A sua pesquisa
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O artigo reconstrói os vínculos entre a gênese teórica e a gênese social de conceitos e dispositivos da Análise Institucional francesa, entendida como regime de verdade, prática e subjetivação, durante seus "anos de inverno" - expressão inspirada em Félix Guattari, que, através dela, retrata o mundo contemporâneo. Um destaque especial é dado aos conceitos de implicação e sobreimplicação, conforme concebidos por René Lourau. As considerações finais esboçam questões sobre a Análise Institucional no Brasil, particularmente em suas relações com a Universidade. Presume-se então que a 'dobra sobre si' efetuada pela Análise Institucional esteja necessariamente relacionada a um 'desprendimento de si'.
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O karate-do é uma arte marcial de origem japonesa que tem como objetivo principal formar o caráter do praticante. A presente investigação explora percursos históricos, técnicos, conceituais e vivenciais das idéias psicológicas identificadas como inerentes ao karate, visando conhecer seus estratos de base. Para tanto, o estilo shotokan do karate, fundado por Gichin Funakoshi, é analisado pelo prisma de pensamento de seu discípulo Masatoshi Nakayama, um dos responsáveis pela diáspora mundial da arte. A essência do karate é expressa pelo conceito de kime que define formas determinadas de ação em função de exigências materiais e intencionais. O conceito de sun-dome contrapõe-se ao kime, correspondendo a uma necessária contenção da intenção inicial. O equilíbrio de kime e sun-dome resulta no controle de si. Sob tais conceitos emerge zanshin, o espírito de luta, que possibilita o acesso à essência do karate-do.
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O “muito de possível” − epistemológico, ético, estético e político − implicado na relação com Sylvia Leser como orientadora é sugerido no texto por meio do relato de memórias da autora, bem como da transcrição de parte de sua tese de doutorado intitulada “No rastro dos ‘cavalos do diabo': memória e história para uma reinvenção de percursos do paradigma do grupalismo-institucionalismo no Brasil”, defendida em 2002, no Instituto de Psicologia da USP. Nesse intuito, foi utilizado um andamento de inspiração musical − atrever-se, conviver, escrever, ouvir e ler, prolongar −, capaz de se aproximar minimamente da oralidade, marca singular do vínculo de afeto-pensamento entre orientador e orientando.
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As pesquisas sobre a história das práticas psi no Brasil, quando fazem menção à Análise Institucional (AI), primam por incorporar a trajetória desse paradigma ao processo de difusão da psicanálise. O presente trabalho é parte de uma investigação dedicada a elaborar uma história diferente. Com tal intuito, privilegiamos o estudo de momentos e núcleos organizacionais em que hipotetizamos ter a AI produzido efeitos diferenciais na formação e modos de intervenção dos agentes. Dentre esses núcleos, destaca-se o Setor de Psicologia Social da UFMG, que, desde os anos 1960, incorporou a AI francesa como um de seus referenciais, e recebeu, em 1972, a visita de Georges Lapassade, um dos criadores do paradigma. Tomando a visita de Lapassade como analisador, buscamos uma apreensão analítico-crítica do funcionamento do Setor. Para tanto, além de apelar à tradicional documentação escrita, colhemos histórias orais de vida de seus antigos participantes.
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O artigo descreve vicissitudes históricas do Psicodrama no Brasil, tomando como marcos cronológico-institucionais o V Congresso Internacional de Psicodrama e Sociodrama (1970) e a promoção, em 2001, pela prefeitura da cidade de São Paulo, do evento “Ética e Cidadania”. O principal objetivo do texto é analisar os nexos entre Psicodrama e poder, em consonância com a proposta da Análise Institucional.
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O texto descreve a trajetória de Jean Piaget e sua contribuição em três importantes institutos de estudo da psicologia. São eles: o Instituto Jean-Jacques Rousseau (IJJR), Bureau Internacional de Educação (BIE), e o Centro Internacional de Epistemologia Genética (CIEG). No primeiro, as pesquisas de Piaget contribuíram para o conhecimento dos estágios do pensamento da criança, além de ter sido o responsável pela transformação de instituto em uma instituição puramente científica e, atuando como diretor, ter separado a psicologia da pedagogia. No segundo, Piaget mostra-se como um pesquisador engajado politicamente. O CIEG, por fim, foi uma criação do próprio Piaget, sendo um lugar de intercâmbio de informações de especialistas de diversas áreas visando o aprofundamento em pesquisas e estudos. É neste instituto que Piaget conclui, finalmente, sua teoria. O texto também aborda as mudanças ocorridas em cada um desses institutos, em relação tanto à estrutura quanto aos objetivos principais, ao longo dos anos.
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O artigo apresenta uma entrevista realizada com uma paciente do Instituto Municipal Philippe Pinel a partir da experiência de desinstitucionalização de pacientes de longa permanência nesta instituição. Traz um pequeno histórico da História Oral, apresentando-a como uma metodologia de pesquisa primordial de resgate de narrativas esquecidas dos pacientes há muito institucionalizados. Neste âmbito, a História Oral promove a valorização dos relatos daqueles que vivenciam o processo de mortificação promovido pelo manicômio. Conclui utilizando noções trazidas por Bourdieu, Basaglia e Foucault, de modo a potencializar as narrativas fragmentadas, a encontrar na instituição o poder de mortificar e, sobretudo, a reconhecer a resistência que encontramos à cronificação, por parte do pacientes “institucionalizados”.
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Contrariando o modo como se costumava pensar na psicologia clássica, veremos que o afeto não é apenas um colorido que se acrescenta ao agente cognitivo, mas o próprio formador do sujeito, enquanto afecção de si por si. Em suas pesquisas sobre a consciência, Francisco Varela se depara com um domínio pré-pessoal, coexistente aos fluxos de consciência enquanto tal. Esse domínio, que é o das tonalidades afetivas, se cola à própria subjetividade. O afeto como nível pré-reflexivo faz parte de uma dinâmica, denominada por Varela e Natalie Depraz ‘dinâmica da dobra’. Essa dinâmica opera uma transição do nível pré-reflexivo ao reflexivo, do pré-atento ao atento, do pré-egológico ao egológico. Essa dobra possui um duplo eixo, um que se baseia na emergência da reflexão nela mesma e que conduz ao conteúdo cognitivo; outro que se baseia na auto-afecção e que conduz a predisposições básicas e a uma gama específica de emoções. A auto-afecção será atravessada pela alteridade, sendo, a valência afetiva, a manifestação mais imediata dessa alteridade, e que dará nascimento a disposições básicas. Desse modo, é o afeto que funda a cada momento a emergência da consciência. Há nesse ponto de vista uma avaliação primordial constitutiva da experiência e não uma neutralidade primária.
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No Brasil, a partir dos anos 70, percebemos uma crescente mobilização por parte dos trabalhadores em saúde mental e de familiares de usuários de serviços psiquiátricos em prol de modificações na assistência aos que passam pela experiência da loucura. O projeto de lei 3.647/89 do Deputado Paulo Delgado propunha a saída dos internados dos hospitais psiquiátricos, promovendo a extinção progressiva dos manicômios. Em 2001, foi aprovado um substitutivo a este projeto, a lei 10.216, dispondo sobre os direitos de portadores de transtornos mentais. Mesmo não contemplando integralmente o projeto inicial, esta lei e outras políticas públicas em saúde mental têm avançado na implementação de serviços substitutivos ao internamento asilar, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT). As atividades, o convívio com os internos e demais serviços substitutivos levaram à implementação de residências para egressos de hospitais psiquiátricos antes mesmo da aprovação da lei em âmbito nacional e da Portaria Ministerial nº 106/00, que regulamenta os Serviços Residenciais Terapêuticos. Em Campinas/SP, por exemplo, a primeira residência para pacientes psiquiátricos foi inaugurada em 1991. O processo de Reforma Psiquiátrica brasileiro visa a desinstitucionalizar a loucura, ou seja, a extinguir a lógica manicomial vigente, mesmo fora dos muros asilares. Nesse sentido, não basta acabar com os manicômios; é importante trabalhar no sentido de permitir que os loucos transitem e utilizem espaços outrora a eles proibidos: parques, ruas, lojas, etc, ou seja, desmanchar todo e qualquer preconceito e isolamento em relação aos que passam pela experiência da loucura, desmontando também os “manicômios invisíveis”.
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Este trabalho procura analisar historicamente o conceito de infância no Brasil e como a representação infantil passou de um papel secundário no sistema colonial a foco das preocupações no século XIX, através da atuação dos médicos higienistas. A partir da análise das teses de doutoramento da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro que discorrem sobre a criança, produzidas no período de 1832 a 1930, procuramos investigar de que maneira a construção e disciplina do corpo infantil se refletem no desenvolvimento de uma ciência psicológica. Neste percurso, deparamo-nos com discussões sobre temas que englobam não apenas o corpo, mas também a compreensão da alma infantil, sob a influência do paradigma científico e das teorias evolucionistas vigentes à época. Além disso, associada à imagem infantil, também encontramos a importância da mulher - enquanto mãe e ama - como mantenedora da família, constituindo uma nova moldagem também da figura feminina.
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The first laboratories of psychology established in Brazil were organized in the early twentieth century by professionals trained in medical schools or in education. These laboratories, linked to mental health hospitals or to normal schools, followed guidelines suggested by Edouard Claparède, from the Laboratory of Psychology of the University of Geneva, and by Alfred Binet, from the Laboratory of Psychology of the University of Paris (Sorbonne). Besides replicating experimental studies done in Europe, their purpose was to study the psychological characteristics of the population attended by the mental health or educational systems. The themes explored by the researchers were the comparison of psychological processes in normal and mentally troubled individuals, or the study of the mental development of school-age children. The meaning of the word "laboratory" became associated with applied psychology, and with the adaptation to the Brazilian population of mental tests elaborated in other countries (mainly in France). Around the 1940s and 1950s, with the establishment of the teaching of psychology in higher learning institutions, research in the area expanded. Two authors are mainly responsible for this expansion: Lourenço Filho (1897-1970), and Helena Antipoff (1892-1974). Their work, still inspired by Claparède and Binet, contributed to the development of important lines of research in psychology in Brazil, with a lasting influence on subsequent generations of psychologists. From the 1960s onwards, with the regulation of the profession of psychologist, formal university programs increased strongly, and, in the 1980s and 1990s, a comprehensive system of graduate programs in psychology was established, contributing to the professionalization of research in the field.
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Este artigo discute concepções sobre o ser humano e sobre a sociedade difundidas pelo jornal religioso Selecta Catholica, editado por D. Antônio Ferreira Viçoso, publicado no estado de Minas Gerais, Brasil, nos anos de 1846 e 1847. O jornal, entendido como estratégia para educação da população, tinha os objetivos de reformar costumes, promover a fé católica e combater idéias materialistas, panteístas e racionalistas, estas vistas como origem de enfermidades e de violência social. Em contraposição a esses ideais, encontramos a idéia de ser humano como pessoa, definido como corpo individual e social, sendo a sociedade concebida de forma análoga como pessoa moral.
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O presente artigo apresenta uma reflexão epistemológica relacionando a fenomenologia às ciência humanas, com particular atenção à ciência psicológica. Apresenta a estrutura da pessoa humana em suas diversas dimensões (corpo, psique e espírito) bem como em sua intersubjetividade constitutiva, reveladas pela análise das vivências. Propondo-a como estrutura do sujeito do conhecimento, evidencia ser a estrutura do próprio pesquisador. Decorrem daí tanto questões éticas sobre a abordagem do sujeito humano em sua peculiar complexidade, quanto questões éticas relativas ao próprio desenvolvimento de pesquisas científicas. A antropologia filosófica figura como condição de possibilidade de relações fecundas entre pesquisa científica e postura ética.
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A presente pesquisa revelou que alguns meios para lidar com o sofrimento no trabalho envolvem a adoção consciente, por parte do trabalhador, de certas técnicas voltadas para a sua própria interioridade. Diferem das estratégias coletivas de defesa, elucidadas pela Psicodinâmica do Trabalho, por envolverem a construção consciente de sentido para experiências angustiantes e ansiedade; senso de valorização do sofrimento e das vivências dolorosas com vítimas agonizantes ou fatais; dessensibilização e busca de nova relação consigo mesmo no trabalho. Resultam de formas de subjetivação, dinamizadas na exterioridade dos indivíduos e re-elaboradas na interioridade mediadora do contato com o real do trabalho.
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