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O objetivo desta tese consiste em avaliar, sob um prisma fenomenológico, as concepções presentes na obra de Santo Agostinho referentes ao uso da reflexão como instrumento do conhecimento de si. Para isso, analisamos as obras As confissões (397d.C.) A trindade (416 d.C.) e fragmentos de outras obras em que ele aborda o tema da reflexão. Consideramos dois diferentes níveis em que as ideias se encontram presentes nas obras: nas descrições de estados subjetivos narrados em primeira pessoa por Agostinho nas Confissões e nas exposições feitas por Agostinho em outras de suas obras. Investigamos alguns temas que se mostraram de grande importância para se compreender o papel da reflexão em Agostinho. Em primeiro lugar, o espírito humano entendido como uma realidade íntima, um ser reflexivo e imaterial. Em segundo lugar, analisamos o papel do método reflexivo em suas investigações acerca da memória, da percepção e das inter-relações entre o corpo e a mente. Em terceiro lugar procuramos observar como Agostinho compreende a vida do espírito em suas inter-relações com o mundo e com Deus. Na segunda parte da tese, os temas foram retomados e abordados sob um prisma fenomenológico. Para isso procuramos expor e avaliar, no que tange aos temas abordados por Agostinho, o percurso metodológico traçado por Husserl em Ideias 1 (1913) e Ideias 2 (1952). Na terceira parte da tese, fizemos uma análise comparativa entre as concepções e os métodos adotados pelos dois autores. Observamos que, embora haja diferenças no modo de aplicar a reflexão, muitas das conclusões tiradas por Husserl já haviam sido antecipadas por Agostinho, embora, neste, com um menor nível de rigor. Merecem destaque os seguintes pontos abordados primeiramente por Agostinho e posteriormente desenvolvidos por Husserl: 1) a mente é uma realidade íntima e indubitável; 2) a essência da mente é sua reflexividade, sua capacidade de apreender-se a si mesma; 3) a atenção ou intentio voluntatis é um fator constituinte do ato de percepção e de qualquer ato do cogito; 4) o tempo é abordado por Agostinho não como realidade independente do espírito, mas sim como uma realidade vinculada ao espírito, de modo que o passado, o presente e o futuro são articulados com a memória, a atenção e a expectativa. Em suma, o objetivo das análises e comparações é contribuir para uma visão mais rica e complexa da história do método reflexivo e, ao mesmo tempo, defender sua legitimidade e seu valor cognitivo. A reflexão é instrumento intelectual capaz de fornecer não só conhecimentos seguros sobre a estrutura apodíctica da consciência e dos diferentes estratos da pessoa humana, como também é válida para que cada indivíduo possa conhecer a si mesmo em sua singularidade. E essa individualização é marcada por fatores psíquicos, corpóreos e pelo mundo espiritual do sujeito, isto é, pelo mundo da vida.
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Neste artigo buscamos, em primeiro lugar, elucidar como Machado de Assis desenvolveu a concepção de inconsciente no romance Helena (1876) e no conto Uma senhora (1883). Em segundo lugar, examinamos como sua concepção de inconsciente pode ser elucidada fenomenologicamente, a partir da relação entre consciência reflexiva e pré-reflexiva. Nestas narrativas, Machado revela como certas emoções, embora não sejam apreendidas reflexivamente pelo sujeito que as vive, manifestam-se indiretamente nas ações, nas expressões corporais e no modo de compreender o mundo.
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O artigo busca elucidar alguns elementos da relação entre Dilthey e Husserl concernentes ao tema da psicologia descritiva. Para ambos os autores, a investigação das formações culturais exige, para sua fundamentação, a abordagem da vida psíquica do sujeito. Em primeiro lugar, o artigo expõe alguns elementos históricos da relação entre Husserl e Dilthey. Em segundo lugar, apresenta o projeto de Dilthey em sua obra Ideias para uma psicologia descritiva e analítica. Ao final, é discutida a avaliação de Husserl frente às concepções de Dilthey, bem como as diferenças e as relações entre a concepção hermenêutica de Dilthey e a concepção da psicologia fenomenológica husserliana, entendida como ciência eidética.
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Muitas vezes, Santo Agostinho (354-430) é louvado na literatura por ter antecipado uma concepção de espírito que encontra em Descartes (1596-1650) seu ponto culminante. Nem sempre, entretanto, a concepção agostiniana de espírito é detalhada. Neste trabalho, pretendemos detalhar a concepção agostiniana de espírito como realidade íntima, caracterizado pelo acesso privilegiado aos seus próprios conteúdos. Inicialmente, mostramos os pontos de ruptura da concepção agostiniana de espírito com referência a alguns filósofos da tradição grega. Em seguida, evidenciamos o desenvolvimento da noção de espírito em Agostinho, comparando algumas de suas primeiras obras com uma de suas obras de maturidade, a Trindade.
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Este ensaio procura reconhecer e avaliar as idéias psicológicas que circularam no Brasil no final do século XIX, em sua representação na obra machadiana, tomada como documento histórico e como veículo transmissor de idéias. Para isso, foram examinadas as ocorrências do conceito de inconsciente na obra de Machado de Assis em três diferentes âmbitos. Primeiro, na terminologia empregada pelo autor. Segundo, nos discursos expositivos dos narradores machadianos. Terceiro, na descrição dos estados subjetivos das personagens. Depois de feitas as análises, as idéias e noções encontradas foram confrontadas com algumas das principais formulações acerca do conceito de inconsciente em outros autores de sua época.
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Este artigo busca elucidar como Machado de Assis desenvolveu o tema da memória nos contos “Dona Paula”, “Missa do Galo” e no romance “Dom Casmurro”. No conto “Dona Paula”, podemos encontrar uma complexa relação entre a memória, o inconsciente e o conteúdo emocional da memória. Em “Missa do Galo”, Machado cria um narrador capaz de relatar uma vivência passada, mas que, ainda assim, não toma consciência do sentido não verbal do episódio vivido; todavia, no momento em que o narrador expressa sua experiência, ele anuncia nas entrelinhas e no estilo narrativo esse sentido não verbal. E no romance “Dom Casmurro”, observamos como Machado representou a memória não como coisa fixa, mas como algo que pode se alterar e se reorganizar pela linguagem expressiva e se deformar pela imaginação e por fatores inconscientes.
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O tema da memória constitui uma das bases do pensamento teológico, filosófico e psicológico de Agostinho de Hipona. A relevância dessa faculdade pode ser observada no livro X das Confissões. Em poucas linhas, o que Agostinho se propõe neste livro é justamente explorar a própria memória em busca de Deus. Ao buscar Deus dentro da memória, Agostinho acaba desenvolvendo uma concepção da memória de grande importância na história dos saberes no Ocidente: o eu entendido enquanto espaço interior ou como espaço íntimo. Procuraremos reconstruir e detalhar a série de argumentos propostos por Agostinho a respeito do tema da memória e observar em que sentido ela é entendida metaforicamente como um espaço compartimentado. Finalmente, procuraremos mostrar a relevância e atualidade desta metáfora no modo como atualmente se compreende a memória.
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Este artigo procura reconhecer e avaliar a concepção de loucura no romance Quincas Borba, de Machado de Assis. Para isso, analisamos o desenvolvimento da loucura em Rubião, o protagonista do romance. As análises foram feitas em duas etapas. Em primeiro momento, comparamos as concepções de loucura presentes no romance com as teorias de psiquiatras do século XIX. Em um segundo momento, buscamos compreender a loucura tendo como parâmetro a própria obra do autor, apoiando nas idéias presentes no conto "O espelho". O resultado das análises é que Machado de Assis não apenas se apropriou das teorias psiquiátricas da época, como foi além tratando a loucura dentro da dinâmica do homem com o seu meio social.
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O percurso deste livro põe em foco autores protagonistas da criação e do desenvolvimento da história da psicologia fenomenológica. Sua primeira parte aborda a história de F. Brentano, E. Husserl, E. Stein, M. Heidegger, M. Merleau-Ponty e J. P. Sartre, ao passo que a segunda reconstrói a história da psicologia fenomenológica a partir da psicopatologia fenomenológica de K. Jaspers, a constituição dos fundamentos antropológicos da psicoterapia por L. Binswanger e a criação da psicopatologia fenômeno-estrutural por E. Minkowski. Em seguida, delineiam-se as influências da fenomenologia na psicologia clínica e as perspectivas contemporâneas nos campos da psicoterapia e da psicologia experimental, além dos estudos na interface entre fenomenologia das religiões e psicologia.
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O objetivo deste trabalho consiste em compreender as concepções presentes na obra de Machado de Assis que dizem respeito à relação entre psique e comportamento. Para isso, selecionamos alguns contos, romances ou fragmentos de sua obra que se referem ao tema. Consideramos três diferentes níveis em que as idéias se encontram presentes na obra: nas descrições de estados subjetivos das personagens; nas exposições feitas pelos narradores e personagens acerca de motivos psicológicos; na estrutura da trama. As análises foram realizadas com base em alguns temas que se mostraram de grande importância na obra de Machado: em primeiro lugar, na relação entre consciente e inconsciente; em segundo, na noção de caráter; em terceiro lugar, na relação dinâmica homem-mundo, interior-exterior, consciência-circunstância. Buscamos ainda confrontar as idéias presentes na obra de Machado com a de outros pensadores, sobretudo psiquiatras e filósofos do século dezenove, a fim de contextualizar sua obra no âmbito cultural e intelectual de seu tempo. Ao se traçar tais relações, podemos contribuir para uma visão mais rica e complexa dos saberes psicológicos no Brasil no fim do séc. XIX e levantar algumas hipóteses sobre o posicionamento de Machado frente às idéias de seu tempo. Como resultado, destacamos o modo como o escritor desenvolve e articula em sua ficção a noção de inconsciente. Além disso, sua obra mostra-se um terreno privilegiado para uma representação mais complexa eunitária do ser humano, não apenas como ser psicológico, mas também como ser social, histórico, político, moral, biológico, em suma: o homem vivente. A ficção, justamente por mostrar as personagens no tempo e no espaço, revela como a consciência e os comportamentos se dão na dinâmica entre homem e mundo, e entre o homem e os outros homens. Além disso, Machado de Assis refletiu em sua obra a relação entre linguagem e a consciência. E foi mais longe ao explorar os limites da linguagem para se descrever a interioridade humana.
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Tipo de recurso
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Ano de publicação
- Entre 2000 e 2024 (18)