A sua pesquisa
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Este artigo tem por objetivo divulgar a história do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) contando um pouco da sua trajetória. O Instituto de Psicologia foi criado pela Lei 452 de 5 de julho de 1937 quando tornou-se parte integrante da Universidade do Brasil (atual UFRJ). Contudo, de acordo com artigo intitulado "Radecki e a Psicologia no Brasil" (1982) de Rogério Centofanti, podemos encontrar suas origens no Laboratório de Psicologia da Colônia de Psicopatas, atual Instituto Nise da Silveira. A história pregressa do Instituto de Psicologia da UFRJ se mescla com a história do Laboratório da Colônia de Psicopatas. O Laboratório, desde sua criação em 1924 e até o ano de 1932, foi dirigido pelo psicologista polonês Waclaw Radecki (1887-1953) que havia estabelecido residência no Brasil em 1923. Desde a sua criação, o Laboratório tinha também como objetivo, além das atividades de pesquisas experimentais e produção e divulgação de trabalhos acadêmicos, a criação de um centro de formação desta profissão. Neste período ainda não existiam, no Brasil, cursos de formação de psicólogos. O primeiro curso de formação de psicólogos no Rio de Janeiro foi ministrado pela Pontifícia Universidade Católica (PUC Rio) no ano de 1953 como Especialização e em 1954 como curso de graduação. O curso de formação de psicólogos da PUC Rio teve início antes da regulamentação da profissão, ocorrida em 1962. Após a regulamentação da profissão de psicólogo, diversos cursos de psicologia foram criados. O primeiro curso de formação de psicólogos do Instituto de Psicologia da UFRJ se deu somente no ano de 1964. Diversos fatores institucionais, políticos e sociais contribuíram para a criação do curso de psicólogo do Instituto de Psicologia da UFRJ, e neste artigo iremos conhecer os detalhes desta história.
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O texto analisa como os intelectuais católicos perceberam e enfrentaram a emergência da psicologia científica no Brasil entre 1920 e 1960. Foi utilizada como fonte a revista "A Ordem", criada em 1921 por componentes desse grupo com vistas a recuperar a hegemonia da Igreja Católica no País. Fez-se o levantamento dos textos publicados nas décadas citadas, por meio de seleção e análise daqueles que pudessem tratar de temas psicológicos. Embora o conteúdo moral esteja constantemente presente, bem como uma defesa da psicologia tomista, há uma mudança de tom entre os anos iniciais, de forte crítica à psicologia científica, e a década de 1960, quando se reconhece a existência de uma ciência que, por sua vez, deve respeitar e não se opor às verdades católicas.
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No dia 16 de fevereiro de 2014, completaram-se 50 anos do falecimento de Emilio Mira y López. Como a história – de nosso país, de nossa disciplina – não é precisamente nosso ponto de maior interesse, de modo geral desconhecemos completamente a contribui- ção que este personagem trouxe, não só à psicologia mundial – o reconhecido texto de recenseamento dos principais psicólogos do mundo, de Annin, Boring e Watson, indica Mira y López entre eles (Annin, Boring, & Watson, 1968) –, mas, no caso que aqui nos interessa de perto, à psicologia brasileira. O objetivo deste texto é, pois, compor uma narrativa sobre Emilio Mira, desde sua trajetória na Espanha, seu famoso périplo no exí- lio, até seus últimos anos no Brasil. Para isso, utilizaremos entrevistas, fontes documen- tais e textos já clássicos sobre o personagem e sua obra, como os de Kirchner (1975), Miralles Adel (1979), Pigem Serra (1996), Rosas (1995), Silva e Rosas (1997).
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This article deals with the initial applications of psychological tests in Brazil during the 1920s and 1930s, and it is focused on their use in education under the influence of the New School and the Mental Hygiene movements. Thus, the objective is to highlight the implication of psychology as a “social science” (Rose, 1996), a support to the legitimacy of racial theories in force during that period.
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Se realiza un estudio historiográfico comparativo del desarrollo de la ciencia psicológica en Argentina y Brasil entre 1930 y 1980, analizando el papel de la psicología en la planificación estatal y las relaciones entre el modelo científico y el modelo profesional, basado en el análisis de variedad de fuentes primarias y secundarias. Hasta el inicio del proceso de creación de las carreras de psicología, se descubren procesos análogos de recepción y constitución del campo disciplinar e institucional, destacándose el lugar de la ciencia psicológica en la planificación estatal. Posteriormente, se registran las diferencias más significativas. En Argentina la cultura científica tendió a desplazarse afuera de dichas carreras, al igual que el apoyo estatal a la investigación psicológica. En Brasil, desde la década de 1960, el desarrollo tecnológico del sudeste y la dictadura militar propiciaron la difusión de una cultura psicológica en la clase media urbana. El Estado financió fuertemente los programas de posgrado y de investigación en las universidades.
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Este artigo realiza um estudo comparativo entre duas perspectivas de métodos qualitativos - a análise de conteúdo (AC) e o método fenomenológico empírico (MFE). O intuito de comparar ambos os métodos ocorre mediante o argumento de que eles surgiram historicamente no mesmo Zeitgeist de debates metodológicos, oriundos da Escola de Chicago. Esta representou uma corrente de contendas sobre a elaboração de perspectivas metodológicas de pesquisa qualitativa, em alternância às clássicas e instituídas vertentes de pesquisa quantitativa, respaldada pelo paradigma positivista. Esquematizam-se os percursos históricos e os procedimentos da AC de Laurence Bardin e do MFE de Amedeo Giorgi. Discutem-se os seguintes pontos de interlocução: (1) a ênfase na ação humana investida de significados como crítica à neutralidade científica; (2) a vinculação filosófica; (3) a forma de concepção e tratamento do objeto de estudo; (4) a questão do primeiro contato com o material transcrito; (5) a divisão do texto em unidades analíticas; e, (6) o anteparo empírico que norteia a categorização. Conclui-se que o campo das Ciências Sociais e Humanas, no qual a Psicologia se insere, é constituído por uma diversidade de perspectivas metodológicas que requer constantemente revisões, elucidações e delimitações sobre os seus modos de fazer pesquisa.
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Describimos y analizamos la recepción del conductismo en Argentina y Brasil, a través de dos ejemplos: la Universidad Nacional de San Luis y la Universidade Federal de Minas Gerais. En Argentina, desde 1960 el conductismo fue ampliamente criticado. Excepcionalmente en San Luis en la década de 1970 hubo un grupo de estudiantes y psicólogos jóvenes que fue receptivo a este modelo por razones ideológicas, profesionales y científica. En Brasil, durante esas décadas, la creación de carreras de grado de psicología comenzó a extenderse. El conductismo circuló a través del laboratorio didáctico del análisis del comportamiento. La recepción del conductismo en estos países nos ayuda a entender la circulación del conocimiento psicológico en diferentes lugares. También nos muestra cómo cada uno de estos sitios ha incorporado el conductismo en su propio contexto.
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O presente artigo objetiva apresentar dados sobre como as professoras e as alunas se recordam e interpretam o IEEP em seus vários aspectos. O referencial teórico-metodológico está assentado nos estudos de Bosi. Foi realizada, primeiramente, uma pesquisa documental, com a finalidade de ancorar as narrativas dos sujeitos, professoras e alunas do IEEP; em seguida, foram coletados os dados sobre como as professoras se recordam e interpretam o IEEP em seus vários aspectos, a partir de entrevistas semiestruturadas. Os resultados demonstram que o IEEP era um espaço de estudo, que visava garantir rigorosamente a aprendizagem dos conteúdos, mas também era um espaço alegre de convívio. È importante destacar que as entrevistadas se mostram saudosas do clima educacional do IEEP posto que a escola proporcionou a elas formação de qualidade, que lhes permitiu ingressar no mercado de trabalho com condições de bem exercê-la, bem como proporcionou conteúdos articulados com a prática, lazer, inserção cultural e amizades, enfim, uma formação completa, tão propalada nas teorias educacionais em voga.
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Historiadores do presente utilizam diversas fontes para reconstruir o passado. Através da história oral podem, inclusive, elaborar os documentos que irão analisar. Este artigo apresenta três pesquisas que utilizaram a metodologia da história oral aplicada a três diferentes objetos: 1) o reconhecimento da importância de uma psicóloga brasileira, 2) a percepção do trabalho realizado por funcionários em instituições de educação infantil e 3) a ressignificação da experiência de um judeu sobrevivente da Segunda Guerra Mundial por seus descendentes. Ao dar enfoque às pessoas em seus contextos sociais e culturais próprios, cada trabalho produziu uma escrita histórica que valoriza diversos aspectos da cultura e das relações interpessoais, reconhecendo que o indivíduo é sujeito de um processo histórico. As três pesquisas evidenciam a fecundidade do uso da história oral para a valorização da memória dos entrevistados e para a elaboração de documentos que podem auxiliar na construção do presente e do futuro.
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O objetivo do artigo é evidenciar traços da concepção agostiniana de temporalidade presentes em obras de autores da cultura brasileira colonial. O estudo, desenvolvido na perspectiva da história dos saberes psicológicos, propõe uma resenha à luz do tema agostiniano da temporalidade dos textos dos autores escolhidos para análise: Antônio Vieira, Alexandre de Gusmão e Nuno Marques Pereira. Neles, a análise evidencia a presença das quatro dimensões agostinianas da temporalidade: a diferença entre tempo e eternidade; o tempo psicológico; o tempo moral e o tempo histórico. Evidencia também a relação entre a noção de temporalidade e o dinamismo pessoal. Fica clara, portanto, a presença de aspectos do pensamento de Agostinho na concepção da temporalidade dos referidos autores.
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Este artigo descreve um trabalho de organização, com vistas à preservação da correspondência epistolar do neurofisiologista Miguel Rolando Covian, e tem como objetivo destacar a necessidade de atenção a este gênero de fontes enquanto documentos históricos. As correspondências epistolares trazem em seus conteúdos informações de caráter íntimo e pessoal que adentram o campo das questões éticas e as colocam sob proteção legal por determinado período de tempo. Assim, os cuidados com a preservação destes documentos são fundamentais, por se tratar de fontes primárias originais que necessitam ser preservadas em condições apropriadas mesmo enquanto se encontram em acesso restrito. Miguel Rolando Covian foi um neurofisiologista argentino que chegou ao Brasil em 1955 para assumir o então recém-criado Departamento de Fisiologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. À frente deste Departamento, elevou-o a um nível de reconhecimento nacional e internacional, um centro de excelência em pesquisa no Brasil e no mundo. Culto e profundo conhecedor de filosofia, comunicava-se com amigos e cientistas de diversas regiões do mundo. A correspondência epistolar de Covian guarda em seu conteúdo inúmeras possibilidades de pesquisas no campo histórico; porém, sendo ele um cientista, um foco maior incide sobre a História das Ciências, com destaque para a História da Medicina, da Biologia, da Psicologia e da Neurofisiologia.
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O artigo apresenta uma fonte histórica muito significativa no âmbito do gênero autobiográfico: as obras Liber de propria vita e Liber de libris propriis, do médico, matemático, astrólogo e pensador italiano Girolamo Cardano (1501-1576). O objetivo é analisar nelas o conhecimento de si mesmo elaborado pelo autor. A análise foi conduzida pelo método histórico conceitual, evidenciando-se os principais tópicos discutidos e suas significações à luz do universo sociocultural e histórico. Os resultados apontam para a complexidade do conhecimento construído pelo autor, que compreende a descrição de suas características físicas e psicológicas (incluindo os sonhos), o encadeamento dos fatos principais de sua história biográfica, a descrição de sua complexa personalidade construída com base em uma interpretação de si mesmo, à luz da identificação de suas motivações fundamentais.
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A presente nota de pesquisa consiste na apresentação de um modelo de criação e disponibilização de um arquivo de documentos em História dos Saberes Psicológicos e da Psicologia no Brasil, a partir da organização e classificação do arquivo pessoal de Marina Massimi, professora e pesquisadora na área. A execução deste trabalho visou facilitar o acesso de pesquisadores e estudantes, bem como da própria pesquisadora às informações contidas neste fundo documental. Buscou-se ordenar estes documentos históricos de forma prática e simples, de modo a possibilitar a continuidade de sua organização, uma vez que se trata de um arquivo ativo. Pelo fato de Massimi atuar na área de História da Psicologia e História dos Saberes Psicológicos na Cultura Brasileira, seu arquivo constitui um vasto fundo documental formado ao longo de suas atividades de pesquisas desenvolvidas em arquivos do Brasil e do exterior, dentre os quais podemos citar as Bibliotecas Vaticana, Casanatense, Ambrosiana; a Biblioteca de Milão; a Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, de Porto, Braga e Lisboa; as antigas Bibliotecas da Faculdade de Medicina e da Faculdade de Direito de São Paulo; a Biblioteca Nacional, a Biblioteca do Colégio Pedro II no Rio de Janeiro; a Biblioteca da Casa dos Bispos de Mariana e outros acervos mineiros, etc. O acervo contém, assim, fontes documentais raras e significativas para as áreas citadas, distribuídas entre correspondências, peças de oratória, tratados, catálogos, cartas indipetae e outros. Por tratar-se de um trabalho em andamento, o presente artigo limita-se à descrição da organização do primeiro grupo de documentos pertencentes a este acervo: o grupo de documentos textuais.
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O objeto do artigo é a novela alegórica História do Predestinado Peregrino e de seu irmão Precito escrita no Brasil pelo jesuíta Alexandre de Gusmão e publicada em 1682, tendo várias reedições. Gusmão ocupou na Companhia de Jesus funções importantes dentre os quais a direção de um Colégio próximo da cidade de Salvador. A hipótese proposta é a de que a novela veicula no Brasil conteúdos e métodos dos Exercícios espirituais de Inácio de Loyola. O texto segue também as orientações da Ratio Studiorum. Portanto, Gusmão teria concebido a novela como importante veículo de circulação dos exercícios inacianos. Além disto, mostra-se que a novela foi texto pioneiro escrito com o objetivo pedagógico de iniciar à leitura o público brasileiro: para esta iniciação, a novela sugere um método de leitura orientado pelos Exercícios inacianos.