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Neste texto, abordamos a Mostra Nacional de Práticas em Psicologia a partir dos conceitos de arquivo e testemunho. Considerando-a como arquivo coletivo, a Mostra pode ser vista como o plano comum de uma multidão enunciadora que, como testemunha, enuncia aquilo que tem sido e em que está se tornando a Psicologia como ciência e profissão. A questão dos diálogos da Psicologia com outros saberes é mostrada como relevante aos devires de nossa ciência, uma vez considerarmos que dialogar com outros domínios das ciências, das artes e da filosofia refere-se a um modo de produzir aberturas no atual arquivo de saberes que produzimos em direção a outros e novos futuros possíveis.
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Trabalho apresentado no Seminário TECENDO VOU SENDO: TESSITURAS A PARTIR DA OBRA DE ARTHUR BISPO DO ROSÁRIO. PPGPSI/PPGAVI/ 22 de junho de 2012.
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Este texto é um biografema – biografia inventada e fragmentária –, sem compromisso com dados e fatos comprováveis pelos grandes arquivos. É inspirado na vida de Ângelo, apenado do Presídio Central de Porto Alegre, que escreve cartas a amigos e familiares. “O açougueiro” cria uma insólita realidade em que a escrita é performatizada como ato de testemunhar, dando luz a um passado que não está nos arquivos, mas no ato de retirar de sua poeira esquecida o que insiste.
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Este trabalho demonstra como ocorreu o processo de disciplinarização do espaço-tempo na cidade de Porto Alegre no fim do século XIX e primeira metade do século XX, quando práticas segmentadoras buscaram prover simetria aos espaços e subjetividades para melhor adequá-los a uma sociedade onde o trabalho e a indústria imperavam. Visibilizamos aqui as diversas conexões sinérgicas entre reformas ordenadoras do espaço urbano e a criação de um espaço e de práticas específicos para o trato com a loucura. O surgimento da cidade e do seu hospício servem de fio condutor para uma cartografia das ciências normalizantes e sua luta por uma ortopedia do desviante. A necessidade de optimizar a utilidade da população e de permitir a convivência entre homens de civilidade urbana e moral burguesa erigiram uma série de dispositivos baseados em uma geometria centralizante, a qual é fundamental na construção da modernidade e sua principal criação: a normalização.
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O artigo parte da situação da cidade de Porto Alegre e seu Hospital Psiquiátrico São Pedro na metade do século XX, constituídos a partir de uma geometria disciplinar centralizante,a qual buscava subjetivar corpos e gestos adequados para o trabalho industrial e aos padrões de convivência da civilidade urbana. Partindo desta configuração das forças, passamos a uma genealogia dos primeiros espasmos de dispersão que tomaram tais espaços, possibilitando sua transformação pelas práticas atuais: por um lado, no espaço urbano contemporâneo com suas segmentações privadas dispersivas; por outro, na atual reforma psiquiátrica, com a descentralização da assistência. Passando pelo momento de superlotação do Hospital e do Centro da cidade, para chegar às primeiras práticas de esvaziamento do centro urbano e da centralidade do espaço asilar, acompanhamos os movimentos que vão até o início dos anos 1980, criando as condições para a possibilidade da reforma no RS da década de 1990.
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O estudo de Ética de Spinoza, através de Deleuze, é ponto de partida para compor uma rede, na qual o aprender escapa das polaridades sujeito-objeto e das tramas da representação. Indicada pela concepção de individuação e logo problematizada pelos lugares de autoria e de autor, procura em seu emaranhado, assinalar as possibilidades de reverter a individualização. A tentativa de urdir com uma diversidade de conceitos no âmbito da filosofia da diferença, tais como gênero de conhecimento, dimensões da individuação, plano de imanência, dentre outros, faz com que a trama seja tomada de intensidades que convocam outras proposições - o tempo-duração, o fora. Desse modo, o texto ‘destecido’ mantém-se como um todo-aberto.
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Neste artigo colocamos em análise o que denominamos um modo de gestão manicomial da vida. Procedimentos psicológicos e psiquiátricos alongados no social, que vêm operando um pesado e minucioso maquinismo conectando a mídia, o ensino, o lazer, o corpo humano, a indústria da saúde, o Estado. Tidos como naturais e evidentes, tais maquinismos se expandem cada vez mais através de novas instituições e na vida mais comum. O que temos feito com a diferença, o que temos feito com aqueles comportamentos que não se enquadram em contornos normalizantes? Trata-se aqui de abrir alguns destes maquinismos, tidos como tão naturais e evidentes que se expandem cada vez mais em novas instituições e na vida mais comum, problematizando a produção proliferante de seleções, triagens, especialismos e instituições de cuidados.
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Este artigo se propõe a seguir os caminhos abertos por uma vivência para repensar e retrabalhar o que é uma memória, seu uso, seu signo e sua morte; não mais a vendo como algo perdido, mas como uma potência, algo que impulsiona o presente, sempre o retornando de maneiras diferentes e novas; podendo, portanto, lembrar, escrever e esquecer aquilo que traz uma possibilidade de elaborar o luto e de narrar o novo. Lançando mão de autores como Gagnebin, Benjamin e Deleuze, o artigo reflete a possibilidade de narração, no tempo presente, de algo que ocorreu no passado, mas que ainda faz barulho.
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O presente texto tem como objetivo expor os caminhos metodológicos abertos a partir de questões éticas que surgem das operações de escrita amparada com imagens. Desenvolve um entendimento da imagem como sendo algo que se insere em um texto de forma anômala e em desvio com a linearidade do seu caráter discursivo. Tal problematização contou com um diálogo com os trabalhos desenvolvidos por Aby Warburg e André Malraux. sendo que a compreensão espacial que esses autores dão tanto à escrita quanto à produção de imagens serviu como inspiração para o delineamento de uma proposta metodológica. Foi pensado como proceder para realizar uma exibição ou uma apresentação através da textualidade, tentando produzir um museu em escrita, uma maneira que possibilitasse a exploração formal da tensão entre dois meios.
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A ideia de “máquina universal” foi proposta por Alan Turing em 1936, máquina capaz de computar e executar qualquer máquina computável, vindo a ser tomada como um dos modelos abstratos do computador. Propomos pensar como se dá a constituição da subjetividade em um mundo cada vez mais habitado e mediado por máquinas universais. Abordaremos a noção de daemon, tanto em seu sentido computacional, como programa que é executado sem a intervenção do usuário, quanto em seu sentido grego original, fazendo a sua breve história, para pensar como a máquina universal se compõe com uma cognição estendida ou distribuída, e os problemas políticos e éticos que dai advêm através da problematização da noção de comunicação, nos levando a pensar uma subjetividade descentrada e atravessada por daemons.
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Neste artigo propusemos a reflexão sobre a multiplicidade de significações que o processo de guardar lembranças e contar a História adquirem no devir do tempo. A partir da análise das repercussões que emanaram de uma exposição de fotos dos acervos pessoais de servidores de uma instituição do Poder Judiciário, em que a memória coletiva foi evocada a partir da individual, abordamos a passagem do tempo operando na constituição e no cuidado de si, baseados nos conceitos propostos por Michel Foucault. Procuramos ressaltar também, dentro do âmbito pessoal e institucional, o quanto o olhar para o passado influencia a construção do futuro, podendo tanto trazer a criação do novo quanto sucumbir à naturalização de verdades que fazem repetir o mesmo.
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O objetivo desse artigo é evidenciar modos de existência que se apresentem como alternativas aos tempos de medo instalados no Brasil. A partir de David Lapoujade e José Celso Martinez Corrêa, busca-se dar consistência ao ato de re-existir, uma existência processual que possui seu modo de ser intrínseco e incomparável através de sua inserção em um ecossistema, sobrevivendo e fazendo sobreviver. Com isso, expressamos pontos de uma arte da existência, na qual o testemunho de existências pouco manifestas se desdobra em uma possibilidade de criação de outros mundos possíveis de se habitar.
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Em meio às atas e documentos do início das atividades da psicologia dos arquivos do Hospital São Pedro de Porto Alegre, foram encontrados os rascunhos de uma entrevista com a primeira psicóloga que começou a trabalhar no hospital, em 1949. Em pleno predomínio do modelo da psiquiatria clássica adotada no hospital, inseriu e sustentou atividades que se desviavam de um projeto de psicologia psiquiátrica ao qual havia sido destinada inicialmente. Estes fragmentos conferem à psicologia um início polissêmico que nos leva a pensar a potência da psicologia no presente em buscar novas entradas e saídas dentro do hospital psiquiátrico, tomando a Oficina de Criatividade como um espaço no interior do manicômio capaz de produzir novas práticas e saberes que se deslocam do esperado.
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Tipo de recurso
- Artigo de periódico (15)
Ano de publicação
- Entre 2000 e 2024 (15)