A sua pesquisa
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Muitas ideias de Immanuel Kant (1724-1804) a respeito da psicologia são ainda entendidas, em geral, de forma bastante incompleta ou com distorções e más interpretações na literatura secundária especializada, mas, principalmente, em manuais de história da psicologia. Um dos grandes problemas encontrados é a não consideração ou o exame superficial da relação existente entre a psicologia empírica e a antropologia pragmática. Por conta disso, há ainda muitos problemas interpretativos que permanecem sem uma solução apropriada. Um deles é a falta de clareza a respeito de uma afirmação feita por Kant, em sua obra de 1781, referente à relação entre a psicologia empírica e a antropologia. O presente trabalho tem o objetivo de compreender melhor tal afirmação e, além disso, através do exame detalhado da relação entre estes dois campos, apresentar de forma mais completa as concepções de Kant a respeito da psicologia. A tese geral defendida é a de que essa relação precisa ser considerada e examinada com profundidade para se compreender de forma adequada o que Kant realmente quis dizer na obra de 1781 e a amplitude de suas concepções sobre a psicologia.
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Apesar do século XVIII ser pouco enfatizado na historiografia da psicologia, é possível observar uma riqueza de material psicológico junto à logica, à metafísica, à filosofia moral, à estética, etc., especialmente no Iluminismo alemão. Neste século, focamos o estudo empírico da alma que Johann Nicolas Tetens discutiu nos Ensaios Filosóficos Sobre a Natureza Humana e seu Desenvolvimento (Philosophische Versuche über die menschliche Natur und ihre Entwickelung) publicado em 1777. Nosso objetivo principal é analisar a concepção de psicologia empírica, bem como sua relação com a filosofia, nesta obra. Esta questão é particularmente relevante quando constatamos que há interpretações distintas, até mesmo divergentes, sobre este tema na literatura secundária. Em nossa análise, verificamos que, em continuidade com as discussões de 1760 e 1775, nos Ensaios Filosóficos, a psicologia empírica é compreendida como um conhecimento histórico-filosófico que tem um papel preliminar e fundamental na determinação da legitimidade da metafísica, e que a primazia do método introspectivo não significa uma recusa irrestrita da análise racional.
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O objetivo do presente trabalho é comparar as definições de objeto e método nos projetos de psicologia experimental de Wilhelm Wundt e Edward Titchener. Tendo em vista as aproximações equivocadas entre os autores presentes nos manuais de psicologia e a escassez de estudos mais sistemáticos acerca da obra de Titchener, em especial no cenário nacional, as comparações entre as idéias de ambos, disponíveis na literatura secundária, ainda não foram suficientes para demonstrar as diferenças entre suas propostas. Frente a este panorama, propõe-se uma comparação das definições de objeto e método da psicologia, especificamente nas obras que representam o período de maturidade das idéias de Wundt, com aquelas que caracterizam a expressão clássica do estruturalismo de Titchener. A tese central é que, em função dos distintos pressupostos teóricos, as noções de experiência humana e do domínio do psíquico adquirem um diferente significado no pensamento de cada autor, configurando com isso diferentes objetos de estudo para a psicologia e, consequentemente, uma diferente compreensão acerca das possibilidades e limites do método experimental.
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O objetivo deste trabalho é investigar, tendo como base o texto Sonhos de um Visionário, a problemática do espírito dentro do pensamento inicial de Kant, destacando, nesse contexto, as primeiras indicações do criticismo. Enfocaremos a superação da metafísica inicial de Kant, em Sonhos, e a configuração de um novo horizonte para se pensar o problema do espírito e da metafísica em geral através de uma reflexão sobre a vontade humana. Serão apresentadas as evidências de uma mudança de direção no pensamento kantiano a partir da qual a moral será apontada como a base para a fundamentação da metafísica. A religião, por sua vez, apresentar-se-á como um importante elemento dentro desta nova elaboração.
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A contribuição de Christian Wolff (1679-1754) para a história da psicologia, particularmente de sua Metafísica Alemã (1720), ainda é significativamente mal compreendida tanto no panorama geral da historiografia da psicologia quanto na literatura especializada no pensador. Tendo isto em vista, o objetivo do presente estudo é descrever e analisar a concepção wolffiana de psicologia presente na Metafísica Alemã. Após uma breve contextualização histórica, é oferecida uma descrição dos conteúdos empíricos e racionais da disciplina, incluindo sua relação com as demais matérias da metafísica. Em seguida, propõe-se uma análise baseada em questões levantadas pela literatura secundária. Em geral, defende-se a existência de uma importância especial da Metafísica Alemã dentro do pensamento psicológico de Wolff, independentemente de seus demais escritos psicológicos, assim como sua relevância para o desenvolvimento, já no século XVIII, de uma noção de psicologia científica, contrariando teses tradicionais em historiografia da psicologia.
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Desenvolvido entre o final do século XIX e as duas primeiras décadas do século XX, o projeto de psicologia de Titchener é ainda hoje mal interpretado. Apesar de suas contribuições ao desenvolvimento da psicologia experimental nos EUA, suas ideias foram gradativamente abandonadas após sua morte e seu sistema tornou-se vítima de interpretações parciais, que ignoram aspectos importantes de sua trajetória intelectual. Duas questões centrais sobressaem neste cenário: a relação entre as concepções de Titchener e o empiriocriticismo, e as mudanças em seu projeto psicológico. Partindo da hipótese de que a psicologia de Titchener refletiu as transformações em sua perspectiva filosófica, o presente estudo procurou oferecer, com base em fontes primárias inéditas, uma interpretação abrangente do percurso intelectual do autor, elucidando aspectos até aqui não esclarecidos e que permanecem mal compreendidos na literatura secundária. Para tanto, o trabalho foi dividido em 4 capítulos. Após apresentação do problema e dos procedimentos adotados na pesquisa, que ocupam a introdução, o capítulo 1 trata do contexto formativo de Titchener em Oxford e em Leipzig, com especial atenção para o cenário institucional e intelectual britânico, que exerceu significativa influência sobre o autor. O capítulo 2 apresenta as características da concepção inicial de psicologia de Titchener, identificando a influência de suas convicções originais sobre questões centrais de sua proposta. O capítulo 3 discute a consolidação de seu projeto de psicologia, apresentando o reposicionamento de Titchener em relação à filosofia e seus novos pressupostos. O capítulo 4 trata do desenvolvimento tardio de sua obra e das reinterpretações apresentadas pelo autor em seu projeto. Na conclusão, é retomada a trajetória do projeto de psicologia de Titchener face às questões centrais do estudo e algumas considerações gerais sobre a natureza do seu trabalho são apresentadas.
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O presente estudo trata do oculto manifestado através de fenômenos excepcionais da consciência – transes mediúnicos, experiências místicas, automatismos e experiências anômalas de cura – e sua relação com a obra do psicólogo e filósofo William James (1842-1910). Portanto, sua delimitação converge para o contexto científico do período vitoriano-eduardiano inglês e estadunidense. A pesquisa em sua fase inicial priorizou a exegese de fontes primárias tais como: The Principles of Psychology, Psychology: Briefer Course, The Varieties of Religious Experience e A Pluralistic Universe. Foram analisados também, artigos contidos em outros volumes da mesma coleção The Works of William James tais com Essays in Psychology, Essays in Psychical Research, Essays in Radical Empiricism e Essays, Comments, Reviews. Igualmente, esse estudo lança mão de literatura secundária relacionada à história da vida e obra de William James e da médium Leonora Piper (1857-1950), bem como de outros intelectuais que de alguma forma se associaram ao seu trabalho. Já a segunda fase dessa pesquisa, consistiu na busca por material de arquivo inédito a esse tipo de estudo. Cartas, cadernos de anotações, apontamentos de conferências, manuscritos, marginália, transcrições e relatórios de pesquisas oriundos dos William James Papers mantidos na Houghton Library na Harvard University em Cambridge nos Estados Unidos e também dos Society for Psychical Research Papers preservados na Wren Library e na Cambridge University Library em Cambridge na Inglaterra foram fotografados, totalizando mais de 2.000 páginas de documentos na sua maioria ainda não publicados. A tese se desenvolve de forma tripartite e embora esse não seja um estudo biográfico, a pesquisa adota uma abordagem cronológica na apresentação dos textos de William James aqui selecionados. Na primeira parte, o estudo expõe os vários conceitos de oculto na história até chegar à sua relação com os fenômenos excepcionais da consciência no contexto do objeto dessa pesquisa. Na segunda, ela demostra a importância do oculto na vida e obra de William James, e defende que esses fenômenos foram relevantes para a configuração dos limites e definição do alcance de uma ciência radical da mente vislumbrada por ele. Na terceira e última parte, a tese apresenta indícios e evidências que deixam transparecer que James tenha colocado esse projeto em prática. Com a apresentação de documentos inéditos que demonstram a participação do oculto na concepção e desenvolvimento do conceito de Fluxo de Consciência, a tese conclui que a psicologia jamesiana guarda dívida maior a essa classe de fenômenos do que narra a sua história. As conclusões mais relevantes desse estudo são: que o interesse de James pelo oculto era mais do que mera excentricidade; que os muitos anos de interesse e dedicação aos fenômenos ocultos tiveram papel significativo no desenvolvimento de seu projeto psicológico. Isso significa que para se entender a obra de William James de maneira mais completa, a interface entre o oculto e sua psicologia deve ser considerado; que a investigação dos fenômenos chamados paranormais que envolvam aspectos de exceção da vida mental pode representar um caminho legítimo para a compreensão da natureza humana em sua expressão mais abrangente.
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O objetivo do presente trabalho é analisar a constituição do projeto de uma psicologia científica na obra de Wilhelm Wundt. Tendo em vista as inúmeras falhas e lacunas na literatura secundária, propõe-se uma nova interpretação de seu pensamento, amparada principalmente no exame de fontes primárias, envolvendo tanto suas obras oficiais quanto materiais inéditos do ¿Espólio-Wundt¿ da Universidade de Leipzig. A tese central é a de que o projeto wundtiano de uma psicologia científica só pode ser adequadamente compreendido se levarmos em consideração os interesses e os pressupostos filosóficos que o fundamentam. Em outras palavras, demonstra-se que a psicologia de Wundt não pode ser separada de seu projeto filosófico, do qual ela é uma parte essencial. Argumenta-se que somente dentro desta perspectiva é possível compreender a ruptura teórica operada por Wundt em relação ao seu projeto psicológico inicial ¿ ruptura esta que permanece mal explicada, quando não ignorada na literatura secundária ¿, assim como a evolução e o amadurecimento posterior de seu sistema de psicologia. Finalmente, discutem-se a questão da unidade teórico-conceitual de seu projeto final e os limites do mesmo.
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A Psicologia francesa do final do século XIX, recentemente separada da Filosofia, utilizava como um de seus principais métodos o estudo dos estados alterados de consciência e das doenças mentais no intuito de compreender melhor o funcionamento normal da mente humana. Dentre os pioneiros desta Psicologia, destacou-se Pierre Janet. Seu estudo sobre as alterações mentais, principalmente o hipnotismo e a histeria, deram origem às suas concepções sobre força e fraqueza psicológica, dissociação e atividade subconsciente, ideias estas que abriram margem para um novo entendimento da atividade mental fora da consciência, contribuíram para o desenvolvimento da psiquiatria dinâmica e, principalmente, apresentaram à sua época um caráter conciliador entre as novas tendências da psicologia e a antiga psicologia. Contudo, embora tenha sido um autor relevante, seus trabalhos são pouco conhecidos na atualidade e, em língua portuguesa, a bibliografia sobre ele é escassa. Nosso objetivo foi, portanto: (i) analisar o surgimento do conceito de dissociação na obra inicial de Pierre Janet, assim como as suas principais acepções; (ii) apresentar como Janet chegou à formulação deste conceito e como esse se desenvolveu ao longo de sua obra; (iii) explicar o mecanismo da dissociação segundo o autor; (iv) esclarecer o que ocorre com os elementos dissociados da consciência; (v) apresentar a relação da dissociação com outros conceitos fundamentais da obra de Janet, tais como vontade, fraqueza de síntese e automatismo e; (vi) expor as explicações de Janet para a histeria, hipnotismo e duplas personalidades com base na sua teoria da dissociação. Para tanto, realizamos uma leitura analítica da segunda fase de suas obras, que vai desde 1885 a 1894 (contendo 3 livros e 17 artigos), na qual este autor se dedicou a estudar profundamente este tema, buscando estabelecer a definição dos principais conceitos desta fase de suas obras, com ênfase na dissociação, e também as relações existentes entre eles. Como resultados obtivemos que conceito dissociação apareceu pela primeira vez nas obras de Janet em 1887 no artigo L'anesthésie systématisée et la dissociation des phénomènes psychologiques. Nele Janet coloca que a dissociação ocorre quando um item, seja uma memória, uma sensação ou um movimento, não se liga à ideia de eu do sujeito, sendo, portanto, removido da consciência normal. Porém, a partir de 1889, da obra L’automatisme psychologique, não vemos mais aparecer o termo dissociação, mas sim um novo termo, o termo desagregação (désagrégation), o qual acreditamos ser, contudo, seu sinônimo. O mecanismo da dissociação é apresentado por Janet, principalmente, quando ele explica a formação dos sintomas histéricos. Para ele estes sintomas histéricos, ou seja, as anestesias, as abulias, as amnésias e os problemas do movimento são todos causados por uma fraqueza de síntese psicológica que leva, por sua vez à desagregação psicológica. Nestes quadros, devido à fraqueza de síntese, certos grupos de sensações, memórias, emoções ou informações sobre o ambiente deixam de ser sintetizados à ideia de eu (fator fundamental, segundo Janet, para que um fenômeno possa fazer parte da consciência) e, portanto, permanecem dissociados da consciência normal, gerando, respectivamente: as anestesias, as amnésias, as modificações do caráter e as abulias. Estes elementos não sintetizados continuam, contudo, a existir podendo “ficar isolados e desaparecer ou podem se associar com outros fatos igualmente separados de toda a consciência e formar uma segunda personalidade” (Janet, 1887 p.402). A ação destes cada um deles sobre a consciência da histérica, por sua vez, é a raiz do que Janet chamou de acidentes histéricos dentre os quais estão incluídos as contraturas, a catalepsia parcial, o sonambulismo, os ataques, alguns delírios e os atos subconscientes. É possível concluir que a dissociação é de fundamental importância para a compreensão da histeria sob o ponto de vista de Janet e que é também um conceito chave da fase inicial de suas obras.
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William James é uma figura central na história da psicologia e da filosofia. Entretanto, a interpretação de sua obra ainda está repleta de lacunas e mal-entendidos. Por exemplo, a extensão e o sentido do seu projeto psicológico permanecem mal compreendidos. Para muitos autores, James teria abandonado a psicologia após The Principles of Psychology (1890), ao passo que outros entendem o The Varieties of Religious Experience (1902) como obra psicológica. O objetivo deste artigo é explorar a questão da evolução do projeto psicológico de James, acompanhando diversos momentos de sua manifestação ao longo de sua carreira. Ao final, vamos defender aquilo que chamamos de tese da pervasividade, segundo a qual a psicologia está presente em toda a obra de James.
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Esta dissertação tem por interesse estudar as relações teóricas e metodológicas entre a fenomenologia de Edmund Husserl e a Gestalttheorie, tal como proposta por Max Wertheimer, Wolfgang Köhler e Kurt Koffka, os principais representantes da chamada Escola de Berlim. Na literatura secundária seja esta a historiografia tradicional da psicologia, certas obras filosóficas já clássicas ou pesquisas mais recentes em ambas as áreas encontramos, em geral, a afirmação de uma influência direta do pensamento husserliano sobre as investigações da psicologia berlinense. Mas, quando nos dedicamos ao estudo das obras envolvidas, à literatura primária oferecida por ambas as escolas, encontramos grande dificuldade em afirmar tal proximidade. Para clarificar a natureza desta relação, nosso percurso será o de expor: (1) alguns aspectos relevantes do cenário intelectual em que tiveram origem tanto a fenomenologia quanto o gestaltismo; (2) as propostas gerais de cada uma das escolas acerca de seu método e de sua compreensão da experiência; (3) os critérios gerais, calçados em literatura primária, pelos quais a relação entre ambas pode ser efetivamente pensada.
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- Artigo de periódico (73)
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- Tese (46)
Ano de publicação
- Entre 1900 e 1999 (2)
- Entre 2000 e 2025 (223)