Os resultados mostram cinco classes de palavras organizadas em dois eixos de sentidos: Desenvolvimento e alcances da manipulação de materiais germinativos e Impactos da fertilização in vitro na família. No contexto emergente das novas tecnologias reprodutivas, o embrião in vitro suscitou questões axiológicas ligadas à filiação, ao parentesco e ao humano na esfera pública brasileira.
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Este artigo tem por objetivo caracterizar a produção acadêmica publicada na revista Dimensão ao longo da década de 1970, no Centro Pedagógico de Corumbá. Pioneira na produção do conhecimento na região, tal caracterização poderá contribuir com a memória do ensino superior no oeste brasileiro. Utilizando o procedimento histórico genealógico de análise, percorremos a leitura dos textos que compõem cada número identificando os seguintes pontos de análise: 1) Contribuição e envolvimento com a comunidade; 2) Perspectiva de avaliação do trabalho realizado no Centro Pedagógico de Corumbá. Inscreve-se no primeiro ponto a presença da Clínica-Escola de Psicologia e sua atuação junto à comunidade. Como resultado, notamos a pujança das publicações com o aumento e diversidade de temas ao longo dos anos. Por fim, discutimos que a federalização é vista como razão determinante do encerramento das atividades de todas as revistas dos Centros integrados, inclusive a revista Dimensão, em 1977.
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Este artigo tem como objetivo estudar a relação entre a antropologia e a ética no pensamento de Karol Wojtyla. A antropologia personalista de K. Wojtyla evidencia a relação ontológica entre o momento do ser e do agir, que, por sua vez, corresponde ao significado moral da relação entre a pessoa e a ação. Partindo da experiência humana, conforme indicação husserliana, será o estudo do ato a revelar a pessoa e o significado moral do agir humano. O caráter qualitativo desta pesquisa bibliográfica, baseado em obras e artigos publicados por K. Wojtyla e nos escritos de alguns de seus principais comentadores, permitirá, à luz das contribuições da fenomenologia e da tradição filosófica, contribuir também para o hodierno debate antropológico, tão necessário para fundamentar os estudos das ciências humanas e, ainda, para a superação da atual crise do homem, normalmente marcada por uma visão reducionista ou utilitarista sobre a pessoa humana, como será demonstrado.
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Este artigo objetivou analisar as articulações teóricas entre memória histórica e representações sociais. Tomando a perspectiva sociocultural da memória, três aspectos foram problematizados: quais temáticas em memória histórica poderiam ser objetos de representações sociais; o papel da memória histórica nos processos de ancoragem e objetivação; e a relação entre disputas memoriais e representações sociais. A partir da abordagem sociogenética das representações sociais, apontou-se que temáticas em memória histórica que tangem às zonas de tensão podem ser articuladoras entre os campos memoriais e representacionais. Utilizando o Devoir de Memoíre na França, os processos de ancoragem e objetivação podem ser analisados a partir de discussões voltadas à legitimação de narrativas e embates acerca da nomeação de eventos históricos. As disputas memoriais revelam dinâmicas representacionais em relação ao passado social. Por fim, a memória histórica e as representações sociais vinculam-se a diferenças grupais, bem como a conflitos simbólicos.
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Desde o século XIII, a obra de Tomás de Aquino tem suscitado muitos debates entre filósofos e teólogos. São poucos os psicólogos, contudo, que veem aí alguma relevância para a psicologia contemporânea, embora o pensamento do Aquinate contenha profundas reflexões sobre aspectos da natureza humana que ainda desafiam nossa compreensão. Partindo do pressuposto de que o pensamento medieval pode lançar luz sobre alguns debates psicológicos contemporâneos, o objetivo do presente artigo é duplo: primeiro, queremos mostrar que há uma psicologia genuína em Tomás de Aquino, entendida como scientia de anima; segundo, vamos ilustrar nossa tese por meio da análise de um de seus conceitos centrais, a saber, a vontade. Nossa análise ficará restrita ao âmbito da Suma de Teologia, embora apareçam também algumas menções a outros escritos em que o tópico aparece. Ao final, vamos discutir as implicações desse conceito para a psicologia de Aquino, algumas limitações da presente investigação e possíveis caminhos futuros.
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O estudo parte das pesquisas atuais sobre a etiologia do crime nos campos psi e dos diferentes instrumentos utilizados para esse fim. Argumenta-se que essas pesquisas apresentam ressonâncias da lógica determinista da Escola Positivista de Criminologia e da racionalidade eugenista da primeira metade do século XX. A narrativa histórica aqui proposta busca contribuir para as reflexões sobre a reificação do crime e uso dos dispositivos de avaliação do corpo e do psiquismo. O estudo pesquisou os discursos sobre criminalidade e anormalidade no Boletim de Eugenia (1929-1932), explorando a hipótese da reatualização do pensamento eugenista nas atuais investidas dos supostos saberes criminológicos. Conclui-se que as tentativas de captura da psicologia, enquanto dispositivo de poder, explicitam as vontades de normatização incorporadas na lógica preditiva do crime.
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O presente artigo objetiva analisar os fenômenos de massa em seus aspectos psicológicos a partir das contribuições de E. Stein, considerando o impacto e potenciais consequências destrutivas desses fenômenos como apontados por H. Arendt ao estudar governos totalitários. Após contextualizar o debate acerca do tema, ocorrido nas últimas décadas do século XIX e as primeiras do século XX, o trabalho pretende reconstruir os passos da análise fenomenológica conduzida por Stein no ensaio sobre o contágio psíquico que é parte da obra Contribuições para uma fundamentação filosófica da Psicologia e das Ciências do Espirito, publicada em 1922. Nessa análise, a autora descreve em detalhe o dinamismo através do qual o fenômeno do contágio psíquico se inicia e se alastra na vivência pessoal e de grupo. O estudo conduzido comprova a originalidade, atualidade e utilidade acerca dessa contribuição da filósofa alemã, inclusive para a psicologia e psiquiatria contemporâneas.
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Este estudo bibliográfico constitui-se de três seções. Na primeira, destacam-se duas narrativas autobiográficas do psicanalista Wilhelm Reich: “Paixão de juventude” e “A função do orgasmo”. Na segunda, analisam-se os tópicos convergentes entre Reich e Freud, que são os construtos da primeira fase psicanalítica (1894-1920), e na terceira, discutem-se os tópicos divergentes entre esses autores, que são os construtos da segunda fase psicanalítica (1920-1939). Portanto, o objetivo é ressaltar as aproximações e rupturas de Reich com a psicanálise clássica. Os resultados apontam que as experiências sexuais infanto-juvenis de Reich influenciaram em seus interesses de estudo, enquanto jovem estudante de medicina, levando-o a aproximar-se e, ao mesmo tempo, a afastar-se da psicanálise. Destaca-se que, da análise comparativa dessas duas obras reichianas, pode-se concluir que, na primeira, ele delineia os construtos básicos que são detalhados na segunda. Nessa, ele explicita as divergências teóricas entre ele e Freud. Principalmente, a crítica reichiana contumaz ao construto freudiano da pulsão de morte que o levou a elaborar a teoria do orgasmo e que o afastou, definitivamente, da psicanálise. Mostra-se que entre os 1920-1934, quando ele esteve ligado à IPA e com o consentimento de Freud, Reich desenvolveu as Teorias da Economia sexual, do Orgasmo e da Análise do Caráter como releitura crítica da pulsão de morte que não aceitava.
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Irmão Henrique Justo, na vida civil José Arvedo Flach (Poço das Antas/RS, 25 de julho de 1922 – Porto Alegre/RS, 02 de dezembro de 2022), foi um religioso-educador lassalista, psicólogo, escritor e poeta. Foi também um poliglota, sendo capaz de se expressar em alemão (língua nativa), português, latim, italiano, francês e inglês. Foi professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul por 40 anos. Como educador, divulgou e aplicou a inovadora pedagogia de Jean-Baptiste de La Salle. Como psicólogo, dedicou-se à divulgação da psicologia científica, à tradução e à adaptação de instrumentos de avaliação psicológica, à introdução da Abordagem Centrada na Pessoa no Brasil e ao movimento para o reconhecimento da psicologia como profissão. Para os seus alunos, o Irmão Justo era uma pessoa simples, dócil, decente, discreta e sensível. Costumava falar baixinho, com confiança e firmeza. Sabia ouvir e respeitar as crenças e opiniões das outras pessoas, mesmo quando contrárias às suas próprias posições, encontrando sempre uma boa saída para os impasses. Como professor, ele foi calmo e discreto; agia sem superioridade e se assumia como aquele que não detinha o conhecimento.
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O trabalho a seguir apresenta algumas considerações acerca da Luta Antimanicomial e da Reforma da Atenção à Saúde Mental no Brasil, nos últimos quarenta anos. Com o objetivo de avaliar criticamente proposições desenvolvidas e a própria trajetória histórica da Política Pública de Atenção Psicossocial, os autores, por meio de fontes documentais como os relatórios das Conferências Nacionais de Saúde Mental (I a IV), de portarias e de atos normativos do Ministério da Saúde, se perguntam sobre o que podem ou não comemorar após quarenta anos de questionamentos ao modelo manicomial e após a implantação de novas estratégias de cuidado com pessoas em situação de sofrimento psíquico e seus familiares. São apresentadas e discutidas publicações produzidas sobre a temática e estratégias de acolhimento desenvolvidas por serviços públicos e privados, que são citadas e comentadas a partir das proposições defendidas pelas entidades e grupos interdisciplinares de profissionais de saúde envolvidos com a temática da saúde mental atualmente no Brasil. Os autores terminam por considerar que há mais motivos para se comemorar do que para se lamentar os resultados conquistados pela militância interdisciplinar da Luta Antimanicomial.
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Nos últimos anos, tem-se observado um aumento gradativo de estudos que buscam elucidar e compreender os efeitos da religiosidade e espiritualidade (R/E) sobre a saúde mental. Paralelamente, um movimento crescente de pesquisas sobre o bem-estar tem marcado presença no mundo acadêmico, tendo como referência a perspectiva teórica da Psicologia Positiva, que se dedica a estudar os fatores que colaboram para o funcionamento positivo do ser humano. Entre os diversos fatores considerados incluem-se a relação com a transcendência e a espiritualidade, que podem ou não estar associadas ao comportamento religioso. Tendo em vista a relevância e amplitude do tema, este estudo objetiva apresentar uma discussão teórica acerca de resultados de pesquisas que abordam o impacto da R/E no bem-estar e na saúde mental. O arcabouço conceitual da Psicologia Positiva é mobilizado para compreender os elementos que contribuem para a promoção do bem-estar.
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Esta pesquisa investiga como a fundação do Ambulatório Rivadávia Corrêa, polo irradiador da educação higiênica nos subúrbios cariocas, foi noticiada por periódicos, jornais e revistas do período. A hipótese é que o ambulatório ratificou uma política de tratamento que extrapolava o saber psiquiátrico e fazia confluir discursos diversos, tais como republicanismo, trabalho, pobreza e raça. Na análise desse campo de diálogo espera-se compreender a participação do ideário psiquiátrico nas teorias eugênicas e inseri-lo em uma perspectiva mais ampla, adequada ao conjunto de instrumentos de regulação social que precisaram ser construídos (ou reconstruídos) após o fim da escravidão no Brasil. A pesquisa foi realizada sobre fontes primárias, que compõem o acervo da plataforma Hemeroteca Digital, da Biblioteca Nacional. Como instrumento de análise desse material se fez uso do conceito de Marcador Social, compreendido como o conjunto de diferenças socialmente construídas que se somam na produção das desigualdades ou hierarquias.
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- Entre 1900 e 1999 (80)
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Entre 2000 e 2025
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- Entre 2000 e 2009 (453)
- Entre 2010 e 2019 (794)
- Entre 2020 e 2025 (343)