A sua pesquisa
Resultados 9 recursos
-
Neste trabalho, são revisitados dois artigos de Michel Pêcheux (1938-1983), um dos principais formuladores da análise do discurso (AD): Reflexões sobre a situação teórica das ciências sociais (1966); Conjuntura teórica da psicologia social (1970). Mostra-se que, na formulação da AD, o vínculo com a disciplina psicológica foi importante, embora negativo. Além disso, o artigo de 1970 pode ser visto como uma verdadeira análise do discurso da psicologia social em evidência na época. Diferentes teorias da psicologia social são apresentadas e, por meio de uma leitura/escuta social, são apontadas suas características biologistas, culturalistas ou sociologistas. Mostra-se que cada teoria, para dar conta do que lhe falta, lança mão de ideologias, ora políticas, morais e religiosas, ora provenientes das ciências biológicas. Argumenta-se, no final do artigo, que esse dispositivo de análise utilizado guarda estreita afinidade com a análise do discurso atual.
-
No artigo, o domínio social histórico é definido, acompanhando o pensamento de C. Castoriadis, segundo duas dimensões, uma determinista e outra imaginária. Argumentase que toda pesquisa que se atém apenas a uma das dimensões permanece incompleta. Mostra-se como a noção de formação discursiva pode ser útil em investigações que adotam uma abordagem social histórica, contribuindo com uma teoria e com um instrumento metodológico, a análise do discurso. O exemplo de um trabalho de pesquisa desenvolvido pela autora sobre um tema específico, o discurso da eqüidade e da desigualdade sociais, mostra a utilização de uma metodologia para a pesquisa do domínio social histórico fundamentada na noção de formação discursiva.
-
Este artigo teve como objetivo apreender imagens do corpo e explicitar as significações imaginárias sociais relativas a ele, construídas em diferentes épocas e lugares. Foi estudada uma dúzia de obras literárias, incluindo utopias, peças teatrais, livros de aventura e romances, nas quais aparecem sociedades fictícias e há descrições do corpo de personagens. A noção de Castoriadis de domínio social-histórico foi o principal referencial teórico, levando à busca das significações imaginárias e de suas diferentes determinações. Procedimentos de análise do discurso foram utilizados para apreender as descrições do corpo e contrapô-las às informações sobre os autores e suas épocas. Foram detectadas as seguintes imagens do corpo: virtuoso, do mal, velado, asqueroso, real, involuído, uniforme, hierárquico, ideal, produzido, condenado, exposto. Como esperado, verificou-se que há diversas imagens e que elas refletem o lugar e a época em que surgiram. Há, porém, imagens que persistem ao longo do tempo.
-
Em 1972, Georges Lapassade esteve no Brasil em missão cultural. Dois anos depois, publicou Os cavalos do diabo: uma deriva transversalista. Viagem e viajante são vistos neste artigo como, simultaneamente, analisadores e analista do Brasil de então. O regime militar e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foram as instituições focalizadas. Além do livro de Lapassade, outras fontes foram utilizadas: o arquivo da Assessoria Especial de Segurança e Informação da UFMG; informações recolhidas pela Arquidiocese de São Paulo, pela Comissão de mortos e desaparecidos políticos e Instituto de Estudos sobre a Violência do Estado; escritos recentes de historiadores brasileiros; documentos do Setor de Psicologia Social da UFMG. Buscaram-se “coincidências analisadoras”, ou seja, mo-mentos de cruzamento entre o relato de Lapassade e outros registros históricos. Chegou-se à informação inédita de que, um ano após a missão, o missionário foi objeto de investigação pela Divisão de Segurança e In-formação do MEC.
-
Neste artigo, descrevemos o processo de construção discursiva da autoridade e do saber salesianos no âmbito da Educação e Psicologia em São João del-Rei, Minas Gerais. Investigamos um corpus composto por recortes do jornal Diário do Comércio, publicados entre 1958 e 1961, arquivados no Centro de Documentação e Pesquisa em História da Psicologia da UFSJ. A leitura cuidadosa e repetida dos recortes e o levantamento de informações sobre o contexto de produção, construção e interpretação do discurso analisado inspiram-se na proposta metodológica de Patrick Charaudeau. Identificamos a criação e funcionamento do Laboratório de Psicologia Experimental da Faculdade Dom Bosco como acontecimento discursivo que favoreceu, localmente, o enaltecimento dos salesianos como grandes educadores. Na prática, o Laboratório se transformou em espaço científico de oferta de serviços psico-pedagógicos, concretizados no Centro de Estudos Pedagógicos, no Círculo de Pais e Mestres e na formação do orientador educacional.
-
Neste artigo, investigamos, conforme a perspectiva genealógica de Michel Foucault, quatro aparelhos do Laboratório de Psicologia Experimental da Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras de São João del-Rei: caixa de Decroly, para avaliar inteligência e caracteriologia; ergógrafo de Mosso, para medir fadiga e resistência musculares, tempo de reação, percepção, atenção e traços caracteriológicos; estereômetro de Michotte, para aferição de percepção visual de relevo e profundidade; mnemômetro de Ranschburg, para estimar capacidade de associação e memorização. Construímos o arquivo de pesquisa com documentos do Centro Salesiano de Documentação e Pesquisa e da Universidade Federal de São João del-Rei. Narramos trajetórias desses aparelhos entre 1953 e 1971, do contexto de sua aquisição até seu silenciamento. Identificamos deslocamentos de suas funções: de dispositivos de pesquisa e avaliação psicológicas passaram a ser aplicados em práticas de seleção profissional e orientação educacional, atendendo a demandas modernizantes da indústria e do ensino locais.
-
Este artigo apresenta a análise de um discurso de 1991, enunciado pelo presidente da Associação Internacional de Psiquiatria em carta escrita aos senadores da república, no momento de discussão do substitutivo do projeto de lei 3657/89 de autoria do então deputado federal Paulo Delgado (PT/MG). Marcado pela reforma sanitária e pelo movimento de trabalhadores de saúde mental, tal projeto propunha um modelo aberto e descentralizado para a área e questionava as práticas psiquiátricas prevalentes no país. A carta apresentou-se contrária àqueles movimentos e temerosa da descaracterização da prática psiquiátrica tradicional. Refletiu assim tensões e disputas de forças, poderes e interesses do debate parlamentar sobre saúde mental. Ela precedeu a aprovação da lei 10.216/01 e sua análise oferece subsídios que permitem compreender a defasagem entre o projeto e a lei.
Explorar
Tipo de recurso
- Artigo de periódico (7)
- Seção de livro (2)
Ano de publicação
-
Entre 2000 e 2024
(9)
- Entre 2000 e 2009 (3)
- Entre 2010 e 2019 (6)