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O presente artigo apresenta uma análise de relatórios, laudos e pareceres profissionais constantes de processos judiciais envolvendo crianças e adolescentes em situação de abandono, nos anos de 1968 a 1984, em Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais, Brasil. Nessa análise procurou-se traçar tanto um panorama da situação de abandono de crianças e adolescentes, conforme aparecem nos documentos, quanto identificar idéias psicológicas relacionadas ao tratamento de crianças e adolescentes no âmbito da justiça em Belo Horizonte. Ao final, levantam-se alguns temas para o estudo da participação da psicologia no trato das questões relativas a crianças e adolescentes em Minas Gerais.
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O presente estudo é uma breve incursão sobre o conceito e a função da memória em diferentes etapas da história das idéias psicológicas. O interesse histórico concentra-se no debate conceitual de memória como experiência de recordar para memória como desempenho de aprendizagem. A ênfase do argumento está no retorno à memória como experiência de recordar em estudos contemporâneos de memória autobiográfica. Memória autobiográfica é então definida como a recordação consciente de uma experiência pessoalmente vivida ou testemunhada, acompanhada de um senso de re-experiência do evento original, e da crença de que o episódio realmente aconteceu. Essa abordagem fenomênica recupera a experiência das qualidades como aquilo que permite a um indivíduo distinguir entre a lembrança de um evento passado e outros estados conscientes como o sonho e a imaginação. O estudo ressalta a contribuição cognitivista em trazer novamente ao centro da pesquisa psicológica a evidência da primeira pessoa (qualidades fenomênicas).
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Discutem-se as contribuições de Edith Stein para compreensão da relação pessoa-comunidade. Adotando o método fenomenológico, a estrutura da pessoa humana – nas suas dimensões corpórea, psíquica e espiritual – é explicitada de forma orgânica e interdependente por Stein, reconhecendo a relação propriamente comunitária como elemento essencial no processo de formação pessoal. Comunidade vem considerada não apenas como agrupamento humano, mas estruturalmente como um tipo de relação interpessoal, marcada pelo posicionamento da pessoa a partir do uso da razão e liberdade. A comunidade é considerada em analogia à pessoa humana, sendo essencial para sua definição e para a apreensão de seus aspectos originais, o reconhecimento e o posicionamento das pessoas. A relação pessoa-comunidade é essencialmente uma relação de interdependência constitutiva, onde os aspectos ativo e passivo da pessoa e da comunidade são necessários no processo de tornarem-se si mesmas, o que só pode acontecer a partir de uma abertura recíproca.
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A psicologia constituiu-se, ao longo dos anos, como um fórum privilegiado para o estudo das diferenças entre homens e mulheres, apoiando-se em explicações que vão desde o domínio da biologia até às relações de poder entre os géneros. Para uma clara compreensão dos estudos de género e das posturas feministas na psicologia torna-se necessário organizar a produção realizada ao longo dos tempos. Com este objectivo em mente apresentam-se três grandes períodos. O primeiro em que a figura feminina se encontra ausente ou é concebida como inferior. Um segundo período em que acede a um lugar de maior destaque, embora os pressupostos tradicionais se mantenham. Finalmente, a actualidade, em que novos horizontes se abrem, questionando as perspectivas tradicionais, afirmando a necessidade de acentuar a vertente social e política com consequências ao nível da investigação e intervenção.
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Este texto é uma reflexão teórica que procura definir o tipo de conceito que se expressa com o termo subjetividade e a pesquisa que ele possibilita. Propõe que subjetividade não seja um conceito construído a partir de uma relação tipo sujeito-objeto, mas sim a partir do interior de uma relação intersubjetiva. Objetividade e subjetividade opõem-se assim como ciência e consciência. É possível uma pesquisa da subjetividade, mas ela será necessariamente pesquisa-intervenção, envolvendo sujeitos, pesquisador e leitores, e sua objetividade não é a de uma epistemologia positivista e sim a do consenso e do senso crítico.
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Este trabalho apresenta a lúcida análise de Romano Guardini sobre a forma de pensar da época moderna indicando além de seus avanços e limites, as implicações para a concepção de homem e de cultura que dela nasceu. As conseqüências dessa nova imagem que o homem adquiriu de si e do mundo são paradoxais: de um lado a autonomia conquistada pelo extraordinário progresso científico e, de outro, a falta de lucidez no uso do poder adquirido, que decorre na grande vulnerabilidade do homem e do mundo contemporâneos. A necessidade de orientação e formação humanas apresenta-se cada vez mais premente e, para tanto, o autor apresenta indicações valiosas, fundamentadas no seu conceito de pessoa.
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In Memoriam Sílvia Tatiana Maurer Lane (1933-2006)
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Apesar da enorme variação conceitual ao longo das grandes fases do trabalho de Michel Foucault (arqueológica, genealógica e ética), permanece um tema crítico à psicologia: ela é uma invenção datada, oriunda de práticas específicas. O que varia ao longo dos textos foucaultianos é a determinação destes dispositivos históricos. No caso do período genealógico (anos setenta) podemos encontrar três hipóteses referentes ao surgimento da psicologia, correspondendo às três grandes variações desta fase, cada qual ligada a uma determinada concepção do poder subjacente aos saberes: formas jurídicas; microfísica das relações de força; ou formas de governo. Quanto à psicanálise, sua problematização nesse período é feita em duas etapas: primeiro ao vê-la como uma empreitada de despsiquiatrização parcial do aparato asilar, mas mantendo todos os poderes médicos; e principalmente ao concebê-la como um mero desdobramento do dispositivo da sexualidade e produto do biopoder.
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O trabalho propõe uma análise arqueológica do coleccionismo moderno, definido como a tendência para coligir e manter conjuntos de objetos em torno de um tema. Aponta suas origens na época do Renascimento e dos descobrimentos geográficos com o surgimento dos Gabinetes de curiosidades; e posteriormente na criação das coleções produzidas pelas ciências modernas. Essas comportavam conjuntos reunidos com intuitos de recolha, manutenção e conservação, em espaços concretos, como Observatórios Astronômicos, Gabinetes de Física, Laboratórios de Química, Gabinetes de História Natural, Jardins Botânicos. Se nos Gabinetes de Curiosidades, cada presença individualizada era-o por ser bela ou útil, nesses novos espaços a marca de utilidade, visando a observação, a elaboração de hipóteses de trabalho, a verificação de uma teoria – impõe-se. Os conjuntos organizados em redor do bom gosto passaram a ocupar instituições e sítios diferenciados: os Museus de Arte. Aborda-se o exemplo histórico da grande coleção do Imperador Rudolfo II (1556-1612).
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O artigo descreve desenvolvimentos da fenomenologia na Itália no domínio da psicopatologia, em termos de uma releitura das questões fundamentais da ciência médica psiquiátrica e de uma reformulação da relação do psiquiatra com o sintoma e com a pessoa humana que o expressa, levando a uma mudança radical na maneira de exercer a prática psiquiátrica. Consideram-se fundamentais para esta transformação as obras de K. Jaspers. No que diz respeito ao período contemporâneo, assinala-se a contribuição de psiquiatras italianos como E. Borgna e L. Calvi. Um destaque especial é reservado a Bruno Callieri e à sua proposta de psicopatologia clínica. Finalmente, aborda-se a questão da reforma psiquiátrica na Itália (Basaglia) traçando um breve histórico da mesma e da formação do psiquiatra, atualmente moldada por uma maior consciência crítica desta função. Com efeito, a abordagem fenomenológica não dispensa as categorias diagnósticas nem o ato clínico mas aponta a ineficácia destes quanto à pretensão de definir a pessoa de modo totalizante em sua realidade existencial.
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O artigo constitui-se num relato da experiência de pesquisa conduzida nos acervos de cidades históricas do Brasil, visando levantar e reproduzir documentos de oratória sagrada, especificamente sermões pregados no Brasil do século XVI ao fim do XVIII e posteriormente transcritos e impressos. Tais documentos são fontes preciosas para a reconstrução da história da cultura da época, ainda mais importantes pelo seu teor de recursos elaborados visando a transmissão oral dos conhecimentos e a persuasão dos ouvintes. A pesquisa documental nesta área aponta para uma situação muito grave no que diz respeito ao estado de conservação de grande parte destas fontes, bem como evidencia uma freqüente dispersão quanto às condições de preservação e de disponibilização das mesmas. Será proposta uma descrição destes documentos e do estado dos acervos.
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Nosso objetivo geral é apreender como a experiência de contar histórias pode ser enraizadora. Examinamos as vivências do “Grupo de Contadores de Estórias Miguilim” de Cordisburgo-MG, que contam histórias do escritor João Guimarães Rosa. A partir da fenomenologia, apresentamos entrevistas ordenadas em três eixos de análise: quais relações que os contadores fazem entre as histórias contadas e suas vidas; como a singularidade aparece em sua experiência e a ressonância da presença do ouvinte na prática do contador. Os resultados revelam que no contexto de Cordisburgo a arte de contar histórias representa uma experiência enraizadora por levar em consideração as características da cultura de seu povo ao mesmo tempo em que proporciona abertura para a troca com outras culturas. Concluímos que esta arte possui características de manutenção de ancestralidade, preocupação com as gerações futuras e com a singularidade, que permitem a inserção da pessoa em sua comunidade e na história humana.
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Este trabalho apresenta o paradigma antropológico paulino-agostiniano da ambivalência do eu-moral, cuja importância histórica foi revolucionar a antropologia intelectualista grega e introduzir uma nova interpretação do binômio saúde e doença. A antropologia paulino-agostiniana compreendeu a ambivalência do eu-moral como doença estrutural do homem, condição conflitante que clama por solução. A cura foi interpretada como superação da ambivalência do eu-moral, que ocorre mediante o encontro com o transcendente. Argumenta-se aqui que este paradigma antropológico deve ser considerado nas investigações sobre a história da psicologia, dado ser uma poderosa influência sobre a interpretação da temática da saúde e da doença. Uma breve exposição da moral autônoma em Jean Piaget, bem como da idéia de ambivalência na psicanálise são apresentadas. Essa exposição tem objetivo de mostrar que a antropologia paulino-agostiniana possui repercussão na tradição interpretativa acerca do homem na psicologia moderna, apesar de ser antagonizada pela antropologia Iluminista.
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Análise das aproximações existentes entre as culturas peruana e brasileira, a partir do culto a Nossa Senhora de Copacabana que, sendo trazido da região do lago Titicaca para o Rio de Janeiro pelos peruleiros no início do século XVII, deu origem ao nome da praia mais famosa do país. Exame dessas trocas culturais tendo como base o filme Copacabana, de Carla Camuratti. Análise de outros intercâmbios significativos para Brasil e Peru, tais como as relações estabelecidas entre o romance El zorro de arriba y el zorro de abajo, de José María Arguedas, e o conto “A terceira margem do rio”, de João Guimarães Rosa.
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As paixões da alma eram classificadas pelos médicos da tradição hipocrático-galênica na categoria das seis coisas não naturais: ar e ambiente, comida e bebida, esforço e repouso, sono e vigília, excreções e secreções e paixões da alma. Em particular, o importante médico francês Nicolas Abraham Sieur de la Framboisière (1560-1636) defende, em seu Le gouvernement necessaire a chacun pour vivre longuement en santé, publicado em Paris em 1600, a idéia de que as chamadas seis coisas não naturais são armas da natureza e seus efeitos na saúde dependem de como são empregadas. La Framboisière discute as características de algumas paixões e orienta como utilizá-las em favor da saúde e da vida longa. Em harmonia com a tradição dos regimes de vida e a psicologia aristotélico-tomista em circulação na França, ele propõe um exame minucioso das causas dos afetos para que se possa governá-los e compreender melhor nossos próprios desejos.
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A finalidade deste estudo é a de assinalar os grandes e principais vectores, em função dos quais se estrutura o pensamento antropológico e ético de Paul Ricoeur, um dos mais distintos filósofos do seu tempo e um dos maiores e mais brilhantes pensadores da segunda metade do séc. XX. O seu pensamento antropológico e ético constitui o fundamento da construção de uma ontologia e estrutura-se em torno do problema do mal, sempre desafiante para o pensamento filosófico. O mal exprime-se através de narrativas simbólicas que devem ser interpretadas, dada a sua polissemia. Neste sentido, uma das mediações da hermenêutica de Ricoeur é a Psicanálise freudiana através da qual mergulha numa arqueologia do sujeito desmistificando o carácter repressivo da cultura e a concepção pura e abstracta de sujeito.
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