A sua pesquisa

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  • Este artigo descreve e analisa relações entre assistência, cuidado em saúde e benemerência aos doentes internados com lepra no Sanatório São Julião, entre os anos de 1941 e 1986. Este é um estudo historiográfico que analisou fontes primárias textuais e orais a partir de aportes da Análise Documental e da História Oral. Os resultados indicam, de maneira geral, que dois cenários se destacaram, por um lado, pelo cuidado com a população sadia, mantendo aquelas pessoas internadas na ausência de tratamento, por outro, no controle dos corpos dos internos que aparecia ora como prática de cuidado em saúde do corpo, por vezes pela produção de práticas assistencialistas. Assim, nota-se que a articulação daquelas práticas pode ser compreendida como estratégias de esquadrinhamento da população sadia e não sadia, de modo a marcar os lugares em que se circula e quem pode circular, portanto, não propriamente como curativas de enfermidade, em si mesmas.

  • As reflexões desenvolvidas neste trabalho fazem parte de uma pesquisa intitulada “Menopausa: as (ident)idades e os corpos femininos” (PUCRS/2002), voltada para as mulheres menopáusicas. O tema foi abordado a partir dos Estudos Culturais e dos Estudos Feministas. A pesquisa analisa documentos sobre a menopausa produzidos pela OMS, artigos em revistas de circulação nacional – Veja e Isto é -, o tratamento de reposição hormonal, bem como entrevistas com mulheres intituladas ‘na menopausa’. Esses materiais servem de ferramentas para a problematização da produção de marcadores identitários que envolvem relações de poder/saber que os criam e os sustêm: descrever, classificar, identificar e estabelecer jeitos de ser mulher – definindo corpos, comportamentos, modos de viver. O objetivo deste texto é salientar a menopausa enquanto marca no corpo feminino, porque ela se constrói a partir de um determinado tempo histórico, datado, no qual esse conjunto de “características” referidas ao corpo de mulher passam a ser nomeadas como tal, produzindo determinados modos de relação com o corpo e de investimentos neste corpo. A menopausa torna-se um marcador cultural e social que edifica classificações, normatizações, codificações que, por conta disso, produzem marcas identitárias pelas quais as mulheres passam a se reconhecer e ser reconhecidas. O enfoque de Psicologia Social trabalhado neste texto partilha da posição de Spink (1999), a qual reconhece a centralidade da linguagem nos processos de objetivação que constituem a base da sociedade de humanos, ou seja, o modo como acessamos a realidade institui os objetos que a constituem. Desta forma, a realidade não existe independentemente do nosso modo de acessá-la, o que implica entender o conhecimento não como algo que se possui, mas como algo construído, ou seja,tanto o sujeito quanto o objeto são construções sócio-históricas que precisam ser problematizadas e desfamiliarizadas.

Última atualização da base de dados: 25/11/2024 08:06 (UTC)

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