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A realidade humana aparece em Sartre como uma falta ontológica no seio da realidade das coisas. Essa falta é a consciência, ocasião de deflagração do Ser e desejo de ser. Nesse sentido o homem é projeto, buscando realizar seu próprio ser através do ser das coisas, assim configurando o mundo. Essa tentativa é sempre fracassada, ou sempre iniciada, na medida em que a consciência não pode se transformar em ser algum, ou só é ultrapassando os projetos nos quais procura realizar o próprio ser. A noção de encarnação se destaca na medida em que representa um princípio de má-fé da consciência que, em seu projeto de ser, busca se perder no ser-em-si da matéria sensível. O uso da filosofia de Merleau-Ponty, no artigo, visa apenas evidenciar, por diferença, as noções de desejo e encarnação em Sartre, e indicar a passagem para outra filosofia através da inversão do significado das mesmas.
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O objetivo é explorar os sentidos da relação com o outro na filosofia de Sartre (O ser e o nada). Em primeiro lugar destacamos as noções de ser-em-si, ser-para-si e ser-para-o-outro, noções chaves para a compreensão dos fundamentos da relação com o outro em sua filosofia. A seguir, destacamos o desejo e o amor nas formas concretas de relação com o outro. Por fim, encerramos com o levantamento de duas ideias, uma referente à atualidade de sua temática, através do pensamento de Foucault, e a outra problematizando a sua noção de encarnação, através do pensamento de Merleau-Ponty.
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O presente estudo teve como objetivo investigar o tema da “afetividade” presente no primeiro momento da filosofia de Maurice Merleau-Ponty (1908 – 1961), mais especificamente nas obras: A estrutura do comportamento, de 1942 e Fenomenologia da percepção, de 1945. Procuramos apontar de que forma tal concepção se articula com a noção de subjetividade apresentada pelo autor nos referidos trabalhos. Merleau-Ponty enfatiza a impossibilidade de compreender-se o afeto segundo os pressupostos tanto do empirismo quanto do intelectualismo. Para o autor, a afetividade apresenta-se como um campo original da consciência corporificada, uma maneira que o sujeito tem de se abrir para o mundo através de determinado estado afetivo. Tomado na corporeidade, o afeto não se apresenta como fisiologia ou ideia. A afetividade corporificada surge como realização de um significado próprio, ligado à abertura do sujeito ao mundo, que sempre se dá a partir do próprio corpo.
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Merleau-Ponty analisa criticamente o conceito de alteridade, não problematizado pelas filosofias modernas, atrelando-o à sua teoria da expressão. Nesse sentido, acompanhou-se o percurso do autor sobre esses conceitos, nas obras de seu primeiro período, em particular na Fenomenologia da percepção, e de seu período de “transição”, durante seus cursos na Sorbonne e, em particular, na sua elaboração de A prosa do mundo. Destaca-se que a noção de alteridade em Merleau-Ponty faz oposição ao entendimento tradicional de que o “eu” é observador externo do “outro”: o homem, antes de ser sujeito singular, compartilha o mundo com o outro. A expressão, por sua vez, mais do que uma elaboração intelectual, é um sentido corporal que pode ser compartilhado, análogo ao estilo na arte. A experiência de alteridade é possibilitada por esse campo de significações, quando o eu é tomado por significações novas, que o “descentram” de sua postura usual. O filósofo aponta, assim, para uma concepção de subjetividade alternativa às tradicionais.
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O objetivo do artigo é compreender a noção de linguagem e expressão em Merleau-Ponty, de modo a evidenciar como se dá a gênese de sentido linguístico. Primeiro, optamos em expor o estado da questão na Fenomenologia da Percepção. Introduzimos o corpo como potência expressiva e significativa de mundo, e a linguagem como expressão atrelada ao caráter gestual da palavra. Em seguida, apresentamos a expressão da linguagem após a apropriação feita por Merleau-Ponty da linguística de Saussure. Por fim, enfocamos a articulação entre o sentido gestual da palavra e o caráter sistemático da língua: o sujeito falante, enquanto potência de atualização e criação de sentido, assume a língua à qual pertence, ao mesmo tempo em que a língua forma sua possibilidade de expressão.
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O presente trabalho tem como objetivo delinear na obra de Merleau-Ponty um movimento crítico em relação às ciências modernas, principalmente à Psicologia, com inspiração nos questionamentos levantados por Husserl acerca do prejuízo relacionado à noção de mundo objetivo, compreendido a partir do paradigma euclidiano de espaço e tempo, que denota um processo de racionalização da natureza que atravessa a filosofia cartesiana e a ciência moderna. Segundo Merleau-Ponty, essa concepção objetiva da Natureza atravessa a ciência biológica e psicológica na dualidade entre causalidade mecanicista, na qual o organismo e comportamento são compreendidos como puros mecanismos, e causalidade finalista, na qual uma finalidade atua como um princípio de organização. Frente a essas posições, as primeiras obras de Merleau-Ponty buscam ultrapassar esse dualismo pela concepção de uma estrutura corporal em relação com o mundo como princípio de organização interior ao corpo próprio e deste com o mundo, apontando para uma vivência do espaço e do tempo mais primordial que aquela do mundo objetivo.
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A partir da obra de Charles Taylor, tratamos das repercussões do naturalismo na obra de William James. Primeiro apresentamos a noção tayloriana de naturalismo (ético-moral), ao que ele contrapõe sua teoria hermenêutica. A seguir, tratamos do conceito jamesiano de experiência religiosa e discorremos sobre suas principais características apontadas por Taylor. Em seguida, apresentamos as críticas de Taylor a esse conceito e discutimos em que sentido James teria esposado algumas das teses do naturalismo ético-moral.
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O filósofo Charles Taylor destaca a perspectiva moral por meio de uma história da formação da subjetividade moderna. Segundo ele, tal perspectiva pode iluminar alguns dos seus mal-estares: o individualismo moral e a crise dos significados da secularização, além da persistência ambígua da religião na organização da vida pública contemporânea. Ao sentido desse movimento profundo da moral ocidental, Taylor dá o nome de ética da autenticidade, cujo valor positivo é contraposto a essa degradação através desses três sinais de decadência e sintomas de mal-estar. O objetivo do artigo é explorar a ambiguidade presente na modernidade conforme descrita por Taylor. Guiando-nos pelas relações entre autenticidade e religião, exploramos os temas do individualismo moderno, dos significados da secularização e do impacto da religião na formação política do Ocidente.
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O presente trabalho tem como objetivo iniciar um diálogo entre as ideias de B. F. Skinner e M. Merleau-Ponty a partir do comportamento reflexo. Do ponto de vista metodológico, optou-se pelo estudo da primeira fase do pensamento merleau-pontyano, especificamente com o livro La structure du comportament, e a segunda fase do pensamento skinneriano, especificamente com o livro Science and human behavior. Os demais textos de Skinner, Merleau-Ponty e comentadores foram usados como referência de apoio. Três momentos serão considerados. No primeiro, apresentar-se-á uma revisão do panorama geral do diálogo entre fenomenologia e behaviorismo. No segundo, tratar-se-á questões sobre o método e sua justificativa. No terceiro, discutir-se-á a superação da explicação comportamental pelo reflexo e como ela nos indica o movimento de convergência entre as filosofias de Skinner e de Merleau-Ponty.
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