A sua pesquisa
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A presente carta – endereçada a todos aqueles interessados e defensores do movimento da Luta Antimanicomial – é fruto da experiência de pesquisa de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Institucional/UFES, que buscou conhecer como a cidade de Cariacica-ES acolheu a loucura em seus espaços após a abertura dos portões físicos do antigo Hospital Adauto Botelho. A pesquisa aposta na cidade como via de possibilidade para outras experiências com a loucura que não as de recusa e indiferença. Esta carta convida a experienciar, junto com as histórias narradas e entendendo experiência a partir de Michel Foucault – que explicita que uma experiência é qualquer coisa da qual se sai transformado, no intuito de possibilitar que outras tantas histórias possam ser suscitadas –, histórias de amizade, experimentação, produção de outros possíveis nos espaços da cidade.
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Considerou-se, neste artigo, as normalizações das sexualidades e dos gêneros dissidentes, e os jogos de verdade que as acompanham, na constituição de discursos que legitimam a Psicologia como campo disciplinar alinhado aos discursos patologizantes das subjetividades. Ao questionar-se o privilégio desses discursos em relação à produção de conhecimento que emerge dos ativismos e vivências dissidentes, abordou-se, no campo dos currículos em Psicologia, os processos de subjetivação na produção desses saberes. Afirmou-se, contudo, a produção de discurso acadêmico como campo estratégico, no qual somos convocadas(os) a posicionamentos e implicações que se articulam a esses e outros ativismos e movimentos sociais. Na transversalidade desses percursos, e por análise de implicações, entre essas dissidências, acompanhou-se os deslocamentos do lugar de um não-homem, pela descolonização do sujeito epistêmico e de sua universalidade, transicionando-se dos binarismos de gênero ao coletivo das enunciações.
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O artigo se propõe a cartografar as linhas de força que compõem a atualidade de nosso fascismo tropical. Assombrados pela dimensão extrema e radical de violência desejante que se apossou da macro e da micropolítica em nosso país em anos recentes, nos interessa atravessar e compreender essa experiência de passagem – suas condições de possibilidade, suas modulações, suas lógicas. Todavia, eticamente, acreditamos que não é possível estancar nessas detecções: é preciso também mapear e criar brechas de resistência subjetivante que ainda e sempre habita nosso campo de possíveis e nosso plano de impossíveis para que, com elas, possamos paradoxalmente reinventar um país que nunca existiu.
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Este artigo traz discussões acerca de uma trajetória de pesquisa-intervenção em Educação a partir de experiências tecidas no processo de constituição de Comissões de saúde por local de trabalho (Cosates) em escolas públicas de um município do sudeste brasileiro. Acompanha a constituição do Fórum Cosate e a participação de diferentes instituições, além da comunidade civil, nas lutas por políticas públicas que priorizem o cuidado à saúde no âmbito da Educação. Situa a prática da Conversa e da Roda como ferramenta teórico-metodológica para uma experiência ético-política-formadora, como força motriz para a produção de saúde. Como conclusão, o artigo apresenta a potencialidade de coletivos de trabalho nos processos formativos como modo de fazer frente à individualização que nos segmentariza no contemporâneo.
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A cidade de Cariacica-ES foi sede do primeiro hospital psiquiátrico público do estado - local que produziu marcas na memória de uma cidade, que se acostumou a manter a loucura à distância, trancafiada nos muros do manicômio. Com as lutas provenientes da Reforma Psiquiátrica, os manicômios tiveram seus muros abalados e a proposta de um cuidado territorial começou a ser posta em prática: a loucura passou a habitar outros espaços da cidade. O presente artigo foi construído a partir de uma experiência investigativa que teve como objetivo conhecer os modos como a loucura foi acolhida em Cariacica-ES para além do espaço manicomial, a partir dos Serviços Residenciais Terapêuticos, após a abertura dos muros físicos do antigo Hospital Adauto Botelho.
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Através de uma cartografia das linhas de formação, o artigo problematiza a hipótese, levantada pela literatura, da presença de uma insuficiência formativa dos trabalhadores da saúde como causa do desrespeito ao nome social, da discriminação e da patologização das identidades trans, que impedem o acesso dessa população aos serviços de saúde. Foram realizadas entrevistas gravadas em áudio com 7 (sete) trabalhadoras de um ambulatório do Processo Transexualizador do Sistema Único de Saúde (SUS) lotado em hospital universitário, e com 2 (dois) usuários. Analisa-se um conjunto de estratégias formativas que convergem para uma formação normalizadora que percorre linhas molares, nas quais os(as) trabalhadores(as) são disciplinados por protocolos e manuais de diagnóstico a aplicar as normas binárias de gênero e a heteronormatividade em seus processos de trabalho, produzindo a patologização das identidades trans e tornando seletivo o acesso aos serviços. A aposta feita no artigo é a de que o encontro com as pessoas trans pode fazer emergir aprendizados com signos que catalisam a experiência de uma arte de fazer-se trans, a qual culmina no mal-estar do desencontro com as verdades sobre gêneros e sexualidade. Sair de tal mal-estar supõe experimentar-se com tais signos - uma experimentação transetopoiética com a produção de um corpo com novos contornos, capaz de suportar a diferença que pede passagem, abrindo caminho para a produção de modos de viver e trabalhar com a saúde trans que afirmem a diferença.
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O tema da defesa da vida que se afigura como defensável pelas práticas nos diversos segmentos do cotidiano ganha a tônica de nossas inquietações, especialmente no campo do trabalho. Como cuidar do trabalho é o mote de nossa indagação no presente distópico. É inviável sustentarmos uma gramática colonial, com suas naturalizações de participação, do pressuposto da cisão entre indivíduo/meio, e pensarmos o trabalho sem considerarmos outras cosmopolíticas. Gramática ainda hegemônica e que sustenta lógicas dos processos de trabalho há séculos em nosso país. Fizemos uma opção: olhar a gravidade dos ofícios no presente, criando ferramentas de análise. A ideia de ofício vai ao encontro das cosmopolíticas, pois analisar problemáticas do trabalho contemporâneo implica levar em conta a extrema precarização dos processos de trabalho - da vida. Que vida é defensável? A vida como potência é afirmada quando o trabalho é operador de saúde, do contrário trata-se de necropolítica.
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Este artigo traz discussões e fragmentos de uma trajetória de pesquisa-intervenção em Educação, utilizando o recurso de uma personagem, cujo nome é Celina, como dispositivo metodológico. Buscou-se acompanhar os processos em curso, relacionados à implementação da Comissão de Saúde do Trabalhador da Educação (Cosate) nas escolas públicas municipais na cidade de Serra, no Espírito Santo, de modo que ela funcione como um disparador de discussões em torno da forma como a educação se organiza e se atualiza. O estudo destaca a potência das redes para a contração de grupalidade no enfrentamento de políticas despotencializadoras dos coletivos de trabalho na educação. As Cosates, como espaços dialógicos de análise coletiva das práticas educacionais nas escolas, possibilitaram trocas e formação de redes afetivas de trabalho e saúde. O artigo apresenta, ao final, a potencialidade de coletivos de trabalho como modo de fazer frente à massificação e individualização que segmentariza e despotencializa no contemporâneo.
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Por meio do diálogo com autores que se situam no campo das discussões sobre trabalho, foi analisado o ofício de sapateiro e a cooperação como dimensão importante desse gênero profissional. A cooperação é um aspecto importante para o desenvolvimento do trabalho e para o estabelecimento de regras do ofício. Em intercessão com Walter Benjamin, a pesquisa foi realizada na cidade de Cachoeiro de Itapemirim, Estado do Espírito Santo, Brasil, por meio de narrativas com os sapateios sobre seu ofício e a sua relação com a cidade. Foi observado que os sapateiros, ao trabalharem, mobilizam a cooperação engendrando formas coletivas e inventivas de agir para realizarem suas atividades frente às demandas que se apresentam. A cooperação não foi tomada como aumento da força produtiva, mas como uma dimensão do trabalho que faz emergir uma força coletiva, uma nova força produtiva.
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Tipo de recurso
- Artigo de periódico (10)
- Seção de livro (3)