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  • O corpo, na tradição metafísica ocidental, foi considerado um objeto. Platão é um autor relevante, nessa tradição, que sustenta a dicotomia corpo-alma, como duas naturezas totalmente heterogêneas. A alma é o propriamente humano, já o corpo é um vasilhame descartável, uma prisão que limita a essência do homem: um objeto que nos encadeia e nos cerceia. Partindo desta tradição, o corpo foi enunciado, codificado, interpretado e dominado nas relações sociais que tentaram regimentar e controlar essa corporalidade. Inúmeras conceituações objetivantes e dicotômicas sobre o corpo construíram uma memória e uma identidade corporais que o reduziram a uma coisa ou a uma mercadoria apropriável. Contudo, há outras formas de ver o corpo. Na leitura nietzschiana, por exemplo, o corpo é celebrado como uma multidão de impulsos criativos em jogo, como a dinâmica do devir que exprime as potências instintivas do homem; na linguagem mítica arcaica, através do corpo falam Dioniso e todas as forças salutares da terra, da vida.

Última atualização da base de dados: 21/11/2024 18:57 (UTC)

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