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O artigo aborda a relação entre psicologia e cultura na perspectiva dos estudos históricos, a partir do pressuposto de que a história dos saberes psicológicos na cultura brasileira pode contribuir na compreensão desta relação, uma vez que, proporciona uma melhor fundamentação cultural e social da psicologia. Pretende-se aprofundar a compreensão das relações entre Processos Psicológicos e Fenômenos Culturais. Para realizar este percurso, será necessário esclarecer o que entendemos por psicologia e por cultura. Para refletir sobre essa relação, analisaremos as posições formuladas por autores da filosofia moderna e contemporânea, as posições de autores da história da psicologia moderna e a de outros que marcam atualmente a formação dos psicólogos no Brasil e no mundo. Se toda cultura é o âmbito dos significados que os homens atribuem à existência e à realidade, então ela contém também os significados da própria vida psíquica: há maneiras de significar os fenômenos psíquicos específicos de uma determinada cultura e que podem ser iguais ou diferentes em outras culturas. Conclui-se afirmando a exigência de uma ampliação do que se entende por conhecimento psicológico, não apenas se incluindo neste domínio o saber psicológico de natureza científica, mas também o saber psicológico inerente à cultura.
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O trabalho retoma as concepções acerca do corpo e do homem como unidades psicossomáticas, formuladas ao longo da tradição ocidental, na Grécia clássica, na concepção judaico-cristã, na Idade Média, na Idade Moderna e no Brasil colonial. Trata-se de abordagens da questão do corpo humano que, numa perspectiva não cartesiana, concebem-no em sua peculiaridade de corpo humano – como intrinsecamente dotado de dimensões anímicas, espirituais e políticas. Evidencia-se como na pregação do Brasil colonial a palavra do pregador pretende ter uma ação peculiar de intervenção no que diz respeito ao corpo humano em todas as suas dimensões. A palavra, em sua conotação revelativa do mundo real, é concebida como o “farmaco” eficaz e definitivo para o bem dos corpos individuais animados pela alma racional, bem como dos corpos sociais animados pela vida do espírito de Deus – que ao mesmo tempo cria a comunidade eclesial (o corpo místico) e a comunidade política (a Res-pública: corpo do Rei e corpo do povo). Posteriormente, Descartes com seu racionalismo, inaugurará a visão dualista que está nas origens da psicologia moderna, pela qual o corpo será reduzido às dimensões da matéria e do movimento. Por fim, assinala-se que a reconstrução histórica das concepções do corpo ao longo do tempo e em diversos contextos geográficos e culturais, somente se faz possível pela existência de um corpo histórico: o corpo documental.
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O objetivo deste trabalho é o estudo das relações entre identidade pessoal e social, tempo e profecia assim como se delineiam em algumas obras de Padre Antônio Vieira. Escolhemos analisar a produção deste autor no período compreendido entre 1640 e 1661 e neste âmbito nos detemos sobre textos especialmente significativos no que diz respeito à afirmação das concepções acerca do homem, do tempo e da história. A análise enfoca as relações implicadas entre sentido do tempo e da história, horizonte escatológico, sentido da identidade pessoal e histórica do sujeito.
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O trabalho aborda a discussão das relações entre memória e história nas áreas da história da psicologia e da história da ciência. Num primeiro momento, aprofunda-se o estudo destas relações nas diversas perspectivas epistemológicas da historiografia moderna – sobretudo no que diz respeito à questão da produção do documento histórico. Num segundo momento, mostra-se a existência das referidas relações através de exemplos inerentes a trabalhos de pesquisa desenvolvidos pela autora. Evidencia-se que a prática e a experiência quotidiana encurtam as distâncias entre os campos da história e da memória. Com efeito, a determinação explícita dos sujeitos históricos de preservar a memória das experiências vividas, permite a constituição de acervos importantes para a pesquisa historiográfica.
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O conhecimento do índio brasileiro, adquirido pelos missionários jesuítas através da convivência quotidiana, norteada pelo objetivo da evangelização, transmitido e difundido através da correspondência epistolar foi, sucessivamente, organizado em tratados e informes. Nesses documentos o conhecimento do outro, adquirido pela experiência direta, é filtrado pelo crivo da visão antropológica da teologia católica e da filosofia da época (especialmente, da visão elaborada pelos teólogos e pelos filósofos aristotélico-tomistas da Companhia de Coimbra e em Roma). As proposições acerca do índio brasileiro, inspiradas nestes referenciais teóricos, comparadas com os resultados concretos da ação evangelizadora, não definem um modelo unívoco. Com efeito, contradições, dúvidas, revisões estão presentes na representação que o pensamento jesuíta constrói acerca do índio e do mundo social deste. No presente trabalho, serão analisados os documentos mais importantes produzidos pelos religiosos, significativos para a descrição da 'realidade' do índio brasileiro, assim como esta aparece aos olhos dos europeus.
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Este artigo analisa alguns sermões pregados entre os séculos XVII e XVIII no Brasil, baseados em metáforas alimentares. O uso das metáforas, recorrente nos sermões do período colonial, fundamenta-se em dois alicerces: 1) na teoria aristotélica do conhecimento, em que o sensorial ocupa um papel prioritário, como porta de acesso para a compreensão das idéias mais abstratas e para a mobilização dos afetos e da vontade visando à modificação do comportamento dos ouvintes; 2) na doutrina platônica sobre a importância das imagens para conservar a memória das idéias. A oratória sagrada do período desperta interesse para a história cultural, uma vez que os sermões constituíram-se numa importantíssima fonte de transmissão de doutrinas e de modelagem dos comportamentos numa sociedade em que a oralidade era a principal forma de difusão dos conhecimentos.
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O trabalho pertence ao domínio da História das Idéias Psicológicas, entendida como parte da História Cultural cujo objeto é o estudo dos conceitos referidos ao ambiente cultural onde foram construídos. Portanto, aparece clara a pertinência de uma linha de pesquisa que investigue o significado dos conhecimentos psicológicos no âmbito da área multifacetada da cultura, ao longo do tempo. O presente estudo aborda os conceitos acerca dos fenômenos psicológicos formulados no âmbito da literatura espiritual e da produção filosófica da Companhia de Jesus ao longo dos séculos XVI e XVII. A experiência psicológica é interpretada em termos das noções elaboradas pelos tratados filosóficos, os quais por sua vez fundamenta-se na tradição aristotelico-tomista. A "psicologia" jesuítica possui uma dimensão filosófica, relativa ao ensino e à produção intelectual da Companhia, juntamente a uma dimensão prática, fundada na antiga tradição da Medicina do ânimo.
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O artigo constitui-se num relato da experiência de pesquisa conduzida nos acervos de cidades históricas do Brasil, visando levantar e reproduzir documentos de oratória sagrada, especificamente sermões pregados no Brasil do século XVI ao fim do XVIII e posteriormente transcritos e impressos. Tais documentos são fontes preciosas para a reconstrução da história da cultura da época, ainda mais importantes pelo seu teor de recursos elaborados visando a transmissão oral dos conhecimentos e a persuasão dos ouvintes. A pesquisa documental nesta área aponta para uma situação muito grave no que diz respeito ao estado de conservação de grande parte destas fontes, bem como evidencia uma freqüente dispersão quanto às condições de preservação e de disponibilização das mesmas. Será proposta uma descrição destes documentos e do estado dos acervos.
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O artigo analisa imagens e metáforas construídas com base na experiência sensorial em sermões e narrativas de cerimônias no Brasil colonial, elaborações retóricas destinadas à transmissão de conhecimentos e práticas junto à população pela comunicação oral e baseadas nos métodos da retórica clássica e da correspondente teoria do conhecimento (Aristoteles, Cícero e Agostinho de Hipona) A pesquisa é realizada segundo o método histórico. A hipótese é que o uso de imagens pertinentes à experiência sensorial tinha a função de impressionar os ouvintes remetendo-os a vivências do seu cotidiano (conforme o preceito retórico da accommodatio), sendo parte de um processo de elaboração do conhecimento com fundamento sensorial. Os resultados evidenciam a importante função atribuída às potências psíquicas sensoriais pela retórica utilizada no Brasil do período colonial aplicada para a construção dos sermões ou no preparo das celebrações e representações na ocasião de datas importantes da vida civil e religiosa e na elaboração de suas narrativas.
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Este artigo busca refletir sobre a contribuição dos intelectuais jesuítas no dsenvolvimento dos saberes sobre o psiquismo humano especificamente à história dos saberes psicológicos. Deve-se destacar a contribuição da Companhia de Jesus à criação de formas, métodos e justificativas de um tipo de conhecimento da subjetividade e do comportamento humanos que darão origem à Psicologia moderna.
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O trabalho apresenta novas questões e abordagens metodológicas na área de história dos saberes psicológicos. Discute-se a pertinência de se realizar estudos deste tipo no âmbito da cultura brasileira, evidenciando a relevância desta abordagem para que a construção dos saberes e práticas psicológicas no Brasil de hoje aconteça em harmonia com as características peculiares da cultura e da sociedade brasileira. Do ponto de vista metodológico, enfatiza-se a necessidade de considerar o fato que as fontes utilizadas para a reconstrução histórica pertencem a gêneros específicos. Por fim, coloca-se a possibilidade de construir diferentes narrativas históricas a partir de diferentes abordagens metodológicas.
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O artigo visa entender as relações entre a potência psíquica do "engenho", algumas qualidades temperamentais específicas e as funções a serem exercidas pelo indivíduo possuidor destas características delineadas nos Catálogos da Companhia de Jesus ao longo dos séculos XVII e XVIII. Evidencia a presença destas associações como lugar-comum na literatura jesuítica da época, a importância do engenho como qualidade exigida para exercer ministérios relevantes na Ordem, e necessidade do indivíduo possuir uma complexão física adequada a estas exigências.
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Pretende-se evidenciar, numa perspectiva multidisciplinar e histórica, o processo que transformou o destinatário da persuasão - de sujeito ativo e crítico em consumidor passivo do produto. Na história da cultura ocidental, opõem-se duas concepções diversas do processo da persuasão: de um lado, entende-se que esta deva proporcionar uma experiência ao sujeito concebido como receptor ativo e intencional dos estímulos advindos do mundo externo, corpo vivente e espiritual (dotado de capacidade de juízo e decisão); do outro, vê-se a persuasão como indução de experiência num sujeito considerado como mero receptor passivo dos estímulos externos, corpo determinado pelo mecanismo das reações.
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O recurso a imagens da natureza para dar conteúdo às metáforas utilizadas na pregação é comum entre os jesuítas que exercem o “ministério da palavra” no Brasil colonial. Através da metáfora, são introduzidos no conteúdo da pregação elementos próprios do mundo da vida dos ouvintes, de modo a tornarem mais compreensíveis e próximas a eles as doutrinas propostas pelo sermão. Portanto, a natureza e seus fenômenos seriam capazes de evocar pensamentos, sentimentos, disposições e condutas pertinentes às finalidades da pregação. A criação da metáfora e a arte da palavra brotam da mesma fonte: a contemplação da realidade criada à qual a palavra humana pode dar nome e definição à luz da meditação do Verbo criador. Esta capacidade é moldada pela prática dos Exercícios espirituais, crivo unificador da multiplicidade dos olhares humanos e da variedade da natureza.
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