A sua pesquisa
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A subtração da alteridade a revela em suas especificidades existencial e essencial, respectivamente, pelo exame do esvaziamento no caso do karate-dô e pela redução fenomenológica. Este artigo se propõe a analisar a alteridade como um dos fundamentos da tradição existencial própria do karate-dô. Concomitantemente, explora aspectos do problema do alter ego e da empatia fenomenológica, tratados por Edmund Husserl e Edith Stein, de modo a acentuar as análises das vivências atuantes em determinados conteúdos produzidos por praticantes experientes de karate. Uma análise fenomenológica do esvaziamento introduz a questão da alteridade conforme se revela neste fenômeno em conteúdos investigados. A questão, conforme descortinada pela epoché, põe-se como análise fenomenológica da entropatia. Para concluir, são realizadas algumas distinções necessárias que precisam alguns limites da dissolução do outro num mesmo eu, sugerida em conteúdos examinados. Constata-se que a vivência de paroxismo intersubjetivo pontua um dos fenômenos fundamentais da dinâmica existencial do karate-dô.
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A intimidade entre a história da fenomenologia e a da psicologia se constata por um percurso que apresenta brevemente alguns textos selecionados para extrair a concepção de vida ética que atravessa de modo contínuo o trabalho de Husserl. Retomando o artigo centenário ‘Filosofia como Ciência Rigorosa’ vê-se a compreensão histórica da fenomenologia resumindo concisamente a ética husserliana. Husserl entende haver uma enteléquia humana que pode ser identificada como um pré-sentimento que, no limite, visa à realização do ser humano. O modo de realização, assim como é a consciência humana, é algo em aberto, mas nem por isto menos uma tensão e nem por isto não sujeito a algumas leis que estarão intimamente apegadas à natureza temporal da própria consciência. A apercepção do conjunto integral da própria vida pessoal, seguida de reflexão é o método ético geral. No conjunto da obra husserliana, a ética se confunde com o próprio fazer fenomenológico.
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O caratê é uma prática de luta com origens incertas quanto ao tempo, mas com acentuado desenvolvimento na ilha de Okinawa do arquipélago nipônico. Doravante praticado às escondidas, tornou-se público no século XX através de Gichin Funakoshi. Funakoshi denominou-o karate-do, “o caminho das mãos vazias”, dando um caráter doutrinário à arte que deveria servir ao desenvolvimento da personalidade e não somente como mera forma de lutar. No Brasil, apesar do grande número de praticantes, a compreensão daquilo que era enfatizado por Funakoshi é dificultada pelas profundas lacunas culturais em relação aos japoneses. Procura-se fazer um resgate teórico das idéias psicológicas e morais próprias do caratê sob a luz dos paradigmas culturais de maior influência no pensamento de Funakoshi. Depreende-se claramente a influência do confucionismo e bushido, por sua vez influenciado pelo Zen-Budismo, que permitem compreender o pensamento de Funakoshi acerca da moralidade e atitude mental.
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O karate é uma técnica de combate sem armas que, sustentada por uma antiga tradição, tem como seu principal objetivo a formação do caráter do praticante. A compreensão da visão de mundo na qual o karate nasceu e se desenvolveu é debitária de uma dinâmica espiritual e psicológica singular cujo conhecimento é imprescindível para apreendê-la. O objetivo desta pesquisa é analisar o karate por meio de sua espiritualidade, já que, junto aos textos fundamentais de sua tradição recente, ela é tida como a essência presente em todas as dimensões da expressão da arte. Para tanto, vale-se de uma metodologia historiográfica de perspectiva fenomenológica. Karate-do veicula a espiritualidade do esvaziamento como norte de sua filosofia corporal. Temas com linhas fronteiriças tênues entre si são analisados pela perspectiva de tal espiritualidade. A abrangência desta dinâmica corresponde a um combate subtrativo visando uma apreensão fluida e intutitiva da realidade.
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O karate-do é uma arte marcial de origem japonesa que tem como objetivo principal formar o caráter do praticante. A presente investigação explora percursos históricos, técnicos, conceituais e vivenciais das idéias psicológicas identificadas como inerentes ao karate, visando conhecer seus estratos de base. Para tanto, o estilo shotokan do karate, fundado por Gichin Funakoshi, é analisado pelo prisma de pensamento de seu discípulo Masatoshi Nakayama, um dos responsáveis pela diáspora mundial da arte. A essência do karate é expressa pelo conceito de kime que define formas determinadas de ação em função de exigências materiais e intencionais. O conceito de sun-dome contrapõe-se ao kime, correspondendo a uma necessária contenção da intenção inicial. O equilíbrio de kime e sun-dome resulta no controle de si. Sob tais conceitos emerge zanshin, o espírito de luta, que possibilita o acesso à essência do karate-do.
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A aplicação da fenomenologia como método de análise e estudo das culturas força à via regressiva que conforma uma arqueologia. A proposição de realizar uma busca das origens (arche) das manifestações culturais emprega os fundamentos fenomenológicos primeiramente elaborados por Edmund Husserl e posteriormente revisitados por Angela Ales Bello. A exemplo do método regressivoe subtrativo da descrição das essências, o artigo contextualiza a proposta da arqueologia fenomenológica das culturas, aponta as principais tendências que influenciaram as definições da fenomenologia, a concepção de consciência em sua dimensão noética e a importância do retorno à materialidade na análise da constituição do mundo da vida, ou seja, sua dimensão hilética. Para compreensão das culturas outras é preciso, como constata Ales Bello, haver subtração da concepção egocentrada de consciência que tende a visualizá-la sempre por uma perspectiva intelectual. Chega-se, então, ao primado da corporeidade para a realização de uma subjetividade que só a partir deste estrato sensório-perceptivo inicial pode se formar e se exercer.
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Este estudo se interessa pela dinâmica da dimensão psicológica e da moralidade conforme compreendidos no contexto da prática do karate-do. Saliente-se que no karate, caracterizado como uma técnica corporal de combate, a principal meta é o desenvolvimento do caráter que é constituído através de uma visão de mundo e compreensão de homem que são objetos desta pesquisa. O objetivo deste trabalho é a descrição e compreensão do objeto em questão trazendo uma contribuição aos estudos a respeito das múltiplas visões e concepções de homem e idéias psicológicas presentes no sincretismo cultural brasileiro. Para tanto, inicialmente, utiliza-se metodologia própria para investigação das idéias psicológicas, em que as buscas de compreensão acompanham cuidados de análise histórica que exigem o perscrutamento das influências de maior relevância ao objeto focado, no caso, o budismo zen e o confucionismo. Gichin Funakoshi, aquele que é chamado de o pai do karate moderno, tem suas idéias, tomadas à luz de suas influências determinantes, contrastadas com a análise do pensamento de Masatoshi Nakayama, seu discípulo e um dos protagonistas da diáspora mundial do karate. N Nakayama é a principal fonte documental primária em decorrência da notoriedade de sua ascendência sobre os praticantes brasileiros. Além da análise das fontes documentais vale-se, em um segundo momento, da metodologia denominada arqueologia fenomenológica das culturas para examinar o tema a fundo e oconjunto de entrevistas realizadas com professores japoneses introdutores do karate shotokan no Brasil que foram diretamente influenciados pelo ensino de Nakayama. A partir da análise documental, depreende-se a existência de dois modelos práticos e históricos que, representando o paroxismo de dois conceitos internos do karate, orientam diferentemente a formação do caráter do praticante e têm concepções de homem também diversas. O conceito de kime estende-se como ... expressão técnica da catalisação e direcionamento da vontade norteada por padrões de visão de mundo caracteristicamente orientais. Já o conceito de sun-dome estende-se como a expressão técnica da contenção da vontade acordando com uma visão de mundo sincrética, mas de tendência evidentemente ocidentalizada, como se verifica na percepção bipartida do homem e da realidade. A análise das entrevistas, a partir da arqueologia fenomenológica, revela experiências vivenciais em que se reconhece a manutenção da busca por um ideal de homem em que ocorre a centralidade da hilética (momento sensível) na experiência em relação à noética (momento intelectual). Sustenta-se que a centralidade da hilética nas vivências do praticante tende a se aprofundar como um retomo até origens arcaicas da experiência que se manifestam como abertura à corporeidade em sua dimensão ainda pré-categorial e constitutiva das formações culturais.
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O objetivo desta investigação é elucidar os aspectos centrais da vivência de empatia no pensamento de Edith Stein, compreendendo como estes aspectos são desenvolvidos em sua obra O problema da empatia (1917/1998). Parte-se da discussão acerca do tema na literatura científica recente, visando compreender os modos como a empatia é tratada, passando ao acesso da literatura especializada em fenomenologia, concepção norteadora da investigação, buscando os elementos envolvidos com o tema. A concepção da empatia como uma vivência, como reconhecimento do outro como outro eu, desdobra-se eticamente como um movimento de compreensão da experiência do outro, um testemunho sensível daquilo que ele vive.
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O objetivo desta investigação foi identificar e compreender as experiências esportivas significativas relatadas por atletas com deficiência visual, e suas possíveis repercussões na vida cotidiana dessas pessoas. Por meio da arqueologia fenomenológica das culturas, a análise de entrevistas em profundidade, realizadas com quatro atletas, pemitiu apreender e descrever estas experiências vividas no nível fundamental das mesmas. Os atletas com deficiência visual, no esporte, experimentam uma situação de efetividade corporal, de ampliação – de sua condição existencial, da condição do corpo no mundo – e, assim, experimentam a potencialização de seu ser no mundo.
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A capoeira abrange uma variedade de elementos. Como uma forma de luta, a malícia e a malandragem marcam suas características essenciais. Além disto, o elemento luta aparece situado em um ritual, onde brotam a dança, a musicalidade e o ritmo. Deste modo, configura-se uma roda composta por capoeiristas e pelo público na qual se revela o caráter coletivo do aqui agora da capoeira em sua pronta manifestação. Neste sentido, aplica-se uma investigação fenomenológica do sentido vivido das experiências que constituem a capoeira em sua estrutura de acontecimento. Realiza-se uma análise fenomenológica de 15 entrevistas fenomenológicas, realizadas com mestres de capoeira com mais de 28 anos de experiência. Nelas, buscou-se apreender suas experiências intencionais. Após transcritos, os depoimentos foram submetidos a uma análise intencional, que revela uma descrição das vivências coletivas mostrando o papel essencial da musicalidade que dispara as ações voluntárias e livress, estruturates destas vivências coletivas. Realiza-se o contraste destes resultados com os de Edith Stein, verificando-se que existe uma compatibilidade que permite compreender estas vivências da capoeira como comunitárias.
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O objetivo deste trabalho é compreender os sentidos inerentes à musicalidade vivida em capoeira. Para tanto, se procede seguindo os passos de Edmund Husserl (1859-1938) no enquadre de uma arqueologia fenomenológica das culturas. Os relatos de mestres de capoeira, produzidos sob escuta suspensiva e transcritos, foram analisados mediante sucessivos cruzamentos intencionais. Muitos mestres relatam o atravessamento desta experiência musical que, desde um registro pré-reflexivo, conduz à ação seus corpos durante o jogo. Os resultados descrevem uma afecção musical crucial que inaugura intersubjetivamente uma abertura corpóreo-psíquica aos sentidos dos acontecimentos da roda. Tal abertura se mostra no compartilhar pré-reflexivo de sentimentos próprios à capoeira, em que capoeiristas manifestam-se de modo cultural e existencialmente autêntico. Aprofunda-se a análise à luz do diálogo com a literatura destacando-se a operatividade intersubjetiva da dimensão psíquica no corpo a corpo em ação, articulando-se com as investigações de Husserl sobre o substrato originário das experiências do Outro.
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Na Psicologia, a centralidade da escuta se apresenta como uma questão epistemológica e prática, sendo discutida no âmbito da psicologia fenomenológica e, enquanto escuta suspensiva, como dispositivo que dispara e desenvolve a entrevista como sua chave operativa. Trata-se de uma articulação teórica na perspectiva da fenomenologia clássica de Edmund Husserl, que exige considerar a esfera transcendental e a antropologia resultante das reduções intersubjetivas realizadas pelo fundador da fenomenologia. Para a Psicologia, explicita a relação inerente entre pessoa e cultura, tema que coloca em questão os objetos e o modo de fazer pesquisa empírico-fenomenológica, bem como consequências para a clínica. Os resultados equivalem a uma sequência de análises fenomenológicas, partindo das análises preliminares da entrevista e da escuta, em seus momentos hiléticos e noéticos. A escuta suspensiva é operada como encontro de horizontes de expectativa, indicando sua complexidade e especificidades de sua execução.
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Tipo de recurso
- Artigo de periódico (11)
- Tese (1)
Ano de publicação
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Entre 2000 e 2024
(12)
- Entre 2000 e 2009 (6)
- Entre 2010 e 2019 (4)
- Entre 2020 e 2024 (2)