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  • Como podemos pensar a relação entre noções do domínio da subjetividade, que se apresentam como irrefutavelmente constituídas cientificamente, e suas versões em um outro campo, de constituição diversa, que chamamos de “literário”? Tendo este questionamento como princípio norteador dos meus trabalhos nos últimos anos, este texto procura desenvolver a noção de “estranhamento emocional circunstancial”, criada por mim para matizar as limitadoras classificações nosológicas e cientificistas. Para tal, utilizo a correspondência entre Mario de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa procurando evidenciar como estas narrativas expressam esta noção evidenciando a forma pela qual o campo literário se apresenta como cenário de lutas íntimas, travadas em torno das emoções, fundamentais para a Psicologia, e que ganham forma e estatuto diverso no campo da ciência, em particular no da Psiquiatria. A correspondência trocada entre Mario de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa ganha sentido ao desvelar esta dupla relação, pois evidencia o paradoxo das emoções numa época em que expor-se, mesmo intimamente, não era parte das pretensões destes autores, mas que tornou-se uma tendência na atualidade. Este campo tem profundo interesse para a Psicologia, especialmente àquele vinculado ao Existencialismo de Jean-Paul Sartre, pensamento com o qual tenho grandes afinidades em minhas reflexões. O texto também coloca em cena as noções de saudade e melancolia, pois nelas encontramos também indícios que auxiliam a compor o que chamei de estranhamento emocional circunstancial.

Última atualização da base de dados: 09/03/2025 19:32 (UTC)

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