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Este artigo traz discussões e fragmentos de uma trajetória de pesquisa-intervenção em Educação, utilizando o recurso de uma personagem, cujo nome é Celina, como dispositivo metodológico. Buscou-se acompanhar os processos em curso, relacionados à implementação da Comissão de Saúde do Trabalhador da Educação (Cosate) nas escolas públicas municipais na cidade de Serra, no Espírito Santo, de modo que ela funcione como um disparador de discussões em torno da forma como a educação se organiza e se atualiza. O estudo destaca a potência das redes para a contração de grupalidade no enfrentamento de políticas despotencializadoras dos coletivos de trabalho na educação. As Cosates, como espaços dialógicos de análise coletiva das práticas educacionais nas escolas, possibilitaram trocas e formação de redes afetivas de trabalho e saúde. O artigo apresenta, ao final, a potencialidade de coletivos de trabalho como modo de fazer frente à massificação e individualização que segmentariza e despotencializa no contemporâneo.
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Este artigo contextualiza a participação da psicóloga e educadora russo-brasileira Helena Antipoff no Movimento da Educação através da Arte no Brasil, que se configurou pela apropriação das ideias do inglês Herbert Read, influenciadas pelos princípios da Escola Nova e das vertentes artísticas modernistas que circularam internacionalmente desde fins do século XIX. Os resultados da análise de conteúdo em fontes primárias indicaram que a proposta de educação artística de Antipoff fundamentava-se na psicologia, no interesse dos alunos e na valorização do trabalho manual. Destaca-se o protagonismo de Antipoff em integrar a arte na educação com objetivo de conciliar o desenvolvimento psíquico, social e cultural dos alunos, com o apoio de uma rede de colaboradores, entre eles o artista Augusto Rodrigues, criador da Escolinha de Arte do Brasil (1948). Conclui-se que a concepção de Antipoff relaciona-se com a teoria histórico-cultural de Vigotski, que propunha ser tarefa básica da educação estética aproximar arte e vida.
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Neste estudo objetivamos compreender as origens dos Institutos Disciplinares, estabelecimentos criados no início do período republicano, que atendiam adolescentes ditos “delinquentes”. Para isso, analisamos documentos históricos e as obras Classificação dos criminosos: introdução ao estudo do direito penal (1925) e Os menores delinquentes e o seu tratamento no Estado de São Paulo (1909), ambas de autoria de Candido Naziazeno Nogueira da Motta (1870-1942), jurista que apresentou o projeto de criação do primeiro Instituto Disciplinar do estado de São Paulo. Concluímos que a Escola Positiva de Direito Penal, exerceu grande influência na criação de Institutos Disciplinares no Brasil e que a predileção histórica do Estado brasileiro, em geral, pelo isolamento social ou aprisionamento como solução para o problema da delinquência juvenil demonstra que o ideário da higiene social ainda permanece na execução das políticas públicas voltadas aos jovens que atualmente denominamos em conflito com a lei.
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Este artigo apresenta a emergência e a história dos estudos de gênero na psicologia a partir da consideração sobre a relevância de usar a noção de” gênero” como categoria de análise histórica para pensar o campo disciplinar da psicologia. Isto nos possibilita compreender os efeitos teóricos, metodológicos e epistemológicos na produção de conhecimento. A partir de uma pesquisa bibliográfica realizada na base de dados SciELO, foram analisados 153 artigos de três periódicos da psicologia. Estes, com seus 402 autores(as) e 191 instituições, foram agrupados em 15 categorias temáticas. Uma análise quali-quantitaviva encontrou resultados que apontam para desigualdades de gênero na autoria dos artigos e uma presença marcante das universidades públicas entre as instituições que mais publicam na área. A psicologia, quando debate gênero, o faz por meio de discussões temáticas de campos de conhecimento tradicionais - como saúde, educação e trabalho, típicos da segunda onda do feminismo. As questões identitárias e sobre sexualidades se destacam em produções mais recentes. Da articulação entre gênero e psicologia com foco nas discussões teórico-epistemológicas, constatamos que, embora haja publicações que apontem críticas à psicologia questionando o uso descritivo de gênero, bem como à objetividade do conhecimento e à universalidade do sujeito, ainda se verificam dificuldades em sair do lugar androcêntrico, etnocêntrico e cisheteronormativo que caracteriza a produção psicológica. O estudo aponta a necessidade de maior sensibilização e ampliação de espaços de discussão entre gênero e psicologia para que se possa resistir às invisibilidades ainda tão persistentes nesse campo disciplinar de conhecimento.
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O presente estudo objetiva compreender a ideia de formação que perpassa as primeiras propostas curriculares para o ensino da Psicologia no Brasil. Para o alcance deste objetivo foi utilizada abordagem descritiva e analítica da história da Psicologia científica, a partir do estudo de duas fontes principais, sendo elas o currículo de 1932 proposto por Waclaw Radecki e o currículo mínimo de 1962 reconhecido pelo Estado brasileiro, além de fontes complementares que versam sobre o tema. Foram identificadas duas categorias que circularam as proposições curriculares do ensino em Psicologia no Brasil, a saber: formação do psicólogo generalista e do especialista, sendo prevalente esta última. Concluímos que as propostas formativas que visaram alcançar o perfil do graduado em Psicologia no Brasil, sobretudo em sua gênese, revelam muito mais uma reação às questões político-sociais e culturais da época do que a construção de um sentido próprio para a formação do psicólogo brasileiro.
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Neste artigo, apresenta-se um breve enquadramento histórico das abordagens científicas, médicas e psicológicas sobre as transexualidades, tecendo um conjunto de considerações sobre a forma como tal enquadramento foi fundacional da noção de patologia associada às pessoas trans e como tem sido responsável pela manutenção da patologização destes indivíduos no imaginário coletivo. Para atingir tal objetivo, é desenhado um mapa cronológico dos acontecimentos que têm vindo a marcar, ao longo da história, o estudo e a intervenção com as pessoas trans a partir do modelo biomédico, referenciando algumas das personalidades que, no contexto ocidental, tiveram responsabilidade nesta visão biomédica das pessoas trans. No final deste trabalho, apresenta-se a discussão em torno da (des)patologização das transexualidades a partir do surgimento do paradigma centrado nos direitos humanos das pessoas trans e em propostas de autodeterminação dos seus corpos e identidades.
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Esta pesquisa objetivou descrever e analisar publicações veiculadas nos Arquivos Brasileiros de Psicotécnica, vinculadas à Psicologia Aplicada ao Trabalho, entre 1949 e 1968. Metodologicamente, é uma investigação em História Social da Psicologia que se apropria de estratégias de sociobibliometria e História Digital da Psicologia. Os resultados encontrados sugerem que a Psicologia esteve presente com estudos e intervenções à serviço das diretrizes desenvolvimentistas estabelecidas pelo Estado, e também contemplou o indivíduo e sua relação com o meio como eixo de estudos que repercutissem na vida do trabalhador, a partir da interação sujeito-trabalho. Assim, historicizar a Psicologia Aplicada ao Trabalho permitiu tatear contribuições de diferentes propostas teórico-metodológicas que viabilizaram novas perspectivas e repercutiram no desenvolvimento da própria Psicologia brasileira, em especial à voltada para o trabalho e as organizações, e que repercutiram na constituição da Psicologia enquanto profissão.
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As pesquisas em imagem corporal creditam ao neurologista Paul Schilder (1886-1940) a definição do termo em 1935. A análise da composição do conceito pode contribuir para o entendimento de sua disseminação em uma comunidade de linguagem. Através de uma análise conceitual em fontes primárias buscou-se identificar a circulação do conceito na literatura de psicologia no início do século XX. Foram revisados artigos publicados em periódicos científicos de Psicologia e livros de Psicologia entre 1900 e 1935. Foram acessadas fontes nos idiomas espanhol, francês, inglês e português. Apenas dois artigos apresentaram referência explícita ao termo imagem corporal, enquanto os outros artigos tangenciaram ideias relativas à imagem do corpo. Já os textos dos livros de psicologia não apresentaram referências explícitas ao conceito, mas descreveram teorias alinhadas às pesquisas em percepção corporal pela literatura de processos psicológicos básicos. A compreensão geral de imagem corporal herdada pela literatura em psicologia foi antecedida por definições associadas ao esquema corporal, como a percepção de movimento e a propriocepção.
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Entre psicólogos, filósofos e historiadores não há consenso sobre o início da psicologia como ciência. Muitas vezes, parece haver nesses debates uma confusão entre o nome "psicologia" e a coisa por ele designada. Neste caso, a questão central é saber se a existência da coisa depende ou não do nome. Nosso objetivo é mostrar a insuficiência do nome "psicologia" para designar a coisa. Mais especificamente, defendemos a existência da coisa muito antes do surgimento do nome. Inicialmente, analisamos as investigações sobre a psykhé na tradição grega. Em seguida, abordamos a constituição de uma ciência da alma entre a Idade Média Tardia e o início do período moderno. Acompanhamos também o surgimento do nome "psicologia" e as distintas coisas por ele nomeadas até o estabelecimento do projeto de uma ciência psicológica em Christian Wolff e suas consequências. Finalmente, discutimos as implicações de nossa investigação para o debate sobre as origens da psicologia como ciência.
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A História da Psicologia é considerada um campo de pesquisas, discussões, ensino e formação profissional, que tem se propagado e circulado, no Brasil e em outros países, a partir de várias manifestações culturais acadêmicas. Este artigo descreve e analisa produções brasileiras em História da Psicologia, segundo uma análise bibliométrica de artigos publicados de 1996 a 2019. Obtivemos 112 textos em que os dados foram categorizados em três grandes grupos: perfil dos autores; características da produção; e aspectos dos estudos. Os resultados indicam preponderância de autor principal feminino e, independentemente do gênero, há prevalência de doutores como primeiro autor, com predominante filiação institucional do Sudeste. As produções versam, principalmente, sobre temas como Educação, História dos Saberes Psicológicos e Política. Por fim, os resultados sugerem um uso pouco uniforme do termo “história da psicologia”, que vem ligado tanto a trabalhos propriamente historiográficos quanto a estudos que fazem “históricos” ou “introdução/conceitualização” de temáticas, bem como a ocorrência de títulos, resumos e palavras-chave pouco precisos.
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O objetivo deste artigo será mostrar como o tema da espiritualidade/religiosidade é abordado pelo psiquiatra italiano Eugenio Borgna no horizonte da antropologia fenomenológica. Os conhecimentos filosóficos, teológicos e literários são recursos aos quais ele recorre para meditar sobre as questões de sentido que atravessam a experiência humana, como são aquelas da dimensão interior da dor, da fragilidade, das emoções e do respeito à dignidade da pessoa. As edições dos seus livros aparecem acompanhadas por dois índices, um de nomes e outro bibliográfico, com as referências. Utilizamos tais índices para nos orientar no reconhecimento das fontes que mais aproximam Borgna das questões últimas da existência. Em seguida identificamos quatro categorias com as quais foi possível revelar a compreensão da espiritualidade/religiosidade em Borgna, a saber: o sentido do humano, da transcendência, do sofrimento e da interioridade. Nota-se, por fim, que o acesso a esse tipo de produção fenomenológica, no âmbito da saúde, pode reforçar a consciência sobre a necessidade de preparar os profissionais para uma escuta mais atenta a respeito das exigências espirituais e da vontade de sentido dos pacientes.
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Unidade (pluralidade) versus desunidade (pluralismo) tem sido debate conceitual frequente em torno da existência de uma ou de várias psicologias. Na literatura, os debates se intensificaram com a série Psychology: A Study of a Science, editados por Sigmund Koch, entre 1959 e 1963. No final dos seis volumes publicados, Koch concluiu que a psicologia não é uma ciência coerente, e sim uma coleção de estudos, variando entre maior ou menor rigor científico. Desde então, o tema tem sido frequente nos poucos periódicos abertos à psicologia teórica, trazendo proposições de teorias unificadoras, defesa de unificação por áreas, ou alegações de que a grandeza da disciplina está na diversidade. O presente artigo argumenta que a premente necessidade não é de teorias que sugiram modos de unidade, mas de critérios que apontem para possibilidades de se mover com proveito entre teorias, atento às surpreendentes relações implícitas entre elas.
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Circunscrevemos e examinamos, neste trabalho de cunho teórico, linhas de estudo, redes conceituais e discussões em torno da percepção que se destaquem no âmbito do que denominamos de teorias praxiológicas da intencionalidade perceptiva. Orientamo-nos, em termos teórico-metodológicos, pela tradição fenomenológica. Partimos do pressuposto, presente nas abordagens fenomenológicas da percepção, da concentricidade entre a experiência perceptiva do espaço, do corpo próprio e de outrem. Combinados a estes três eixos concêntricos, elencamos, para a discussão, os problemas da atenção perceptual e da percepção amodal, do esquema e da imagem corporal, e da atenção conjunta e dos neurônios espelho. São reforçados, na análise, os vínculos entre percepção e ação, o que nos aproxima de uma concepção corpórea e situada da subjetividade.
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The Educational Counselor is one of the professionals in the school management team. His role is to be the relationship mediator in every situation in school (student-student, student-teachers, teachers-families, and school-families). This research aimed at discussing the Educational Counselor as one of the facilitating agents for the articulation of inclusive actions in a school environment through an interdisciplinary perspective. To achieve this target a qualitative study was chosen. Nine Educational Counselor have been interviewed, and the generated data were evaluated through content analysis. The results have shown that although the research participants have difficulty conceptualizing school inclusion, they understand the idea of school inclusion as necessary to develop the subjects’ potential. They also have shown that there is no effective inclusion of students with disabilities, and they have pointed out that, although the institution can offer the necessary resources for inclusive practice, and even continuing education, there is still a long way to go before school inclusion happens. Regarding health issues, the Educational Counselor’ statements have shown a belief in the importance of training in a school environment, but they often seem to forget that the school is a space for education and not for health. We have been taught that professionals who are willing to work with inclusion need continued training to improve their practices, which, despite being recent, are significant and produce paradigm shifts about what they have believed to be inclusive practice.
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O objetivo do artigo é comparar duas narrativas acerca de um evento histórico à luz da história dos saberes psicológicos: o movimento de Canudos liderado por Antônio Conselheiro. As narrativas comparadas são: a interpretação dada por Euclides da Cunha acerca das características psicológicas dos participantes desse movimento, em Os Sertões; e os relatos acerca das experiências subjetivas vivenciadas em narrativas orais de sobreviventes de Canudos, colhidas por Odorico Tavares. As duas fontes, produzidas em diferentes gêneros literários (literatura e memória oral) focam as vivências dos participantes de Canudos, divergindo na forma como foram colhidas: a primeira por um observador externo e escritor interprete da visão cultural da intelectualidade brasileira da época; a segunda, expressão narrativa dos atores do movimento entrevistados. Os lugares-comuns evidenciados em ambas as narrativas foram analisados à luz dos respectivos universos histórico-culturais. As divergências emergentes são relacionadas a teorias e saberes psicológicos inerentes a esses universos.
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A partir da perspectiva psicossocial da memória social, o estudo teve como objetivo analisar as memórias étnicas e comunitárias entre mulheres quilombolas, líderes de uma comunidade localizada na região do Sapê do Norte – ES. Utilizando um roteiro semiestruturado, foram entrevistadas seis mulheres, com idades entre 32 e 65 anos. As narrativas foram sistematizadas por meio da análise de conteúdo, a partir de três unidades temáticas: memórias e vivência das mulheres, aspectos do cotidiano e identidade. Os resultados indicaram que as atividades religiosas, culturais, de trabalho, lazer e as formas de cuidado com a saúde possuem relação com a ancestralidade e com o território. A partir da memória oral e da memória prática, as memórias pessoais se confundem com a história do grupo, mesmo que as pessoas não tenham vivido determinados fatos históricos e sociais diretamente, configurando importante campo de significação que orienta os processos de identificação social na comunidade.
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Este trabalho é fruto de uma investigação histórica sobre as condições da emergência do grupo do Setor de Psicologia Social da Universidade Federal de Minas Gerais, bem como o desenvolvimento de suas atividades. Tomamos como abordagem metodológica a análise documental, além de entrevistas, com foco no período 1964-1994, estando este marcado por uma grande repressão política que, todavia, não silenciou um debate crítico, o que levou o Setor a ter uma grande contribuição para a institucionalização e fortalecimento da Psicologia Social no Brasil. O intuito é examinar a proposição do Setor a partir das disciplinas ofertadas e entender a diversidade de seus temas, o intercâmbio de pesquisadores e alunos com outras universidades, além da internacionalização desse projeto, incluindo grupos franceses, enfatizando a sua contribuição para a disseminação e consolidação da Psicossociologia.
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Tipo de recurso
Ano de publicação
- Entre 1900 e 1999 (118)
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Entre 2000 e 2025
(1.725)
- Entre 2000 e 2009 (509)
- Entre 2010 e 2019 (830)
- Entre 2020 e 2025 (386)