A sua pesquisa
Resultados 225 recursos
-
A biografia, no século XIX e durante quase todo o século XX, foi concebida como um gênero literário de segunda categoria. Biografia e história, mais do que não se comunicarem, apresentavam antagonismos profundos. A biografia compreendida como saber subjetivista e desprovido de erudição; enquanto a história apreciada como ciência, objetiva e culta., a partir dos anos oitenta do século passado, uma significativa mudança ocorreu nesse cenário. Desde então, é crescente o interesse pela biografia como um campo de estudo e fonte de pesquisa respeitável. Como, por que, por quem e para quem ela é escrita, as prováveis classificações de uma biografia, seu caráter mimético, seu impacto na consciência histórica, entre outros fatores, tornaram-na objeto de estudo de diferentes campos do conhecimento. Na historiografia da ciência e, por sua vez, na historiografia da psicologia os efeitos dessas mudanças foram evidentes. Historiadores da psicologia têm, assim, exposto a utilidade deste tipo de fonte, uma vez que biografias e autobiografias de personagens históricas dessa ciência fornecem acesso a elementos da vida científica inexistentes em outras fontes. Considerando essas novas possibilidades de uso de fontes biográficas na historiografia da psicologia, que analisamos a relação entre a vida acadêmica e institucional de B.F. Skinner e a organização comunitária da análise do comportamento entre 1928 e 1970. Objetivo possibilitado pelo recurso à autobiografia de Skinner, trabalho apresentado em mais de mil páginas de um minucioso relato de história de vida, e relatos autobiográficos e biográficos da primeira e segunda geração de analistas do comportamento. A tese central é a de que a história dessa ciência enquanto comunidade científica foi definida em suas quatro primeiras décadas por uma extensão de elementos idiossincráticos da vida acadêmica e institucional de Skinner para aquilo que será identificado nas décadas de 1950 e 1960, como uma comunidade científica fundamentada em sua ciência do comportamento. Tais elementos idiossincráticos foram: o suposto desconhecimento e negligência da produção científica da psicologia por parte de Skinner; a manutenção da sua liberdade científica e institucional; o reconhecimento da sua figura científica desvinculado da ampla aceitação e adesão de seu sistema explicativo na psicologia experimental estadunidense; e sua preferência por relações informais na ciência. Após apresentarmos o panorama no qual buscamos expor como esses elementos históricos seriam refletidos na vida comunitária de um grupo científico, discutimos a função de uma história biográfica da psicologia como meio de lidar com elementos descartados na historiografia da ciência, como aqueles relacionados à escala microssocial de seu funcionamento. Por fim, debatemos a relevância de fontes biográficas e autobiográficas na historiografia da psicologia como meio de retomar debates na arena social da ciência, tradicionalmente, apagados em prol do uso hagiográfico que se fez desse tipo de fonte histórica
-
Os cognitivistas têm assumido que as críticas de Chomsky ao Verbal Behavior refutaram definitivamente a proposta skinneriana. No entanto, mesmo com mais de dez anos de atraso, as réplicas behavioristas à resenha de Chomsky começaram a aparecer. O presente trabalho faz uma revisão desse debate tendo como foco o possível caráter definitivo das críticas de Chomsky. A partir deste ponto de vista, conclui-se que nenhuma das críticas de Chomsky ao tratamento skinneriano do comportamento verbal é definitiva. Porém, algumas observações de Chomsky ainda podem oferecer desafios, como a questão da tautologia na lei do condicionamento operante e a crítica ao abandono do conceito de referência.
-
Uma das peculiaridades da formação do psicólogo é a necessidade de lidar com a diversidade de teorias e sistemas em psicologia. Essa pluralidade lança o desafio de reconhecer a irredutibilidade das diferentes formas de compreensão dos fenômenos psicológicos, bem como de buscar clareza sobre o desenvolvimento histórico e os compromissos filosóficos que sustentam essa diversidade. Esse esclarecimento pode ser alcançado por meio da pesquisa teórica, entendida como uma das principais maneiras de produção de conhecimento em história e filosofia da psicologia. Contudo, a pesquisa teórica ainda é vista de forma reticente na psicologia. Um dos motivos dessa desconfiança é a falta de clareza acerca de sua própria definição, bem como de seus procedimentos metodológicos. Além disso, o ensino das habilidades básicas de pesquisa em psicologia geralmente toma como modelo a pesquisa empírica, tratando a pesquisa teórica como uma pseudopesquisa. Assim, o livro pretende trazer ao menos três contribuições para a área de psicologia: dar maior visibilidade às pesquisas teóricas, destacando suas potencialidades e especificidades metodológicas; fornecer material para o ensino de habilidades de pesquisa em psicologia, tanto em nível de graduação quanto de pós-graduação; e auxiliar no reconhecimento da pesquisa teórica como uma forma legítima de produção de conhecimento em psicologia.
Explorar
Tipo de recurso
- Artigo de periódico (73)
- Livro (14)
- Seção de livro (92)
- Tese (46)
Ano de publicação
- Entre 1900 e 1999 (2)
- Entre 2000 e 2025 (223)