A sua pesquisa
Resultados 28 recursos
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O presente memorandum traz anotações documentadas sobre questões concernentes à pertinência da língua franca (inglês) na formação e publicação em pesquisa, definidas respectivamente como internacionalidade e visibilidade. Reviso marcos históricos como: (1) criação da Revista Psicologia: Reflexão e Crítica, (2) fundação de pós-graduação stricto sensu (UFRGS), (3) proposição do Brazilian Psychological Abstract, base para o Index Psi Periódicos; (4) Fóruns de Internacionalização da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia; e (5) projeto do International Journal of Psychological Reviews. Os documentos consultados indicam que a internacionalidade como formação em pesquisa é hoje fato assimilado e aceito pelos programas de pós-graduação, assim como o interesse pela visibilidade das publicações. Reconhece-se que a prática da língua franca acarreta dificuldades operacionais e financeiras. Trazer a língua franca para o cotidiano dos programas mostra-se iniciativa oportuna e promissora. Contudo, o incremento da internacionalidade e da visibilidade dependem de políticas científicas adequadas, consistentes e continuadas.
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O artigo analisa a natureza cognitiva e fenomenológica da consciência, iniciando pelas condições fenomenais e concluindo pelas atividades proposicionais cognitivas. Seu objetivo é apontar limites e potenciais do método fenomenológico. Assim, examinam-se os conceitos de fluxo de vivência, modelo intencional de fluxo, e veracidade da autoevidência para especificar o problema do método. Argumenta-se que a atividade reflexiva é limitada, não sendo capaz de abarcar o conjunto flutuante de significados e vivências em suas margens no fluxo. Lida-se com os limites atentando-se para os dois movimentos reflexivos: 1) o progressivo que conduz à descrição pontual e exaustiva dos elementos estáticos e noemáticos da experiência; e 2) o regressivo que explora as origens, expectativas, potencialidades e falhas da atividade intencional. Conclui-se que o método fenomenológico, apesar dos limites, é recurso valioso para orientar o pesquisador em como pensar (condição noética, genética, egoica, regressiva) o próprio pensamento (condição noemática, estática, conteudística, progressiva).
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O estudo examina as relações entre fenomenologia e psicologia experimental no início do século XX para definir origem, especificidade e abrangência do termo fenomenologia experimental. Inicia com a indicação de que o termo está associado a Carl Stumpf em Berlim. A seguir, acompanha as relações conturbadas entre Husserl e o Departamento de Psicologia da Universidade de Göttingen. Na sequencia constata a influência frutuosa da fenomenologia na psicologia experimental da Universidade de Würzburge na psicologia gestaltálticade Max Wertheimer. A fenomenologia experimental continuou pelos meados do século XX com repercussões na psicologia ecológica de James Gibson. Embora Husserl tenha se distanciado da psicologia experimental, a fenomenologia experimental prosseguiu sem seu aval, subsidiando na atualidade as ciências cognitivas e as neurociências.
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O artigo explora a relação entre Fenomenologia e Ciências Cognitivas a partir da literatura internacional denominada naturalização da fenomenologia. São discutidas as tendências de pesquisa na área. O estudo contrasta a pesquisa com métodos introspectivos da metodologia básica em Ciências Cognitivas e Fenomenologia Experimental. Nas tendências de naturalização da Fenomenologia, destaca-se a Fenomenologia front-loaded, caracterizada como um tipo de fenomenologia experimental, que utiliza a fenomenologia filosófica para informar e redefinir desenhos experimentais na pesquisa com processos psicológicos básicos. A prerrogativa do modelo front-loaded é o fomento de variações experienciais em seres humanos, por meio de ilusões perceptivas e desempenho cognitivo, sob condições de controle experimental. Ao final, são discutidos os limites da relação entre Fenomenologia e Ciências Cognitivas, apontando a distinção necessária entre Fenomenologia como ciência de fundação e Fenomenologia como pré-ciência experimental aberta ao diálogo interdisciplinar.
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This article presents a brief overview of the history of psychology in Brazil. It highlights how the Brazilian Association of Research and Postgraduate Studies in Psychology (ANPEPP - Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia) has fulfilled its mission of fostering discussion on scientific policy and stimulating interchange among researchers. First, it provides a retrospect of ANPEPP meetings, considering both: 1) the thematic working groups, which have served to bring together researchers, and to inspire the emergence of thematic associations and journals; 2) the discussion forums, which have contributed in the critical review of scientific policy, and the mission of postgraduate studies. Second, it focuses on the history of psychology in Brazil, from colonial times to the recent national commitment to postgraduate studies. The paper argues that the plans and strategies led by national funding agencies have been successful and that their results are evidenced by the role played by Brazil in the international arena, both in scientific production and the training of its researchers. By sustaining current policies, it seems certain that, even with the oscillations in the national economy, postgraduate education will grow steadily in its advance of the psychological sciences; and will be working towards a better quality of life, social justice and ecological sustainability.
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“Psicoterapias, para além da técnica”. Este poderia ser outro título para a proposta deste livro. Isto porque a intenção deste projeto, que ora apresenta-se ao leitor, é exatamente debater questões que ficam aquém e além da técnica psicoterápica. Não se trata de simplesmente questionar o instrumental do psicoterapeuta ou de apontar como se deve trabalhar com esta ou aquela patologia, ou nesta ou naquela abordagem. Mas de questionar o lugar e o próprio fazer do psicoterapeuta. Este livro foi pensado e é dirigido a todos aqueles que se interessam, verdadeiramente, pelo campo das psicoterapias; e não faz diferenciação entre os iniciantes e os iniciados, entre os experientes e os curiosos,entre profissionais desta ou daquela área, por entender que nenhuma práxis subsiste sem um questionamento sobre suas bases, direções, entendimentos e relações.Artigos Neste Volume:- Ensaio sobre a cegueira de Édipo: sobre psicoterapia, política e conhecimentoMaurício da S. Neubern- Sentidos subjetivos, linguagem e sujeito: implicações epistemológicas de uma perspectiva pós-racionalista em psicoterapiaFernando Luis González Rey- Reflexões sobre o campo das psicoterapias: do esquecimento aos desafios contemporâneosAdriano Furtado Holanda- Desnaturalizando o fim social da psicologia clínicaMarcelo M. Nicaretta- Psicoterapia e pesquisa: desafios para os próximos 10 anos no BrasilMaria Adélia Minghelli Pieta, Thiago Gomes de Castro e William Barbosa Gomes- Psicoterapia: o percurso histórico nos desafios por uma formação sem regulamentaçãoBárbara de Souza Conte- Psicoterapias: valoração e avaliaçãoFrancisco Martins e Valeska Zanello- Psicoterapia e clínica ampliada: diferenciando horizontes interventivosAdelma Pimentel
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Trata-se de uma análise fenomenológica da conversa interna em duas condições: (a) desempenho de tarefa em voz alta contextualizada por parâmetros psicométricos, (b) experiência consciente da vida cotidiana. Participaram do estudo 23 estudantes universitários, com idade variando entre 17 e 28 anos. Três instrumentos foram utilizados: Teste Matrizes Progressivas de Raven, Questionário de Ruminação e Reflexividade, Entrevista Fenomenológica. Na análise destacou-se: a tríade estrutural de uma voz (eu) que fala a uma terceira parte (você) sobre um objeto (mim) conforme o modelo Peirce-Mead de Nobert Wiley, a intencionalidade bidimensional entre a tarefa e o self, as interferências da ruminação no desempenho do teste de Raven. As entrevistas fenomenológicas descreveram quando, para que, e como ocorre a conversa interna, e quando é inoportuna (pensamento circular) e oportuna (pensamento produtivo). A análise diferenciou a função de dados de terceira e de primeira pessoa na elucidação de um fenômeno cognitivo.
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The science and practice of psychology has evolved around the world on different trajectories and timelines, yet with a convergence on the recognition of the need for a human science that can confront the challenges facing the world today. Few would argue that the standard narrative of the history of psychology has emphasized European and American traditions over others, but in today's global culture, there is a greater need in psychology for international understanding. This volume describes the historical development of psychology in countries throughout the world. Contributors provide narratives that examine the political and socioeconomic forces that have shaped their nations' psychologies. Each unique story adds another element to our understanding of the history of psychology. The chapters in this volume remind us that there are unique contexts and circumstances that influence the ways in which the science and practice of psychology are assimilated into our daily lives. Making these contexts and circumstances explicit through historical research and writing provides some promise of greater international insight, as well as a better understanding of the human condition.
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O presente artigo analisa as polaridades que dificultam o diálogo entre os psicólogos e o estudo da Psicologia e argumenta que as tensões decorrentes estão mais associadas às ações utilizadas para lidar com o problema do que às questões teóricas propriamente. Essas tensões procedem de relações complexas que não podem ser reduzidas aos respectivos polos e que devem ser examinadas em diferentes níveis de análise. O argumento é ilustrado com relação ao individual e ao coletivo no contexto da Psicologia organizacional. Conclui-se que o encaminhamento dos dilemas e das tensões no campo com repercussões importantes na formação e na prática profissional requer superação dos nossos aprisionamentos teórico-metodológicos, convivência com a pluralidade teórico-metodológica e integração crítica e construtiva das muitas perspectivas que elucidam a natureza e a manifestação de um fenômeno.
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Ensaio historiográfico sobre sumários e prefácios de manuais introdutórios à psicologia publicados entre 1890 e 1999, destacando: 1) primeiros grandes manuais (1890-1949); 2) textos influentes na afirmação da psicologia como ciência e profissão no Brasil, (1950-1974); 3) tradição dos textos norte-americanos ao longo do século XX; e 4) características inovadoras apresentadas no último quartil do século XX. Concluiu-se que: 1) os sumários mantêm-se coerentes com os mesmos tópicos temáticos 2) os prefácios escritos entre 1890 e 1974 mostraram-se preocupados com os desafios da integração do grande campo psicológico, insistindo que teorias e sistemas eram perspectivas e contribuições, devendo ser evitados como modos reducionistas e radicais de introdução a um ponto de vista apenas; 3) os prefácios escritos entre 1975 e 1999, apresentam a psicologia como campo de múltiplas perspectivas, estando nesta condição sua peculiaridade e contribuição, e esperam dos profissionais a capacidade de lidar com a diferença e a diversidade.
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Nos últimos vinte anos vem ocorrendo um aumento expressivo da aplicação do método fenomenológico à pesquisa empírica em psicologia. O presente estudo é uma apreciação descritiva e crítica de como o método fenomenológico foi utilizado em 34 artigos nacionais (de 1996 a 2007) e 21 artigos do periódico norte-americano Journal of Phenomenological Psychology (de 2000 a 2008). A análise concentrou-se na descrição operacional dos passos técnicos do método das pesquisas, com atenção à redução fenomenológica, considerada elemento lógico central dessa orientação investigativa. Os resultados da revisão apontaram pluralidade lógica e técnica na aplicação da redução fenomenológica entre os artigos publicados no Brasil, e homogeneidade aplicativa entre as pesquisas do periódico internacional. Tal recurso foi geralmente descrito como meio técnico de tematização de relatos e definição de essencialidades em uma compreensão hermenêutica do relato de experiências. A discussão se encaminhou para a heterogeneidade e as possíveis convergências associadas a essa prática.
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Husserl definiu cinestesia como a experiência vivida e autoconsciente do movimento e do gesto, associada à uni- dade corporal, ao desenvolvimento do esquema do ego estendido, e à percepção de espaço. O estudo contrasta dificulda- des históricas e colaborações recentes entre fenomenologia e pesquisa experimental. A análise sustenta-se na revisão de estudos clássicos sobre cinestesia e percepção, e em pesquisas neurocognitivas recentes, destacando as implicações para a compreensão da intencionalidade. O conceito de cinestesia refere-se a duas questões fenomenológicas: como sei que eu sou eu, e quem sou eu. O senso de si e da ação presente passam pela integração da consciência reflexiva no desempenho motor e perceptivo, conforme confirmam experimentos fenomenológicos e neurocognitivos sobre situações de ambiguidade pro- prioceptiva. Tais estudos estão abrindo novas possibilidades para reabilitação de desordens proprioceptivas – como no caso de amputação, comorbidades de auto-imagem e mesmo esquizofrenia – e para colaborações profícuas entre fenomenologia e neurociências cognitivas.
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- Artigo de periódico (19)
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