A sua pesquisa
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Este artigo traz discussões e fragmentos de uma trajetória de pesquisa-intervenção em Educação, utilizando o recurso de uma personagem, cujo nome é Celina, como dispositivo metodológico. Buscou-se acompanhar os processos em curso, relacionados à implementação da Comissão de Saúde do Trabalhador da Educação (Cosate) nas escolas públicas municipais na cidade de Serra, no Espírito Santo, de modo que ela funcione como um disparador de discussões em torno da forma como a educação se organiza e se atualiza. O estudo destaca a potência das redes para a contração de grupalidade no enfrentamento de políticas despotencializadoras dos coletivos de trabalho na educação. As Cosates, como espaços dialógicos de análise coletiva das práticas educacionais nas escolas, possibilitaram trocas e formação de redes afetivas de trabalho e saúde. O artigo apresenta, ao final, a potencialidade de coletivos de trabalho como modo de fazer frente à massificação e individualização que segmentariza e despotencializa no contemporâneo.
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Partindo de uma intuição da vida como multiplicidade de forças imanentes, traça-se uma leitura literal do Tempo e da História como produção do intempestivo, a novidade, que emerge contemporaneamente como guerrilha dos modos de vida minoritários. Cartografam-se algumas linhas psicossociais desse pensamento emergente, chamado super-humano, concebido a partir do pensamento filosófico e indígena.
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No presente artigo pretendemos apresentar as críticas de Michel Foucault aos modos de articulação entre psiquiatria e poder a partir das análises que se estendem do período de 1973 até 1976, incluindo, principalmente, a obra História da sexualidade: a vontade de saber (1976) e os cursos O poder psiquiátrico (1973-74), Os anormais (1974-75) e Em defesa da sociedade (1975-76). Pesquisando sobre o modo pelo qual a psiquiatria do século XIX e do início do século XX relacionou instinto e hereditariedade a partir da teoria da degenerescência, Foucault pôde conceber essa forma de saber como uma tecnologia biopolítica inserida nas relações de poder próprias do racismo de Estado.
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Este artigo se propõe a estudar como os modos de vida da população em situação de rua têm sido abordados no âmbito das produções acadêmicas. Neste trabalho, focalizamos o mapeamento da produção de dissertações e teses defendidas no Brasil no período de 2010 a 2016, destacando a produção acadêmica realizada no Estado do Espírito Santo. A metodologia utilizada para produzir os dados foi o Estado do Conhecimento, usando como procedimento a pesquisa bibliográfica. A partir do material levantado, efetuamos uma análise do modo como a população de rua configura campos problemáticos nessas produções. O resultado apontou a reduzida produção de conhecimento acadêmico acerca dos modos de vida deste grupo populacional, o que tem interferido negativamente na elaboração de políticas públicas e na formação de profissionais que atuam com este segmento populacional. Espera-se fornecer subsídios para ampliação da produção de conhecimentos e das redes de garantia de direitos no Espírito Santo.
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O neoliberalismo tem acelerado a mercantilização da educação e das políticas públicas conquistadas pela população brasileira desde o fim da ditadura militar. No estado do Espírito Santo este processo foi ampliado desde a segunda gestão do governo de Hartung, mediante o fechamento de escolas do/no campo. O objetivo deste artigo é analisar as práticas de resistência de educadores e educandos da EEEF “Paulo Damião Tristão Purinha”, do assentamento Sezínio Fernandes de Jesus, no município de Linhares, no estado do ES, para dar visibilidade ao processo de afirmação da vida dos trabalhadores em suas atividades de resistência e nos princípios filosóficos, pedagógicos e políticos que afirmam no plano de estudos, na auto-organização, na agroecologia e mística como práticas formativas que se dão desde o chão da escola.
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Por meio do diálogo com autores que se situam no campo das discussões sobre trabalho, foi analisado o ofício de sapateiro e a cooperação como dimensão importante desse gênero profissional. A cooperação é um aspecto importante para o desenvolvimento do trabalho e para o estabelecimento de regras do ofício. Em intercessão com Walter Benjamin, a pesquisa foi realizada na cidade de Cachoeiro de Itapemirim, Estado do Espírito Santo, Brasil, por meio de narrativas com os sapateios sobre seu ofício e a sua relação com a cidade. Foi observado que os sapateiros, ao trabalharem, mobilizam a cooperação engendrando formas coletivas e inventivas de agir para realizarem suas atividades frente às demandas que se apresentam. A cooperação não foi tomada como aumento da força produtiva, mas como uma dimensão do trabalho que faz emergir uma força coletiva, uma nova força produtiva.
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Este artigo tem como objetivo explorar os efeitos da autocrítica realizada por Michel Foucault frente à noção de transgressão em seu curso A Sociedade Punitiva (1972-1973) e seu deslocamento analítico e estratégico para a noção de dissidência. Nota-se que esta passagem se articula à emergência de uma concepção particular da “guerra civil” como campo de inteligibilidade das lutas em torno do poder. Realizada no ano seguinte, em O Poder Psiquiátrico (1973-1974), sua leitura política do “fenômeno histérico” do século XIX enquanto luta antipsiquiátrica servirá de exemplo privilegiado no sentido de adensar a dimensão conceitual que pode ser extraída da utilização contextualizada do termo “dissidência”. Entende-se que o esforço, próprio ao presente trabalho, para se pensar um conceito de dissidência a partir de Foucault pode estabelecer algumas pistas importantes para a reflexão sobre a singularidade teórica e política da genealogia foucaultiana.
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Trabalho parcial de conclusão de Estágio de Pós-doutoramento no Programa de Pós-Graduação em Teoria Psicanalítica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob a supervisão do Professor Joel Birman. Linha de pesquisa: Fundamentos históricos e teóricos da Psicanálise.
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Tradução de DELEUZE, G. Recapitulación del curso. 3 de junio de 1986. Em: La subjetivación. Curso sobre Foucault, tomo III, 2ª edición. Buenos Aires: Cactus, 2020. Tradutores: Gabriel Lacerda de Resende e Danichi Hausen Mizoguchi.
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Este artigo tem como objetivo chamar a atenção para a efemeridade do conceito de “Biopolítica” nos escritos de Foucault. Valendo-nos do procedimento detetivesco da historiadora Mary Henle, investigamos a emergência, a ascensão, as transformações, o declínio e o desaparecimento deste conceito, principalmente nos cursos Em Defesa da Sociedade (1975-76), Segurança, Território, População (1977-78) e Nascimento da Biopolítica (1978-79). Constatamos que, apesar de sua grande repercussão atual, tal conceito tem vida curta, tendo sua primeira aparição em 1974, sua primeira formulação mais elaborada em 1976 e seu desaparecimento parcial a partir de 1978 e quase total a partir de 1979. Entretanto, longe de desprezar tal conceito por sua curta duração cronológica, o comparamos com o personagem brasileiro Heleno de Freitas - apelidado Gilda - que deixou uma marca intensa na história, apesar de sua breve vida. A partir dessa comparação, concluímos tecendo considerações acerca do estatuto dos conceitos foucaultianos, atentando, principalmente, para seu caráter trágico, estratégico e bélico.
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Este artigo analisa como os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) desenvolvem suas atividades educativas e quais experiências estimulam processos de questionamento e aprimoramento destas atividades. Promove-se uma discussão sobre onde eles buscam referências para realizarem estas atividades; em que medida os serviços de saúde favorecem este processo e como aprendem, apreendem e aprimoram seu trabalho. Estas reflexões tomaram por base a análise de entrevistas dialogadas realizadas com nove ACS atuantes no estado do Rio de Janeiro há mais de dois anos. Observou-se como estes trabalhadores, mesmo sem as condições adequadas de trabalho, produzem sentidos para os eventos de seu dia a dia, se reinventando. Entretanto, identificou-se a importância de um espaço de formação para eles. Tal espaço pode ser enriquecedor e promover a construção de práticas educativas potentes para a transformação, não de hábitos, mas de sujeitos - trabalhadores e usuários - na luta por condições de saúde e vida melhores.
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Vinte anos após a chamada lei antimanicomial, torna-se importante revolver as proveniências da luta antipsiquiatria e a situação atual do controle da loucura como doença mental redimensionada em saúde para se perguntar sobre os efeitos da reforma.
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O objetivo deste texto é apresentar uma sucinta reflexão sobre três acontecimentos identificados como formas históricas de exclusão da loucura (o desterro, o internamento e a objetivação da loucura como doença mental) em diálogo com as discussões apresentadas na aula inaugural proferida por Michel Foucault no Collège de France em 1970, convertida no livro A ordem do discurso ([1970] 2014). Nesse sentido, associaremos as formas históricas de exclusão aos sistemas externos de restrição do discurso elencados no livro-aula: a interdição, a oposição entre razão e loucura e a vontade de verdade. Examinaremos a maneira como estes sistemas criaram condições de possibilidade para as exclusões históricas e manutenção do sofrimento mental no lugar de objeto do discurso psiquiátrico.
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O nascimento e o desenvolvimento da Psicologia Brasileira estão diretamente correlacionados com a época da Ditadura Civil-Militar Brasileira. Nesse sentido, este artigo, estruturado sob o formato de um ensaio teórico-crítico, objetiva analisar como os elementos próprios da Ditadura Civil-Militar Brasileira refletiram e influenciaram na construção da Psicologia, de suas instituições representativas e de suas práticas profissionais e políticas na realidade do Brasil, partindo de uma breve retomada histórica dos componentes que propiciaram a instauração do regime e das diferentes formas como o poder foi exercido pelas Forças Armadas e pelas elites econômicas da época, ressaltando também as características confluentes de todos os campos de análise apresentados. Para tanto, o texto se estrutura em três eixos centrais: (1) Histórico da Ditadura Civil-Militar Brasileira e alguns de seus Reflexos na Construção da Psicologia no Brasil; (2) Influências da Estrutura Ditatorial no Modus Operandi da Psicologia Brasileira; e (3) Arremates: Libertar as Práticas para Libertar os Sujeitos.
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Ao tratar da biopolítica em Hannah Arendt tem-se por objetivo demonstrar que a autora, mesmo sem ter usado o sintagma em questão, o mobilizou em suas considerações teóricas, sobretudo no que concerne a uma administração da vida ou, dito de outra maneira, na perspectiva de uma forma de governo que determinava quem podia viver e quem deveria morrer. Em nosso entendimento, isso foi flagrantemente observável no totalitarismo, sobretudo nos campos de concentração. Desse modo, mostraremos que a noção de política em Arendt visa a liberdade. Esta noção se encontra em oposição à vida reduzida a mera administração. Elegemos como metodologia a exegese textual já consagrada nos estudos em filosofia.
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As pesquisas em imagem corporal creditam ao neurologista Paul Schilder (1886-1940) a definição do termo em 1935. A análise da composição do conceito pode contribuir para o entendimento de sua disseminação em uma comunidade de linguagem. Através de uma análise conceitual em fontes primárias buscou-se identificar a circulação do conceito na literatura de psicologia no início do século XX. Foram revisados artigos publicados em periódicos científicos de Psicologia e livros de Psicologia entre 1900 e 1935. Foram acessadas fontes nos idiomas espanhol, francês, inglês e português. Apenas dois artigos apresentaram referência explícita ao termo imagem corporal, enquanto os outros artigos tangenciaram ideias relativas à imagem do corpo. Já os textos dos livros de psicologia não apresentaram referências explícitas ao conceito, mas descreveram teorias alinhadas às pesquisas em percepção corporal pela literatura de processos psicológicos básicos. A compreensão geral de imagem corporal herdada pela literatura em psicologia foi antecedida por definições associadas ao esquema corporal, como a percepção de movimento e a propriocepção.
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A Neuropsicologia se concentra em disciplinas oriundas da interface entre a neurociência e a psicologia cognitiva, e sua pesquisa converge da relação entre o cérebro e o comportamento. Como se tem observado em diversos centros de referência no Brasil, a difusão da Neuropsicologia vem ocorrendo de maneira vertiginosa, embora o estabelecimento de diretrizes de educação e treinamento ainda se encontrem despadronizados. O presente artigo descreve o desenvolvimento histórico da Neuropsicologia, enfocando seus fundamentos teóricos e metodológicos, sua condição regulatória atual, além de perspectivas futuras na criação de diretrizes para capacitação profissional. Pesquisas vêm demonstrando uma tendência em caracterizar a atividade do neuropsicólogo nos mais diversos locais nos quais a neuropsicologia é ensinada, praticada e difundida. No Brasil, faz-se necessária uma taxonomia acerca do ofício do profissional especialista em neuropsicologia, seja em relação à sua formação ou sua atuação profissional.
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O presente estudo busca contribuir com a história recente da presença da psicologia na educação e mais especificamente no ensino da leitura e da escrita através da história, da memória e da escrita de um grupo de consultores internacionais da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Genebra. Desde os anos 90 esse grupo tem assessorado à formulação de propostas de ensino da escrita dos Parâmetros Curriculares Nacionais e dos Guias Curriculares de língua Portuguesa. A colaboração culminou com as formulações de proposições didáticas e metodológicas do ensino e da aprendizagem da escrita na escola básica em São Paulo. A pesquisa analisou alguns dos principais documentos e artigos dos autores genebrinos divulgados no Brasil e de pesquisadores brasileiros, cujos trabalhos se apoiaram nos modelos teóricos e didáticos desse grupo. A investigação se inspirou nas contribuições de uma metodologia histórica e se debruçou sobre a compreensão das ideias, conceptualizações e proposições da psicologia na sua interface com a educação, tomando como dado empírico, a análise dessa colaboração a partir do exame dessa construção conceitual e prática das contribuições da psicologia ao ensino. A tese em discussão é a de que se trata de uma nova fase da história da psicologia na educação, a da construção de uma psicologia do ensino cujos modos de conceitualização, de produção de saberes e de suas apropriações, precisam ser resgatados pela reconstituição histórica da interface entre psicologia e educação e suas questões atuais. O estudo procurou cartografar essa rede de colaboração, mediante o conhecimento do modo com que ela se operacionalizou, os saberes produzidos, as maneiras com que foram sistematizados, difundidos e transformados, na perspectiva dos assessores e suas apropriações por alguns autores brasileiros. Os resultados mostram não apenas a perpetuidade e grande influência da psicologia genebrina nos discursos pedagógicos, mas também suas apropriações, transformações e reorientações a partir de demandas político-pedagógicas de ensinar o professor a ensinar na escola básica, mediante a oferta de modelos e sequencias didáticas que definiram o texto como a unidade básica de ensino da escrita.
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