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Resultados 82 recursos
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Este trabalho busca analisar as relações de gênero e poder que atravessavam as experiências das mulheres no período conhecido como Belle Époque, entre 1889 e 1922, na cidade do Rio de Janeiro, sendo resultado de revisão da literatura. A partir do contexto social, político, econômico e cultural da cidade, analisam-se os espaços sociais e discursos disponíveis para as mulheres, buscando compreender as múltiplas faces do ser mulher que acompanha o tecido social dessa trama. Assim, discute-se a questão feminina sob o ponto de vista dos médicos, o problema da educação, o ideal de família e o trabalho “fora do lar”. A perspectiva teórico-metodológica deste trabalho se insere no campo da história das mulheres e das relações de gênero.
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O artigo analisa os registros disciplinares em relação aos povos indígenas, conforme descritos no Relatório Figueiredo, considerando o controle étnico-social exercido durante o período da ditadura militar no Brasil. Nesse sentido, sua possibilidade decorre do trabalho do eixo indígena da Comissão Nacional da Verdade que identificou um conjunto de documentos, dados como desaparecidos desde a década de sessenta. Tais documentos, denominados Relatório Figueiredo, tratam da apuração realizada por uma Comissão de Inquérito sobre as denúncias dos crimes praticados pelo próprio Serviço de Proteção aos Índios contra a população indígena. A opção teórico-metodológica tem como base a genealogia de Foucault, assim como seus postulados acerca de práticas disciplinares. Utilizando-se do Relatório como fonte documental, o artigo identifica as práticas disciplinares utilizadas contra os índios no período da ditadura de 1964 a 1985, evidenciando como o corpo do índio foi atingido pelo poder, enquanto estratégia de controle.
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Walter Blumenfeld (1882-1967) and Bettina Katzenstein (1906-1981), two German psychologists of Jewish origin, forced to leave Germany in the years of the National Socialist regime, settled in Peru and Brazil, respectively. Having met in Germany, they once again began their relationship in the New World, this time by letter. The present communication presents the correspondence between both between 1936 and 1965, in which it is possible to know the vicissitudes and problems that both experienced in their capacity as emigrants, as well as their appraisals about psychology and some important psychologists of the countries that they welcomed them. (PsycINFO Database Record (c) 2019 APA, all rights reserved)
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El artículo describe el estado actual de la formación en historia de la psicología en Chile, focalizando el análisis en dieciocho programas de cursos de historia de la psicología y otros equivalentes dictados en el país. Los resultados indican que el campo se ha ampliado y fortalecido institucionalmente, siguiendo la tendencia observada en otros países como Argentina y Brasil. Con relación a los cursos de historia de la psicología, en Chile estos siguen teniendo presencia en la mayoría de las mallas curriculares de pregrado, representando una oportunidad para el desarrollo del pensamiento crítico de psicólogo/as que deben enfrentarse a contextos de creciente complejidad. Sin embargo, se observa que en la enseñanza de la historia de la psicología persisten los enfoques historiográficos tradicionales. El artículo concluye argumentando que la modificación de esta tendencia es determinante para el futuro de una historia de la psicología que no renuncie a ampliar su audiencia e impacto en el interior de la disciplina.
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O texto narra a história da Psicologia Clínica no Rio de Janeiro, enfatizando sua característica singular e local. O objetivo do texto é servir como dispositivo para formas diversas de se fazer e de pensar o que pode ser a Psicologia Clínica e o papel do psicólogo clínico, levando em conta suas implicações e seus efeitos para os sujeitos e a sociedade. Discorre-se, inicialmente, sobre a constituição do campo da Psicologia Clínica em instituições do Rio de Janeiro nas décadas de 1940 a 1960. Em seguida, apontam-se os efeitos da regulamentação da profissão e dos cursos nesse campo. Apresentam-se, finalmente, novas versões de clínica que surgiram a partir dos anos de 1980, como a Gestalt-terapia, a cognitivo-comportamental, a Psicanálise quase sempre hegemônica, bem como o trabalho dos psicólogos no SUS.
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Resumo Os trabalhos de Osório César e de Nise da Silveira costumam se destacar quando se investiga a relação entre expressão artística e saberes psi no Brasil em torno da década de 1950. Porém, outras experiências ocorreram no mesmo período, como as atividades de pintura realizadas na Seção de Praxiterapia da Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá, no município do Rio de Janeiro. A ausência de pesquisas sobre essa experiência suscitou uma busca por documentos que culminou na análise dos números do Boletim da Colônia Juliano Moreira e demais fontes. Os resultados apontam características peculiares da experiência artística na colônia, como o incentivo à cópia e reprodução de fotografias como método terapêutico, o que a diferencia das outras experiências mencionadas.
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Atualmente, as doenças ocupacionais tem recebido destaque em muitos estudos científicos em função de sua grande incidência, o que sugere ser este um fenômeno exclusivo da atualidade. Entre as categorias profissionais mais acometidas por adoecimento físico e/ou psíquico está a dos professores. O objetivo deste trabalho é investigar como a temática da saúde do professor tem sido considerada na literatura científica. Como fonte primária foram utilizados os Anais do I Congresso Nacional de Saúde Escolar, ocorrido na cidade de São Paulo/SP no ano de 1941. Os resultados indicam que, do ensino escolar, era exigido a prevenção e irradiação de hábitos saudáveis e o professor era um dos responsáveis por esta tarefa. E, como desdobramento desta exigência, a preocupação com a saúde do professor esteve atrelada a eficiência do ensino, e o exercício da profissão já era considerado desgastante. Por fim, nota-se que, resguardando as devidas diferenças, o professor precisava lidar com situações que extrapolam o ensino escolar, tal como nos dias de hoje.
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O objetivo deste estudo é refletir sobre a concepção de mulher veiculada pela literatura, pela imprensa operária e pela imprensa científica no Brasil no início do século XX. Para isso, foram utilizadas como fontes primárias e principais o jornal operário A Plebe (1917-1951),os Archivos Brasileiros de Hygiene Mental (1925-1947) e dois romances nacionais: Parque Industrial (1933) de Patrícia Galvão e O Quinze (1930) de Rachel de Queiroz. As fontes históricas de qualquer natureza têm importância fundamental para a pesquisa, uma vez que são consideradas testemunhas dos momentos históricos em que foram produzidas, e por isso, amparam a produção do conhecimento acerca de determinado período. Os resultados indicam que imperava um ideal de mulher pautado na existência de uma natureza feminina que significa a aptidão natural da mulher para o cuidado com o lar e com os filhos.
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Diversos integrantes da Liga Brasileira de Higiene Mental/LBHM tiveram lugar significativo no processo de difusão e consolidação da psicologia no Brasil. A LBHM tinha como meta contribuir com a transformação do país em nação moderna a exemplo dos países europeus. Alinhados a tal proposta, tinha como principio o ideário da higiene mental e, a partir de 1928, o ideário da eugenia. Neste trabalho temos como objetivo analisar os títulos Tipos vulgares, publicado em 1927, e Psicologia da personalidade, publicado em 1941, de autoria de Renato Kehl (1889-1974), membro atuante da Liga, destacando-se sobremaneira como defensor e publicista da eugenia. Percorrendo estas obras à luz da historicidade dos fatos, observamos que os saberes psicológicos difundidos e apropriados pelo autor, referem-se a uma psicologia tida como científica, reverberada pela fisiologia experimental da psicologia europeia. Nas obras, é marcante o debate acerca do conhecimento e avaliação da personalidade para construção de uma nação forte. É igualmente marcante a concepção biologizante de homem e o caráter secundário das relações sociais na formação humana. As asserções de Kehl lançam luz às contribuições da psicologia naquela época e nos fazem refletir criticamente sobre concepções que ainda imperam no campo científico e profissional da psicologia.
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Esse artigo apresenta a proposta de educação internacional elaborada por Jean Piaget em meados de 1930. Para isso, analisamos publicações do autor visando identificar sua concepção de espírito de cooperação internacional e a maneira de desenvolvê-lo nas escolas. Identificamos como o contexto sócio-histórico, marcado pela guerra e pelos nacionalismos, influenciou a construção de conhecimentos sobre educação e sobre psicologia. Por ter assumido a direção de importantes instituições internacionais de educação preocupadas com a promoção da paz pelas escolas, o autor aborda a problemática da educação de forma objetiva e científica. A educação internacional teria como objetivo principal propiciar a emergência da compreensão e da posição de reciprocidade diante dos pares e dos estrangeiros. O método a ser empregado, nas escolas, deveria aproveitar-se das tendências à solidariedade interna e à prática das regras de cooperação e dos métodos do self-government.
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Este artigo versa sobre o ensino de arte na Fazenda do Rosário, em Ibirité, Minas Gerais, Brasil, entre 1940 e 1960, desenvolvido por meio de ações decorrentes da rede de colaboração estabelecida entre o artista e educador pernambucano Augusto Rodrigues e a psicóloga e educadora russa, Helena Antipoff. Consideraram-se as perspectivas da historiografia sobre a sociabilidade e o contexto dos envolvidos para análise das variadas fontes originais consultadas. Os resultados demonstraram que o movimento de integração entre a arte e a educação articulado por Rodrigues e Antipoff deu-se por meio de uma rede de intelectuais, educadores e artistas envolvidos no movimento modernista de educar pela arte, em que se conjugavam conhecimentos na interface da psicologia, da livre expressão, da valorização da cultura popular e da formação integral dos educandos.
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A educação escolar se estabeleceu como uma importante porta de entrada da psicologia científica no Brasil. Marcada pelo intuito de atribuir caráter científico ao processo ensino-aprendizagem, os testes de inteligência ocuparam um lugar central neste processo. Nosso objetivo foi analisar o processo de recepção/circulação dos testes de inteligência no Brasil, a partir da experiência da Escola de Aperfeiçoamento de Professores de Belo Horizonte, estado de Minas Gerais. Desta forma, analisamos as alterações/adaptações a que foram submetidos os testes estrangeiros quando do início de sua utilização nas escolas mineiras, tomando como referência dois testes: o Teste de Dearborn e o Teste de Vocabulário e Inteligência do Dr. Simon. Produzidos, respectivamente, nos Estados Unidos e na França, foram adaptados às necessidades locais de utilização dos instrumentos. Buscamos mostrar como o contexto político-social local influenciou nas alterações de formato e modos de aplicação dos testes. Pudemos concluir que não se tratou, portanto, de um processo de mera tradução e adaptação às crianças da cidade e do estado. Foi possível demonstrar que o trabalho de apropriação dos dois testes analisados influenciou a elaboração de novos instrumentos que atendessem as necessidades locais.
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Estudos sobre a história da profissão e da formação do psicólogo sugerem embates entre médicos e aqueles que praticavam psicologia, quando da regulamentação da profissão, no Brasil. Um dos embates estava relacionado à atuação do psicólogo como profissional independente, na área clínica, já que os médicos entendiam que esse campo de atuação pertencia à medicina. Neste cenário, este artigo objetiva descrever e analisar conhecimentos e práticas psicológicas produzidas pela comunidade médica, em período anterior às primeiras discussões sistemáticas sobre a regulamentação da psicologia. Assim, analisaram-se artigos publicados nos Arquivos de Neuro-Psiquiatria, de 1943 a 1949. Os resultados sugerem que, na circulação de práticas e conhecimentos psicológicos, na comunidade médica, houve prevalência de discursos e métodos psicanalíticos. Isto pode indicar que os embates em torno da profissionalização da psicologia ocorreram entre médicos psicanalistas e aqueles que produziam outras intervenções clinicas, em Psicologia.
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Conduzido por uma perspectiva histórica, o trabalho apresenta a contribuição da fenomenologia para a reproposição do tema da pessoa na psicologia contemporânea, não mais como construto teórico e a priori e sim como resultado da análise das vivências humanas baseada no método fenomenológico. O percurso realizado inicia por uma introdução histórica acerca da constituição dos saberes sobre a pessoa na tradição cultural do Ocidente e da discussão sobre o tema nas Ciências do Espírito na Alemanha do século XIX. A seguir, é apresentada a propostas da fenomenologia de Husserl e as aplicações desse método ao estudo da pessoa, realizadas por Edith Stein. Conclui-se que o conceito de pessoa foi perdido na psicologia contemporânea, principalmente diante de perspectivas herdeiras do movimento do Estruturalismo filosófico. A fenomenologia, contudo, proporciona uma possibilidade de resgate do mesmo, não tanto como construto teórico e sim enquanto fenímeno.
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Esta pesquisa histórica analisa a modalidade de apropriação da psicologia experimental por dois autores da Companhia de Jesus - J. Fröbes e J. Lindworsky - nas primeiras décadas do século XX. Os dois pesquisadores escreveram várias obras sobre a ciência psicológica, seus objetos e métodos. Alguns desses textos são manuais didáticos, voltados para a difusão da área, inclusive no âmbito da Companhia. Através de uma análise dos referidos textos, observa-se uma evidente abertura para os novos métodos de conhecimento proporcionados pela ciência experimental; e, ao mesmo tempo, o esforço de preservar e assinalar a importância de conceitos derivados da psicologia filosófica tradicional. Desse modo, os dois autores jesuítas procuravam verificar a pertinência de aspetos das doutrinas tradicionais através dos novos métodos experimentais; bem como assinalar a relevância para a psicologia experimental, de processos psíquicos especialmente significativos do ponto de vista da antropologia jesuítica. Busca-se assim compatibilizar aspectos antigos e modernos, conforme uma modalidade de apropriação present
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O trabalho aborda o processo de circulação e transmissão de saberes acerca da erva mate, iniciado pela correspondência epistolar entre Federico Borromeu, Cardeal da cidade de Milão, o missionário jesuíta Diego de Torres Bollo e outros informantes da Companhia, e o médico milanês Iacopo Antonio Clerici. Focam-se diferentes modalidades de apropriação das informações recebidas da America Latina, em conformidade ao universo cultural e religioso dos receptores.