A sua pesquisa
Resultados 105 recursos
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A exposição descreve e analisa as diferenças conceituais referentes à capacidade humana de conhecer e à necessidade de se validar aquilo que se conhece. A primeira condição é designada de gnosiologia, a segunda, de epistemologia. A literatura, por uma confusão entre as diferentes línguas, vem utilizando o termo epistemologia nos dois sentidos, com ênfase na segunda condição. As duas definições de epistemologia são contextualizadas no grande campo da filosofia em conjunto com ontologia (natureza fundamental ou realidade do ser), lógica (regras para se pensar corretamente) e axiologia (ética enquanto valores humanos, e estética enquanto valores éticos e estéticos). A demarcação desses quatro campos da filosofia é então tomada como parâmetro para análise de teorias psicológicas. A análise é ilustrada com a teoria psicológica de Maine de Biran, por oferecer estrutura de fácil entendimento e, ao contrário do que ocorreu na primeira metade do século XIX, não desperta grandes paixões.
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A verificação de resultados de tratamentos psicoterapêuticos tem se mostrado tarefa tão desafiadora quanto a explicação de como tais resultados ocorrem, quando constatados. Sabe-se que o principal fator para a efetividade é a qualidade da relação entre terapeuta e paciente. Descrever essa relação como um ato comunicativo é uma alternativa para abordar o fenômeno tanto em suas manifestações comportamentais quanto reflexivas. Nesse sentido, este trabalho apresenta uma revisão sobre a relação terapêutica em suas propriedades dialógicas e semióticas. Conclui-se que a psicoterapia pode ser compreendida como um processo no qual o diálogo (inter e intrapessoal) se articula diretamente com os resultados dos tratamentos, a partir da modificação de significados de narrativas e de histórias de vida. Na primeira parte, realiza-se uma exposição crítica do modelo dialógico do self. Na segunda parte, analisa-se a relação entre dialogicidade e psicoterapia em dois contextos: o modelo da autoconfrontação e a crítica dialógico-semiótica das terapias tradicionais. Por fim, apresenta-se uma proposta dialógico-semiótica de psicoterapia centrada na comunicação, a qual resgata as qualidades dialógicas, narrativas e semióticas do self como fatores decisivos para a efetividade da relação terapêutica.
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O objetivo deste estudo foi descrever a história da avaliação de resultados em psicoterapia, destacando as contribuições e limitações das áreas de efetividade e eficácia. A partir das pesquisas apresentadas, focou-se na importância da relação terapêutica como principal fator para os resultados e na influência de características de personalidade de pacientes e de terapeutas para os resultados. Duas alternativas de pesquisa em personalidade no contexto psicoterápico foram abordadas: a abordagem eclética, através dos estilos cognitivos, e a associação entre traços de personalidade e resultados percebidos. Os dados em ambas as perspectivas indicaram as dificuldades de pesquisar influências da personalidade nos resultados e configuraram a necessidade de pesquisas com metodologias alternativas às experimentais para o tema. As pesquisas descritas reforçam o argumento de que a personalidade é um fator importante para a relação terapêutica sendo, portanto, um componente do processo de cura e melhora psicológica nos tratamentos.
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A recordação de eventos pessoais marcantes é acompanhada de julgamentos relativos ao evento recuperado (reflexivos) e ao ato de lembrar em si (heurísticos). O presente estudo teve por objetivo explorar relações e distinções entre esses tipos de julgamentos na atribuição de importância pessoal a eventos autobiográficos. Para tanto, solicitou-se a 208 estudantes universitários (170 mulheres) que recordassem um evento marcante de vida e respondessem a um Questionário de Memória Autobiográfica, composto de 16 escalas. Em uma análise de componentes principais, o primeiro agrupou 10 variáveis referentes a qualidades fenomenais e a modalidades de imaginação. Um segundo componente agrupou seis variáveis referentes a julgamentos reflexivos. A importância atribuída ao evento encontrou-se mais relacionada a julgamentos reflexivos por meio dos quais o indivíduo atribui características ao evento de forma retroativa do que a qualidades fenomenais da experiência imediata de lembrar.
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Investigações sobre diferenças de sexo na atribuição de qualidades fenomenais à recordação de eventos pessoais têm apresentado resultados controversos. Enquanto alguns estudos enfatizam que mulheres experimentam maior intensidade emocional e ensaiam memórias mais freqüentemente (reminiscência), outros não encontraram diferenças significativas. Este estudo investigou efeitos de sexo sobre a intensidade emocional de memórias autobiográficas, tanto como qualidade fenomenal da experiência presente de recordação, quanto como propriedade atribuída retrospectivamente ao evento original. Participaram do estudo 66 estudantes de graduação, pareados por sexo e idade, que responderam a 16 itens do Questionário de Memória Autobiográfica (QMA) para diversos tipos de eventos autobiográficos. Mulheres tiveram escores mais altos em todas exceto uma escala (evento incomum). Imaginação visual e ensaio manifesto foram as únicas variáveis cujas diferenças foram estatisticamente significativas (p < 0,05). Os resultados concordam com a literatura que tem encontrado diferenças de sexo pequenas, não-significativas, na atribuição que qualidades fenomenais a memórias autobiográficas. Defende-se uma abordagem que integre evidências de qualidades fenomenais e reminiscência.
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Trata-se de levantamento de artigos publicados em Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT), de 2001 a 2005, nas revistas brasileiras: Estudos de Psicologia, Psicologia e Sociedade, Psicologia em Estudo, Psicologia: Reflexão e Crítica, Psicologia: Teoria e Pesquisa, Psicologia USP, e Psicologia: Organizações e Trabalho. A análise considerou número de artigos, temas, metodologia, referências, formação profissional e área de atuação dos autores. De 1105 textos publicados, 178 (16%) foram em POT. Os artigos foram classificados em nove categorias temáticas. Do total de artigos analisados, 30% eram teóricos e 70% empíricos. A maioria dos autores é de psicólogos e está vinculada às universidades. Dentre os principais resultados, destacam-se a diversidade temática e metodológica da produção científica em POT, bem como a preocupação em contemplar as mudanças sociais, econômicas, políticas e tecnológicas. A produção de conhecimento está voltada tanto para subsidiar intervenções como para impulsionar o desenvolvimento teórico da área.
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O presente artigo é uma análise histórica e teórica do projeto de naturalização da fenomenologia. Inicialmente, são retomados conceitos definidores da fenomenologia continental husserliana, como intencionalidade e redução, para demarcar o trajeto da filosofia fenomenológica à investigação empírica. A seguir, são contrastados dois movimentos em prol da naturalização da fenomenologia: a heterofenomenologia e a mente incorporada. A terceira e última parte confronta a neurofenomenologia, recente frente do projeto de naturalização, com críticas correntes acerca do rompimento com o estatuto da fenomenologia husserliana. Os autores concluem que a neurofenomenologia, mesmo se distanciando em alguns aspectos da fenomenologia filosófica, apresenta-se como um instigante campo de exploração e de diálogo entre auto-relatos (dados de primeira pessoa) e observação (dados de terceira pessoa) nas pesquisas em neurocognição.
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Investigações recentes sobre memória humana têm retomado a relevância dos dados fenomenais da experiência consciente de recordar. Essa tendência tem encontrado aceitação sobretudo no estudo da memória autobiográfica. Neste trabalho são revisadas soluções metodológicas adotadas no estudo de correlatos neurais desses processos. São apresentados dois modelos explicativos dos fenômenos da memória autobiográfica: o modelo de monitoramento de fonte e o modelo de processos componentes. No monitoramento de fonte, qualidades do estado de recordação determinam os julgamentos concernentes ao evento e à lembrança. Em contraste, o modelo de processos componentes não requer uma ordem serial para esse processamento, a percepção das qualidades e os julgamentos podendo ocorrer paralelamente. Argumenta-se que os dois modelos convergem por enfatizar os processos conscientes característicos da recordação. No contexto desses estudos constitui-se uma fenomenologia experimental, definida como o estudo empírico e sistemático de dados da experiência fenomenal, tomados como correlatos de processos cognitivos subjacentes.
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O presente estudo é uma breve incursão sobre o conceito e a função da memória em diferentes etapas da história das idéias psicológicas. O interesse histórico concentra-se no debate conceitual de memória como experiência de recordar para memória como desempenho de aprendizagem. A ênfase do argumento está no retorno à memória como experiência de recordar em estudos contemporâneos de memória autobiográfica. Memória autobiográfica é então definida como a recordação consciente de uma experiência pessoalmente vivida ou testemunhada, acompanhada de um senso de re-experiência do evento original, e da crença de que o episódio realmente aconteceu. Essa abordagem fenomênica recupera a experiência das qualidades como aquilo que permite a um indivíduo distinguir entre a lembrança de um evento passado e outros estados conscientes como o sonho e a imaginação. O estudo ressalta a contribuição cognitivista em trazer novamente ao centro da pesquisa psicológica a evidência da primeira pessoa (qualidades fenomênicas).
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Psychology programs were first recognized in Brazilian universities during the mid-20th century. Prior to that, psychology had been taught in conjunction with other programs such as medicine, law, and education. The growth of psychology programs has been rapid in the last 25 years. From the time the Brazilian government first established a 5-year degree program in 1962, the number of psychology programs regulated by the Ministry of Education has increased to about 150. Graduate programs, established in 1965 and 1968, are also rapidly expanding. Psychology teaching draws on both European and US traditions in content and teaching methodology. A sociocultural psychological orientation is emphasized. Psychologists are prepared in 5-year undergraduate programs including 2 years of internship and extensive coursework in all areas of the discipline, including neurophysiology, psychobiology, social psychology, clinical psychology, developmental psychology, health psychology, and organizational psychology. Programs must follow national curriculum guidelines. There is no consensus as to which textbooks to use in particular courses and these decisions are generally left to the discretion of the professors. The preference is for use of customized collections of readings rather than books. Textbooks are thought to provide one-sided perspectives and to discourage library research. The increasing availability of on-line journals and e-books has revolutionized information access in Brazil, as in the rest of the world, and these are often used. The goals of undergraduate psychology programs are to prepare capable psychologists to work in a variety of capacities to benefit Brazilian society as a whole. The majority of psychologists practice in urban areas. Community organizations and social movements operating in rural areas may also have psychologists on staff. The optimism, respect for diversity, and dedication to democratic principles that are leading Brazil quickly into strong economic and social prominence in the 21st century are reflected in the teaching of psychology.
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Os autores oferecem um breve estudo sobre a pesquisa e a prática psicológica em hospitais, baseada em percurso histórico. O texto organiza-se em torno de três temas: 1) aspectos que levaram psicólogos a trabalharem em hospitais gerais; 2) relações entre o desenvolvimento da profissão como um todo e o trabalho em hospitais; e 3) contribuições da prática hospitalar para a profissão. Os autores detêm-se no debate entre argumentos que defendem as inovações profissionais decorrentes da prática em hospitais e que entendem que não há inovações e sim adequações de práticas existentes. Concluiu-se que o debate entre inovações e adequações tem sido importante para definir as especificidades necessárias ao trabalho em hospitais e para o aprimoramento da formação psicológica. Seja como for, é inegável que a prática psicológica é uma atividade indispensável ao hospital e uma forma de levar atendimento psicológico a um grande segmento da sociedade.
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Em consonância com o reavivamento do debate em torno da consciência nas últimas décadas, o presente artigo propõe um foco no processo reflexivo da consciência, tratado na literatura científica internacional como o estudo do self. Uma análise histórica da teorização psicológica do self é contrastada com os resultados mais recentes da investigação empírica na área da psicologia do desenvolvimento. Aponta-se como as noções de narratividade, corpo e interação têm transformado a teorização psicológica do self, delineando uma nova problemática direcionada para uma perspectiva comunicacional. Argumenta-se que o problema do self pode ser reformulado em termos de uma relação entre consciência e suas formas de expressão, a partir do qual se define self como um processo de interação comunicativa entre consciência e corpo situado no mundo.
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Neste estudo, o argumento que a história do pensamento psicológico deve contemplar, como ponto de partida, considerações evolucionárias e antropológicas sobre a consciência humana. O artigo está dividido em três partes. A primeira traz as evidências empíricas e os campos teóricos que se ocupam do estudo da evolução humana. A segunda examina a definição de três termos básicos e fundamentais para o estudo do pensamento humano: consciência, psique e animismo. A terceira compara crenças de antigas civilizações sobre concepções do universo e da psique. A conclusão argumenta que a escolha da antiga filosofia grega como ponto de partida não despreza as contribuições de outras civilizações. O pensamento grego foi, em grande parte, uma síntese cuidadosa e criativa do conhecimento existente até então. Contudo, as interligações entre universo, corpo e psique, como entendidas pelas antigas civilizações trazem as perguntas básicas e a lógica que deve orientar o estudo inicial dos fenômenos psicólogicos.
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O livro Tests de Medeiros e Albuquerque é um importante precursor da avaliação psicológica no Brasil. A primeira edição parece ter sido em 1924. O sucesso imediato levou a publicação de várias outras edições. A manutenção do termo inglês tests denota a novidade do tema. A palavra já existia em português desde o século XVIII. Certamente, a reconhecimento de Medeiros e Albuquerque, como respeitado jornalista e político, facilitou a aceitação do livro, influenciando fortemente as políticas educacionais da época. O presente artigo está dividido em três partes. A primeira trata da passagem da psicologia experimental de processos simples (Laboratório de Wundt - Leipzig) para as medidas de processos psicológicos superiores (Laboratório de Binet – Paris). A segunda descreve o caminho da avaliação psicológica da Europa para o Brasil. A terceira analisa as principais contribuições do livro Tests, entre elas a informação de que a pesquisa sobre avaliação psicológica estava sendo realizada não mais pelos franceses, mas pelos norte-americanos. A obra é apresentada como uma acurada revisão de literatura da nova ciência psicológica, introduzindo a avaliação psicológica de modo crítico, mas de um ponto de vista favorável.
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Autor
Tipo de recurso
- Artigo de periódico (60)
- Livro (3)
- Seção de livro (40)
- Tese (2)
Ano de publicação
- Entre 1900 e 1999 (19)
- Entre 2000 e 2025 (86)