A sua pesquisa
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Apresentamos algumas considerações históricas sobre o Laboratório de Psicologia da Escola de Aperfeiçoamento de Belo Horizonte (1929-1946), instituição criada durante o governo de Antônio Carlos de Andrada, como parte de um projeto de reforma do ensino mineiro. Além de seu papel na complementação das aulas expositivas, no laboratório da escola foram realizados diversos estudos sobre a população do Estado. Entre os personagens desta trama, destaca-se Helena Antipoff, que foi a responsável pela organização do Laboratório e pela direção de suas atividades. Para complementá-las, ela criou algumas instituições destinadas a amparar aquelas crianças que eram prejudicadas pelos processos de classificação e agrupamento então empregados. Essas outras instituições receberam laboratórios próprios que engendraram uma cadeia funcionalmente articulada. Inspirados no modelo de análise genealógica de Michel Foucault, buscamos evidenciar uma parcela da rede de “saberes/poderes” que perpassou o Laboratório e modelou a feição de suas produções.
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The study of personality has always been presented in Psychology as a way to understand the individual’s behavior and characteristics. Within such context, several theorists deepened their studies and used techniques to reveal the psychical world structure. By attempting to know the individual in their characterological profile, the psychologist and educator Helena Antipoff decided to revive her experience in the former Soviet Union by means of the observation models developed by the psychologist and psychiatrist Lazursky. When Antipoff arrived in Brazil in 1929, invited by the government to assist in the development of the educational reform in the period called New School, she started to spread Lazursky’s work in the state of Minas Gerais. Antipoff used Lazursky’s Natural Experimentation rather than intelligence tests in psychological evaluations as a method aimed at the characterization of personality through observations of the behaviors and routine under natural conditions. She researched about individuals by using systematized and standardized observations and experiments, whose results were analyzed methodologically in figure and tables, which helped her study the personality of both the students and teachers. The purpose of this paper is to show, based on primary source documents from Antipoff’s publications between 1930’s and 1950’s, the study of the personality through the Natural Experimentation method as the main model for the beginning of her educational work in Brazil. The use of the method contributed to the new educational structure, once it consisted of investigating and evaluating the student according to his profile, that is, his personality.
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Analisamos a relação de Carl Rogers com a Fenomenologia segundo uma perspectiva historiográfica que examina a ocorrência de citações e referências que ele fez a filósofos de orientação fenomenológica. As obras de Rogers foram organizadas em ordem cronológica de publicação e lidas conforme as técnicas de leitura seletiva e interpretativa. Rogers mencionou cinco filósofos de orientação fenomenológica: José Ortega y Gasset, Paul Tillich, Simone de Beauvoir, Maurice Merleau-Ponty e Martin Heidegger. Destes, somente Heidegger é efetivamente trabalhado em um texto sobre o ensino e os demais filósofos procedem de indicações e citações de outros autores. Nos livros em que Rogers referencia esses filósofos não há nenhuma discussão sobre a Fenomenologia; porém, há textos em que Rogers disserta sobre a Fenomenologia sem citar fenomenólogos. A Fenomenologia que Rogers menciona não é a filosófica, a qual ele teve ressalvas, mas é um paradigma estadunidense de ciência empírica e estudos da personalidade. A despeito disso, desenvolve-se no Brasil um movimento pós-rogeriano de orientação filosófica fenomenológica. Ponderamos, finalmente, algumas observações sobre o que distingue o movimento brasileiro daquele paradigma contatado por Rogers nos EUA.
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A partir da publicação do DSM III (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders) pela Associação Americana de Psiquiatria nos anos de 1980, consolida-se no cenário internacional uma vertente da psiquiatria norte-americana denominada Psiquiatria Biológica. Neste trabalho, pretendemos analisar o modo como esta vertente psiquiátrica se desenvolve no Programa de Ansiedade e Depressão do Instituto de Psiquiatria da UFRJ (IPUB/UFRJ). Este Programa surge em 1984 e continua a existir até os dias de hoje. Ele se mostra relevante para nosso estudo por possuir, desde sua fundação, a orientação da vertente biológica em suas pesquisas e por reunir importantes representantes desta vertente do cenário psiquiátrico do Rio de Janeiro, bem como por se situar no IPUB, uma instituição de grande representatividade junto ao referido meio psiquiátrico e, em certa medida, do Brasil. Para tanto, analisamos uma série denominada Série Psicofarmacologia, publicada pelo Programa de Ansiedade e Depressão com o intuito de apresentar suas pesquisas. Desse modo, nosso estudo visa contribuir para a compreensão das bases sobre as quais os discursos da Psiquiatria Biológica se sustentam e se inserem neste contexto institucional específico.
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Busca-se problematizar como a constituição de uma cidade ordenada e higienizada reverbera nas práticas cotidianas de feirantes, usuários e frequentadores da “Feira do Produtor Rural”, em Boa Vista, capital do estado de Roraima. Recorrendo a aspectos metodológicos da etnografia e da cartografia, entre março de 2015 e março de 2016, foram realizadas observações participantes, acompanhando o cotidiano dos feirantes. A elas juntam-se conversas formais e informais com comerciantes e frequentadores, além de participação em atividades ou iniciativas públicas dentro da feira. Os resultados apontam para o intricado jogo de forças entre dispositivos que não cessam de ordenar os espaços e definir os lugares de cada coisa, e as micropolíticas que transpõem, anulam e/ou resistem a esse projeto de normalização da feira.
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Tradução de DELEUZE, G. Le cuestión de la filosofia em Grecia. Gobierno de sí y subjetivación. 6 de mayo de 1986. Em: La subjetivación. Curso sobre Foucault, tomo III. Buenos Aires: Cactus, 2015. Tradutor: Danichi Hausen Mizoguchi.
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Última entrevista de Fernand Deligny, concedida em abril de 1996 a Jean-Paul Monferran, jornalista do L’Humanité. Publicada em 12 julho de 1996, cerca de dois meses antes da sua morte (ocorrida em 18 de setembro, em Graniers, quando Deligny contava 83 anos). Texto original (francês) disponível em: <http://www.humanite.fr/node/135364>. Tradução: Thalita Carla de Lima Melo. Revisão: Eder Amaral.
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O presente artigo faz uma introdução e discussão do pensamento Abolicionista – que discute e problematiza o Sistema Penal, defendendo a sua abolição, e pensa elementos para a construção de outras formas de resolução de conflitos sociais que não seja pela punição e/ou a pena de privação de liberdade (total ou parcial). Apresenta-se breve histórico sobre a prisão e a chegada da Criminologia na América Latina e no Brasil, de forma a contextualizar a discussão sobre o Sistema penal - objeto de estudo dos Abolicionistas. Uma vez que a psicologia faz-se presente no campo jurídico, entrar em contato com as teorias abolicionistas e sua discussão sobre o sistema de resolução de conflitos atual e a cultura do castigo presente na sociedade contribui para que as práticas psi sejam pensadas em relação ao contexto e problematizadas, para, assim, trabalhar de forma ética e comprometida.
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O artigo aborda a crítica radical que o educador francês Fernand Deligny endereça à primazia e/ou onipresença da noção de simbólico em variados setores da prática (pedagogia, terapêutica, reabilitação, etc.) e da teoria. Privilegia, neste sentido, o percurso deligniano, denominado aclínico, com crianças autistas, desenvolvido ao longo de quarenta anos na montanha de Cévennes, ao sul da França. A gênese teórica do conceito de rede, fundamental neste empreendimento, é explorada em sua vinculação à gênese social, propiciando uma apreensão histórico-crítica do trabalho de Deligny, na qual se destaca a análise de suas implicações existenciais e intelectuais, explicitamente compartilhadas pelo autor do artigo. Revisão técnica da versão atual e das notas dos tradutores por Eder Amaral.
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Este artigo se propõe a seguir os caminhos abertos por uma vivência para repensar e retrabalhar o que é uma memória, seu uso, seu signo e sua morte; não mais a vendo como algo perdido, mas como uma potência, algo que impulsiona o presente, sempre o retornando de maneiras diferentes e novas; podendo, portanto, lembrar, escrever e esquecer aquilo que traz uma possibilidade de elaborar o luto e de narrar o novo. Lançando mão de autores como Gagnebin, Benjamin e Deleuze, o artigo reflete a possibilidade de narração, no tempo presente, de algo que ocorreu no passado, mas que ainda faz barulho.
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O artigo apresenta uma experiência de intervenção, realizada por um grupo de trabalho do curso de Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo, em uma unidade penitenciária estadual. Essa intervenção envolveu dez encontros com detentos da instituição e reuniões com o profissional psicólogo da unidade, nos quais se realizavam grupos com o objetivo de trabalhar a experiência do cárcere e seus atravessamentos. Para tanto, contava-se com a criação de dispositivos que disparassem um debate entre os envolvidos. O texto, elaborado em seções, narra parte desse processo, trazendo elementos teóricos e reportando-se a situações decorridas. Busca-se tecer análises da prisão, da punição, dos efeitos da intervenção, problematizando as possibilidades e limites de práticas “psi” nessa trama.
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O artigo visa analisar algumas práticas de medicalização da infância e da educação na formação de professores, em especial pelo currículo como uma ordem do discurso, que veicula saber e poder, fabricando sujeitos e subsidiando um mercado neoliberal, baseado na escola como empresa. O biopoder, conceito forjado por Michel Foucault, é importante para a presente análise teórica, em formato de ensaio, das práticas disciplinares e biopolíticas presentes na formação dos professores de crianças, encaminhadas para a realização dos diagnósticos recorrentemente, no Brasil, como um acontecimento analisador da oferta massiva dos saberes biomédicos aos educadores como fosse uma solução mágica para todas as dificuldades da escola e da família no presente.
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O objetivo do artigo é caracterizar a atividade de trabalho humana, mostrando como ela é fundamental para a regulação da variabilidade nas situações de trabalho. Além disso, essa noção tem como característica não se apreender facilmente, posto que é movimento, criação de saberes e histórias. A noção é trabalhada observando diferentes entradas, ou formas de abordá-la, e com o auxílio da perspectiva ergológica e da ergonomia da atividade. A atividade humana é complexa e imprevisível; convoca as microgestões e autorregulações do trabalho; produz o mundo simbólico; tem sempre finalidade e demanda formação de compromisso; produz respostas originais e conhecimento/saberes em todos os níveis. Por fim, são descritos dois tipos de temporalidade envolvidos na atividade: o tempo espacial e o tempo-devir.
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