A sua pesquisa
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Este estudo apresenta o arcabouço de idéias humanísticas desenvolvido por Miguel Rolando Covian no âmbito da universidade: como cientista que foi, através de artigos científicos e de várias iniciativas concretas buscou enfrentar o problema da atual crise no campo das ciências modernas e na formação humanística do estudante universitário. No pensamento de Covian verifica-se a particular contribuição de três autores contemporâneos, muito lidos e comentados por ele, representantes de três diferentes áreas do conhecimento – Teilhard de Chardin, José Ortega y Gasset e Thomas Merton. A relevância teórica e testemunhal destes autores para o pensamento de Covian evidencia-se na estreita relação de idéias entre eles e nas citações feitas em seus artigos aos autores. O estudo desta relação nos permitiu aprofundar a concepção de humanismo em Covian e identificar as suas principais matrizes teóricas.
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O objetivo deste artigo será mostrar como o tema da espiritualidade/religiosidade é abordado pelo psiquiatra italiano Eugenio Borgna no horizonte da antropologia fenomenológica. Os conhecimentos filosóficos, teológicos e literários são recursos aos quais ele recorre para meditar sobre as questões de sentido que atravessam a experiência humana, como são aquelas da dimensão interior da dor, da fragilidade, das emoções e do respeito à dignidade da pessoa. As edições dos seus livros aparecem acompanhadas por dois índices, um de nomes e outro bibliográfico, com as referências. Utilizamos tais índices para nos orientar no reconhecimento das fontes que mais aproximam Borgna das questões últimas da existência. Em seguida identificamos quatro categorias com as quais foi possível revelar a compreensão da espiritualidade/religiosidade em Borgna, a saber: o sentido do humano, da transcendência, do sofrimento e da interioridade. Nota-se, por fim, que o acesso a esse tipo de produção fenomenológica, no âmbito da saúde, pode reforçar a consciência sobre a necessidade de preparar os profissionais para uma escuta mais atenta a respeito das exigências espirituais e da vontade de sentido dos pacientes.
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Neste trabalho utilizamos os sermões do século XVII, de autoria do jesuíta Antônio Vieira (1608-1697), como de fonte de investigação. Nosso objetivo foi indicar saberes psicológicos nestes documentos. Inicialmente, pressupomos que o autor se apropriou da psicologia filosófica aristotélica da época. Analisamos 208 sermões onde foram catalogados e categorizados excerto com ideias ou termos do léxico aristotélico-tomista (tais como memória, imaginação, sentidos internos, sentidos externos, potências da alma, percepção, paixões, abetos, apetites, reminiscência, razão, alma racional, alma sensitiva, alma vegetativa, espírito, vontade, livre arbítrio, etc.). Observamos que os sermões se utilizam da denominada scientia de anima (ciência da alma) do Curso Conimbricense (manual escolar para ensino de filosofia baseado em comentários às obras aristotélicas). A scientia de anima (ciência da alma) é uma área de conhecimento constituída nos séculos XVI e XVII e que produz um modelo psicológico e antropológico (indicando teoria da percepção, das emoções e da cognição). Indicamos também a utilização da retórica como uma teoria dos abetos e instrumento para intervir e organizar a interioridade humana. Observamos também a influência dos Exercícios Espirituais de Inácio de Loyola, que são a base de uma teoria da imaginação e da reminiscência e de autorreflexão. Assim, os sermões são uma fonte de estudo que indica da presença de uma "psicologia" nos séculos XVII e XVII.
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Uma biografia científica é geralmente escrita com o objetivo de interpretar tanto o caráter mutante da prática científica quanto as características individuais dos cientistas. Pela identificação dos interesses pessoais de cientistas pode ocorrer uma mudança no modo como a ciência é entendida. O objetivo do presente trabalho é analisar o desenvolvimento da ciência e da psicologia no Brasil tendo a biografia científica de Carolina Bori como ponto de partida. Escrever sobre Carolina Martuscelli Bori é escrever sobre uma pesquisadora que teve um grande impacto sobre o desenvolvimento científico no Brasil. Pode-se dizer que mesmo depois de sua morte a memória de Carolina Bori influencia pesquisas, planejamento de cursos, debates sobre ciência, etc. Exemplos disso incluem os pelo menos 11 artigos sobre ela, escritos entre 2004 e 2012. Além disso, ela já havia sido homenageada com uma edição especial da revista Psicologia USP. Para atingir este objetivo, foi necessário reunir informações sobre ela disponíveis nesses materiais, em depoimentos de uma sobrinha dela, uma funcionária da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, e de 15 pesquisadores de diferentes áreas que trabalharam com ela. Utilizou-se, também, cartas pessoais que ela trocou com o psicólogo estadunidense Fred S. Keller (1899-1996), que se tornou um mestre e amigo pessoal, bem como nos artigos assinados por ela. Carolina Martuscelli nasceu em São Paulo em 4 de janeiro 1924 e era a filha mais velha de suafamília, entre outros quatro filhos. Seu pai era italiano e sua mãe era brasileira. Frequentou uma escola alemã desde os seis anos de idade e formou-se como professora. Como pedagoga, estudou motivação do ponto de vista Gestalt sob orientação de Tamara Dembo durante seu mestrado nos Estados Unidos, e com Annita Cabral durante seu doutorado, no Brasil. No início de 1950, Carolina se casou com um italiano, cujo nome de família ela assumiu e com quem teve um filho. Eles se divorciaram alguns anos após o nascimento de seu filho, mas ela manteve o nome de casada. Depois de um problema pessoal com a chefe da cadeira onde trabalhava, Carolina Bori foi afastada da universidade. Na ocasião, Bori foi convidada para coordenar o departamento de psicologia do curso de pedagogia em Rio Claro. Durante esse tempo, ela foi aluna de Fred S. Keller, e, juntos, escreveram os primeiros trabalhos em um campo que desenvolveram no Brasil e que alguns psicólogos ofereceram resistência. Em 1962, ela foi convidada para criar e coordenar o departamento de psicologia da Universidade de Brasília, na capital brasileira recém-fundada. O curso, com base na experimentação e técnicas comportamentais, começou em 1964, mas em 1965 o governo militar invadiu a universidade e o departamento foi extinto. Com isso, Bori voltou à USP e se tornou a principal pesquisadora no campo da Instrução Programada e PSI no país. Em 1969, ela se submeteu ao concurso de livre-docência, no entanto, devido a rivalidades políticas,seu certificado foi negado. Ela também orientou teses de mestrado e doutorado, dirigiu sociedades científicas que lutaram por melhores condições de ensino e pesquisa no país, contribuiu para o reconhecimento legal da Psicologia no Brasil e foi fundamental para a criação do sistema de ciência e tecnologia brasileira. A partir da biografia científica de Bori pode-se observar uma série de características da ciência e da psicologia no Brasil e como algumas preocupações pessoais e problemas podem levar ao desenvolvimento do campo.
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O êxodo das massas de agricultores provenientes da Itália, sobretudo do Vêneto, e instalados no final do século XIX no interior do Estado de São Paulo, e as diversas etapas de tal processo na formação da identidade ítalo-brasileira constitui o cenário de nossa pesquisa. Tal fenômeno exige indagar sobre o significado do “deixar a pátria” de origem e revisitar os lugares constitutivos da cultura camponesa dos imigrantes. Nosso objetivo é o estudo das cartas dos imigrantes vênetos e dos seus descendentes, visando colher os fragmentos de elos que perpassam as gerações e veiculam os valores de pertença cultural, no que se refere a determinado modo de vida familiar, ao processo de integração e de assimilação dos costumes brasileiros e à atual tentativa de resgate da identidade ítalo-brasileira. O método de análise utilizado é inspirado na fenomenologia de Edith Stein e busca apreender, a partir das estruturas de vivências pessoais e comunitárias, as experiências humanas de enraizamento/desenraizamento transmitidas pelos envolvidos na relação epistolar. O método fenomenológico possibilita reconhecer os pontos essenciais das narrativas em dois pólos importantes, seja na perspectiva interna das vivências dos sujeitos, bem como na dimensão inter-subjetiva. Analisamos, desse modo, as possíveis conexões entre duas distintas realidades: uma referente às correspondências trocadas entre os imigrantes vênetos do Brasil e Itália, e a outra referente às atuais correspondências, sobretudo dos habitantes da ex-colônia de Cascalho no município de Cordeirópolis-SP, que tem permitido aos descendentes a reconstrução da história familiar e constituído em estímulo para a preservação das raízes culturais e do valor das genealogias. Além das cartas, a pesquisa se baseia na leitura da bibliografia referente à imigração italiana no Brasil. Os resultados obtidos revelam a força comunicativa e evocativa do epistolário daquela comunidade de agricultores; mostram os aspectos dinâmicos dos relacionamentos e a busca das novas gerações pelas raízes; e as estruturas das vivências dos indivíduos e da comunidade.
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As chamadas teorias raciais chegaram ao Brasil por volta da década de 1870. De maneira geral, estas teorias afirmavam que as diversas raças humanas estavam submetidas a uma hierarquia determinada naturalmente. Este seria o motivo das desigualdades entre os povos e indivíduos. O Brasil, segundo muitos intelectuais brasileiros e estrangeiros, encontrava-se atrasado em relação às grandes nações por causa de sua grande "diversidade racial". A eugenia, uma ciência ideológica fundada por Francis Galton, chegou ao país como a esperança de "salvação da raça brasileira". Galton propunha estabelecer as condições ideais de reprodução humana, visando o melhoramento racial progressivo em todos os seus aspectos. Incorporadas pela intelectual idade brasileira, estas idéias difundiram-se por muitos domínios científicos, inclusive pelas ciências psicológicas. As técnicas de avaliação como as medidas de Q.I. e os psicodiagnósticos, criados ou adaptados por psiquiatras brasileiros do começo do sempre incluíram da variável "raça". Neste trabalho objetivamos explorar a formação histórica de uma "psicologia racial" no Brasil, enfatizando as suas diversas ramificações e propostas de intervenção no meio social. Partimos de dois pressupostos básicos: 1) A apropriação das teorias raciais pelos saberes psicológicos; 2) As concepções psicológicas inerentes às próprias teorias raciais. Como fontes utilizamos periódicos médicos, educacionais, anais de congressos e de sociedades eugênicas, bemcomo obras de referência, publicados no período em questão. Definimos as seguintes categorias historiográficas para análise: I) As diferenças psicológicas entre as diversas. etnias brasileiras; II) As "tendências" de certas raças para as doenças mentais; III) As propostas de "higiene racial" como forma de melhoramento psicológico da população brasileira. IV) A procura por uma "solução eugênica" para o "problema racial" brasileiro. O período entre ... 1869 e 1940 é quando as interseções entre as ciências psicológicas e as teorias raciais são mais significativas. Nos concentraremos no eixo Rio de Janeiro e São Paulo.
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O objetivo do artigo é comparar duas narrativas acerca de um evento histórico à luz da história dos saberes psicológicos: o movimento de Canudos liderado por Antônio Conselheiro. As narrativas comparadas são: a interpretação dada por Euclides da Cunha acerca das características psicológicas dos participantes desse movimento, em Os Sertões; e os relatos acerca das experiências subjetivas vivenciadas em narrativas orais de sobreviventes de Canudos, colhidas por Odorico Tavares. As duas fontes, produzidas em diferentes gêneros literários (literatura e memória oral) focam as vivências dos participantes de Canudos, divergindo na forma como foram colhidas: a primeira por um observador externo e escritor interprete da visão cultural da intelectualidade brasileira da época; a segunda, expressão narrativa dos atores do movimento entrevistados. Os lugares-comuns evidenciados em ambas as narrativas foram analisados à luz dos respectivos universos histórico-culturais. As divergências emergentes são relacionadas a teorias e saberes psicológicos inerentes a esses universos.
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Este artigo é uma reflexão sobre uma investigação que toma em foco os eventos subjacentes à escrita de uma narrativa focalizando a história da vinda de uma família israelita, em 1904, da Rússia à Colônia Philippson localizada no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, dentro do programa de colonização denominado Jewish Colonization Association para trabalhar na terra. A primeira autora descende desta família. Considerações sobre história, tempo, acontecimento e identidade do pesquisador conduzem à noção de que a passagem pelos limites temporais é uma busca em direção à própria identidade. Este processo é ilustrado por quatro acontecimentos em que o tempo passado se torna presente no caminho para a realização do estudo. O texto finaliza reconhecendo a metáfora da peregrinação como forma expressiva da experiência de narrativa autobiográfica e biográfica da história familiar, colocando este percurso em um terreno cultural mais amplo e de possível alcance universal.
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After a brief presentation of the research program on the “history of psychological knowledge in the ambit of cultural history,” this article addresses 2 issues that we consider particularly important from the methodological point of view: the notion of multiple temporalities (regimes of historicity) and of complexity as characteristics of the contexture of Brazilian culture. It will be shown how both require specific attention from the researcher, because the process of incorporation of psychology in Brazil over time is complex and articulated according to various regimes of historicity that intersect and interpenetrate each other, without being exclusive. Our approach will be exemplified by the concept of memory, showing how this can be grasped in its constitution in Brazilian culture, which is composed of several sedimented layers according to different temporalities. (PsycInfo Database Record (c) 2020 APA, all rights reserved)
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A presente nota de pesquisa consiste na apresentação de um modelo de criação e disponibilização de um arquivo de documentos em História dos Saberes Psicológicos e da Psicologia no Brasil, a partir da organização e classificação do arquivo pessoal de Marina Massimi, professora e pesquisadora na área. A execução deste trabalho visou facilitar o acesso de pesquisadores e estudantes, bem como da própria pesquisadora às informações contidas neste fundo documental. Buscou-se ordenar estes documentos históricos de forma prática e simples, de modo a possibilitar a continuidade de sua organização, uma vez que se trata de um arquivo ativo. Pelo fato de Massimi atuar na área de História da Psicologia e História dos Saberes Psicológicos na Cultura Brasileira, seu arquivo constitui um vasto fundo documental formado ao longo de suas atividades de pesquisas desenvolvidas em arquivos do Brasil e do exterior, dentre os quais podemos citar as Bibliotecas Vaticana, Casanatense, Ambrosiana; a Biblioteca de Milão; a Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, de Porto, Braga e Lisboa; as antigas Bibliotecas da Faculdade de Medicina e da Faculdade de Direito de São Paulo; a Biblioteca Nacional, a Biblioteca do Colégio Pedro II no Rio de Janeiro; a Biblioteca da Casa dos Bispos de Mariana e outros acervos mineiros, etc. O acervo contém, assim, fontes documentais raras e significativas para as áreas citadas, distribuídas entre correspondências, peças de oratória, tratados, catálogos, cartas indipetae e outros. Por tratar-se de um trabalho em andamento, o presente artigo limita-se à descrição da organização do primeiro grupo de documentos pertencentes a este acervo: o grupo de documentos textuais.
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Este artigo descreve um trabalho de organização, com vistas à preservação da correspondência epistolar do neurofisiologista Miguel Rolando Covian, e tem como objetivo destacar a necessidade de atenção a este gênero de fontes enquanto documentos históricos. As correspondências epistolares trazem em seus conteúdos informações de caráter íntimo e pessoal que adentram o campo das questões éticas e as colocam sob proteção legal por determinado período de tempo. Assim, os cuidados com a preservação destes documentos são fundamentais, por se tratar de fontes primárias originais que necessitam ser preservadas em condições apropriadas mesmo enquanto se encontram em acesso restrito. Miguel Rolando Covian foi um neurofisiologista argentino que chegou ao Brasil em 1955 para assumir o então recém-criado Departamento de Fisiologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. À frente deste Departamento, elevou-o a um nível de reconhecimento nacional e internacional, um centro de excelência em pesquisa no Brasil e no mundo. Culto e profundo conhecedor de filosofia, comunicava-se com amigos e cientistas de diversas regiões do mundo. A correspondência epistolar de Covian guarda em seu conteúdo inúmeras possibilidades de pesquisas no campo histórico; porém, sendo ele um cientista, um foco maior incide sobre a História das Ciências, com destaque para a História da Medicina, da Biologia, da Psicologia e da Neurofisiologia.
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O presente estudo intenta analisar qual possível concepção de homem estaria relacionada à escolha do envio membros da Companhia de Jesus para diferentes localidades, sob a perspectiva da História dos Saberes Psicológicos. Para tanto foi analisada a categoria dos temperamentos nos catálogos trienais do Brasil, Portugal, Japão no período de 1654 a 1660. Percebe-se o predomínio da compleição Colérica na maioria dos catálogos analisados enquanto os demais temperamentos variavam. Tais fatos sugerem que talvez o temperamento colérico seja uma característica comum aos membros da ordem ou que a conjuntura sociopolítica dos referidos países favorecia a escolha de membros que correspondessem melhor a esse tipo perfil, enquanto os demais variavam a depender das demandas locais.
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- Artigo de periódico (205)
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Ano de publicação
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Entre 2000 e 2025
(337)
- Entre 2000 e 2009 (162)
- Entre 2010 e 2019 (141)
- Entre 2020 e 2025 (34)