A sua pesquisa
Resultados 84 recursos
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Pesquisadores têm tentado explicar, desde o início da psicologia, a experiência temporal das pessoas e sua influência nas cognições, emoções e comportamentos. Trata-se de uma das dimensões mais complexas e influentes da psique, que tem sido abordada a partir de concepções diferentes e sem uma estrutura consensual. Este artigo tem o objetivo de contribuir na sistematização da psicologia do tempo, ampliando um modelo de quatro níveis, aprofundando na percepção do tempo vital ou tempo III. Trabalhos incluídos foram selecionados segundo a sua importância na historia da psicologia ou índice de citação. Sugere-se um modelo explicativo do Tempo III, que inclui discussão e debate e visa integrar os diferentes modelos existentes na literatura.
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Esta pesquisa foi fruto de uma revisão bibliográfica em que se objetivou a busca, leitura e caracterização de trabalhos científicos sobre o Centro de Atenção Psicossocial infantil. Estudo que proporciona uma maior compreensão dos enfrentamentos e questionamentos dos envolvidos com a atenção à saúde mental neste dispositivo. Para tanto, a busca foi realizada em sites especializados de divulgação científica e na Biblioteca Central da Universidade Estadual de Maringá, a qual resultou na reunião de 27 estudos. Os resultados indicam que a produção encontrada não é expressiva e está desigualmente distribuída ao longo do território brasileiro. Os assuntos enfocados podem ser agrupados em dois temas gerais: avaliação ou discussão de aspectos do dispositivo e divulgação de experiências realizadas no CAPSi. A prática brasileira atual em saúde mental, deve ser respaldada na Política Nacional de Saúde Mental, que exige a reinvenção dos fazeres, portanto, a compreensão dos discursos sobre o CAPSi é essencial neste exercício.
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Datam do início do século XX preocupações com o destino da infância pobre e, na sequência, a necessidade de elaboração de políticas públicas para atendê-la. Num período que antecede a inserção formal do Estado na formulação dessas políticas, tomamos como exemplo a atuação do médico Arthur Moncorvo Filho (1871-1944), que fomentou, nas primeiras quatro décadas do século passado, um grande projeto de atendimento médico e assistencial às crianças nominadas "material e moralmente abandonadas". A proteção social à infância era apresentada como baluarte de inserção do Brasil no rol das nações modernas a despeito das contradições sociais que se acirravam. Voltando os olhos para o passado e resgatando a historicidade das políticas de atendimento, confirmamos a remota existência de uma infância desprotegida. Pretendemos com este resgate refletir sobre como tem sido recorrente a defesa da proteção social, cujos desdobramentos nas políticas atuais têm outorgado à psicologia um lugar de destaque.
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Husserl definiu cinestesia como a experiência vivida e autoconsciente do movimento e do gesto, associada à uni- dade corporal, ao desenvolvimento do esquema do ego estendido, e à percepção de espaço. O estudo contrasta dificulda- des históricas e colaborações recentes entre fenomenologia e pesquisa experimental. A análise sustenta-se na revisão de estudos clássicos sobre cinestesia e percepção, e em pesquisas neurocognitivas recentes, destacando as implicações para a compreensão da intencionalidade. O conceito de cinestesia refere-se a duas questões fenomenológicas: como sei que eu sou eu, e quem sou eu. O senso de si e da ação presente passam pela integração da consciência reflexiva no desempenho motor e perceptivo, conforme confirmam experimentos fenomenológicos e neurocognitivos sobre situações de ambiguidade pro- prioceptiva. Tais estudos estão abrindo novas possibilidades para reabilitação de desordens proprioceptivas – como no caso de amputação, comorbidades de auto-imagem e mesmo esquizofrenia – e para colaborações profícuas entre fenomenologia e neurociências cognitivas.
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Nos últimos vinte anos vem ocorrendo um aumento expressivo da aplicação do método fenomenológico à pesquisa empírica em psicologia. O presente estudo é uma apreciação descritiva e crítica de como o método fenomenológico foi utilizado em 34 artigos nacionais (de 1996 a 2007) e 21 artigos do periódico norte-americano Journal of Phenomenological Psychology (de 2000 a 2008). A análise concentrou-se na descrição operacional dos passos técnicos do método das pesquisas, com atenção à redução fenomenológica, considerada elemento lógico central dessa orientação investigativa. Os resultados da revisão apontaram pluralidade lógica e técnica na aplicação da redução fenomenológica entre os artigos publicados no Brasil, e homogeneidade aplicativa entre as pesquisas do periódico internacional. Tal recurso foi geralmente descrito como meio técnico de tematização de relatos e definição de essencialidades em uma compreensão hermenêutica do relato de experiências. A discussão se encaminhou para a heterogeneidade e as possíveis convergências associadas a essa prática.
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O artigo aborda a função e atuação do dinamismo psíquico na recepção da imagem, segundo algumas importantes teorias filosóficas disponíveis no universo cultural do período clássico, da Idade Média e da Idade Moderna no Ocidente, inclusive no Brasil: as teorias de Aristóteles, Agostinho de Hipona e Tomás de Aquino. Evidencia a importância desses alicerces para as discussões acerca dos conceitos de imagem e da imaginação tomados como processo psíquico, na modernidade e também para suas aplicações no âmbito da teologia e da retórica sacra. Mostra que nessas teorias o funcionamento do fenômeno psíquico da imaginação é tomado de modo integrado aos demais processos; dos sentidos, da memória e do entendimento, dos afetos e da vontade, que é elemento indispensável no percurso do conhecimento, e que sempre é referido à imagem, em suas múltiplas dimensões sugeridas pelo específico universo cultural.
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Analisando um tipo específico de correspondência jesuítica – as Litterae Indipetae –, identificou-se um dinamismo de elaboração da experiência capaz de revelar um modus vivendi, fundado numa concepção do ser humano, à luz da fé cristã, própria dos membros da Companhia de Jesus. É a este vivido descrito nas cartas (com suas devidas implicações fundamentais) e à descrição filosófica do conceito “liberdade” contida no Curso Conimbricense sobre a Ética a Nicômaco, que se dedica este artigo, buscando responder à pergunta: em que medida esta categoria – “liberdade” – expressa a partir de topoi próprios do gênero de correspondência e da forma mentis dos jesuítas (num âmbito histórico cultural institucional peculiar) poderia interessar para a compreensão do dinamismo anímico dos seres humanos? Resulta desta investigação que a elaboração da experiência de “liberdade“, neste âmbito preciso, parte do pressuposto de que o homem é uma unidade (corpo e alma, razão e fé, sensação e intelecção) e de que, vivendo ordenado (em si mesmo e no mundo que o circunda), realiza o seu ser por analogia ao Ser Divino.
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O presente artigo analisa o emprego da metáfora do coração em sermões pregados no Brasil no período colonial, buscando apreender seu significado e função no universo cultural da época e no âmbito da tradição ocidental. O coração adquire um papel especialmente relevante tendo em vista seu lugar central na vida espiritual, segundo a perspectiva bíblica, e tendo em vista sua dimensão de interface entre a dimensão somática e a dimensão psicológica, dimensão esta ressaltada pela ciência médica e pela antropologia filosófica. Em virtude do fato de expressar as três dimensões fundamentais da pessoa humana, o coração torna-se então o órgão mais representativo do ponto de vista antropológico e teológico. O pregador encarrega-se de transmitir esse conhecimento acerca do coração e também se coloca como médico de suas enfermidades.
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A introdução, recepção e desenvolvimento do trabalho de Alfred Binet (1857-1911) no Brasil são focalizados, buscando avaliar sua implicação no estabelecimento e consolidação da Psicologia no país. O trabalho de desenvolvimento dos testes psicológicos teve papel decisivo na evolução do conhecimento psicológico brasileiro e, embora no início estivesse baseado em pesquisas sistemáticas, mais tarde o movimento de profissionalização do psicólogo relegou a pesquisa para o segundo plano. Mais recentemente, assiste-se a uma revitalização dessa atividade, aliada a um movimento de reavaliação da validade dos testes. Em conclusão, espera-se que esses movimentos atuais contribuam para fortalecer e tornar mais confiáveis os instrumentos psicométricos em uso no Brasil.
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El objetivo de este artículo es contestar una serie de cuestiones planteadas por Sánchez-Criado sobre la ANT, especialmente sobre su posible carácter metafísico. Para esto ha sido propuesta la búsqueda de una definición sobre lo que es la agencia, sobre el papel que juega el principio de simetría, sobre el sentido de la in/distinción humanos-no humano, y sobre cómo debemos aproximarnos al estudio de la subjetividad o del self. Para tal cosa, se propone el esfuerzo de atravesar estas cuestiones, sin responderlas de forma categórica. El esfuerzo será una toma de posición sobre una serie de apuestas estratégicas. Así, será defendido el carácter de teoría solvente de la ANT, y se apunta un abordaje de la producción de subjetividad de forma más radical que el propuesto en el interior de la ANT. Partiendo de estas posiciones, también, se discutirán los conceptos de simetría y la distinción entre humanos y no humanos.
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Recorrendo ao conceito de intercessor, põe-se em cena certa maneira de praticar a História Oral como dispositivo epistemológico-político-narrativo –circunstância em que as contribuições do oralista italiano Alessandro Portelli se mostram decisivas. O livro Changer de société. Refaire de la sociologie,de Bruno Latour, oferece uma intercessão adicional, pois a análise latouriana potencializa as proposições de Portelli quanto ao tipo de representatividade imanente à História Oral e quanto ao valor diferencial da relação entrevistador-entrevistado no que tange à reflexividade dos envolvidos na pesquisa social.
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O artigo expõe os referenciais adotados na pesquisa “MichelFoucault no Brasil: presença, efeitos e ressonâncias”, entendidacomo história do presente. Desenvolve de forma mais detalhadaaspectos da estada de Foucault no Rio de Janeiro, em 1973,quando ele ministra o curso “A verdade e as formas jurídicas”. Articula esse momento a um esboço de diagnóstico da situaçãodo discurso foucaultiano no Brasil, hoje.