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Resultados 5 recursos
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Em um programa de trabalho educativo que envolve jovens em medidas “socioeducativas” e medidas “de proteção”, alguns acontecimentos são tomados como analisadores dos modos como práticas psi e juventudes se têm co-engendrado. A cartografia como ética de pesquisar-intervir acompanha esses movimentos do que está surgindo e utilizamos cadernetas pessoais e diários coletivos como ferramentas metodológicas. Partimos da imanência das relações, do meio, e somos convocados a pensar as formações históricas que produziram sufocantes práticas hegemônicas que governam vidas juvenis no âmbito das medidas supracitadas. Numa ultrapassagem do que ajudamos a fazer de nós mesmos, experimentamos práticas psi que se arriscam à potência dos encontros, inventando aí intervenções ventiladas que habitam a multiplicidade da vida e a liberdade. Afirmamos exercícios de cuidado da/na relação como uma ética de intervenção com jovens: uma aposta política na insurgência de práticas psi e vidas mais libertárias.
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O artigo caracteriza dois momentos na história da Análise Institucional (AI) no Brasil, com ênfase no panorama da cidade do Rio de Janeiro: o do início do século XXI, quando a AI poderia ser considerada como um “paradigma sem passado”; e o dos últimos seis anos, aproximadamente, quando se “rouba o nome aos bois”, tecendo uma rede entre a AI e outros discursos e práticas, como as lutas ligadas a concepções não jurídicas de direitos humanos, as racializadas e/ou generificadas, as decoloniais-anticoloniais etc., que repotencializam o paradigma. Em paralelo, essa abordagem se volta para a caracterização das diferentes gerações de institucionalistas brasileiros, principalmente a partir de experiências em universidades públicas. O intuito do texto é efetuar um diagnóstico do presente, e esta primeira experimentação, decerto parcial, está voltada principalmente à construção de uma genealogia ético-política da AI em nosso país, em articulação com os percursos da psicologia como saber e profissão.
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Numa experiência de militância no campo da esquerda e dos direitos humanos , algumas posturas e práticas se fazem questão. Cobranças e culpabilizações, o imperativo de dar conta de tudo , a exigência de uma suposta legitimidade para lutar, discursos de ódio, desqualificação do outro para se auto-afirmar, mínimas ações que insistem em sua negatividade ao denunciarem medo, ressentimento, controle e surpreendentes apaixonamentos pelo poder: vemo-nos, por não poucas vezes, do lugar de militantes de esquerda , reproduzindo aquilo mesmo que queremos combater. Pensando junto a Michel Foucault e seu provocador prefácio à edição estadunidense de O Anti-Édipo (obra de autoria de Gilles Deleuze e Félix Guattari), pergunta-se sobre como resistir a esses microfascismos e paixões tristes que se alojam em nossos corpos e se manifestam em nossos discursos e práticas. O que está intrincado nas frases desse pensador e que ecoou em vozes de outros intelectuais-militantes contemporâneos seus quando escreve que não é preciso ser triste para ser militante, e que a ligação entre desejo e realidade possui uma força revolucionária? E na recomendação análoga, de liberar-nos das velhas categorias do Negativo? De que forma esse recado é tão atual? Como intensificar e/ou criar práticas militantes mais perpassadas por uma alegria enquanto potência de agir, sem com isso cair em ingenuidades e esvaziamentos? Munida com a leitura de autores como os já citados Foucault, Deleuze, Guattari, e também Baruch de Espinosa e Friedrich Nietzsche, pretendeu-se lançar o olhar sobre esses atravessamentos nos processos de subjetivação militantes, colocando em análise suas implicações. Nessa ontologia histórica de nós mesmos reside uma pergunta e um trabalho éticos: como lidar com essas linhas que compõem o que temos feito de nós mesmos? Para que não reproduzamos pura e simplesmente as forças que são modulações do poder sobre a vida, como dobrá-las , na relação consigo e com o mundo? Tomando o plano macro e micropolítico da experiência como território de pesquisa, uma militante-psicóloga-pesquisadora escreve cartas, em busca de encontros para uma composição que só seria possível se povoada. Numa escrita de si, diluem-se autoria e endereçamento, produz-se pensamento e engendra-se uma estética da existência que problematiza além de militâncias e esquerdas, modos de fazer pesquisa e a própria psicologia. A aposta ético-política é na potência de práticas militantes e de um viver não fascistas. Nada está garantido: não se chega a um suposto modelo que seria superior aos demais nem a uma fórmula para tanto. Trata-se, isso sim, de afirmar um exercício de cuidado de si árduo, cotidiano e parresiástico, que transforma e inventa a própria vida, a posição gauche e o mundo. Tomar a liberdade não como ponto de chegada, e sim como prática incessante de desprendimento de si mesmo e do poder. Quem sabe assim, e justo em meio aos afetos terríveis produzidos num presente abominável, se possam afirmar modos de pesquisar e modulações militantes mais libertárias, que sejam de uma alegria algo áspera e potente.
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O artigo trata do evento “Políticas e Poéticas do Contágio: ensaios de viver entre muitxs”, assim como de suas reverberações. Organizado pelas professoras Adriana Rosa (UFF), Alice De Marchi (UERJ) e xs integrantes do estágio “Psicologia e Direitos Humanos: transversalizando práticas” – supervisionado por esta última –, foi realizado entre outubro e novembro de 2019. O encontro foi uma aposta na encruzilhada entre Psicologia, Arte, Política e Subjetividade como dispositivo para nos aproximarmos da multiplicidade como modo de vida. Através de oficinas e rodas de conversa, tematizou a arte de criar e sustentar formas de viver outras e a política como exercício a partir da diferença. Compreendemos o encontro e o contágio como meios de invenção de si e de mundos, para juntxs ensaiarmos modos de viver entre muitxs. Aqui, narramos, através de cartas trocadas, como foi experienciar esses dois dias de evento, bem como de que forma este ainda ressoa em nós.
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Tipo de recurso
- Artigo de periódico (4)
- Tese (1)
Ano de publicação
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Entre 2000 e 2024
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- Entre 2010 e 2019 (2)
- Entre 2020 e 2024 (3)