A sua pesquisa
Resultados 3.333 recursos
-
O presente artigo trata de apostar no carnaval como força afirmativa de subjetivação brasileira. Cartografando nossas mazelas históricas e presentes, mas, também e principalmente, nossas experiências estéticas modernas, trata-se, enfim, de localizar essa festa popular como um acontecimento que confronta a diretriz colonial de entristecimento dos trópicos. Para tanto, intercessores como Oswald de Andrade e Caetano Veloso surgem para ajudar a abrir veredas delicadas, inusitadas e singulares diante do grotesco que, de tempos em tempos, grita em nosso país. Sob a ativação dessas experiências estéticas, portanto, ao fim e ao cabo, a intenção maior é de forjar um equipamento ético de desvio da miséria radical em que mais recentemente nos colocamos.
-
O presente artigo analisou o processo de institucionalização da Supervisão Clínico-Institucional (SCI), ressaltando os principais elementos que a tornam um importante dispositivo de formação e qualificação das práticas de saúde mental, a fim de contribuir com o resgate e a construção da memória deste processo no Brasil. Trata-se de um estudo qualitativo sobre dispositivos de formação em saúde e políticas de escrita/narratividade. Realizou-se uma leitura cuidadosa de documentos governamentais e da produção acadêmica relativa ao tema, os quais foram sistematizados tendo em vista o processo histórico de constituição da SCI como dispositivo de formação. A segunda etapa constitui-se na escrita da narrativa de memórias relacionadas aos encontros da pesquisadora com a SCI no Brasil. A terceira etapa consiste na discussão sobre as contribuições da SCI na construção e consolidação da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Conclui-se que a SCI é um dispositivo de formação fundamental na consolidação da RAPS.
-
Desobedecer, no tempo presente, afirma um imperativo ético, uma aposta na vida aliançada com a coragem intrínseca aos riscos das modulações do fascismo contemporâneo. Entre cenas da educação e da saúde, percorreremos a tríade desobediência-coragem-alteridade de maneiras diferentes, implicadas em um certo modo de relação com outros que passa ou não pela produção de práticas de liberdade. Escrita que se realiza entre-duas, no feminino, compondo encontros entre psicologia e educação. A historicização da obediência parece vir acompanhada de um estreitamento de possibilidades e de uma localização específica e assimétrica, se opondo às práticas de liberdade. A tríptica composta por três cenas que abrem este texto, e os três eixos de análise e de intervenção — desobediência, coragem e alteridade — desenha um arco que abriga dispositivos conceituais do filósofo Michel Foucault. Trata-se de uma composição de um quadro geral de análise que aposta na ampliação de estratégias de enfrentamento das práticas sociais.
-
O tema da defesa da vida que se afigura como defensável pelas práticas nos diversos segmentos do cotidiano ganha a tônica de nossas inquietações, especialmente no campo do trabalho. Como cuidar do trabalho é o mote de nossa indagação no presente distópico. É inviável sustentarmos uma gramática colonial, com suas naturalizações de participação, do pressuposto da cisão entre indivíduo/meio, e pensarmos o trabalho sem considerarmos outras cosmopolíticas. Gramática ainda hegemônica e que sustenta lógicas dos processos de trabalho há séculos em nosso país. Fizemos uma opção: olhar a gravidade dos ofícios no presente, criando ferramentas de análise. A ideia de ofício vai ao encontro das cosmopolíticas, pois analisar problemáticas do trabalho contemporâneo implica levar em conta a extrema precarização dos processos de trabalho - da vida. Que vida é defensável? A vida como potência é afirmada quando o trabalho é operador de saúde, do contrário trata-se de necropolítica.
-
A presente carta – endereçada a todos aqueles interessados e defensores do movimento da Luta Antimanicomial – é fruto da experiência de pesquisa de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Institucional/UFES, que buscou conhecer como a cidade de Cariacica-ES acolheu a loucura em seus espaços após a abertura dos portões físicos do antigo Hospital Adauto Botelho. A pesquisa aposta na cidade como via de possibilidade para outras experiências com a loucura que não as de recusa e indiferença. Esta carta convida a experienciar, junto com as histórias narradas e entendendo experiência a partir de Michel Foucault – que explicita que uma experiência é qualquer coisa da qual se sai transformado, no intuito de possibilitar que outras tantas histórias possam ser suscitadas –, histórias de amizade, experimentação, produção de outros possíveis nos espaços da cidade.
-
Na conversa com Heliana, o trato. Eu, que tive um encontro bastante singular com Gregorio, faria algo heterodoxo, seguindo o fluxo do que a própria seção “biografia” da Revista Mnemosine convoca. A seção “biografia”, inangurada junto da revista, em 2004, é bastante plurívoca e chama a atenção por sua riqueza e versatilidade. De fato, não são cultos à personalidade, mas diversas trajetórias cruzadas, devidamente emaranhadas de historietas e afetos. Verdadeiras análises da implicação, se tomarmos isso como exposição do campo de forças. Histórias de família, de compositores, de militantes, de filósofos medievais, da própria saúde publica, de anônimos artistas encerrados em manicômios, de socioanalistas em suas visitas ao Brasil, do nosso careca mais querido, de atores, de loucos, de cantores, de psicanalistas militantes ousadas e incansáveis e outros tantos queridos e queridas argentino(a)s que habitaram esse pais e emprestaram seus nomes para designar um plano dispersivo de forças nesses artigos. Por seu amigo, mestre e analista, Émílio Rodrigué, Gregorio lhe escreveu uma biografia dos encontros e dos afetos, deixando assim a indicação de como gostaria de ser lembrado. Portanto, desviar dos excessivos personalismos reverentes para acessar a parcialidade do narrador e do narrado. Destarte, deixo o vasto conhecimento da vida e obra de Gregorio para suas próprias palavras e de seus comentadores. “Eu quero ser lembrado como uma pessoa esquecida”, dizia ele em vários momentos, aos mais chegados. Acho importante que o leitor, por motivo de seu falecimento, entre em contato com fragmentos de uma vida. Uma vida e não outra, essa que se singulariza, pelas escolhas, pelo cotidiano de uma tarde de café.
-
A partir de imersão investigativa sobre os sentidos de carnaval na cidade, o artigo orienta-se para uma abordagem da polissemia do carnaval, em seu sentido histórico-político e na ressonância das imagens de carnaval em vínculos férteis durante o trabalho de investigação. Olhar para o carnaval é, em certa medida, olhar para a história de nossas cidades e dos esforços oficiais de contenção do que nunca será definitivamente governado. O artigo aborda os signos do carnaval que nos mantém conectados com as vozes e os gestos minoritários que inventam a cidade ao se fazerem presentes nela. A cidade, a escrita e o carnaval são os temas que sustentam o argumento do presente artigo.
-
Diante de um cenário de catástrofes no qual coabitamos com desigualdades sociais crescentes, poluição, envenenamento por agrotóxicos, esgotamento das fontes, diminuição do volume dos lençóis freáticos, desmonte de políticas públicas e acirramento de processos excludentes, nossa proposta metodológica, inspirada na obra de Ailton Krenak - Ideias para adiar o fim do mundo -, consiste em contar histórias, como forma de enfrentar o presente e forjar saídas em companhia dos povos originários. Há perguntas que funcionam como disparadoras do campo problemático de nossa escrita coletiva: De que modos podemos nos engajar em experimentações coletivas que buscam tecer possibilidades de um futuro aberto à alteridade e sua própria tessitura comum? Buscaremos responder aos chamamentos de povos da terra como pistas que orientam nossa escritura/ação/coletiva, atentando-nos para o imperativo de politizar o cuidado em relação às redes de interdependência que nos constituem.
-
O presente artigo propõe uma discussão no âmbito Clínico do Trabalho indicando que o racismo estrutural está presente na história dos ofícios. Apresenta-se passagens de pesquisa realizada com docentes mulheres negras da educação básica estadual, enfatizando as estratégias das Estilizações Marginais, essas um recurso por elas empregado diante do pacto da branquitude. Propõe-se o debate racial no campo do trabalho visando promover uma Clínica do Trabalho Antirracista.
-
O início da criação do método clínico de Piaget é contada a partir de uma narrativa que cobre sua vida desde a infância até outubro de 1920, dividida em três partes. A primeira é o encontro com a filosofia no lago de Annecy, na França; a segunda é o encontro com a lógica e a matemática em Neuchâtel; a terceira é o contato com o modelo francês de psiquiatria e avaliação psicológica em Paris. No primeiro encontro, Piaget insere-se nos posicionamentos filosóficos que desenvolve no segundo encontro, cujas soluções experimentais busca no seu terceiro encontro. Defende-se que o trabalho de normatização e adaptação do teste de Burt para crianças parisienses que Piaget empreendeu a partir de janeiro de 1920 até meados de 1921 teve um papel fundamental para que encontrasse um método de pesquisa apto a permitir a investigação dos problemas de cunho epistemológico com que havia se deparado ainda em Neuchâtel.
-
Este artigo apresenta os principais aspectos da trajetória da Profa. Sílvia Tatiana Maurer Lane, desde a construção de uma Psicologia Social crítica até a formulação de um projeto de compromisso social da Psicologia. A Profa. Sílvia Lane foi pioneira nas formulações teóricas que colocaram a Psicologia Social brasileira em questão, ressaltando a necessidade de se explicitar seu vínculo com interesses dominantes e de se redirecionar sua produção no sentido de contribuir para a transformação social. Nessa trajetória aliou teoria e prática, contribuindo para a revisão de conceitos e métodos e para a organização da área. Trabalhou incansavelmente e em várias frentes para produzir uma Psicologia Social que reconhecesse o caráter histórico dos fenômenos sociais e humanos e a pessoa como sujeito ativo e histórico. Inicialmente o artigo relata sua presença marcante, dentro dessa perspectiva, na história da Psicologia Social brasileira e latino-americana. A seguir, são apontadas as principais características de sua produção teórica na elaboração de uma Psicologia Social sócio-histórica. Por fim, discute-se seu importante papel na afirmação de uma psicologia comprometida com as realidades brasileira e latino-americana; conhecedora dessa realidade, contribuiu para a construção de instrumental teórico-prático para sua transformação na direção de uma sociedade justa e igualitária. Ou seja, uma psicologia com compromisso social.
-
Um importante legado de Donald Pierson às Ciências Humanas e Sociais no Brasil é a sua obra O Homem no Vale do São Francisco. Este artigo ancora-se numa reflexão sobre o autor e seu trabalho, expondo o cenário do homem no seu habitat, que constitui, parafraseando Pierson, palco de uma relação rara e clara. Ressalta, também, as principais contribuições do desenho traçado pela pesquisa realizada, pontuando os procedimentos metodológicos e alguns diálogos entre os pesquisadores e as comunidades.
-
A meta deste trabalho é a utilização de alguns conceitos do antropólogo das ciências Bruno Latour visando pensar de modo positivo o conjunto das psicologias em sua dispersão. Não se buscará o julgamento das psicologias em termos da sua cientificidade, mas o entendimento das condições que conduzem a essa dispersão. Para tal, serão expostos alguns conceitos de Latour como o de Sistema Circulatório da Ciência (especificando as condições ou os circuitos internos e externos que tornam a ciência possível) e o de Constituição Moderna (fundada na tentativa de separação entre entes naturais e humanos). Esses conceitos ajudariam a pensar não apenas a especificidade do saber psicológico, como também as suas condições de possibilidade históricas, e efeitos de subjetivação contemporâneos.
-
Este artigo analisa alguns sermões pregados entre os séculos XVII e XVIII no Brasil, baseados em metáforas alimentares. O uso das metáforas, recorrente nos sermões do período colonial, fundamenta-se em dois alicerces: 1) na teoria aristotélica do conhecimento, em que o sensorial ocupa um papel prioritário, como porta de acesso para a compreensão das idéias mais abstratas e para a mobilização dos afetos e da vontade visando à modificação do comportamento dos ouvintes; 2) na doutrina platônica sobre a importância das imagens para conservar a memória das idéias. A oratória sagrada do período desperta interesse para a história cultural, uma vez que os sermões constituíram-se numa importantíssima fonte de transmissão de doutrinas e de modelagem dos comportamentos numa sociedade em que a oralidade era a principal forma de difusão dos conhecimentos.
-
Este artigo tem por objetivo situar o momento histórico da emergência do campo da Saúde do Trabalhador na Saúde Pública e resgatar experiências que exemplificam diferentes tipos de inserção da Psicologia na saúde do trabalhador. Focaliza a descrição no Estado de São Paulo, que presencia um contexto político e institucional fecundo para o desenvolvimento desse campo a partir de meados dos anos 1980. Recorre-se à apresentação de atividades desenvolvidas pela Psicologia nos serviços de saúde pública que marcam algumas de suas contribuições para a saúde do trabalhador.
-
O artigo ancora-se numa reflexão sobre quatro cursos de Psicologia Social ministrados no Brasil na primeira metade do século XX. O legado documental de seus proponentes traz à cena vestígios das práticas educativas, informando o teor temático e metodológico assim como as influências teóricas. Aberta às contribuições de vários campos de conhecimento, a Psicologia Social é revelada em seu momento de imprecisão, fragilidade e construção como campo científico.
-
O artigo trata do processo de profissionalização da psicologia no Brasil. Utiliza o referencial teórico da sociologia das profissões e faz uma revisão bibliográfica sobre a história da psicologia brasileira. Apresenta uma proposta de periodização para a história desta profissão, dividindo-a em três momentos: pré-profissional (1833-1890), de profissionalização (1890/1906-1975) e profissional (1975 −). No primeiro momento, há uma gama de saberes psi pulverizados. No segundo, a psicologia começa a organizar-se em institutos de pesquisa, faculdades e associações e a regulamentar suas leis. No último, a profissão, já estabelecida e reconhecida oficialmente, passa a sofrer fortes alterações sócioeconômicas e disputas interprofissionais.
Explorar
Autor
Tipo de recurso
- Artigo de periódico (1.590)
- Conferência (1)
- Livro (367)
- Seção de livro (932)
- Tese (443)
Ano de publicação
-
Entre 2000 e 2025
- Entre 2000 e 2009 (982)
- Entre 2010 e 2019 (1.578)
- Entre 2020 e 2025 (773)