A sua pesquisa
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O presente artigo visa analisar criticamente ecos do encontro de Sigmund Freud com o antropólogo alemão Franz Boas na Clark University em 1909, cujos termos presentes em suas conferências são de relevância para o esclarecimento de trocas epistêmicas e metodológicas da psicanálise com as teorias sociais, em especial, a antropologia social. Busca-se demonstrar como o projeto de Totem e Tabu ressoa à convocatória de Boas realizada na conferência Problemas psicológicos na antropologia. Mas a desconsideração freudiana às críticas ao evolucionismo feitas pelo antropólogo, por sua vez, produziu importantes ruídos ao diálogo entre as disciplinas. Explicitamos como a obra de Boas, em sua leitura específica do totemismo e da noção de inconsciente, precursora da linguística estrutural, foi um elo essencial para a aproximação dos saberes psicanalíticos e antropológicos no escopo do plano lógico de formalização resgatado na interlocução entre Lévi-Strauss e Lacan a partir da década de 1950.
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Um reconhecido biólogo britânico, premiadíssimo por suas contribuições no estudo da vida marinha, imediatamente após se aposentar na Universidade de Oxford, no Reino Unido, aos 73 anos, passa a se dedicar integralmente ao estudo da vitalidade do fenômeno religioso, fundando uma Unidade de Pesquisa em Experiência Religiosa (RERU). Trata-se de Alister Hardy (1896-1985), cujas história, principais obras e concepções, influências recebidas e contribuições decorrentes para a Psicologia da Religião são focos deste artigo, de cunho teórico e historiográfico, escrito por ocasião dos 50 anos de fundação da referida unidade. Atualmente, situada em Lampeter, País de Gales, acolhida pela University of Wales Trinity University, desde 2000, recebe o nome de Alister Hardy Religious Experience Research Centre (RERC).
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A Seção de Hipnose Forense do Instituto de Criminalística teve como fundador o perito criminal Rui Fernando Cruz Sampaio. Oficializada em 1998, contribuiu para a solução de mais de 800 casos. A hipnose é uma técnica utilizada por profissionais da saúde, na qual o sujeito é induzido a um estado de alteração de consciência; está regulamentada por meio de resoluções de diferentes conselhos profissionais. A aplicação é comum no campo de saúde, mas há também derivações na esfera criminal. A hipnose forense foi utilizada como recurso auxiliar em fase de inquirição pré-processual. Buscamos, mediante análise documental junto à instituição, o resultado do trabalho realizado pela Seção de Hipnose, apresentando alguns casos, o fluxo contido nos pedidos de aplicação da técnica e a estruturação do trabalho técnico final.
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Este artigo tem como objetivo explorar os efeitos da autocrítica realizada por Michel Foucault frente à noção de transgressão em seu curso A Sociedade Punitiva (1972-1973) e seu deslocamento analítico e estratégico para a noção de dissidência. Nota-se que esta passagem se articula à emergência de uma concepção particular da “guerra civil” como campo de inteligibilidade das lutas em torno do poder. Realizada no ano seguinte, em O Poder Psiquiátrico (1973-1974), sua leitura política do “fenômeno histérico” do século XIX enquanto luta antipsiquiátrica servirá de exemplo privilegiado no sentido de adensar a dimensão conceitual que pode ser extraída da utilização contextualizada do termo “dissidência”. Entende-se que o esforço, próprio ao presente trabalho, para se pensar um conceito de dissidência a partir de Foucault pode estabelecer algumas pistas importantes para a reflexão sobre a singularidade teórica e política da genealogia foucaultiana.
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Trabalho parcial de conclusão de Estágio de Pós-doutoramento no Programa de Pós-Graduação em Teoria Psicanalítica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob a supervisão do Professor Joel Birman. Linha de pesquisa: Fundamentos históricos e teóricos da Psicanálise.
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Partindo de uma intuição da vida como multiplicidade de forças imanentes, traça-se uma leitura literal do Tempo e da História como produção do intempestivo, a novidade, que emerge contemporaneamente como guerrilha dos modos de vida minoritários. Cartografam-se algumas linhas psicossociais desse pensamento emergente, chamado super-humano, concebido a partir do pensamento filosófico e indígena.
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Tradução de DELEUZE, G. Recapitulación del curso. 3 de junio de 1986. Em: La subjetivación. Curso sobre Foucault, tomo III, 2ª edición. Buenos Aires: Cactus, 2020. Tradutores: Gabriel Lacerda de Resende e Danichi Hausen Mizoguchi.
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Este artigo tem como objetivo chamar a atenção para a efemeridade do conceito de “Biopolítica” nos escritos de Foucault. Valendo-nos do procedimento detetivesco da historiadora Mary Henle, investigamos a emergência, a ascensão, as transformações, o declínio e o desaparecimento deste conceito, principalmente nos cursos Em Defesa da Sociedade (1975-76), Segurança, Território, População (1977-78) e Nascimento da Biopolítica (1978-79). Constatamos que, apesar de sua grande repercussão atual, tal conceito tem vida curta, tendo sua primeira aparição em 1974, sua primeira formulação mais elaborada em 1976 e seu desaparecimento parcial a partir de 1978 e quase total a partir de 1979. Entretanto, longe de desprezar tal conceito por sua curta duração cronológica, o comparamos com o personagem brasileiro Heleno de Freitas - apelidado Gilda - que deixou uma marca intensa na história, apesar de sua breve vida. A partir dessa comparação, concluímos tecendo considerações acerca do estatuto dos conceitos foucaultianos, atentando, principalmente, para seu caráter trágico, estratégico e bélico.
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Este artigo analisa como os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) desenvolvem suas atividades educativas e quais experiências estimulam processos de questionamento e aprimoramento destas atividades. Promove-se uma discussão sobre onde eles buscam referências para realizarem estas atividades; em que medida os serviços de saúde favorecem este processo e como aprendem, apreendem e aprimoram seu trabalho. Estas reflexões tomaram por base a análise de entrevistas dialogadas realizadas com nove ACS atuantes no estado do Rio de Janeiro há mais de dois anos. Observou-se como estes trabalhadores, mesmo sem as condições adequadas de trabalho, produzem sentidos para os eventos de seu dia a dia, se reinventando. Entretanto, identificou-se a importância de um espaço de formação para eles. Tal espaço pode ser enriquecedor e promover a construção de práticas educativas potentes para a transformação, não de hábitos, mas de sujeitos - trabalhadores e usuários - na luta por condições de saúde e vida melhores.
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Vinte anos após a chamada lei antimanicomial, torna-se importante revolver as proveniências da luta antipsiquiatria e a situação atual do controle da loucura como doença mental redimensionada em saúde para se perguntar sobre os efeitos da reforma.
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No presente artigo pretendemos apresentar as críticas de Michel Foucault aos modos de articulação entre psiquiatria e poder a partir das análises que se estendem do período de 1973 até 1976, incluindo, principalmente, a obra História da sexualidade: a vontade de saber (1976) e os cursos O poder psiquiátrico (1973-74), Os anormais (1974-75) e Em defesa da sociedade (1975-76). Pesquisando sobre o modo pelo qual a psiquiatria do século XIX e do início do século XX relacionou instinto e hereditariedade a partir da teoria da degenerescência, Foucault pôde conceber essa forma de saber como uma tecnologia biopolítica inserida nas relações de poder próprias do racismo de Estado.
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O objetivo deste texto é apresentar uma sucinta reflexão sobre três acontecimentos identificados como formas históricas de exclusão da loucura (o desterro, o internamento e a objetivação da loucura como doença mental) em diálogo com as discussões apresentadas na aula inaugural proferida por Michel Foucault no Collège de France em 1970, convertida no livro A ordem do discurso ([1970] 2014). Nesse sentido, associaremos as formas históricas de exclusão aos sistemas externos de restrição do discurso elencados no livro-aula: a interdição, a oposição entre razão e loucura e a vontade de verdade. Examinaremos a maneira como estes sistemas criaram condições de possibilidade para as exclusões históricas e manutenção do sofrimento mental no lugar de objeto do discurso psiquiátrico.
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Este artigo se propõe a estudar como os modos de vida da população em situação de rua têm sido abordados no âmbito das produções acadêmicas. Neste trabalho, focalizamos o mapeamento da produção de dissertações e teses defendidas no Brasil no período de 2010 a 2016, destacando a produção acadêmica realizada no Estado do Espírito Santo. A metodologia utilizada para produzir os dados foi o Estado do Conhecimento, usando como procedimento a pesquisa bibliográfica. A partir do material levantado, efetuamos uma análise do modo como a população de rua configura campos problemáticos nessas produções. O resultado apontou a reduzida produção de conhecimento acadêmico acerca dos modos de vida deste grupo populacional, o que tem interferido negativamente na elaboração de políticas públicas e na formação de profissionais que atuam com este segmento populacional. Espera-se fornecer subsídios para ampliação da produção de conhecimentos e das redes de garantia de direitos no Espírito Santo.
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O nascimento e o desenvolvimento da Psicologia Brasileira estão diretamente correlacionados com a época da Ditadura Civil-Militar Brasileira. Nesse sentido, este artigo, estruturado sob o formato de um ensaio teórico-crítico, objetiva analisar como os elementos próprios da Ditadura Civil-Militar Brasileira refletiram e influenciaram na construção da Psicologia, de suas instituições representativas e de suas práticas profissionais e políticas na realidade do Brasil, partindo de uma breve retomada histórica dos componentes que propiciaram a instauração do regime e das diferentes formas como o poder foi exercido pelas Forças Armadas e pelas elites econômicas da época, ressaltando também as características confluentes de todos os campos de análise apresentados. Para tanto, o texto se estrutura em três eixos centrais: (1) Histórico da Ditadura Civil-Militar Brasileira e alguns de seus Reflexos na Construção da Psicologia no Brasil; (2) Influências da Estrutura Ditatorial no Modus Operandi da Psicologia Brasileira; e (3) Arremates: Libertar as Práticas para Libertar os Sujeitos.
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Ao tratar da biopolítica em Hannah Arendt tem-se por objetivo demonstrar que a autora, mesmo sem ter usado o sintagma em questão, o mobilizou em suas considerações teóricas, sobretudo no que concerne a uma administração da vida ou, dito de outra maneira, na perspectiva de uma forma de governo que determinava quem podia viver e quem deveria morrer. Em nosso entendimento, isso foi flagrantemente observável no totalitarismo, sobretudo nos campos de concentração. Desse modo, mostraremos que a noção de política em Arendt visa a liberdade. Esta noção se encontra em oposição à vida reduzida a mera administração. Elegemos como metodologia a exegese textual já consagrada nos estudos em filosofia.
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O artigo retrata a história inédita do Boletim da Clínica Psiquiátrica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo , publicado entre 1962 e 1971. Trata-se da primeira publicação científica da Clínica Psiquiátrica, substituída pela Revista de Psiquiatria Clínica , existente até os dias de hoje. O Boletim é uma valiosa fonte de pesquisa histórica, que retrata uma década da psiquiatria brasileira. Seu conteúdo é composto por trabalhos variados: testes de medicação, discussões teóricas, notícias da época e questões institucionais da formação da psiquiatria e de áreas correlatas como a psicologia e a psicanálise. A chegada das medicações, a busca pela padronização dos diagnósticos e textos ensaísticos são parte desse conteúdo.
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Esse artigo analisa a proposta de psicologia articulada à educação da obra Psychologie Pédagogique. L’enfant. L’adolescent. Le jeune homme (1916/1938a), à luz de um Aviso publicado na Revista do Ensino, em 1930, que indicava esse livro como leitura para professores no contexto de reforma educacional em Minas Gerais. O artigo investiga essas duas fontes, utilizando como referencial a definição de campo cultural da ciência de Feldhay, o conceito de acomodação proposto por Massimi e elaborações de Chartier sobre táticas de leitores, práticas de leitura e escolhas editoriais. O texto é organizado em três tópicos: recomendação de leituras para formação de professores; o valor e o limite do método científico na educação; psicologia pedagógica e funcionamento das funções superiores complexas. A pesquisa evidencia que a leitura de Psychologie Pédagogique foi recomendada por realizar uma acomodação entre a doutrina católica e os saberes pedagógicos modernos, bem como por apresentar uma Psicologia científica capaz de considerar a dimensão espiritual e sobrenatural do ser humano.
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Este estudo analisa as lutas que os professores de uma escola pública têm colocado em curso no trabalho para o enfrentamento das formas de violência. A pesquisa foi realizada com duas professoras e um professor de Educação Física, com os trabalhadores do corpo técnico-administrativo, pedagógico e com o vigilante da escola. O estudo teve duração de 16 meses de intenso trabalho de campo. Produziu dados por meio de conversas informais, registros de reuniões pedagógicas, momentos de planejamento, observação de aulas de EF, entrevistas e registros no diário de campo. Opera com o conceito de atividade de Schwartz (2004), o qual a concebe como esfera das microgestões inteligentes da situação, dimensão das astúcias e da produção de “histórias” que imprimem suas marcas no trabalho. O estudo torna evidente que as “violências na escola” também podem ser produzidas “na” própria escola, sendo os docentes convocados a gerir os riscos produzidos.
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Tipo de recurso
Ano de publicação
- Entre 1900 e 1999 (118)
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Entre 2000 e 2025
(1.725)
- Entre 2000 e 2009 (509)
- Entre 2010 e 2019 (830)
- Entre 2020 e 2025 (386)