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Unidade (pluralidade) versus desunidade (pluralismo) tem sido debate conceitual frequente em torno da existência de uma ou de várias psicologias. Na literatura, os debates se intensificaram com a série Psychology: A Study of a Science, editados por Sigmund Koch, entre 1959 e 1963. No final dos seis volumes publicados, Koch concluiu que a psicologia não é uma ciência coerente, e sim uma coleção de estudos, variando entre maior ou menor rigor científico. Desde então, o tema tem sido frequente nos poucos periódicos abertos à psicologia teórica, trazendo proposições de teorias unificadoras, defesa de unificação por áreas, ou alegações de que a grandeza da disciplina está na diversidade. O presente artigo argumenta que a premente necessidade não é de teorias que sugiram modos de unidade, mas de critérios que apontem para possibilidades de se mover com proveito entre teorias, atento às surpreendentes relações implícitas entre elas.
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Neste estudo, o argumento que a história do pensamento psicológico deve contemplar, como ponto de partida, considerações evolucionárias e antropológicas sobre a consciência humana. O artigo está dividido em três partes. A primeira traz as evidências empíricas e os campos teóricos que se ocupam do estudo da evolução humana. A segunda examina a definição de três termos básicos e fundamentais para o estudo do pensamento humano: consciência, psique e animismo. A terceira compara crenças de antigas civilizações sobre concepções do universo e da psique. A conclusão argumenta que a escolha da antiga filosofia grega como ponto de partida não despreza as contribuições de outras civilizações. O pensamento grego foi, em grande parte, uma síntese cuidadosa e criativa do conhecimento existente até então. Contudo, as interligações entre universo, corpo e psique, como entendidas pelas antigas civilizações trazem as perguntas básicas e a lógica que deve orientar o estudo inicial dos fenômenos psicólogicos.
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O presente memorandum traz anotações documentadas sobre questões concernentes à pertinência da língua franca (inglês) na formação e publicação em pesquisa, definidas respectivamente como internacionalidade e visibilidade. Reviso marcos históricos como: (1) criação da Revista Psicologia: Reflexão e Crítica, (2) fundação de pós-graduação stricto sensu (UFRGS), (3) proposição do Brazilian Psychological Abstract, base para o Index Psi Periódicos; (4) Fóruns de Internacionalização da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia; e (5) projeto do International Journal of Psychological Reviews. Os documentos consultados indicam que a internacionalidade como formação em pesquisa é hoje fato assimilado e aceito pelos programas de pós-graduação, assim como o interesse pela visibilidade das publicações. Reconhece-se que a prática da língua franca acarreta dificuldades operacionais e financeiras. Trazer a língua franca para o cotidiano dos programas mostra-se iniciativa oportuna e promissora. Contudo, o incremento da internacionalidade e da visibilidade dependem de políticas científicas adequadas, consistentes e continuadas.
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O objetivo deste memorandum é a proposição de uma definição conceitual para a psicologia capaz de integrar desdobramentos de objetos, diferenças entre métodos, e variedades de aplicações. O argumento baseia-se no fato óbvio de que existe apenas um psiquismo, mesmo que se reconheça diferentes modos de descrevê-lo, estudá-lo, preveni-lo e tratá-lo. Desde modo, a psicologia pode ser definida como um vasto campo de manifestações impressivas e expressivas as quais podem ser sintetizadas em articulações de suas propriedades afetivas, cognitivas e conativas, podendo tais manifestações serem observáveis (perspectiva de terceira pessoa) ou não (perspectiva de primeira pessoa). Os termos do enunciado serão definidos e discutidos após análise lógica e histórica de definições apresentadas por filósofos e psicólogos, do final do século XIX ao início do século XXI. A proposição assenta-se na esclarecedora diferenciação entre pluralidade de objetos (hierarquia ontológica ou desdobramentos de objetos) e pluralismo de concepções (diversidade epistemológica).
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Irmão Henrique Justo, na vida civil José Arvedo Flach (Poço das Antas/RS, 25 de julho de 1922 – Porto Alegre/RS, 02 de dezembro de 2022), foi um religioso-educador lassalista, psicólogo, escritor e poeta. Foi também um poliglota, sendo capaz de se expressar em alemão (língua nativa), português, latim, italiano, francês e inglês. Foi professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul por 40 anos. Como educador, divulgou e aplicou a inovadora pedagogia de Jean-Baptiste de La Salle. Como psicólogo, dedicou-se à divulgação da psicologia científica, à tradução e à adaptação de instrumentos de avaliação psicológica, à introdução da Abordagem Centrada na Pessoa no Brasil e ao movimento para o reconhecimento da psicologia como profissão. Para os seus alunos, o Irmão Justo era uma pessoa simples, dócil, decente, discreta e sensível. Costumava falar baixinho, com confiança e firmeza. Sabia ouvir e respeitar as crenças e opiniões das outras pessoas, mesmo quando contrárias às suas próprias posições, encontrando sempre uma boa saída para os impasses. Como professor, ele foi calmo e discreto; agia sem superioridade e se assumia como aquele que não detinha o conhecimento.
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Para o historiador, o método fenomenológico é recurso instrumental próprio à elaboração da difícil arte de narrar uma ação que efetivamente ocorreu. Para o psicólogo humanista, a fenomenologia é ferramenta para recuperar a riqueza vivencial enquanto fenomenalidades dadas à compreensão e à elucidação. Em nenhum dos casos a fenomenologia apresenta-se como perspectiva ou argumento, mas como recurso à exploração objetiva da subjetividade em busca de pistas intuitivas, mediadas pela lógica qualitativa. Primeiro, o artigo discorre sobre as discussões metodológicas em busca da conciliação entre a estética da narrativa e a necessidade de evidências, ocorridas nas origens da fenomenologia de Husserl. Segundo, toma a história da psicologia humanista para análise e para exemplo da dificuldade fenomenológica em discernir fato e valor, a chamada ambiguidade da experiência consciente. A ambiguidade é implícita ao discurso que se apresenta como a retórica de atribuir valor social à consciência da experiência. Conclui definindo historiadores e fenomenólogos como humanistas cuja tarefa é elaborar narrativas, mediadas por uma retórica ética, na qual a ambiguidade entre fatos e valores favoreça a evidência documental, tomando como regra de interpretação o tempo histórico e o espaço social.
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A exposição descreve e analisa as diferenças conceituais referentes à capacidade humana de conhecer e à necessidade de se validar aquilo que se conhece. A primeira condição é designada de gnosiologia, a segunda, de epistemologia. A literatura, por uma confusão entre as diferentes línguas, vem utilizando o termo epistemologia nos dois sentidos, com ênfase na segunda condição. As duas definições de epistemologia são contextualizadas no grande campo da filosofia em conjunto com ontologia (natureza fundamental ou realidade do ser), lógica (regras para se pensar corretamente) e axiologia (ética enquanto valores humanos, e estética enquanto valores éticos e estéticos). A demarcação desses quatro campos da filosofia é então tomada como parâmetro para análise de teorias psicológicas. A análise é ilustrada com a teoria psicológica de Maine de Biran, por oferecer estrutura de fácil entendimento e, ao contrário do que ocorreu na primeira metade do século XIX, não desperta grandes paixões.
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O livro Tests de Medeiros e Albuquerque é um importante precursor da avaliação psicológica no Brasil. A primeira edição parece ter sido em 1924. O sucesso imediato levou a publicação de várias outras edições. A manutenção do termo inglês tests denota a novidade do tema. A palavra já existia em português desde o século XVIII. Certamente, a reconhecimento de Medeiros e Albuquerque, como respeitado jornalista e político, facilitou a aceitação do livro, influenciando fortemente as políticas educacionais da época. O presente artigo está dividido em três partes. A primeira trata da passagem da psicologia experimental de processos simples (Laboratório de Wundt - Leipzig) para as medidas de processos psicológicos superiores (Laboratório de Binet – Paris). A segunda descreve o caminho da avaliação psicológica da Europa para o Brasil. A terceira analisa as principais contribuições do livro Tests, entre elas a informação de que a pesquisa sobre avaliação psicológica estava sendo realizada não mais pelos franceses, mas pelos norte-americanos. A obra é apresentada como uma acurada revisão de literatura da nova ciência psicológica, introduzindo a avaliação psicológica de modo crítico, mas de um ponto de vista favorável.
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Uma maneira de estudar a experiência consciente é através de entrevistas. Há muitos modos de se entrevistar uma pessoa. Uma possibilidade é através de um roteiro flexível e aberto aos diferentes modos de reação do entrevistado. As entrevistas são gravadas em audioteipe, transcritas e estudadas em uma forma sistêmica e sistemática, através de três passos reflexivos: descrição fenomenológica, redução fenomenológica e interpretação fenomenológica. Utiliza-se a entrevista para captar a experiência consciente dos entrevistados e os passos reflexivos indicados para estudar a consciência do pesquisador do material recolhido em suas entrevistas. Na tradição da fenomenologia semiótica a experiência consciente é entendida em sua associação com os conceitos de intencionalidade, sentido e existência. Assim, a experiência consciente é considerada em conjunção com seu aparato cognitivo, afetivo e conativo. Nossas pesquisas focalizam a transformação de uma consciência epistêmica em uma consciência psicológica e seu reverso. A entrevista tem se mostrado um instrumento profícuo para este fim.
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O presente artigo é uma análise histórica e teórica do projeto de naturalização da fenomenologia. Inicialmente, são retomados conceitos definidores da fenomenologia continental husserliana, como intencionalidade e redução, para demarcar o trajeto da filosofia fenomenológica à investigação empírica. A seguir, são contrastados dois movimentos em prol da naturalização da fenomenologia: a heterofenomenologia e a mente incorporada. A terceira e última parte confronta a neurofenomenologia, recente frente do projeto de naturalização, com críticas correntes acerca do rompimento com o estatuto da fenomenologia husserliana. Os autores concluem que a neurofenomenologia, mesmo se distanciando em alguns aspectos da fenomenologia filosófica, apresenta-se como um instigante campo de exploração e de diálogo entre auto-relatos (dados de primeira pessoa) e observação (dados de terceira pessoa) nas pesquisas em neurocognição.
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Tipo de recurso
- Artigo de periódico (61)
- Livro (4)
- Seção de livro (40)
- Tese (18)
Ano de publicação
- Entre 1900 e 1999 (24)
- Entre 2000 e 2024 (99)