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Este artigo busca elucidar como Machado de Assis desenvolveu o tema da memória nos contos “Dona Paula”, “Missa do Galo” e no romance “Dom Casmurro”. No conto “Dona Paula”, podemos encontrar uma complexa relação entre a memória, o inconsciente e o conteúdo emocional da memória. Em “Missa do Galo”, Machado cria um narrador capaz de relatar uma vivência passada, mas que, ainda assim, não toma consciência do sentido não verbal do episódio vivido; todavia, no momento em que o narrador expressa sua experiência, ele anuncia nas entrelinhas e no estilo narrativo esse sentido não verbal. E no romance “Dom Casmurro”, observamos como Machado representou a memória não como coisa fixa, mas como algo que pode se alterar e se reorganizar pela linguagem expressiva e se deformar pela imaginação e por fatores inconscientes.
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O artigo relata a pesquisa sobre a experiência de produção de duas imagens – a bandeira e o altar biográfico – em Morro Vermelho, uma comunidade rural e tradicional brasileira. Foram colhidos depoimentos de sujeitos envolvidos no processo de criação das imagens. Analisou-se fenomenologicamente os dados, com atenção à centralidade da pessoa nos processos sociais e culturais. Utilizou-se os conceitos de hilética, noética, dinamismo psíquico na visão aristolético-tomista e memória coletiva, para compreender os sentidos que emergiram entre pessoa, imagem e cultura. Foi possível identificar uma relação dinâmica entre os dados sensoriais (hyle), como cores e figuras, e a expressão de significados próprios da comunidade. A produção das imagens pelos moradores se torna significativa dentro da comunidade, por se encontrar profundamente enraizada nas suas tradições mantidas pela memória coletiva. A força de significado dessa memória na experiência da pessoa permite que a produção da imagem se torne verdadeiramente produção de cultura.
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Aprofundando a contribuição da fenomenologia hermenêutica de Paul Ricoeur para um enfoque histórico e cultural da psicologia, este texto focaliza o desenvolvimento histórico do pensamento filosófico sobre o Ser, a Consciência e a Subjetividade. Situa a perspectiva do autor no contexto das transformações atuais da filosofia, da fenomenologia e das ciências humanas e sociais. Mostra como este enfoque possibilita não apenas a descrição e interpretação dos sentidos da consciência e das representações históricas, mas também o estudo histórico e cultural dos fundamentos dos processos psicossociais, das transformações pessoais e das transformações de grupos e comunidades. Ressalta a importância do estudo da linguagem e da interpretação, da narração e do universo cultural para que se possa melhor entender o sentido dos documentos e testemunhos levantados pelas pesquisas de campo.
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Este trabalho visa discutir idéias contidas em uma tese de Medicina da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro datada de 1836, na qual os principais conceitos investigados são os de paixões, afetos da alma, gratidão, amizade e amor à pátria. Busca-se investigar as tendências de compreensão das concepções acerca dos temas citados, dando principal relevo às influências sofridas pelos saberes da época, quais sejam, filosóficos, científicos, literários, etc. Como referencial teórico para este artigo, utilizamos os conceitos de “operações dos usuários” de Michel de Certeau e de “bricolagem” de Claude LéviStrauss, que tornam-se, neste ensejo, ferramentas para a compreensão da maneira como se desenvolve a discussão feita pelo autor da tese. É importante lembrar que as obras de Medicina eram um dos principais canais para a difusão de saberes psicológicos no século XIX, fato que fundamentou o interesse na presente investigação.
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Este artigo é um ensaio teórico que analisa a palavra “construtivismo” no contexto da teoria epistemológica de Jean Piaget. Além disto, discute o modo como os educadores do ensino básico compreendem e utilizam este conceito, especialmente a partir da década de 1970. As teorias da linguagem de Mikhail Bakhtin e Walter Benjamin foram utilizadas como referências para a análise do sentido da palavra “construtivismo” no contexto das práticas discursivas dos professores do ensino básico. O uso meramente instrumental da linguagem e a preocupação exclusiva com métodos e técnicas de ensinoaprendizagem, nos cursos de formação de professores, são abordagens consideradas inadequadas para dar conta da complexidade do ato educativo, merecendo uma avaliação crítica dos profissionais da área.
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O tema felicidade é visto sob o prisma de um texto autobiográfico medieval da teologia cristã, utilizando-se do livro A vida Feliz de Santo Agostinho, no qual o autor se empenha na discussão sobre a felicidade com base no conhecimento da verdade na interioridade da alma. Como pensador da memória, Santo Agostinho faz a sua autobiografia, inscrevendo-se, assim, na busca constante do amor de Deus, pois a felicidade é um dom dado por Ele. A vida feliz agostiniana só pode ser alcançada na busca de Deus. É voltando-se a Ele que a pessoa poderá atingir a verdadeira felicidade e a completude do seu ser. Marca, assim, um desenvolvimento pessoal, capaz de olhar profundamente dentro de si mesmo, em uma incursão autobiográfica, registrando na História, o hino de vida e esperança na vida feliz.
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Uma série de trabalhos desenvolvidos em torno do pensamento pragmatista e da abordagem pragmática que se caracterizam por uma abordagem de temas filosóficos e de linguagem não mais pela depuração das essências ou das estruturas universais presentes no sujeito ou no mundo, mas pelo rastro que certas categorias ou enunciados produzem em sua experiência errante. A par de algumas diferenças, seria isto o que une o movimento pragmatista, surgido na virada para o século XX com Charles Peirce, William James e John Dewey (e atualmente com autores como Richard Rorty, Hilary Putnam e Donald Davidson), e a abordagem pragmática na linguagem, inspirada nos trabalhos de Ludwig Wittgenstein e desenvolvida por John Austin, John Searle e outros.
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Este trabalho tem como objetivo principal apresentar uma história da Psicologia Social no Rio de Janeiro no período compreendido entre as décadas de 60 e 90. Iniciamos este trabalho discutindo a crise no campo da Psicologia Social que ocorreu na Europa e nos Estados Unidos a partir de meados dos anos 60. No Brasil, a crise começou a ter desdobramentos apenas na década de 70. Iniciava-se a crítica a Psicologia Social cognitiva norte-americana e a busca de novas teorias, metodologias e interlocutores no campo da Psicologia Social. No Rio de Janeiro, o principal representante desta perspectiva foi Aroldo Rodrigues. Sua principal opositora foi Silvia Lane. Em Minas Gerais, O Setor de Psicologia Social foi outro importante eixo de oposição. Ao longo da tese, buscamos compreender como alguns enunciados presentes nos anos 60 e 70, entre os movimentos de resistência como o CPC da UNE, o Tropicalismo e a Teologia da Libertação, como crítica e alternativa aos ditames positivistas. Era necessária uma Psicologia Social que permitisse pensar a realidade social brasileira. As categorias universalizantes da Psicologia Social norte-americana, que pensavam o homem fora da história e da cultura, passaram a ser objeto de crítica. Como afirmamos, buscamos apresentar uma história da Psicologia Social no Rio de Janeiro no período histórico já definido anteriormente. Para isso, além do levantamento de referências sobre o tema fizemos entrevistas com vários dos personagens que participaram desta mesma história, como professores, pesquisadores e alunos.
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O objetivo deste texto é investigar a concepção e as propostas de atendimento escolar destinado aos deficientes mentais segundo o ideário higienista e eugenista difundido pela Liga Brasileira de Higiene Mental (LBHM). Para tanto, utilizamos como fonte primária de estudo os Arquivos Brasileiros de Higiene Mental (ABHM), periódico publicado entre 1925 e 1947. Verificamos que a LBHM expressa diferentes opiniões quanto à concepção e às medidas de intervenção propostas para os deficientes mentais. De um lado, propõe a higienização da população, a ser alcançada com a formação de hábitos sadios através da educação escolar e especificamente da educação higiênica, com a possível adaptação do deficiente ao meio social. De outro, defende uma posição eugênica radical, que apregoa a purificação da raça, a esterilização e exclusão dos ditos degenerados (leprosos, loucos, idiotas, epilépticos, cancerosos, nefrolíticos, tuberculosos, prostitutas, vagabundos e deficientes mentais).
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Trata-se de levantamento de artigos publicados em Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT), de 2001 a 2005, nas revistas brasileiras: Estudos de Psicologia, Psicologia e Sociedade, Psicologia em Estudo, Psicologia: Reflexão e Crítica, Psicologia: Teoria e Pesquisa, Psicologia USP, e Psicologia: Organizações e Trabalho. A análise considerou número de artigos, temas, metodologia, referências, formação profissional e área de atuação dos autores. De 1105 textos publicados, 178 (16%) foram em POT. Os artigos foram classificados em nove categorias temáticas. Do total de artigos analisados, 30% eram teóricos e 70% empíricos. A maioria dos autores é de psicólogos e está vinculada às universidades. Dentre os principais resultados, destacam-se a diversidade temática e metodológica da produção científica em POT, bem como a preocupação em contemplar as mudanças sociais, econômicas, políticas e tecnológicas. A produção de conhecimento está voltada tanto para subsidiar intervenções como para impulsionar o desenvolvimento teórico da área.
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A presente pesquisa investiga a produção de subjetividade em seminários católicos. Por meio de diversos teóricos, girando em torno do eixo conceitual da Análise Institucional (em sua vertente socioanalítica e, principalmente, esquizoanalítica), pesquisou-se um importante seminário católico diocesano na região Sudeste, um dos primeiros fundados no Brasil. Um seminário é a instituição de internato em que muitos homens vivem, estudam e trabalham, durante oito anos em média, para se tornarem padres. Nossa pesquisa de campo utilizou-se da observação participante, oriunda da antropologia e sociologia, em diversas visitas ao estabelecimento, durante as quais fomos autorizados a participar de todas as atividades dos 110 seminaristas internos. Em seguida, alguns seminaristas, de todas as etapas da formação, e todos os 5 padres formadores foram entrevistados. Recorremos a entrevistas abertas de história de vida, segundo os procedimentos da História Oral italiana. Guiados pela distinção da filosofia de Spinoza de três gêneros de conhecimento, buscamos dramatizar a formação clerical em três níveis de compreensão: os Signos ou afectos, as Noções ou conceitos, as Essências ou perceptos. Por meio dessa trajetória, constatamos o predomínio da dimensão do instituído e de uma modelização homogeneizadora de tipo romana, resultando em que os clérigos ali formados se fechem em uma identidade sacerdotal claramente identificável e encapsulada na obediência aos centros de poder eclesiais: a Cúria romana, a Mitra diocesana e a Paróquia. Busca-se, na formação, reproduzir a subjetividade serializada segundo um Modelo sacerdotal institucionalizado, no qual as dimensões litúrgica e disciplinar são ressaltadas, em detrimento das dimensões místico-políticas sendo a perseguição à Teologia da Libertação um importante analisador dessa característica. A constante vigilância da pureza doutrinal, litúrgica, organizacional e teológica indicou-nos a pressão em reprimir a dimensão místico-profética, que range, querendo se expressar. Em vista disso, bem como de inúmeros outros analisadores, conceitos e personagens produzidos ao longo da pesquisa, pudemos constatar que o desejo clerical, modulado na formação seminarística, oscila entre dois pólos: um pólo sacerdotal-romano-paranóico e um pólo profético-libertador-esquizo. No primeiro, há redução à identidade hegemônica nascida nos centros de poder eclesiais, fechando-se à diferença, na busca de um projeto de imortalidade frente às intempéries da vida e transformações da História, produzindo práticas hierárquicas a partir de um pensamento de caráter transcendente, representativo. No segundo pólo, há busca de singularização, nascida do seguimento a Jesus, o conseqüente compromisso com os menores e excluídos dentro e fora da Igreja e o processo inerente a esta produção de sentido, criando-se, em conseqüência, uma radical imanentização da vida cristã e de seus pólos e transcendências: material/espiritual, fé/vida, Igreja/Mundo, mística/política. O seminário pesquisado, indicador das transformações micropolíticas da Igreja contemporânea, produz hegemonicamente um desejo sacerdotal-romano-paranóico, forjando funcionários do poder da Igreja, burocratas do aparelho de Estado romano, aplicadores de suas rubricas litúrgicas e normas doutrinais e morais, e não profetas do Reino de Deus, máquinas de guerra libertadoras quanto a tudo o que oprime a potência da vida e suas inauditas expressões singulares.
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Neste artigo propusemos a reflexão sobre a multiplicidade de significações que o processo de guardar lembranças e contar a História adquirem no devir do tempo. A partir da análise das repercussões que emanaram de uma exposição de fotos dos acervos pessoais de servidores de uma instituição do Poder Judiciário, em que a memória coletiva foi evocada a partir da individual, abordamos a passagem do tempo operando na constituição e no cuidado de si, baseados nos conceitos propostos por Michel Foucault. Procuramos ressaltar também, dentro do âmbito pessoal e institucional, o quanto o olhar para o passado influencia a construção do futuro, podendo tanto trazer a criação do novo quanto sucumbir à naturalização de verdades que fazem repetir o mesmo.
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Neste trabalho, são revisitados dois artigos de Michel Pêcheux (1938-1983), um dos principais formuladores da análise do discurso (AD): Reflexões sobre a situação teórica das ciências sociais (1966); Conjuntura teórica da psicologia social (1970). Mostra-se que, na formulação da AD, o vínculo com a disciplina psicológica foi importante, embora negativo. Além disso, o artigo de 1970 pode ser visto como uma verdadeira análise do discurso da psicologia social em evidência na época. Diferentes teorias da psicologia social são apresentadas e, por meio de uma leitura/escuta social, são apontadas suas características biologistas, culturalistas ou sociologistas. Mostra-se que cada teoria, para dar conta do que lhe falta, lança mão de ideologias, ora políticas, morais e religiosas, ora provenientes das ciências biológicas. Argumenta-se, no final do artigo, que esse dispositivo de análise utilizado guarda estreita afinidade com a análise do discurso atual.
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Os sete sermões de Antonio Vieira (1608-1697) sobre o tempo litúrgico do Advento explicitam a articulação, através da ars retorica, entre os aspectos da visão de mundo jesuítica inerentes ao período do Advento (período em que se abordam questões como a finalidade da vida terrena, a ação humana e seu valor histórico, a natureza humana e seu destino transcendente) e os movimentos que se esperava obter do universo anímico dos ouvintes através do uso da palavra. Vieira compõe a dinâmica dos afetos de modo a relacioná-los com o entendimento. O homem envolvido em uma dinâmica afetiva pode ter em seu interior a fonte de todos os enganos, mas também da salvação. São as relações travadas entre conhecimento e afetos que definem o modo pelo qual o ser humano perceberá o mundo e conceberá a si mesmo, e como tal atuará na realidade.
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Tipo de recurso
- Artigo de periódico (1.725)
- Conferência (1)
- Livro (442)
- Seção de livro (1.044)
- Tese (620)
Ano de publicação
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Entre 2000 e 2025
- Entre 2000 e 2009 (1.162)
- Entre 2010 e 2019 (1.751)
- Entre 2020 e 2025 (919)