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O artigo celebra o aniversário da Lei 180 italiana que conferiu, em 1978, legitimidade às iniciativas de constituição de serviços substitutivos aos hospitais psiquiátricos. São discutidos inicialmente o conteúdo e o contexto de aprovação da lei para, em seguida, localizar sua importância para a reforma psiquiátrica brasileira. A Lei 180 tornou-se um símbolo e um instrumento da luta antimanicomial, tendo influenciado fortemente a constituição de normativas no Brasil, como a Lei Federal n. 10 216 de 2001. O texto oportuniza, assim, a reflexão sobre a história brasileira e o processo de institucionalização de direitos sociais e políticos através da consolidação de políticas públicas de saúde mental e de legislações em contextos democráticos.
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O artigo traz contribuições da História Oral para a entrevista psicológica, esta última como espaço privilegiado para o retorno da narrativa no contemporâneo. Iniciando com as histórias contadas em um ambulatório público de psicologia, propondo outra escuta e outro olhar para as falas, silêncios e gestos que se colocaram em cena, apresenta as contribuições de Walter Benjamin sobre a narrativa. Destaca, a seguir, as contribuições da História Oral, em especial, as de Alessandro Portelli, cujas proposições para o encontro entre entrevistador e entrevistado em uma procura histórica se aproximam do que acontece em uma entrevista psicológica. Elas permitem afastar, sem medo, as preocupações com uma impossível neutralidade, com análises e interpretações teóricas e deixam os ouvidos livres para aquilo que lhes é dito, as histórias narradas por pessoas de “carne e osso” e escutadas por psicólogos também “encarnados”, que compartilham do mesmo mundo enquanto contexto de significações sempre em jogo.
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O presente trabalho buscou analisar as concepções de corpo vigentes em nove sermões do pregador português Antônio Vieira, do século XVII. Foi utilizado o método histórico, que se fundamenta na leitura e análise de fontes secundárias (textos da tradição clássica, medieval e renascentista sobre o tema) e de fontes primárias (os próprios sermões). Foram encontradas quatro significações para o termo corpo, que se mostram intrinsecamente relacionadas: físico, animado, sacramentado, místico. Vieira possui uma visão de corpo onde são integradas as dimensões pessoais e sociais, sendo possível falar da pessoa por meio do corpo, sem excluir os demais aspectos da experiência humana.
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O objeto de investigação da tese de doutorado foi a revista Rádice, produzida por psicólogos, estudantes de psicologia, artistas e jornalistas durante a segunda metade da década de 1970, no Rio de Janeiro.O trabalho partiu da vontade de saber como a revista foi possível e como foi, para o grupo de colaboradores, produzi-la. A idéia que sustenta este trabalho é a de que existem movimentos instituintes[1] no campo da psicologia, e que a Rádice é um deles. Meu objetivo foi apresentar a trajetória desta revista-acontecimento irradiadora de idéias, pensamentos e discussões que marcaram determinado momento histórico da psicologia no Rio de Janeiro e, por que não dizer, no Brasil.Esta pesquisa foi fruto de vários e significativos encontros que tenho feito desde a graduação até os dias de hoje – encontros que promoveram incômodos em relação a um certo sentido para a psicologia ou, pelo menos, permitiram desencontrar o sentido dominante que lhe é atribuído. Durante o período de elaboração da tese estive vinculada ao Clio-Psyché, Programa de Estudos e Pesquisas em História da Psicologia, onde se encontram pesquisadores de graduação e de pós-graduação, orientados por “Dona Clio” e “Dona Psyché”[2], e preocupados com os “fazeres e dizeres” da psicologia no Brasil. No encontro da psicologia com a história, esta tornou-se ferramenta de análise sobre a constituição do “universo psi” no Brasil.
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Tomando como analisador a freqüente divulgação de estórias e “causos” sobre assombrações, passados oralmente, entre os funcionários das Termas do Barreiro de Araxá-MG, este artigo busca indagar quais acontecimentos produziram essa cultura dentro do ambiente de trabalho e procura descrever que efeitos exercem na dinâmica das relações de poder na empresa. Pretende-se pensar como uma tradição cultural – contar “causos” – pode emergir como um dispositivo para reversão do poder. Observa-se que o medo suscitado através dos “causos” contados enfraquece o poder dominante e incita a resistência – em relação à mudança de visão do negócio não aceita pelos trabalhadores. Por meio das considerações de Delumeau sobre o medo como emoção primordial e de Costa sobre seus efeitos no corpo físico, aventa-se ainda a hipótese de que o medo pode, igualmente, produzir o adoecer dos trabalhadores.
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Este artigo é resultado de um diálogo com a tese de doutorado de Alessandra Daflon dos Santos, intitulada "Rádice: muito prazer! Crônicas do passado e do futuro da psicologia no Brasil". Este tese foi orientada pela Prof. Drª Ana Maria Jacó-Vilela e defendida em maio de 2008, na UERJ. Faço um breve percurso de minha experiência com a revista Rádice, da qual participei como membro da sucursal de Porto Alegre. Desenvolvo algumas articulações históricas e políticas da Rádice na história da psicologia no Brasil, enfatizando sobretudo o tema das utopias.
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Este trabalho visa discutir o tema da escravidão negra tal como o padre Antônio Vieira o tratava. Jesuíta português, Vieira veio para o Brasil ainda na infância e deixou registradas várias obras, dentre elas os seus Sermões, conhecidos como parte mais importante de sua produção. Neles, Vieira tratou de temas os mais diversos, não deixando escapar o da escravidão negra na colônia. O que se procura demarcar no presente texto é a forma pela qual o missionário, diplomata, político, escritor, editor tenta delimitar o problema. Por vezes polêmico em relação ao tema, outras vezes utilizando-se de um discurso mais brando, certo é que o inaciano propunha, acima de tudo, uma igualdade entre os homens, proposição pouco comum à sua época, já que o regime escravista era hegemônico, principalmente na colônia. A partir dos referenciais teóricos de Gilbert Durand e Michel de Certeau, principalmente, e utilizando-nos de uma análise do discurso do que foi produzido por Vieira, o texto procura apresentar os vieses criados por este para tratar do assunto, articulando-o a uma noção de igualdade entre os homens da terra. Para consumar tal ideal de igualdade, o religioso mantém suas teorias sobre as coisas do céu, mas sem perder de vista o que ocorre na terra.
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Neste texto, o autor modifica o tradicional esquema de avaliação da reforma psiquiátrica: o foco da atenção não é tanto o mérito da desinstitucionalização, mas o demérito da institucionalização. A desinstitucionalização é colocada como advinda da indignação suscitada a partir do reconhecimento da injusta opressão do paciente psiquiátrico e da mistificação do conceito de cura. Na experiência basagliana, este sentimento ético advém do empenho, da prática coerente, e se traduz em um concreto processo de mudança. Em outros contextos, muitas vezes a indignação é superficial, manipulada pela mídia, como estéril sentimento de falsa consciência. Examina-se a atualidade das práticas psiquiátricas à luz destes diferentes modos de entendimento da indignação.
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Resumo: Nos últimos trinta anos, pesquisas internacionais têm se dirigido para o desenvolvimento e uso de instrumentos para avaliar o ambiente de aprendizagem da sala de aula a partir da perspectiva do aluno. Segundo Dorman (2002), a maioria das pesquisas tem sido conduzida nos Estados Unidos e na Austrália. Para Fraser (2002), as modalidades de pesquisa mais comuns são: associações entre os resultados dos alunos e o ambiente; avaliação de inovações educacionais; diferenças entre as percepções dos alunos e do professor de uma mesma sala de aula; determinantes do ambiente da sala de aula; uso de métodos de pesquisa qualitativos; e estudos transculturais. Essa revisão da literatura demonstra a riqueza de um campo de pesquisa que continua em evolução.
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Esta tese versa sobre a história da implantação de uma reforma de ensino implementada durante dois governos petistas no município de Chapecó, Santa Catarina. No desenvolvimento do texto busco, a partir das falas coletadas em entrevistas realizadas com professoras, analisar os efeitos produzidos no cotidiano docente a partir da referida reforma. Inicio o trabalho apresentando diversos momentos da história política e educacional brasileiros nos quais diferentes reformas de ensino foram realizadas, apontando as inter-relações existentes entre as políticas governamentais e as políticas de educação. Em seguida, apresento o cenário específico Chapecó no qual ocorreu a reforma estudada. Neste ponto procuro apresentar a constituição política do município e discutir a novidade que um governo, considerado progressista, pode trazer para o campo da educação. Ao final analiso as entrevistas apontando e discutindo os efeitos que a reforma do ensino provocou, a partir das considerações feitas pelas professoras. Partindo de uma perspectiva transdisciplinar busco, auxiliada por referências das ciências humanas e sociais (política, história, sociologia, economia, psicologia) e da filosofia da diferença, compor um dispositivo metodológico que abarque a complexidade da temática proposta. Concluo o trabalho considerando que os efeitos produzidos pela citada reforma de ensino foram variados e só devem ser considerados em sua provisoriedade.
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Esta Coletânea, editada originalmente em 1996, resultou das atividades do Grupo de Trabalho em História da Psicologia, instituído por ocasião do VI Simpósio de Pesquisa e Intercâmbio Científico da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia, realizado em Teresópolis, Rio de Janeiro, em maio de 1966. A publicação reúne os trabalhos dos primeiros participantes do Grupo, pesquisadores e professores em diversas universidades brasileiras na área da História da Psicologia, e a contribuição do Professor Josef Brožek, da Universidade de Lehigh, EUA, convidado especial dessa primeira reunião. [Trecho retirado da apresentação do livro]
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A presente coletânea constitui-se numa memória escrita de parte do Projeto Político-pedagógico da Rede Municipal de Educação de Guarulhos (2001-2007/2008). Em especial, no que diz respeito ao processo de inserção dos Projetos de Artes e Línguas nos diversos e diferentes contextos formativos dos educandos-educadores das escolas públicas da cidade. A intenção dos organizadores foi apresentar uma sistematização da produção coletivo-formativa vivenciada na interação educando-educador-artes-línguas. Assim, desejamos redimensionar o nosso fazer cotidiano (práxis), imprimindo a esse trabalho uma dimensão estética, lírica, poética, política e, portanto, transformadora. Como uma proposta em movimento, esta produção apresenta as tensões, contradições, desafios e possibilidades de seu tempo. É um convite e uma evidência de que é possível uma educação pública que olhe a criança, o jovem e o adulto da classe popular como sujeito de direitos, dentre os quais o direito de aprender a ler e (re)escrever o mundo: o seu mundo e o mundos do(s) outro(s). Como parte de uma Política Pública, de um Projeto de Educação em disputa, porém em conformação, os Projetos de Artes e Línguas vêm no sentido de expressarmos, na escola pública, uma possibilidade de efetivação da aprendizagem/produção de conhecimento à luz de uma educação humanizadora, prazerosa, lúdica e interativa. Queremos dizer da importância da arte de ensinar/aprender, para a arte de (con)viver.
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