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Este artigo examina alguns exemplos de discursos da cultura luso-brasileira dos séculos XVI, XVII e parte do XVIII que, a partir da analogia entre medicina da alma individual e medicina do corpo social, propõem tratamentos para o pathos manifesto na esfera pública. Trata-se de parte de um estudo em história das ideias psicológicas que enfoca os males da alma na cultura luso-brasileira em diálogo com o contexto mais amplo da cultura da primeira modernidade, em especial, da renovada tradição da arte da consolação. Conclui-se que a analogia entre a medicina da alma individual e do corpo social referendava variadas práticas psicológicas numa dinâmica entre atenção ao particular e ação no social.
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O presente artigo analisa o emprego da metáfora do coração em sermões pregados no Brasil no período colonial, buscando apreender seu significado e função no universo cultural da época e no âmbito da tradição ocidental. O coração adquire um papel especialmente relevante tendo em vista seu lugar central na vida espiritual, segundo a perspectiva bíblica, e tendo em vista sua dimensão de interface entre a dimensão somática e a dimensão psicológica, dimensão esta ressaltada pela ciência médica e pela antropologia filosófica. Em virtude do fato de expressar as três dimensões fundamentais da pessoa humana, o coração torna-se então o órgão mais representativo do ponto de vista antropológico e teológico. O pregador encarrega-se de transmitir esse conhecimento acerca do coração e também se coloca como médico de suas enfermidades.
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Nel titolo di questo omaggio alla professoressa Ales Bello sono indicati i temi di maggior interesse, che esprimono il messaggio teoretico fondamentale che si ricava dalla lettura delle innumerevoli opere della studiosa, interprete originale e propositiva della fenomenologia husserliana in Italia. I contributi spaziano dalla metafisica, alla filosofia della religione, alla teologia e mistica, dall'antropologia filosofica, all'etica, al diritto, alla psicologia e psicopatologia fenomenologica.
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Este trabalho pôde ser desenvolvido na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a partir de duas experiências clínicas de alunos de psicologia, no hospital. Discutem-se as divergências entre psicanálise e medicina, principalmente no que tange à concepção de sujeito para ambas: no momento em que a medicina biologizante está cada vez mais próxima de um discurso cientificista – até mesmo na mídia –, ela corre o risco de foracluir o sujeito, enquanto que a psicologia no hospital sempre pode reintroduzir a importância da subjetividade, à imagem do que tentou fazer Georges Canguilhem na medicina e do que faz a psicanálise quando insiste na função do sintoma como presentificação do sujeito. A abordagem do diagnóstico e a da direção do tratamento diferentes conforme o discurso da medicina biologizante e o discurso da psicanálise têm, necessariamente, consequências na relação com o paciente. Tais consequências são discutidas especialmente quanto à noção de saber e não saber na clínica.
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Habitar um presente que se faz a cada instante, tangenciar o infinito das origens contemporâneas ao devir, estar à altura de transformar o seu tempo – aqui está a inspiração de Foucault que nos instiga pensar a respeito de trabalho, subjetividade, ética e contemporaneidade. Afinal, como traçar uma política de enfrentamento em um mundo capitalista onde o trabalho se insere em uma lógica de produção de mundos, em que o trabalho, mais do que bens e serviços, produz subjetividades que alimentam o próprio capitalismo? O que nos tornamos nesse processo? Como vem se dando a captura das potencialidades de criação capazes de inventar outros mundos possíveis? Como resistir no presente, pelo trabalho, a tais investidas contra o poder de agir individual e coletivo? Como fazer da própria atividade de trabalho um meio para transformar as instituições que o atravessam? Como criar vias para uma crítica relativa aos modos como o trabalho pode se tornar lastro para fixações identitárias, ligando subjetividade e verdade e, ao mesmo tempo, como pode ele se tornar caminho para as indagações: o que estamos fazemos de nós mesmos?; que trabalho estamos operando sobre nós mesmos? Nesta direção, afirmamos uma linha de pesquisa-intervenção que toma como eixo ético-político a afirmação de uma relação inventiva com o trabalho.
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O presente artigo discorre sobre o posicionamento da bioética em relação a temas que suscitam conflitos éticos, científicos, culturais e jurídicos, enfatizando a temática da eutanásia. Busca-se ainda situar as repercussões dessas questões no âmbito das profissões da saúde, destacando-se a psicologia. Mais do que oferecer informações, procura-se despertar reflexões acerca dos limites da vida e da morte e discutir como as construções sociais atravessam tais concepções. Problematiza-se ainda como as características da contemporaneidade tornam possíveis e ao mesmo tempo mais complexas as discussões em relação aos problemas bioéticos. Apresentamos os atravessamentos da bioética, especificamente da eutanásia, no exercício profissional da psicologia.
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Neste artigo, apresenta-se um ponto de vista histórico-crítico a respeito do processo de produção de discurso sobre as relações entre Saúde Mental e Trabalho no Brasil (SMT) entre as décadas de 1920 e 1990. Foram selecionados para o trabalho de revisão artigos de periódicos correntes e não-correntes, dissertações de mestrado e doutorado, livros e outras publicações, cobrindo o período de 1925 a 1995. Partindo-se do pressuposto da centralidade da categoria trabalho e elegendo-se a relação capital x trabalho como eixo de análise, três matrizes discursivas foram denominadas: Higiene Mental do Trabalho (HMT), Psicologia Industrial e Organizacional (PIO) e Saúde Mental do Trabalhador (SM do T). Pontos de contato e relações de descontinuidade entre as três referências discursivas - o que permaneceu, o que se perdeu ou foi superado e o que se transformou no tempo.
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A partir de reflexões de Walter Benjamin sobre a arte de narrar, o artigo é fruto de uma indagação sobre as narratividades em pesquisas em ciências humanas que lidam com a palavra do outro. Considerando narratividade como um modo de enunciação assentado em uma compreensão política do tempo histórico, as contribuições de Benjamin ao estudo das narratividades são múltiplas. O intuito do artigo é a apresentação de algumas possibilidades de diálogo entre o legado de Benjamin e as narratividades em ciências humanas, principalmente aquelas voltadas à íntima relação entre contar histórias, instituir políticas de narratividade e inquirir o sentido filosófico e histórico da memória e do esquecimento.
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Vivemos em um tempo histórico bastante marcado pela velocidade e pela produtividade. A psicologia como área de conhecimento e intervenção não está fora dessa caracterização. Mas, quando pensamos especificamente nas intervenções da psicologia clínica, será que elas precisam acompanhar a expectativa idealizada que se volta para a obtenção de resultados rápidos? Levar a sério essa pergunta é algo que se impõe quando se parte da perspectiva de que os encontros clínicos são povoados por uma complexa diversidade de movimentos. Tal diversidade coloca terapeuta e paciente em processos de produção de si. Em função disso, buscaremos compreender o quanto a prática clínica tem como condição de possibilidade a experiência de afetos que emergem nos encontros cotidianos e que abalam territórios previamente organizados, convocando o sujeito a problematizar os modos de vida por ele inventados e assumidos.
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O presente trabalho é um desdobramento de pesquisa junto a artistas que escolheram a Avenida Paulista (SP-Brasil) como local possível para exercer sua atividade. Com o objetivo de compreender como eles significam tal atividade, realizou-se pesquisa etnográfica e entrevistas semi-estruturadas com pintores, atores/estátuas-vivas, escultores, músicos e escritores. Como eixos de interpretação, deparamo-nos com transformações do espaço e ressignificações desta rua pelos artistas. Destacam-se ainda: o fazer artístico como forma de geração de renda e trabalho, e possibilidade de fazer criativo que se contraporia a outros trabalhos considerados repetitivos; a percepção que os artistas têm do público que freqüenta a Paulista como possível mercado para sua produções; a rua como lugar polissêmico – local possível de trabalho/local precário de trabalho, vitrine/palco; o olhar de outros sobre si, ora reconhecidos como artistas, ora ameaçados pelo poder público dado o caráter "informal" de parte dessas atividades.
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Tomando por base algumas considerações de Foucault e outros estudiosos do tema, pretende-se, com este artigo, fornecer subsídios para a discussão sempre atual sobre os direitos humanos e suas implicações para a prática profissional do psicólogo. Para tanto, discute-se o conceito de homem como histórica e culturalmente situado – o que inviabiliza concepções naturalizantes quanto a este e seus direitos. Em seguida, apresenta-se o surgimento histórico dos direitos do homem nas sociedades ocidentais a partir do movimento filosófico das Luzes, no século XVIII, e as implicações dessa visão de mundo para a contemporaneidade. Finalmente, abordam-se os desdobramentos técnicos e éticos de tal visão para a Psicologia como profissão.
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Apresentação oral na defesa da tese de doutorado Os desafios da memória em direção as forças de criação, UNIRIO/PPGMS, 2011.
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A capoeira angola foi arma fundamental na libertação dos escravos no Brasil colonial, onde a opressão, instituída e normalizada, manteve-se por quase quatro séculos. Neste estudo, apresentamos a capoeira angola como campo problemático para a psicologia, atravessado por questões que passam pelas investigações sobre o corpo, a liberdade e a autonomia no presente. A mobilização corporal da capoeira, presente nos movimentos de ataque e defesa, despertam em seu praticante o enfrentamento necessário à luta contra os mecanismos de poder na atualidade. Mistura de dança, luta, teatro e brincadeira, seu universo é tão amplo e apaixonante que atualmente a capoeira é reconhecida como bem imaterial brasileiro. Buscamos agora realçar também seu valor como elemento para a “psicologia do corpo” e instrumento de resistência e luta, valorizando seu potencial libertário.
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Trata-se de um ensaio sobre a inserção da psicologia no âmbito da saúde coletiva considerando-se o sentido político e de compromisso social desta inserção, bem como o desafio maior por isso colocado à formação e à profissão: a invenção de parâmetros de atuação profissional para além do modelo clínico de atendimento individual. Uma vez que este tem sido criticado por contrariar os princípios da integralidade e da equidade do serviço público, é avaliada a concepção de “clínica ampliada” como formulada e divulgada pelo SUS como parte de sua política de humanização (HumanizaSus). Ao encontro desta política, se esboça à psicologia um novo lugar entre a atenção clínica e a gestão compartilhada.
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O contexto atual do capitalismo cognitivo nos convoca a problematizar a política de subjetivação dominante sobre o processo de formação e produção do trabalhador imaterial. Para tal, será abordada a formação do estudante de pós-graduação stricto sensu, colocando-se em análise a política de anestesiamento do corpo, evidenciando a desconexão entre o pensar e o corpo vibrátil. Característica da lógica administrativa que atravessa a academia, tal política incita à produção desenfreada, à reprodução de saberes e técnicas, ao pensamento representativo com a utilização de ferramentas hegemônicas do século XIX e, paradoxalmente, exigindo criatividade, inventividade, conectividade e fluidez. A partir da aliança com autores como Foucault, Deleuze, Guattari, Despret, Pelbart, Rolnik, Negri, Hardt, Cocco e Lazzarato, entre outros e através do exercício inquientante, pretende-se produzir pontos de tensão nos interstícios da macro e micropolítica, transversalizando as práticas cotidianas, desburocratizando-as e criando diagramas de forças onde a multiplicidade apareça e reverbere outras possibilidades.
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Entre tantos modos de exclusão e cristalização de formas de estar no mundo, este trabalho fala de jovens que passaram pelo processo de acolhimento institucional em sua adolescência e a forma como cada uma construiu, e continua construindo, suas histórias de modo autônomo e positivo. Utilizando conceitos como linha de vida e cidadania, conduzidos pelos modos-de-fazer de escutas da história de vida, acompanhamos esse percurso. Produzimos, a partir dessas histórias, um olhar para além das identidades forjadas àqueles que foram um dia submetidos à medida de proteção e foi possível perceber que diferentes caminhos são construídos, ainda que se viva sob as mesmas forças instituídas. Ainda que a opção do acolhimento tenha sido a saída possível para algumas jovens em determinado momento de suas vidas, garantirmos a produção de pequenos escapes é garantirmos a produção de uma vida criativa e potente.
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Este artigo foi concebido pelas autoras a partir da suspensão dos efeitos da Resolução n° 09/2010, do Conselho Federal de Psicologia (CFP), que “Regulamenta a atuação do psicólogo no sistema prisional”. Esta suspensão é um acontecimento que denuncia o jogo de forças presente no campo da execução penal, especialmente, no que tange à prática do psicólogo e à realização ou não do exame criminológico. Portanto, nosso objetivo é discutir as condições e circunstâncias em que o exame criminológico emerge e se estabelece em nosso país e também contar um pouco da história das lutas que os psicólogos vêm travando nesse campo desde a promulgação da Lei de Execução Penal (LEP) n°7.210/1984 que institui o exame criminológico.
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