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A linha de estudos em história da psicologia no Brasil é o campo de pesquisa em que se insere essa investigação sobre o processo de construção histórica do modelo de relação de ajuda do Centro de Valorização da Vida (CVV), durante a segunda metade do século XX. Partindo da análise de 321 boletins informativos, produzidos por essa instituição entre os anos de 1966 e 2000, procurou-se entender como os modelos de relação de ajuda da psicologia da época influenciaram o tipo de apoio psicológico que era oferecido por ela à população. Nesse sentido, tratou-se de compreender como essa organização não governamental - que trabalha com a prevenção de suicídio, por meio de atendimentos por telefone, pessoalmente e por carta - recorreu à ciência psicológica para formar e aperfeiçoar as capacidades de ajuda de seus voluntários. O CVV foi criado em fevereiro de 1962, na cidade de São Paulo, como parte da Campanha de Valorização da Vida e, em 1965, adquiriu personalidade jurídica, tomando-se Centro. Expandiu seu serviço para diversas cidades brasileiras e da América Latina, sendo que, atualmente, conta com cerca de 60 postos de atendimento. Para realização dessa pesquisa, utilizou-se uma metodologia historiográfica de cunho qualitativo, que seguiu estas etapas: 1)leitura dos boletins; 2)elaboração de quadros das atividades do CVV na sociedade brasileira; 3)delimitação das características da relação de ajuda; 4)leitura de fontes secundárias; 5)análise do processo de construçãohistórica do modelo de relação de ajuda; 6)reflexões sobre as influências dos modelos de relação de ajuda da psicologia no CVV; 7)escrita da dissertação. Nesse percurso, descobriu-se que, durante os quinze primeiros anos de existência, o CVV realizava uma atividade diretiva de ajuda, caracterizada por: 1)serviço de prevenção de suicídio por meio da valorização da vida, através da doação de amizade; 2)recurso a estudos e pesquisas científicas sobre ... suicídio para entender as pessoas que usavam seu serviço; 3)focalização dos problemas do indivíduo ajudado e não sua pessoa. Identificou- se também que, durante os anos de 1976 e 2000, o CVV passou a adotar um modelo não-diretivo de relação de ajuda (que perdura até hoje), influenciado pelas teorias da Abordagem Centrada na Pessoa, desenvolvida por Carl Rogers (1902-1987). A partir desse momento, a doação de amizade oferecida por seus voluntários deixou de focar os problemas dos indivíduos que procuravam seu serviço, e passou a levar em consideração a pessoa inteira deles. Por pessoa entendia-se o indivíduo nos seus aspectos mentais, emocionais e comportamentais, embora, na relação de ajuda, enfatizasse a importância de trabalhar os sentimentos. Mais especificamente, tratava-se do voluntário ser disponível para ouvir a pessoa que o procurava, adotando atitudes de autenticidade, compreensão empática e aceitação incondicional, confiando na natureza construtiva do ser humano erespeitando a liberdade do indivíduo fazer suas escolhas. Dessa forma, acreditava-se que o indivíduo poderia sair de suas máscaras, entrando no processo de vida plena e tomando-se a pessoa que é. Concluiu-se que o CVV recorreu principalmente à psicologia rogeriana como-um fundamento para seu trabalho, construí do na prática. Logo, seus voluntários se "apropriaram" de teorias dessa corrente psicológica, adequando-as ao seu contexto específico.
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Ano de publicação
- Entre 2000 e 2024 (2)