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O artigo aborda a integração entre os universos dos conceitos e o das práticas acerca da ordenação da imaginação e do uso das imagens na Idade Média e na Idade Moderna no Ocidente e no Brasil colonial. Evidencia que o funcionamento da imaginação é tomado de modo integrado aos processos do conhecimento sensorial, da memória e do entendimento, dos afetos e da vontade. Focaliza o estudo da imagem e do treino da imaginação no âmbito da retórica. Enfatiza as múltiplas dimensões das imagens enquanto processos culturais e a importância de apreender esta complexidade inclusive ao investigar os processos psíquicos por elas estimulados. Ao abordar esta temática, apresenta algumas sugestões metodológicas que se situam na interface entre a história cultural, a história dos saberes psicológicos e a psicologia. Propõe exemplos de transmissão de conceitos sobre imagens e imaginação e de utilização das imagens visando mobilizar o dinamismo psíquico dos destinatários em práticas culturais do Brasil colonial, tais como na pregação através do uso das metáforas, nas festas através do uso de alegorias, emblemas, figuras e estátuas; e nas narrativas do gênero alegóricos.
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This article discusses the function and role of mental dynamics in the reception of images according to the philosophical theories available to the cultural universe of the Classic, Middle and Modern Ages in the West including Brazil. It highlights the significance of these philosophical grounds for discussions on the notion of image and imagination in modern times, as well as their application to rhetorics. In the Brazilian context, the contributions by Jesuit Antônio Vieira stand out. It finally shows that in the theories discussed here, the functioning of imagination as mental phenomenon is approached in an integrated manner with the remainder of mind processes including the senses, memory and understanding, emotions and will; it is an indispensable element in the path of knowledge; and it is always referred to image within the multiple dimensions indicated by the specific cultural universe.
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O trabalho aborda o papel atribuído às imagens na elaboraçáo da experiência assim como apresentado nos sermões de Antônio Vieira e aprofunda as matrizes filosóficas e teológicas desta concepçáo. Vieira reconhece às imagens um importante poder de comunicaçáo e de evocaçáo. Dentre outros, recorre às imagens na construçáo de metáforas que usa para representar processos da vida pessoal e política. Nisto, o pregador se conforma à tradiçáo jesuítica bem como às doutrinas de Agostinho e de Tomás que inspiram essa mesma tradiçáo.
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O entendimento da complexão corporal é parte do conhecimento de si mesmo elaborado nas narrativas autobiográficas da Idade Moderna. Neste artigo são analisados alguns desses textos elaborados na cultura ocidental e brasileira, evidenciando as modalidades em que se apresenta a descrição do estado somático individual na percepção dos autores. Nas descrições elaboradas pelos autores da primeira Idade Moderna, é comum o recurso à teoria dos temperamentos da medicina humoralista. Entre as fontes analisadas estão as autobiografias de Inácio Loyola (século XVI), G. Cardano (século XVI), F. Panigarola (século XVI), M. Montaigne (século XVI) e G.B. Vico (século XVII). Também foram analisadas algumas cartas de teor autobiográfico: as Cartas Indipetae elaboradas por jesuítas do século XVII.
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A novela História do Predestinado Peregrino e de seu irmão Precito (1682), do jesuíta Alexandre de Gusmão, apresenta-se ainda hoje aos leitores como texto de grande riqueza e complexidade, podendo ser abordada e interpretada sob diversos enfoques. Dentre outros, a novela apresenta-se como um compêndio dos saberes antropológicos e psicológicos dos jesuítas no Brasil colonial, que, por sua vez, sintetiza toda a tradição clássica e medieval recebida, assimilada, reelaborada sob as óticas humanista e renascentista interpretadas pela Reforma católica. Ao mesmo tempo, a novela apresenta uma forma retórica apropriada para transmitir os referidos saberes a destinatários pertencentes a um universo cultural marcado pela oralidade. Trata-se de uma das mais significativas expressões da cultura brasileira no período colonial.
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Na epistemologia escolástica havia não somente a preocupação de aplicar a doutrina aristotélica da abstração, considerando o funcionamento dos sentidos externos e internos, mas também de garantir a possibilidade do conhecimento direto ou intuitivo, que se daria sem a mediação de representações mentais. Tal possibilidade baseava-se no fato de haver um conhecimento que aconteceria pela força própria do objeto de dar-se a conhecer, que permitiria conhecer algo excedente à experiência sensorial humana, visto que os sentidos somente podem perceber o que é comensurável a eles. O componente interno que permite tal conhecimento intuitivo na tradição agostiniana era o verbum intus prolatum, que seria palavra anterior a toda fala humana e diferente do discurso da racionalidade humana. Na refinada teologia de Vieira no sermão da Madrugada da Ressurreição pregado na Igreja de Nossa Senhora da Graça, em Belém do Pará, aparecem claros elementos da Teologia Negativa, de Mariologia e da doutrina do conhecimento intuitivo.
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O tema da memória constitui uma das bases do pensamento teológico, filosófico e psicológico de Agostinho de Hipona. A relevância dessa faculdade pode ser observada no livro X das Confissões. Em poucas linhas, o que Agostinho se propõe neste livro é justamente explorar a própria memória em busca de Deus. Ao buscar Deus dentro da memória, Agostinho acaba desenvolvendo uma concepção da memória de grande importância na história dos saberes no Ocidente: o eu entendido enquanto espaço interior ou como espaço íntimo. Procuraremos reconstruir e detalhar a série de argumentos propostos por Agostinho a respeito do tema da memória e observar em que sentido ela é entendida metaforicamente como um espaço compartimentado. Finalmente, procuraremos mostrar a relevância e atualidade desta metáfora no modo como atualmente se compreende a memória.
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Na Idade Moderna a memória era considerada, dentre outras coisas, uma potência da alma (psique). Por levarmos em consideração que a oratória religiosa do século XVII é uma fonte abundante de saberes psicológicos, neste trabalho indicamos como o Pe. Antônio Vieira (1608 - 1697) trabalhou o tema da memória em seus sermões. A partir da história da cultura e da história da psicologia, identificamos o contexto de produção dos sermões e as apropriações feitas por Vieira. Por meio do estudo realizado pode-se observar que nos sermões a memória, junto com a vontade e o intelecto, caracteriza a ontologia humana. Esse sentido interno auxilia igualmente a capacidade intelectiva a estabelecer juízos, por disponibilizar ao intelecto a dimensão temporal. Desse modo vemos que por meio da memória se estabelece o conhecimento de si e que essa potência "memorativa" possui uma dimensão ética, pois à medida que é feita a memória de algo, é sugerido um comportamento e um estado afetivo diante do que é lembrado.
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A Psicologia, no Brasil, foi reconhecida legalmente no ano 1962. Contudo, antes desse ano, diversos profissionais já atuavam na área. Carolina Martuscelli Bori tem sido considerada um desses profissionais, e, dentre as contribuições que deu, sua luta para melhorar a formação profissional é uma das mais citadas. Com este trabalho, buscou-se conhecer sua contribuição a partir de artigos que Bori publicou até o ano 1962. A partir de uma busca feita nas revistas Ciência e Cultura, Boletim de Psicologia e Jornal Brasileiro de Psicologia, e no seu currículo Lattes, pela busca na biblioteca da Universidade de São Paulo e em referências de artigos escritos sobre a própria Carolina Bori, 19 artigos foram localizados, dos quais oito foram publicados até 1962. A análise feita permite afirmar que a obra de Carolina Bori apresenta discussões que podem auxiliar na elaboração e no direcionamento de várias questões éticas e acadêmicas atuais, como: a pesquisa experimental em cursos de graduação, a metodologia científica, o desenvolvimento científico e a produção do conhecimento.
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O objetivo desta pesquisa foi o de abordar o tema "trauma e memória" na literatura de autores judeus da Psicologia, que viveram na Europa no período da Segunda Guerra Mundial/Holocausto; e analisar possíveis repercussões do trauma em suas vidas e teorias. O trauma psicológico é relacionado à vida de todo ser humano e tem merecido maior atenção de diversas disciplinas. Violência, catástrofes e más condições de vida afetam a vida de muitos direta e indiretamente. Os autores escolhidos foram Kurt Lewin, Viktor Frankl e Bruno Bettelheim. Utilizou-se o método historiográfico, especificamente da área de história da psicologia. Os resultados apontaram que a situação traumática vivida modificou a maneira desses autores se posicionarem na teoria elaborada e na vida. Nos relatos encontram-se recursos pessoais, de teor psicológico e cultural, utilizados para vivenciar ou superar o trauma. Em suma, existe uma significativa relação dos estudos por eles realizados com a vivência do trauma.
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Encontrando nas leituras do Sermão da Sexagésima de Antonio Vieira (1608-1697) princípios propostos para a arte da oratória que também são reconhecidos nos escritos de Constantin Stanislavski (1863-1938) para a arte da interpretação de atores, parte-se nesse trabalho para a verificação de onde estariam as bases que fundamentam tais princípios em Antonio Vieira e se tais bases estariam, de alguma forma, relacionadas aos trabalhos em teatro de Constantin Stanislavski. Utilizando o que se denomina método comparativo direto entre princípios que constituem as artes da palavra, no caso a oratória religiosa e a representação teatral, chegou-se até os escritos dos Exercícios Espirituais de Inácio de Loyola que em suas propostas estabelecem recursos que eram usados como instrumento no desenvolvimento da arte da oratória jesuítica. Com o apoio da tese de Mario Iannaccone, chegou-se ao importante texto do cineasta Sergei Einseinstein, Teoria geral da Montagem, que nos ajudou a compreender como tais princípios dos Exercícios Espirituais de Inácio de Loyola também se encontram presentes na arte do teatrólogo russo do século XX. Reconhecendo a importância da elaboração da palavra nestas artes, da oratória e da interpretação teatral, e percebendo que tal palavra se propõe em ambos os casos a uma transformação psíquica de seus ouvintes, respectivamente a conversão nos sermões e a catarse no teatro, verificou-se como tal palavra deve ser elaborada a partir dos princípios que esses autores propõem. Para tanto, foin estudado em Marina Massimi as concepções dos dinamismos psíquicos que fundamentam os autores jesuítas em suas propostas de construção da palavra para suas pregações. Inspirados em Margarida Vieira Mendes, especialista em Antonio Vieira, foram recortados alguns itens que ela indica como constitutivos do Sermão da Sexagésima e foi estabelecido um breve roteiro que ajudou a compreender de forma direta as semelhanças que serão verificadas quanto às artes da oratória nos pregadores dos séculos XVI e XVII e do teatro em Constantin Stanislavski. Por fim, analisando os dados obtidos, chegou-se a algumas conclusões destas semelhanças quanto a paralelos de raízes filosóficas e quanto à compreensão dos dinamismos psíquicos humanos, percebendo o porquê de tais práticas conseguirem atingir e transformar o psiquismo de suas audiências.
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O objetivo deste artigo é realizar um diálogo entre a história dos saberes pré-científicos e a pesquisa experimental acerca da memória, apontando as similaridades entre estas concepções. Questões como a descrição topográfica da memória de trabalho, o processo de integração de informações na memória, a formação da imagem mental e a preocupação com uma interface entre teoria e prática citadas nos textos clássicos permanecem atuais. Constata-se também, que o debate ao longo dos anos sobre o funcionamento da memória gerou uma descrição psicobiológica do fenômeno, baseada na integração de funções cognitivas resultando no desempenho de atividades complexas. A visão histórica do conhecimento desenvolvido sobre a memória pode contribuir na prática científica contemporânea, no sentido de permitir a elaboração de formulações teóricas e a proposição de métodos de investigação mais coerentes e integrados com o corpo de conhecimento constituído ao longo da história.
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Originários do XIII Simpósio de Intercâmbio Científico em Psicologia da Anpepp , os cinco artigos contribuem para a discussão acerca dos processos de subjetivação e de suas relações com as culturas. Uma coletânea que auxiliará ao ensino de graduação em História da Psicologia, Psicologia, Psicologia Social e Psicologia da Cultura e aos apreciadores dos vários percursos e interpretações do pensamento psicológico
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