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O estudo aponta e analisa as inovações clínicas e científicas de Carl Rogers introduzidas à psicoterapia. O foco está no papel da intersubjetividade, aqui entendida como perspectiva de segunda pessoa, mas sem desconsiderar as contribuições advindas das perspectivas de terceira (evidência experimental) e de primeira pessoa (vivência experiencial). O estudo argumenta que a relevância dada a intersubjetividade, a não-diretividade e a abertura à experiência testifica a confluência entre Rogers e o movimento fenomenológico. Tal confluência é realçada pela atenção ao exame dos fatos e fenômenos em múltiplas perspectivas, orientadas pela ética fenomenológica. Neste sentido, o grande equívoco das comparações entre a teoria de Rogers e a fenomenologia está em tomar como ponto de partida uma dada definição de fenomenologia, e não a vivência e a descrição de eventos fenomenais. Por fim, mostra-se como os estudos científicos de Rogers encontram ressonâncias em pesquisas fenomenológicas contemporâneas aplicadas à psicologia.
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Irmão Henrique Justo, na vida civil José Arvedo Flach (Poço das Antas/RS, 25 de julho de 1922 – Porto Alegre/RS, 02 de dezembro de 2022), foi um religioso-educador lassalista, psicólogo, escritor e poeta. Foi também um poliglota, sendo capaz de se expressar em alemão (língua nativa), português, latim, italiano, francês e inglês. Foi professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul por 40 anos. Como educador, divulgou e aplicou a inovadora pedagogia de Jean-Baptiste de La Salle. Como psicólogo, dedicou-se à divulgação da psicologia científica, à tradução e à adaptação de instrumentos de avaliação psicológica, à introdução da Abordagem Centrada na Pessoa no Brasil e ao movimento para o reconhecimento da psicologia como profissão. Para os seus alunos, o Irmão Justo era uma pessoa simples, dócil, decente, discreta e sensível. Costumava falar baixinho, com confiança e firmeza. Sabia ouvir e respeitar as crenças e opiniões das outras pessoas, mesmo quando contrárias às suas próprias posições, encontrando sempre uma boa saída para os impasses. Como professor, ele foi calmo e discreto; agia sem superioridade e se assumia como aquele que não detinha o conhecimento.
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O objetivo deste memorandum é a proposição de uma definição conceitual para a psicologia capaz de integrar desdobramentos de objetos, diferenças entre métodos, e variedades de aplicações. O argumento baseia-se no fato óbvio de que existe apenas um psiquismo, mesmo que se reconheça diferentes modos de descrevê-lo, estudá-lo, preveni-lo e tratá-lo. Desde modo, a psicologia pode ser definida como um vasto campo de manifestações impressivas e expressivas as quais podem ser sintetizadas em articulações de suas propriedades afetivas, cognitivas e conativas, podendo tais manifestações serem observáveis (perspectiva de terceira pessoa) ou não (perspectiva de primeira pessoa). Os termos do enunciado serão definidos e discutidos após análise lógica e histórica de definições apresentadas por filósofos e psicólogos, do final do século XIX ao início do século XXI. A proposição assenta-se na esclarecedora diferenciação entre pluralidade de objetos (hierarquia ontológica ou desdobramentos de objetos) e pluralismo de concepções (diversidade epistemológica).
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Unidade (pluralidade) versus desunidade (pluralismo) tem sido debate conceitual frequente em torno da existência de uma ou de várias psicologias. Na literatura, os debates se intensificaram com a série Psychology: A Study of a Science, editados por Sigmund Koch, entre 1959 e 1963. No final dos seis volumes publicados, Koch concluiu que a psicologia não é uma ciência coerente, e sim uma coleção de estudos, variando entre maior ou menor rigor científico. Desde então, o tema tem sido frequente nos poucos periódicos abertos à psicologia teórica, trazendo proposições de teorias unificadoras, defesa de unificação por áreas, ou alegações de que a grandeza da disciplina está na diversidade. O presente artigo argumenta que a premente necessidade não é de teorias que sugiram modos de unidade, mas de critérios que apontem para possibilidades de se mover com proveito entre teorias, atento às surpreendentes relações implícitas entre elas.
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O presente memorandum traz anotações documentadas sobre questões concernentes à pertinência da língua franca (inglês) na formação e publicação em pesquisa, definidas respectivamente como internacionalidade e visibilidade. Reviso marcos históricos como: (1) criação da Revista Psicologia: Reflexão e Crítica, (2) fundação de pós-graduação stricto sensu (UFRGS), (3) proposição do Brazilian Psychological Abstract, base para o Index Psi Periódicos; (4) Fóruns de Internacionalização da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia; e (5) projeto do International Journal of Psychological Reviews. Os documentos consultados indicam que a internacionalidade como formação em pesquisa é hoje fato assimilado e aceito pelos programas de pós-graduação, assim como o interesse pela visibilidade das publicações. Reconhece-se que a prática da língua franca acarreta dificuldades operacionais e financeiras. Trazer a língua franca para o cotidiano dos programas mostra-se iniciativa oportuna e promissora. Contudo, o incremento da internacionalidade e da visibilidade dependem de políticas científicas adequadas, consistentes e continuadas.
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O artigo analisa a natureza cognitiva e fenomenológica da consciência, iniciando pelas condições fenomenais e concluindo pelas atividades proposicionais cognitivas. Seu objetivo é apontar limites e potenciais do método fenomenológico. Assim, examinam-se os conceitos de fluxo de vivência, modelo intencional de fluxo, e veracidade da autoevidência para especificar o problema do método. Argumenta-se que a atividade reflexiva é limitada, não sendo capaz de abarcar o conjunto flutuante de significados e vivências em suas margens no fluxo. Lida-se com os limites atentando-se para os dois movimentos reflexivos: 1) o progressivo que conduz à descrição pontual e exaustiva dos elementos estáticos e noemáticos da experiência; e 2) o regressivo que explora as origens, expectativas, potencialidades e falhas da atividade intencional. Conclui-se que o método fenomenológico, apesar dos limites, é recurso valioso para orientar o pesquisador em como pensar (condição noética, genética, egoica, regressiva) o próprio pensamento (condição noemática, estática, conteudística, progressiva).
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O estudo examina as relações entre fenomenologia e psicologia experimental no início do século XX para definir origem, especificidade e abrangência do termo fenomenologia experimental. Inicia com a indicação de que o termo está associado a Carl Stumpf em Berlim. A seguir, acompanha as relações conturbadas entre Husserl e o Departamento de Psicologia da Universidade de Göttingen. Na sequencia constata a influência frutuosa da fenomenologia na psicologia experimental da Universidade de Würzburge na psicologia gestaltálticade Max Wertheimer. A fenomenologia experimental continuou pelos meados do século XX com repercussões na psicologia ecológica de James Gibson. Embora Husserl tenha se distanciado da psicologia experimental, a fenomenologia experimental prosseguiu sem seu aval, subsidiando na atualidade as ciências cognitivas e as neurociências.
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O artigo explora a relação entre Fenomenologia e Ciências Cognitivas a partir da literatura internacional denominada naturalização da fenomenologia. São discutidas as tendências de pesquisa na área. O estudo contrasta a pesquisa com métodos introspectivos da metodologia básica em Ciências Cognitivas e Fenomenologia Experimental. Nas tendências de naturalização da Fenomenologia, destaca-se a Fenomenologia front-loaded, caracterizada como um tipo de fenomenologia experimental, que utiliza a fenomenologia filosófica para informar e redefinir desenhos experimentais na pesquisa com processos psicológicos básicos. A prerrogativa do modelo front-loaded é o fomento de variações experienciais em seres humanos, por meio de ilusões perceptivas e desempenho cognitivo, sob condições de controle experimental. Ao final, são discutidos os limites da relação entre Fenomenologia e Ciências Cognitivas, apontando a distinção necessária entre Fenomenologia como ciência de fundação e Fenomenologia como pré-ciência experimental aberta ao diálogo interdisciplinar.
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Tipo de recurso
- Artigo de periódico (60)
- Livro (3)
- Seção de livro (40)
- Tese (2)
Ano de publicação
- Entre 1900 e 1999 (19)
- Entre 2000 e 2025 (86)