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A nova configuração do mundo da Idade Moderna levou os intelectuais europeus a deslocamentos mentais, indicados por diversas expressões, tais como viagem espiritual, viagem mental, viagem imaginária. Neste artigo, propomos três exemplos desse processo, através da análise de escritos autobiográficos, anotações e ensaios de três autores italianos: Federico Borromeo (1564-1631); Ludovico Antonio Muratori (1672-1750); Gian Rinaldo Carli (1720-1795). Os três autores, de modos diferentes, se referem à viagem entendida como deslocamento mental e realizada pelo emprego de alguns processos psicológicos, especialmente a imaginação. Nosso objetivo é analisar o significado que a viagem entendida como deslocamento mental assume no contexto biográfico e no universo histórico cultural de cada autor; e a significação psicológica das expressões viagem espiritual, viagem intelectual, viagem mental, por eles empregadas, à luz dos saberes psicológicos da época em que elas foram formuladas.
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The article analyzes the allegorical Brazilian novel História do Predestinado peregrino e de seu irmão Precito (The story of the pilgrim Predestined and his brother Reprobate) (1682) in the light of the history of psychological knowledge. The novel’s author, Alexandre de Gusmão (1695–1753), was an important member of the Society of Jesus in Brazil who became the director of Jesuit schools in the region. The article shows that the novel proposes a link between the psychological and spiritual dimensions, a link necessary for health and decisive in the healing of mental disorders. The role of psychological dynamism depends on the choice of an appropriate target or, in other words, on appetites being directed toward an appropriate object.
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Este artigo objetiva apresentar uma breve biografia do médico psiquiatra Alfred Adler, desde seu nascimento até o desenvolvimento de sua teoria, a Psicologia Individual, com o intuito de apontar algumas de suas contribuições para o desenvolvimento da área da Psicologia, assim como a relação observada entre a criação dos conceitos-chave de sua teoria com suas próprias vivências, ao longo de seus 67 anos de vida. Para tanto, optou-se por uma pesquisa de cunho histórico, seguindo a abordagem historiográfica proposta por De Certeau (2010). Por fim, observou-se que, tanto a atitude adotada frente à vida quanto a construção teórica da Psicologia Individual se constituíram por intermédio, primeiro, da harmonia existente entre os fatos vivenciados durante a infância de Adler: estreito círculo familiar e condições de saúde enfrentadas nos 5 primeiros anos de vida (raquitismo, pneumonia). Segundo que, um dos seus principais conceitos, o de sentimento de comunidade, foi sendo construído desde as primeiras relações estabelecidas com os colegas de rua e da escola, passando pelo relacionamento que estabelecia com seus pacientes no consultório e, chegando, à preocupação com a reconstrução social da educação de seu país.
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O objetivo deste artigo é a análise da dinâmica retórica e dos conteúdos propostos num sermão proferido por Padre Antônio Vieira aos escravos de um engenho da região da Plataforma do Recôncavo Baiano pertencentes à Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, em 1633, sendo o primeiro sermão pregado pelo jesuíta. Para isso, a História dos Saberes Psicológicos é utilizada como referencial teórico para interpretação após o processo de escolha das imagens a serem analisadas. O sermão discute a questão do bem-comum para os escravos, utilizando-se de elementos clássicos da retórica como a composição de imagens, visando a construção de argumentos persuasivos. A análise aprofunda o uso das imagens no que diz respeito ao seu efeito mobilizador do dinamismo psíquico dos ouvintes e a decorrente força persuasiva no que diz respeito aos argumentos propostos.
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O artigo trata-se de uma pesquisa em história da psicologia que teve por objeto o estudo histórico conceitual do conceito de Pessoa em algumas obras de dois autores que se destacaram no contexto alemão do início do século XX: Edith Stein (1891–1942) e William Stern (1871–1938). Entre os dois autores existem semelhanças no que diz respeito aos tópicos estudados e também uma precisa relação histórica destacada em suas biografias: Stern lecionava psicologia em Breslau e Stein frequentou suas aulas como aluna em 1911–1912. Contudo, as pesquisas que retomam a relação teórica entre ambos são escassas. Nesse sentido, o objetivo do artigo foi retomar o percurso por meio do qual ambos propuseram suas análises a respeito da constituição do objeto psíquico, bem como as implicações dessas definições para a psicologia. Foram utilizadas como fontes primárias as edições em língua alemã, espanhola e inglesa das obras de Edith Stein e de William Stern. O ponto principal de encontro é a proposta de fundamentação da psicologia a partir do conceito de Pessoa. As definições divergem, mas o ponto de partida é compartilhado: as preocupações com a redução da ciência da alma ao mecanicismo das ciências naturais. Não há como separar a psicologia da filosofia sem reduzi-la, por um lado, ao naturalismo cientificista (representado atualmente pelo campo das neurociências) e, por outro, às ciências humanas (hoje orientadas pelos movimentos pós-estruturalistas relativistas). Somente uma elaboração filosófica (rigorosa) do conceito de Pessoa poderá integrar natureza e cultura sem reduzir uma à outra e fornecer à psicologia uma fundamentação válida e autonomia no diálogo com as demais ciências naturais ou culturais.
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A questão da causalidade permeia os fundamentos das ciências. Em particular, a questão da causalidade psíquica subjaz os fundamentos das diversas abordagens da psicologia atual, ainda que não seja explicitada ou mesmo reconhecida. Recorrer a essa temática pode ajudar a esclarecer questões de cunho epistemológico que delineiam a psicologia científica. Nesse sentido, o objetivo do trabalho é apresentar a concepção de causalidade psíquica presente na obra de Edith Stein (1891-1942), Causalidade Psíquica (2010). Foi utilizado o método de investigação histórica. A autora apresentara críticas à psicologia experimental emergente, que se submetia ao reducionismo psicologista e naturalista ao separar-se da filosofia. Edith Stein defendeu a possibilidade de uma psicologia científica sustentada pela definição (fenomenológica) de pessoa humana. Sua compreensão acerca da causalidade psíquica enquadra a distinção entre as vivências imanentes e as vivências intencionais do fluxo de consciência. Stein diferencia o âmbito dos acontecimentos causais determinísticos daqueles âmbitos das relações de motivação que não são submetidas a conexões deterministas. Conclui-se que somente uma elaboração filosófica rigorosa dos diversos tipos de legalidade às quais o fenômeno psíquico está submetido pode fornecer à Psicologia uma fundamentação válida e autonomia no diálogo com as demais ciências naturais ou culturais.
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Tipo de recurso
- Artigo de periódico (12)
- Seção de livro (6)