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Gustav Fechner (1801-1887) é um pensador que desempenha um papel singular nas narrativas em história da psicologia: em um número grande de trabalhos ele é descrito como uma espécie de gênio científico que teria aberto as portas para a matematização dos fenômenos psicológicos, mas tendo produzido também um grande conjunto de textos satíricos, metafísicos e religiosos. Nessas narrativas históricas, esses textos muitas vezes são apresentados como curiosidades metafísicas. Neste livro apresentamos pela primeira vez em língua portuguesa um desses textos, "O Pequeno Livro da Vida Após a Morte" – escrito por Fechner na década de 1830 e aqui acompanhado da introdução escrita por William James para a edição em inglês (1904) –, além de um conjunto de artigos de diversos pesquisadores estrangeiros, que se reúnem aos pesquisadores brasileiros para dar uma dimensão única à vida e à obra desse singular pensador alemão. Num mesmo gesto recusamos a operação de fragmentação feita pelos historiadores da psicologia e propomos uma retomada das principais questões de Fechner, buscando um formato do texto acadêmico que não exclua o estético e o poético. Tomamos Fechner como autoria a ser reconstruída pela voz de seus textos, de seus comentadores mundo afora e nas expressões do trabalho artístico, permitindo uma perspectiva muito além daquela esboçada pelos manuais de história da psicologia. Na escolha dos textos aqui presentes, na interlocução com os comentadores e com os trabalhos de poesia literária e visual que compõem esta edição, acreditamos nos afastar daquilo que o autor chamou de "visão noturna", incluindo aí todas as perspectivas reducionistas e mecanicistas no tocante ao entendimento da nossa existência no cosmos.
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Este trabalho visa trazer à cena os diferentes modos de produção de subjetividades engendrados pelas práticas psicológicas. Tal investigação tem como base conceitual a Epistemologia Política de Isabelle Stengers e Vinciane Despret e a Teoria Ator-Rede de Bruno Latour e John Law. Para estes autores, o conhecimento científico se produz não como representação da realidade através de sentenças bem formadas, mas como modos de articulação entre pesquisadores e entes pesquisados. De modo geral, estes modos de articulação podem engendrar um efeito de recalcitrância (problematização das hipóteses, conceitos, instrumentos ou mesmo questões da pesquisa) ou docilidade (extorsão da resposta esperada) por parte dos entes investigados. A possibilidade de gerar e acolher a recalcitrância seria a base para um novo parâmetro de legitimidade científica, em substituição ao modelo que busca a aproximação ao que seria uma verdade. Para investigar estes modos de articulação produzidos pelos saberes e práticas psicológicos, observou-se os modos de articulação que certas técnicas psicológicas, especialmente no campo terapêutico, têm com seus usuários. De modo mais específico estas técnicas, vindas de orientações distintas (psicanálise, terapia cognitiva-comportamental, Gestalt-Terapia e Análise Institucional) estão sendo acompanhadas na Divisão de Psicologia Aplicada da UFRJ. Para tal, além da descrição dos artefatos presentes em certas práticas terapêuticas foram entrevistadas pessoas em início e em término de terapia, estagiários, a equipe de triagem e orientadores. Em tais entrevistas, os pesquisados são considerados co-experts aptos a se manifestar sobre temas como: a natureza da psicologia, seus aspectos terapêuticos e seus efeitos na vida cotidiana. Destacamos neste trabalho as narrativas da equipe de triagem e em início de terapia. No que diz respeito à equipe de triagem, pode-se destacar os modos de negociação não lineares que existem entre os estagiários da DPA para a entrada de novos usuários. Foi possível perceber que não há um critério pré-determinado de encaminhamento do usuário para uma abordagem terapêutica específica. A forma de escolha se baseia em uma disponibilidade de vagas em determinada abordagem, ficando em segundo plano a demanda do usuário. No que se refere às pessoas em início de terapia, após a análise das entrevistas foi possível perceber 2 padrões de respostas: 1) Respostas canônicas sobre o que é a terapia e quais são seus objetivos, demonstrando uma postura dócil frente à autoridade do psicólogo que era encarnada pelos entrevistadores estudantes de Psicologia. 2) Respostas com um posicionamento mais inquisidor sobre a Psicologia, entendendo esta como um modo de ver o mundo, uma filosofia de vida, apresentando uma postura mais recalcitrante.
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Tipo de recurso
- Artigo de periódico (109)
- Livro (19)
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- Tese (22)
Ano de publicação
- Entre 1900 e 1999 (3)
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