A sua pesquisa

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  • O maracatu de baque virado é uma manifestação cultural afro-indígena brasileira que tem sido estudada pela musicologia e pelas ciências humanas e sociais. O presente artigo tem como objetivo analisar algumas práticas de atenção produzidas nos cortejos de maracatu e sua relação com a construção de um comum no espaço público. As relações atencionais são analisadas em uma rede heterogênea composta pelo batuque, a dança, os instrumentos e o entorno. Tomamos como referência a abordagem da ecologia da atenção de Citton, bem como as ideias de Guattari e Simondon. Utilizando a cartografia como método de pesquisa-intervenção, destacamos uma qualidade de atenção conjunta a qual denominamos “pressão”, dedicada ao manejo metaestável de “sustentação do baque”, responsável por “não o deixar arriar” e por “fazer vadiar com gosto”. Concluímos sugerindo que os cortejos de maracatu de baque virado nas ruas podem suscitar uma ecologia de práticas promotoras de saúde no espaço público.

  • Frente aos problemas de saúde apresentados na universidade pública nos dias atuais, somos forçadas a repensar a formação dos alunos de psicologia. Visando propor uma formação mais baseada na experiência compartilhada do que na transmissão de informação, criamos dois dispositivos: uma oficina de experimentação corporal e estética e um caderno coletivo. Os dispositivos foram propostos numa disciplina eletiva sobre Arte e Psicologia oferecida no curso de graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Nosso objetivo neste texto é apresentar o processo de criação destes dispositivos, analisando e acompanhando alguns de seus efeitos. Para isso realizamos uma pesquisa-intervenção baseada no método da cartografia. Concluímos que a exposição do corpo e a escrita coletiva abriram espaço para a exposição da vulnerabilidade e do sofrimento dos estudantes. Acontecimentos e temas partilhados produziram participação e a experiência do cuidado no processo de formação, fazendo surgir novos modos de habitar a universidade.

  • O ingresso de alunos com deficiência nas universidades públicas pelo sistema de cotas foi estabelecido com a lei 13.409 e desde 2018 a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) vem recebendo esses estudantes. Para além do desenvolvimento de dispositivos pedagógicos que garantam a acessibilidade desses alunos, coloca-se o problema das relações com professores, bem como entre alunos com e sem deficiência. Um dos problemas é a presença do capacitismo, que se manifesta em atitudes preconceituosas e práticas de opressão em relação às pessoas com deficiência. Uma formação universitária fundada na aquisição de competências e habilidades pode concorrer para que a política cognitiva capacitista seja perpetuada e mesmo acirrada. O conceito de formação inventiva (DIAS, 2011;2012) vai contra a lógica da capacitação e visa produzir outras políticas de cognição por meio de diferentes estratégias e dispositivos de formação. O objetivo do artigo é analisar a experiência de estudantes de iniciação científica e estagiárias em oficinas de formação inventiva no contexto de projetos de pesquisa-intervenção e de extensão com pessoas com deficiência. O estudo utiliza o método da cartografia (DELEUZE, GUATTARI, 1995; ROLNIK, 2006; PASSOS, KASTRUP e ESCÓSSIA, 2009; PASSOS, KASTRUP e TEDESCO, 2014) e analisa diários de campo, com ênfase na narrativa de encontros dos estudantes com pessoas com deficiência. O estudo identifica experiências de problematização da imagem da deficiência como incapacidade, analisa o papel do corpo aprendiz e das experiências multissensoriais em oficinas de formação inventiva, indicando possíveis deslocamentos na política cognitiva capacitista.

  • O tema da atenção vem ganhando cada vez mais destaque na contemporaneidade. Não apenas na psicologia, mas também nas mais diversas esferas de nossa vida cotidiana se manifesta um claro interesse em torno do tema. Este artigo busca explorar a atenção do ponto de vista de seu funcionamento, a partir de uma análise da vertente psicológica do trabalho de William James. Não se trata aqui de uma curiosidade histórica que visaria acompanhar todo o percurso de sua conceituação acerca da atenção, mas sim de ressaltar algumas nuances de sua investigação que têm sido pouco valorizadas pelos trabalhos de psicologia da atenção e que ganham especial importância no contexto da contemporaneidade. Noções como as de seletividade, interesse e focalização são trabalhadas em articulação com o conceito de fluxo do pensamento, com o objetivo de se contrapor à concepção de um funcionamento homogêneo da atenção e privilegiando sua dimensão de flutuação.

Última atualização da base de dados: 21/11/2024 18:57 (UTC)

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